sábado, 15 de agosto de 2015

Inflação e samba


No ritmo em que vai a inflação, antigos sambas ficarão atualizados. Saco de feijão, com Bete Carvalho, é exemplo.

https://youtu.be/8p8HxvSPmmw

Dilma: Nefasta hoje, muito pior ontem

Em reunião com um bando de pelegos em Brasília, dona Dilma disse, candidamente, que "se tornou uma pessoa melhor com o tempo". Atirou no que viu e matou o que não viu.

Tal verdade filosofal, talvez a única que ela tenha dito em toda sua vida, permite uma conclusão atroz. Se ela já é ruim, hoje, como seria, então, quarenta anos atrás? Isso supondo que ela melhorou, dado que não seria possível piorar. 

As aventuras tresloucadas da madame, - quando ela estava na flor da idade, período em que leviandades são compreensíveis - vistas pelos olhos de hoje devem ter sido terríveis. Dona Dilma, segundo consta, era uma das comandantes de um dos grupos terroristas que operavam à época (cuidava da logística da turma). 

Obviamente estavam fadados à derrota, quase que uma crônica de uma morte anunciada, tendo à cabeça uma criatura que não sabe nem falar. Tartamudeia. E a dona, tendo-se em alta conta como guerreira, ainda quer ser conhecida como "coração valente". 

Alguém pode imaginar o que teria sido o Brasil se a obtusa dama, e seus cúmplices, tivessem ganhado a guerra de guerrilha nos anos setenta do século passado?

Nova elite: moreno de alma branca












Boca Nervosa é um grande pagodeiro carioca. Só para contrariar os críticos da elite branca, o moreno homenageia Dilma, sem dó nem piedade, acompanhado por grupo de sambistas excelentes.

https://youtu.be/-4q86ipY_cg

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Vox populi

Povo ingrato, sô!


https://youtu.be/mMfcgNedExc

Debilidade mental (7)





















“E aí, eu vou falar uma coisa, tem muita criança, eu vi aqui muita criança pequena. Criança pequena tem de viver num lugar que tem árvore, árvore e criança rima e combina. Acho que vocês têm de embelezar, aqui tem de ter árvore aqui. O prefeito eu tenho certeza que vai ajudar a botar uma árvore, o governador também eu tenho certeza que vai ajudar a botar uma árvore. O governador também, eu tenho certeza, que vai ajudar a botar uma árvore”. 

Dilma Rousseff, na entrega de unidades do Minha Casa Minha Vida em Juazeiro, internada por Celso Arnaldo ao acrescentar à sua lista de múltiplos assombros uma rima que não combina e uma árvore que mais parece um ovo. (Blog do Augusto Nunes)

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Pixulecos e bolsas (publicado em 11/08/2015 no jornal O Tempo)



falta de vergonha do petismo só se compara à sua superlativa capacidade de forjar novas expressões linguísticas: uma portentosa imaginação. Desfilando pelos subterrâneos à cata de bons créditos, conforme é público e notório, não deixaram, todavia, de se preocupar com a necessidade de linguagem mais adequada aos tempos em que vivemos.  Lula, Dilma e Vaccari – sem desmerecer outras inumeráveis cabeças tronchas da hidra governante - constituíram, sem nenhuma dúvida, uma rica variedade de conceitos (maracutaia, mulher sapiens e pixuleco são exemplos pontuais), que ficarão gravados na memória nacional.

Verdade que tais expressões têm algo de grotesco, que até faz rir, num primeiro momento. É – pode-se pensar - talvez seja apenas uma piada, um dichote feito para desanuviar o ambiente. Afinal, essa gente inzoneira é muito criativa. Passado o espanto, fica a suspeita se aquelas não guardariam relação mais íntima com dialetos próprios do submundo (aos quais recorrem os prisioneiros das cadeias e penitenciárias), a fim de iludir e despistar os guardas. Algum profissional das letras ainda fará, no futuro, um exame desta “língua de congo” nascida nos porões dos palácios brasilienses no já longo mandarinato petista.

Pixuleco, ao que parece, é uma variedade de propina na sua forma mais avantajada. Quando se diz propina, esta se parece mais com gorjeta, gratificação modesta que se dá aos prestadores de serviços na esfera privada: garçons, barbeiros, carregadores, porteiros de hotel, motoristas de táxi e outros. Pixuleco, não. Pixuleco é negócio gordo, monumental, coisa de branco. Aplica-se, tão somente, a untuosos contratos feitos com a administração pública - aqueles, de dimensões babilônicas - que se expressam na casa dos bilhões de reais, quando não de dólares. Sua materialização exige alto grau de sofisticação entre os parceiros. Cabe, mesmo, um bom conhecimento do mercado de arte, além do mercado financeiro nacional e internacional.


Em outros tempos vigorava o capilé, uma merreca extraída da administração pública de diferentes maneiras. Como método ainda não perdeu sua validade; coexiste com o pixuleco sem maiores contradições. As bolsas de todos os tipos, inclusive a bolsa-família, podem ilustrar o fenômeno do capilé. Para os miseráveis, uns trocados a mais não deixam de ajudar no supermercado, é claro. Aqui, qualquer espórtula é sempre bem vinda. Já em outras esferas, mais próximas das classes médias - no mundo acadêmico, por exemplo - o unto é mais substancioso e, ainda por cima, isento de imposto de renda. E não poderia ser de outra forma, pois, se não o fosse, o sepulcral silêncio nas universidades já teria sofrido uma buliçosa metamorfose. Alguns arreganhos vêm sendo divulgados, com greves, ou ameaças de fazê-las, se a fonte secar. Nada, no entanto, que a cornucópia governamental não possa suprir para acalmar a tigrada. Enfim, eis a pátria educadora.

