quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O bom de serviço e sua herança maldita

Fernando Pimentel quer governar Minas Gerais. Propaga aos quatro ventos, para justificar a pretensão, ser um sujeito muito bom de serviço. Seu cartel de realizações como ministro da Indústria de dona Dilma, no entanto, o desmente se maneira clara e insofismável. A economia brasileira, em geral, e a mineira, em particular, crescem igual rabo de cavalo, conforme se pode ver nas informações divulgadas pelo IBGE. O engraçado da situação é que ele, tendo quebrado a indústria brasileira, quer se vender agora como grande realizador, o homem providencial que vai tirar Minas do buraco.  

Se pelo dedo se conhece o gigante, a mão suja do pretendente, conforme se viu nas trapaças eleitorais da primeira campanha de dona Dilma (Pimentel foi o responsável pela equipe de aloprados petistas especializada em dossiês falsos contra adversários), sinaliza para um futuro negro nos próximos quatro anos. Na hipótese infamante e absurda de sua vitória, os mensaleiros amigos, bem como a gulosa turma do petrolão (que perderá as boquinhas no governo federal), certamente virão, todos, aportar em Belo Horizonte, para fazer aqui o que sabem fazer de melhor com os cofres públicos. 

Terrível, assombrosa ameaça pairando no âmago da mineiridade. Prefeito medíocre, divulga como uma das mais importantes realizações do período em que mandou e desmandou na prefeitura da capital mineira, uma dita "escola plural". Foi um fracasso tão retumbante que nem eles, os inventores da tal estrovenga, falam mais qualquer coisa a respeito. Hilariante também é o título que teria recebido de melhor prefeito do mundo, em votação feita pela internet. Pelo que corre nos bastidores da Prodabel - empresa que faz processamento de dados para a administração local - seus computadores foram largamente utilizados (lançando mão de robôs), para entupir de votos a candidatura do moço ao bizarro título de melhor prefeito do mundo, pura obra de fanfarronice marqueteira e caipira. Tal conduta deve ter inspirado o genial humorista Sacha Cohen no roteiro de Borat. No divertido filme, o personagem se vangloria de ser o "segundo melhor repórter do Cazaquistão". Uma piada incomparável. Melhor dizendo, só comparável com a babaquice de Pimentel.

Para que tais considerações não fiquem soltas no ar, para que se ancorem em fatos e dados, segue abaixo a transcrição de notícia divulgada pelo jornal O TEMPO, de Belo Horizonte, sobre o desempenho ridículo da indústria brasileira (no período em que o responsável pela política industrial brasileira era o agora candidato Fernando Pimentel). 

Evidentemente não poderia ser outro o resultado do esforço de um indivíduo, cuja maior experiência, com as graves questões do setor industrial brasileiro, se resumia a conselhos dados a micro fabricante de tubaína instalado num galpão infecto de fundo de quintal nos grotões de Pernambuco. Os conselhos foram todos pagos a peso de ouro, registre-se por importante. A fábrica faliu. Outro cliente de seus conselhos foi a empresa responsável pelo viaduto que caiu recentemente em Belo Horizonte. Com certeza não acatou as sábias orientações do consultor especialista em política e gestão industrial. A Federação das Indústrias de Minas Gerais, igualmente, foi brindada com suas recomendações sobre como crescer e ser feliz nos negócios. Pelos resultados divulgados a respeito da indústria mineira, a cúpula da entidade não levou muito a sério as luminosas palavras proferidas por Pimentel. Bem feito para eles. Mas os pelegos patronais não deixaram, em absoluto, de pagar mais que generosamente pela consultoria que ninguém viu ou ouviu falar. Mineiro é assim mesmo: só dá conselhos ao pé do ouvido. Sussurrantes. Melífluos. Nem o destinatário consegue captar a mensagem.

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"Emprego na indústria em julho tem a maior queda desde 2009.


Quando analisadas as variações na comparação com mesmo período do ano anterior, a pesquisa mostra que julho foi o 34º mês seguido de queda.

A indústria brasileira teve queda de 0,7% no emprego em julho, na comparação com junho, divulgou nesta quarta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior queda desde 2009. Em 2014, o setor já acumula perda de 2,6%.
Desde abril do ano passado, o patamar de trabalhadores na indústria apresenta trajetória descendente, e julho foi o quarto mês consecutivo de queda. Na comparação com o mesmo período de 2013, a queda chegou a 3,6%, e o dado anualizado - que leva em conta o período de 12 meses encerrado em julho - aponta retração de 2,2%. Quando analisadas as variações na comparação com mesmo período do ano anterior, a pesquisa mostra que julho foi o 34º mês seguido de queda.
Os 14 locais pesquisados pelo IBGE tiveram queda do pessoal ocupado, na comparação com juho de 2013. Maior parque industrial do país, São Paulo perdeu 5,1%, com redução em 16 das 18 atividades pesquisadas. No estado, os produtos de metal tiveram queda de 12,2% e a indústria de meios de transporte, de 7,2%.
O Paraná (5,6%), Rio Grande do Sul (3,8%), Minas Gerais (2,3%) e o Rio de Janeiro (2,9%) também apresentaram queda no número de trabalhadores na indústria.
A pesquisa mostra ainda que houve queda de 0,3% no número de horas pagas em relação a junho, e de 4,2% em relação a julho de 2013. De janeiro a julho, o número de horas pagas caiu 3,1%.
A retração nos dois índices foi acompanhada pela redução da folha de pagamento real, com queda de 2,9% ante junho, e de 3,4% na comparação com julho do ano passado.
Nos dois indicadores, São Paulo manteve impacto negativo, com quedas de 5,4% no número de horas pagas e de 4,2% na folha real de pagamento. Todos os locais pesquisados tiveram redução nas horas pagas e 12, de 14, caíram na folha de pagamento real. As duas exceções foram a Bahia, que teve alta de 2,4%, e as regiões Norte e Centro-Oeste, cujo indicador subiu 0,5%”.

(PUBLICADO EM O Tempo, de 10/09/14)

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