Essa gente é normal?

Caverna do PT









A tigrada petista é um exemplo vivo de que o conceito de progresso humano está equivocado. A humanidade, de fato, pode mesmo é involuir. Segue abaixo, como prova, uma Resolução Política de um dos grupelhos mais estridentes desse espantoso Partido dos Trabalhadores, sim, aquele, aquele que assalta o Brasil e as instituições dia após dia. O texto foi gestado, pelo estilo das proposições, na caverna de Ali-Babá. Apesar dos esforços da Operação Lava Jato, boa parte da turma ainda está solta e conspirando adoidado. Uma curiosidade é o mais absoluto silêncio a respeito de Zé Dirceu, o guerreiro do povo brasileiro. Ingratos! De qualquer forma, só cabe recomendar: divirtam-se.

"O secretariado nacional da tendência petista Articulação de Esquerda, reunido no dia 18 de julho de 2015, aprovou a seguinte resolução política, que deve ser divulgada amplamente entre a militância da tendência, na militância petista, no conjunto da militância político-social de esquerda e simpatizantes.


1. Está em curso uma profunda crise no país. Não é provável que esta crise prolongue-se indefinidamente. Seja por decisão das forças políticas, seja devido ao agravamento da situação econômica e social (com destaque para o crescimento do desemprego), seja por ação de algum catalizador casual, tudo indica que estamos nos aproximando de um momento de desfecho desta crise.
2.A esquerda, especialmente o Partido dos Trabalhadores, precisa tomar consciência deste fato e agir em conformidade com a gravidade da hora. As opções hegemônicas no governo e a atitude catatônica e abúlica de setores da direção partidária estão criando as condições para um desastre de imensas proporções.
3.A militância petista e os setores democráticos e populares estão convocados a, como ocorreu no segundo turno das eleições presidenciais de 2014, viabilizar por sua própria iniciativa uma solução e arrastar atrás de si as parcelas da direção e do governo que não fazem o que lhes é devido.
4.No âmbito da luta social, a criação de soluções passa pelo calendário de mobilizações previsto para os meses de julho, agosto e setembro.
5.No âmbito organizativo, isto passa pela constituição da Frente Brasil, pela aprovação de resoluções combativas no Congresso da Central Única dos Trabalhadores e pela convocação estatutária de um encontro nacional extraordinário do PT.
6.No âmbito político, passa pela construção de uma tática defensiva (ou seja, que reconheça que estamos atuando numa correlação de forças negativa para os setores democrático-populares), mas que seja capaz de criar as condições para sairmos da defensiva e que esteja articulada com estratégia distinta da que nos colocou na atual condição.
7.A construção de uma tática deste tipo exige determinar corretamente as causas da crise. Entre elas estão as que relacionamos a seguir:
a) um setor importante da oposição de direita não aceitou o resultado das eleições de 2014 e opera desde então para desconstituir o governo Dilma, no prazo mais curto e através de quaisquer meios;
b) um setor importante do oligopólio da comunicação está engajado nesta campanha de desconstituição e vem utilizando seus potentes instrumentos (TV, rádios, imprensa, internet) para fomentar não apenas o descontentamento, mas também um ódio de tipo fascista contra a presidenta Dilma, contra o governo, contra o PT e contra a esquerda;
c) um setor importante do grande capital, articulado com interesses internacionais, está convencido da incompatibilidade entre seus interesses e a continuidade do governo encabeçado pelo PT: não lhes basta ajuste, não lhes basta a aprovação de reformas conservadoras, eles desejam muito mais do que sabem ser possível arrancar caso o PT continue ocupando a presidência da República;
d) parcelas importantes dos pequenos proprietários e das classes trabalhadoras estão profundamente descontentes com o PT e com o governo, por um mix de razões: a campanha da mídia, preconceitos e conservadorismo político, erros políticos graves de nossa parte, mas principalmente devido a piora nas condições econômicas e sociais;
e) a opção do governo pelo chamado Plano Levy transformou o que era um problema administrável de contas públicas, num quadro de recessão e desemprego, causando um sentimento de traição na base social e eleitoral que deu a vitória à Dilma, sem ganhar um único apoio entre aqueles que votaram na oposição;f) neste contexto, o enfraquecimento do governo federal, somado à movimentação do Judiciário, do MPF e da Polícia Federal, mais a postura claramente oposicionista do presidente da Câmara dos Deputados, criou um conflito crescente entre as instituições de Estado;
g)tudo o que foi citado antes, ocorre num momento em que graves erros cometidos pelo PT (na estratégia, na relação com o oligopólio da comunicação, com setores da direita e do capital, ao aceitar receber financiamento empresarial privado, bem como no retardo e na timidez com que setores do Partido fazem autocrítica e mudam sua atitude frente a estes erros) facilitam a ofensiva conservadora.
8.Neste ambiente, as mobilizações convocadas pela esquerda e pela direita para as próximas semanas podem transformar qualitativamente a situação, forçando um desenlace.
9.Os que percebemos ser esta a situação exibimos uma natural tendência a tentar corrigir todos os erros ao mesmo tempo e imediatamente. Isto leva a uma confusão entre medidas táticas e estratégicas, entre o importante e o urgente. Por isto, consideramos necessário destacar o seguinte: o êxito de nossa tática depende, antes de nada, de saber reconquistar o apoio da classe trabalhadora, especialmente daqueles setores que ontem nos apoiavam e que hoje manifestam descrença, decepção, desconfiança, descrédito e até mesmo oposição a nós.
10.Para reconquistar o apoio destes setores da classe trabalhadora, não basta falar do passado nem do futuro, não basta defender as liberdades democráticas, não basta afirmar nossa posição de combate total à corrupção. É preciso adotar, aqui e agora, medidas efetivas e imediatas em defesa do emprego, da renda, do bem-estar e do crescimento econômico. Por isto mudar a política do governo é decisivo para o sucesso da tática.
11.Mesmo que o desenlace tático não ocorra agora, mesmo que a situação se arraste por muito tempo, é preciso compreender que há um impasse estrutural, estratégico, na vida econômica, social e política do país.
12.A solução deste impasse exige algum tipo de mudança estrutural na relação entre Capital e Trabalho. O que por sua vez exige mudanças nas “regras do jogo”, ou seja, nas condições em que se trava a disputa política no país.
13.A direita quer fazer esta mudança através de métodos antidemocráticos: quebra da legalidade, repressão aos movimentos, redução da participação democrática, judicialização da política etc. A esquerda quer mudança através de métodos democráticos: mobilização social, participação popular, Assembleia Constituinte com plebiscito etc.
14.Por isto, ao mesmo tempo em que adotamos uma tática defensiva para combater a ofensiva da direita, precisamos ter em conta que precisamos sair da defensiva em condições de resolver o impasse estrutural acima citado. Sob pena de logo adiante voltamos a nos encontrar em situação defensiva.
15.As divergências entre os diferentes setores da direita tem contribuído para adiar o desenlace. Mas não devemos nos iludir. Exatamente devido à crise estrutural já citada, acima das divergências táticas e econômicas, as diferentes frações da classe dominante, seus órgãos de comunicação e seus representantes políticos compartilham três objetivos:
a) realinhar plenamente o Brasil com os interesses do imperialismo;
b) reduzir os direitos econômicos, sociais e políticos da classe trabalhadora;
c) encerrar o ciclo de governos da esquerda.
16.As divergências entre as principais forças da direita estão principalmente no terreno da tática, especialmente sobre qual seria o melhor caminho para retomar o controle completo do governo.
17.Sem esquecer dos setores cavernícolas, que falam em golpismo militar, entre as principais forças da direita as propostas em debate são basicamente as seguintes:
a)deixar o governo aplicar o ajuste fiscal, desgastar-se e derrota-lo em 2018?
b)aproveitar a fragilidade do governo e do PT e defender impeachment acompanhado de novas eleições já?
c)considerando os riscos de novas eleições, tanto agora quando em 2018, mudar as “regras do jogo” e adotar o parlamentarismo?
d)defender o afastamento da presidenta e a constituição de um governo de unidade nacional encabeçado por Temer?
18.Em qualquer dos cenários, a derrota do governo está vinculada a um objetivo de longo prazo: derrotar completamente o PT. Para o quê está em curso uma campanha de desmoralização, que busca vincular petismo e corrupção.
19.Parte das divergências táticas entre as principais forças da direita estão relacionadas ao temor de que haja uma reação dura contra a quebra da legalidade. Outra parte diz respeito a avaliação de que, do ponto de vista estratégico, é melhor que a “conta” do “ajuste” recaia sobre a esquerda –até porque a direita defende e pretende fazer um ajuste muito maior do que este que está sendo tentado até agora.
20.É importante estar atento, ademais, para o fato de que as divergências táticas entre eles prolongam a crise e vão criando um ambiente propício aos cavernícolas saudosos das intervenções militares.
21.O ambiente propício à uma intervenção militar também é alimentado pelo discurso violento do conservadorismo e pelo método adotado para tentar desmoralizar o PT e desestabilizar o governo: denúncias de corrupção baseadas em delação premiada.
22.Acontece que ninguém neste país tem dúvidas acerca da “moralidade” dos personagens que se apresentam como alternativas ao PT. Temer, Cunha, Renam, Aécio, Serra e Alckmin, para ficar nos mais conhecidos, não passariam ilesos por um detector de mentiras, digamos assim.
23.O ambiente político atual alimenta o discurso de “ordem” e “linha dura”. Discurso que se beneficia, ademais, do fato de que a imensa corrupção ocorrida nos governos militares é pouco conhecida pela maior parte da população.
24.O conflito crescente entre as instituições do Estado gera um ambiente onde importantes personagens da política sabem que a qualquer momento podem ser arrastados ao escárnio público.
25.O exemplo mais recente disto é o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Não temos dúvida alguma acerca da “honestidade” do deputado: sua ficha corrida, com destaque para suas relações com Paulo César Farias (pivô do esquema Collor, do qual é bom lembrar o presidente do Senado também fez parte), não deixam dúvida a respeito.
26.A questão contudo é outra: o fato de um personagem deste calibre ter se convertido em presidente da Câmara dos Deputados, o fato dele estar no centro da ofensiva conservadora, o fato de agora estar sob alvo das mesmas denúncias que estimulou contra o governo e o PT, o fato dele reagir às acusações dobrando a aposta em nos atacar… tudo isto revela muito acerca da política brasileira, da natureza da crise e dos limites da política de alianças “prioritária” do PT com o PMDB.
27.Enganam-se os que acreditam que o inferno astral de Eduardo Cunha seja o fim da crise. Pelo contrário, ela vai se agravar ainda mais. Seja devido à retaliação que ele prometeu publicamente fazer, seja devido à tibieza com que setores do governo reagiram à suas ameaças, seja devido ao fato de que seu enfraquecimento vai aumentar sua disposição em fazer acordo com os demais setores da oposição de direita. E o acordo entre eles, como dissemos acima, pode acelerar um ataque conjunto contra o governo e contra o PT.
28.A direção nacional do PT, o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma vez por outra emitem sinais de que têm consciência da gravidade da situação e externam publicamente sua crescente preocupação. Mas noutros momentos repetem discursos cheios de “republicanismo” e “crença na força das instituições”, acompanhado de propostas cujo conteúdo e velocidade não correspondem à velocidade e a gravidade da situação.
29.Exemplo da gravidade da situação é a insistência com que se busca atingir diretamente o ex-presidente Lula, em favor de quem o PT está convocado a organizar uma ampla campanha de solidariedade.
30.Em nossa opinião, não haverá solução boa para a situação se for mantida a política de ajuste fiscal e se o PMDB seguir considerado como aliado.
31.A opção pelo ajuste fiscal confunde e aliena nossas bases. A crença no PMDB facilita o golpismo institucional. A atitude do governo, ou de setores dele, contribuem para isto. Fatos como a entrevista em que o diretor da Polícia Federal comporta-se como chefe de um quarto poder; a transformação do ministério da Justiça em espectador de desmandos; a patética decisão de enviar Kassab para representar o governo na posse da diretoria da União Nacional dos Estudantes são alguns exemplos, entre muitos, de que é preciso colocar a política certa no comando. Pois a atual política comanda o desgoverno e nos conduz ao suicídio.
32.No conjunto da esquerda brasileira, há reações variadas à esta situação, desde os que concordam em linhas gerais com o exposto aqui, passando pelos governistas que acreditam que “o pior já passou”, até aqueles que consideram que isto tudo seria uma “chantagem”, cujo objetivo seria fazer a esquerda apoiar o governo, apesar do ajuste e apesar da conciliação de classes.
33.É curioso, mas é um fato: tanto certos governistas quanto parcelas da oposição de esquerda adotam uma atitude similar, acreditando que a situação não é tão grave quanto descrevemos anteriormente. Não discutimos a boa fé destes setores, apenas pedimos que observem os fatos à luz da história de nosso país.
34.A correlação de forças é implacável: ou bem o PT e o governo refazem pela esquerda a aliança com os setores que viabilizaram a vitória no segundo turno de 2014, ou bem a direita prosseguirá na sua ofensiva e no caminho esmagará o conjunto das forças de esquerda, abrindo um período longo de reação.
35.Não se deve culpar os inimigos por agir como inimigos. Não se deve esperar dó nem piedade: quem não deseja o retrocesso, deve contar com suas próprias forças, enfrentar nossos próprios erros e limitações, criando as condições para interromper a defensiva e iniciar uma contraofensiva.
36.Cada militante de esquerda deve se sentir convocado a:
a) procurar suas organizações e nelas travar o debate sobre esta situação;
b) engajar-se no calendário de mobilizações do período, contra o ajuste/em defesa dos direitos/em defesa das liberdades democráticas/em defesa das reformas estruturais;
c) fortalecer o movimento pela criação de um Frente Brasil, por resoluções combativas no Congresso da Central Única dos Trabalhadores e pela convocação estatutária de um encontro nacional extraordinário do PT.
37.Apoiamos a proposta contida na Carta de Porto Alegre, aprovada pelo diretório estadual do PT do Rio Grande do Sul. As resoluções do recente 5º Congresso do Partido não armaram o Partido para os tempos que vivemos. É preciso que os 55% que venceram a principal votação do Congresso compreendam que é necessário — nos termos previstos pelo estatuto do PT – convocar um encontro nacional extraordinário. Chamamos os 45% a mobilizar-se unitariamente em torno desta medida, divulgando a Carta de Porto Alegre e assinando o pedido de um encontro nacional extraordinário.
38.O centro da questão está, hoje, em mudar a política econômica do governo, o que inclui medidas como: redução imediata e significativa na taxa de juros, execução plena do orçamento, imposto extraordinário sobre grandes fortunas, retomada do papel da Petrobrás e das obras públicas como ponta-de-lança do crescimento, reverter a desindustrialização.
39.Neste sentido, destacamos o debate de outra política econômica, que está sendo feito pela CUT, bem como de debate semelhante convocado pelas forças que estão impulsionando a criação da “frente Brasil”.
40.Evidentemente, outra política econômica é assunto imediato e uma decisão política, não uma discussão técnica sobre opções ideais para o médio-longo prazo. Repetimos: é preciso adotar imediatamente uma “pauta positiva” para a classe trabalhadora. Não haverá derrota do golpismo sem mudar a atual política econômica.
41.Por isto tudo, o governo deve dar um “cavalo de pau” na política econômica e recompor o ministério, começando pela demissão de Joaquim Levy.
42.Ao mesmo tempo, o governo deve reconhecer que não possui maioria congressual e atuar em conformidade com isto, reafirmando o presidencialismo e construindo outro tipo de governabilidade.
43.Será preciso ainda, ao lado de medidas imediatas e compromissos firmes com a quebra do oligopólio da comunicação e com um combate firme e não seletivo à corrupção, assumir com destaque a bandeira de uma reforma política via Assembleia Constituinte com plebiscito, como maneira democrática de equacionar as divergências e encontrar uma saída para os problemas de fundo vividos pelo país.
44.Neste sentido, destacamos a importância das duas atividades que ocorrerão na Semana da Pátria, em Minas Gerais, uma delas relativa ao plebiscito popular pela Constituinte, outra relativa à constituição da “Frente Brasil”.
45.Concluímos nosso documento reafirmando a importância de que todos e todas nos engajemos para o sucesso da agenda de mobilização prevista para as próximas semanas, com destaque para o ato de 28 de julho frente a sede do Ministério da Fazenda em Brasília; para a Marcha das Margaridas nos dias 11 e 12 de agosto também em Brasília; e para a mobilização unitária convocada para o o dia 20 de agosto.
46. Não há como saber qual será o desenlace da situação. Mas consideramos como nossa obrigação expor como vemos o perigo da hora. Há como resistir, há como vencer, mas para isto é preciso parar de subestimar o perigo e agir de acordo com a urgência da hora. No olho do furacão as coisas parecem estar tranquilas. Mas é uma ilusão que geralmente custa muito caro. Por isto, conclamamos a direção nacional do PT a assumir uma firme atitude junto ao governo federal, propondo a presidente que recomponha seu ministério, adote um programa claramente antirecessivo e encaminhe imediatamente ao parlamento a convocação de um plebiscito sobre a convocação da Constituinte sobre o sistema politico-eleitoral.

A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda
20 de julho de 2015


Freud: uma questão de estilo

Assim como ninguém se chama Luiz Inácio impunemente, torna-se uma questão de estilo escolher este ou aquele Freud.

Freud, o da psicanálise

























Freud, o de Lula











Qual deles você convidaria para jantar em sua casa?

Dilma, a atleticana fake (*)


“Os clubes dão, eu acho, um sentido ético também para a vida na sociedade. Eles mostram que no esporte você tem que se esforçar. Sem trabalho ninguém consegue nada, sem o suor do rosto ninguém consegue nada. Primeira grande contribuição que clubes e esporte e atletas podem dar.
A segunda é que ninguém ganha sozinho, é preciso de equipe, é preciso que você tenha capacidade de construir uma equipe. E terceiro, que eu acho que também é algo fundamental, eu acho um sentido de honra e de respeito ao adversário que todo jogo de futebol, ele coloca na mesa quando, inclusive, tem aquela cena da troca de camisas entre dois clubes que acabaram de disputar renhidamente uma partida”.


Dilma Rousseff, internada por Celso Arnaldo durante reunião com atletas e dirigentes de clubes no Palácio do Planalto, trocando passes no meio de campo em dilmês-cabeça-de-bagre para tentar chutar sua definição revolucionária de futebol: é um esporte, é um esporte coletivo e é disputado entre duas equipes que em geral não se matam quando o jogo termina. (Augusto Nunes)

(*) Isso pode dar azar ao Galo. Toc, toc, toc.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O amigão esquisito do PC do B

Fala, santa...
















O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ordenou o fuzilamento de vice-primeiro-ministro, Choe Yong-on, segundo informou nesta quarta-feira a agência sul-coreana de notícias Yonhap. A informação ainda não foi confirmada pelo serviço de inteligência da Coreia do Sul, mas a agência cita fontes anônimas do governo de Seul. A nova execução ordenada pelo ditador norte-coreano seria mais um indício de que Kim estaria enfrentando resistências no núcleo duro do regime norte-coreano e estaria tentando se impor pela força.

Segundo a fonte anônima, Choe foi executado em maio após mostrar sua inconformidade com relação à política florestal do ditador norte-coreano. O vice-premiê tinha de 63 anos e também era um ex-representante para a cooperação Norte-Sul.


Neste ano, o Serviço Nacional de Inteligência (NIS) sul-coreano garantiu que Kim reforçou seu domínio com uma brutal política de expurgos que inclui a execução recente de cerca de 70 membros de alta categoria do partido único que governa o país e do Exército Popular. Entre estas execuções estaria a do ex-ministro de Defesa, Hyun Yong-chol, que segundo membros do NIS morreu com fogo de artilharia.

No final de 2013, Kim Jong-un ordenou a execução de seu tio, Jang Song-thaek (casado com sua tia, Kim Kyong-hui), por "traição". Jang chegou a ser considerado como a segunda figura mais poderosa do regime e neste caso a Coreia do Norte tornou pública sua execução, algo muito pouco habitual. Kim Jong-un chegou ao poder depois que seu pai, Kim Jong-il, faleceu em dezembro de 2011 e se transformou assim no terceiro membro da saga iniciada por Kim Il-Sung (1912-1994), fundador da Coreia do Norte e considerado hoje em dia "presidente eterno" do país, conhecido pelo culto exacerbado com seus líderes.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

O patético PC do B


A tigrada do PC do B acha, com alguma razão, que o Brasil é feito de babacas e desmemoriados. Resolveram (não é piada), organizar atos pela "legalidade e pela democracia", a fim de defender o moribundo governo Dilma, do qual são comensais e fiadores, aliás, mais caninamente fiéis que os próprios petistas. E que defesa da "legalidade e da democracia" é essa? 

O PC do B, sempre é bom relembrar, é o mesmo que tem a inaudita coragem de defender algumas das mais torpes ditaduras do mundo. A Coréia do Norte é seu ícone e seu modelo de sociedade. Quem se der ao trabalho de fazer uma rápida pesquisa pela internet verá que, até canibalismo vem sendo praticado naquelas terras bárbaras, governada por uma dinastia de malucos há quase setenta anos. 

O PC do B, evidentemente não poderia se comportar de outra maneira. Ele traz no seu DNA a comprovação de sua natureza. Na famigerada guerrilha do Araguaia, ali no início dos anos 70 do século passado, sob o comando de gente como José Genoíno (só podia ser), levaram para encontro com a morte um punhado de jovens absolutamente despreparados para sobreviver na selva e, ainda mais, sem adequada logística para sustentar operações militares guerrilheiras como pretendiam. O vício da representação presumida, do qual se achavam imbuídos, levou-os a uma aventura catastrófica, cujo preço é amplamente conhecido nos dias de hoje.

Os resultados concretos do projeto não poderiam ser diferentes dos obtidos, quando a tropa mambembe enfrentou a dura e profissional repressão do regime militar. Salvaram-se, escafedendo-se, como sempre acontece, alguns dos que comandavam o tropical exército brancaleônico dos comunistas do Brasil, deixando os demais incautos entregues à própria sorte. 

Não vale nem a pena qualquer referência adicional à estreiteza mental dos quadros partidários do PC do B, que pode ser avaliada pela compra - com cartão de crédito corporativo - de uma tapioca e um caldo de cana numa feira em Brasília, por parte de Orlando Silva, então ministro dos esportes. A despesa, certamente, não passaria de cinco reais. Qualquer pessoa traz no bolso quantia superior a esta. Mas o hábito, este tirano, como dizia Montaigne, levou Sua Excelência a sacar do bolso o cartão e exibi-lo triunfante a um bando de deslumbrados com a glória efêmera do poder.

Essa gente, agora, diz que quer defender a "legalidade e a democracia", metáfora para a manutenção na presidência de outra pacóvia, Dilma Rousseff, que se sair do PT é digna de adentrar nas fileiras repletas de corações valentes homiziados no velho partido de Stálin.   

O escândalo é único (José Nêumanne)



"Que WikiLeaks, que Swissleaks, que cartéis mexicano e colombiano de drogas, que Fifagate, que nada! O escândalo top do mundo hoje é outro. Nada se lhe compara em grandeza aritmética, ousadia delituosa ou desrespeito a valores éticos. E é coisa nossa! Embora nada tenhamos a nos orgulhar de que o seja. Ao contrário!

Após se ter oposto ferozmente à escolha de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral para dar início à Nova República; à posse e ao governo de José Sarney, a Fernando Collor, que ajudou a derrubar; ao sucessor constitucional deste, Itamar Franco, de cuja ascensão participou; e a Fernando Henrique Cardoso, o Partido dos Trabalhadores (PT) chegou ao governo federal com seu maior líder, Luiz Inácio Lula da Silva, e se lambuzou no pote de mel do poder sem medo de ser feliz.

O primeiro objetivo caiu-lhe no colo como a maçã desabou sobre a cabeça de Newton. Era de uma obviedade acaciana. Sob crítica feroz da oposição, que o PT comandava, os tucanos privatizaram a Telebrás e, devidamente desossado, o filé apetitoso das operadoras de telefones foi devorado na nova administração. Sob as bênçãos e os olhos cúpidos do padim Lula, a telefonia digital foi entregue a consórcios nos quais se associaram algumas operadoras internacionais, com a experiência exigida no ramo, burgueses amigos e fundos de pensão, cujos cofres já vinham sendo arrombados pelos mandachuvas das centrais sindicais. Nunca antes na história deste país houve chance tão boa para mergulhar na banheira de moedas do Tio Patinhas.

Só que o negócio era bom demais para ser administrado em paz. Logo os concessionários se engalfinharam em disputas acionárias, que mobilizaram a Polícia Federal (PF), a Justiça nacional, os órgãos de garantia de combate a monopólios e até instrumentos de arbitragem internacional. No fragor da guerra das teles, os primeiros sinais de maracutaia dividiram as grandes rotas com os aviões de carreira. Sabia-se que naquele pirão tinha caroço. Mas quem ficou com a parte do leão?

Impossível saber, pois este contencioso está enterrado sob sete palmos de terra. Desde o Estado Novo, os sindicatos operários ou patronais administram sem controle externo caixas que têm engordado ao longo do tempo com a cobrança da Contribuição Sindical, que arrecada um dia de trabalho de todo trabalhador formal no Brasil, seja ou não sindicalizado. Sob a égide de Lula, as centrais sindicais foram incluídas na divisão desse bolo gordo e açucarado. E o sistema financeiro, acusado de ser a sanguessuga do suor do trabalhador, incorporou a esse cabedal os fundos de pensão. Sob controle de dirigentes sindicais, estes ocultam uma caixa-preta que ninguém tem poder nem coragem para abrir.

Só que o noticiário sobre tais episódios foi soterrado pela avalanche de denúncias provocada pelas revelações da Ação Penal (AP) 470, já julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e conhecida popularmente pela denominação que lhe foi dada pelo delator, Roberto Jefferson – o mensalão. Agora, após seu julgamento ter sido concluído e com os réus condenados, este é visto quase como lana-caprina desde a eclosão de outro mais espetacular: a roubalheira do propinoduto da Petrobras devassada pela Operação Lava Jato. Mas a cada dia fica mais claro que os dois casos se conectam e se explicam.

A importância de elucidar um crime ao investigar outro foi comprovada quando, na Operação Lava Jato, a PF encontrou nos papéis de Meire Poza, contadora do delator premiado Alberto Youssef, a prova de que o operador do mensalão, Marcos Valério, deu R$ 6 milhões ao empresário Ronan Maria Pinto, como tinha contado em depoimento referente à AP 470. Segundo Valério, essa quantia evitaria chantagem de Ronan, que ameaçava contar o que Lula e José Dirceu tinham que ver com o sequestro e a morte de Celso Daniel, que era responsável pelo programa de governo na campanha de 2002.

Mas nem essa evidência da conexão Santo André-mensalão-petrolão convence o PSDB a dobrar a oposição do relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ), e levar Ronan a depor, como tem insistido a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP). É que os tucanos articulam uma aliança com o atual dono do Diário do Grande ABC para enfrentar o petista Carlos Alberto Grana na eleição municipal de Santo André. E este corpo mole pode dificultar o esclarecimento da verdade toda.

A Lava Jato já produziu fatos antes inimagináveis, como acusações contra os maiores empreiteiros do País e até a prisão de vários deles. É o caso de Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, que presidia o Conselho de Administração da Oi na guerra das teles. Isso revela mais um investigado em mais de um escândalo. Como Pedro Corrêa e José Dirceu, acusados de receber propina da Petrobras quando cumpriam pena pelo mensalão.

A Consuelo Dieguez, em reportagem da revista Piauí, publicada em setembro de 2012, Haroldo Lima, que tinha sido demitido por Dilma da presidência da Agência Nacional de Petróleo, disse que, no Conselho de Administração da Petrobras, ele, a presidente e o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli só votavam como o chefe mandava. E agora Lula é investigado por eventual lobby para a Odebrecht no exterior em obras financiadas pelo BNDES, a ser devassado em breve numa CPI na Câmara.

E a Lava Jato chegou à eletricidade. Walter Cardeal, diretor da Eletrobrás que acompanha Dilma desde o Rio Grande do Sul, foi citado na delação de Ricardo Pessoa, tido como chefe do cartel do petrolão, acusado de ter negociado doação de R$ 6,5 milhões à campanha da reeleição dela. Othon Silva, presidente licenciado da Eletronuclear, foi preso ontem, sob suspeita de ter recebido propina.

Teles, fundos de pensão, Santo André, mensalão, BNDES, eletrolão e petrolão não são casos isolados. Eles compõem um escândalo só, investigado em Portugal, Suíça e EUA: é este Brasil de Lula e Dilma".

Crise é para os fracos (Carlos Brickmann)

1) Crise é para os fracos

Inflação em alta, PIB em baixa, desemprego em alta, popularidade da presidente em baixa, som das panelas em alta, vozes do governo em baixa ─ vozes que não se manifestaram nem para defender o companheiro de partido que sempre adularam, neste momento em que é recolhido à prisão. A coisa está tão séria que Aloizio Mercadante, em geral coerente em sua arrogância, comportou-se com modéstia no Congresso, dizendo que o PSDB age de modo elegante, e admitiu até que o Plano Real conteve a inflação ─ justo ele, que liderou a oposição do PT ao Real e garantiu que aquilo não ia dar certo. Tão grave que Michel Temer, sempre cauteloso, disse que alguém tem de unir de novo o país ─ alguém cujo nome, claro, comece com M, de Michel Miguel Elias Temer Lulia. Mas a crise não é o maior problema de Dilma. O maior problema é que ela deixou de ter importância política. Convocou 80 parlamentares para um churrasco noturno ─ algo inusitado no horário ─ e lhes fez uma série de exortações. Dali os parlamentares saíram direto para um jantar normal, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para rir dos pedidos de Dilma e combinar as próximas derrotas que lhe imporiam. Combinaram e executaram: multiplicaram o salário de várias carreiras jurídicas, com 95,3% dos votos (até de petistas), arrombando o ajuste fiscal. No dia seguinte abriram caminho para examinar as contas de Dilma. Se as rejeitarem, fica a seu critério colocar o impeachment em votação.
O problema de Dilma não é a crise. É não ser mais levada a sério.


2) Como é o nome deles?

Michel Miguel Elias Temer Lulia faz anos em 23 de setembro. É casado com Marcela Tedeschi Araújo Temer, nascida em 16 de maio. 

É bom ir decorando.


3) Fuscão vermelho

Numa estranha reportagem, sob o título Intelectuais ligados ao PT criticam prisão, aparecem apenas cinco personalidades em todo o país que defendem José Dirceu: os atores José de Abreu e Paulo Betti, os escritores Luiz Fernando Veríssimo e Fernando Morais e o produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto. O editor e escritor Luiz Fernando Emediato associou-se depois ao grupo. Nada de Chico Buarque, Marilena Chauí, Antônio Cândido, Frei Betto, Leonardo Boff e outros intelectuais sempre ligados a José Dirceu.


Deixaram-no só.


4) Dez anos depois

Diziam os antigos que os poetas eram adivinhos; a palavra “vate”, poeta, gerou “vaticínio”, adivinhação. Pois não é que os antigos tinham razão? No Carnaval de 2004, o Bloco do Pacotão, formado por jornalistas de Brasília, cantou a marchinha Ô, Waldomiro!, sobre o vídeo em que Waldomiro Diniz, auxiliar próximo de José Dirceu, negociava propina com o bicheiro Carlinhos Cachoeira (
https://youtu.be/dmHAPk8RI6Y). 

Dizia a letra: Ô Waldomiro, ô Waldomiro, me responda, por favor/ Se neste rolo, o bicho pega, nosso Lulinha Paz e Amor. /Ô Waldomiro, ô Waldomiro, me diga o bicho que deu/ Se o Zé Dirceu, se o Zé Dirceu, se o Zé Dirceu também comeu. /Ô Zé Dirceu, que bicho deu? Ô Zé Dirceu, eu quero o meu./ Ô Waldomiro, Ô Waldomiro, me diga o bicho que deu/ Se quem comeu, foi só o Magela, ou Zé Dirceu também comeu

Magela era político do PT de Brasília. O presidente da República na época era Lulinha Paz e Amor.


5) Passa, passa, Pasadena

E, por falar em passado, já acabaram as investigações sobre a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos? Em 2005, uma empresa belga, a Astra Oil, comprou a Refinaria de Pasadena, no Texas, por US$ 42,5 milhões. Um ano depois, em 2006, a Petrobras pagou à Astra Oil US$ 360 milhões por metade da refinaria (mais uma parte do estoque de petróleo para refinar). Em 2012, a Petrobras comprou a parte da Astra Oil, os 50% restantes, gastando US$ 812 milhões. No total, pagou US$ 1,18 bilhão pela refinaria que a Astra Oil tinha comprado cerca de sete anos antes por US$ 42,5 milhões. Foi o caso Pasadena que tornou conhecido um discretíssimo diretor da Petrobras chamado Nestor Cerveró.

Mas, escândalo encobre escândalo, faz tempo que ninguém fala de Pasadena. Mas a pouco usual operação certamente ainda dará o que falar.


6) O Brasil paulistano

Preste atenção em uma série de episódios da administração do prefeito paulistano Fernando Haddad que lembram casos federais protagonizados por seu partido, o PT. Há problemas germinando: a parceria público-privada para a iluminação de São Paulo foi suspensa pelo Tribunal de Contas do Município, por irregularidades. As ciclovias, orgulho maior do prefeito, foram feitas sem concorrência pública (a desculpa, por incrível que pareça, é que não se tratava de “obras”, mas de “readequações” ─ embora as placas se referissem às obras das ciclovias). A concorrência para implantação de faixas de ônibus foi suspensa, por indícios de superfaturamento, pelo Tribunal de Contas da União (que examina o caso, já que há verbas do PAC). Alguns dias antes, o Tribunal de Contas do Município também tinha mandado suspender as obras, pelo mesmo motivo. 

Marta Suplicy, prefeita pelo PT, fez inúmeras faixas de ônibus sem suspeita de superfaturamento. Ou seja, é possível. Haddad trabalhou com Marta, mas só na área de criar taxas.

Em 04 de março de 2013 dona Dilma declarou cinicamente: "Podemos fazer o diabo na hora da eleição". E fez, sem nenhum pudor, conforme se viu em 2014.

Em 10 de agosto de 2015, a madame pontificou: "Vamos repudiar sistematicamente o vale-tudo para atingir qualquer governo", tentando escapar da ameaça de ser condenada pelos principais tribunais do país (TSE, STF, Tribunal de Contas), e do repúdio de praticamente três em cada quatro brasileiros que a querem no cu da cobra. 

Simulações sobre a crise política (Ex-blog do Cesar Maia)


            
1. Forma-se um consenso entre parlamentares, analistas, empresários, economistas, etc., que a crise mais grave hoje é a crise política. O apoio parlamentar ao governo esfarelou, a linguagem econômica do governo é uma e a do parlamento é outra, o apoio de opinião pública de Dilma inexiste e por aí vai. Vão surgindo propostas de todos os tipos e de todas as latitudes e longitudes. Uma babel. 
            
2. Dessa forma, é inevitável perguntar: e se Dilma tivesse um amplo apoio parlamentar, mudaria alguma coisa? A primeira simulação seria imaginar se o governo e o PT na eleição do presidente da Câmara apoiassem Eduardo Cunha. Com isso, a oposição orgânica seria empurrada para sua efetiva proporção parlamentar naquele momento, ou uns 20%. O acordo envolveria – naturalmente - as pautas a votar, o comando da reforma política, as questões econômicas e fiscais, etc.  A própria votação de Cunha mostrou que havia riscos de não vencer no primeiro turno. O apoio seria bem-vindo. 
            
3. Mas para garantir efetivamente essa sua ampla base política, Levy não poderia ter sido escolhido ministro plenipotenciário da Fazenda. Essa escolha estilhaçou a esquerda do governo, a esquerda acadêmica e a esquerda social. Para manter a base de 80%, Levy não poderia ter sido escolhido. A escolha para acalmar os mercados ignorou a repercussão política na base orgânica do governo. Numa outra simulação se poderia imaginar a fórmula dos últimos 3 governos: FHC, Lula e Lula. FHC, após 1998, teve Malan como seu ministro de economia de relações exteriores. Armínio Fraga –no Banco Central- conduzia a política econômica. 
           
4. Lula teve Palocci como seu vocalizador econômico num governo, e Mantega – vocalizador socioeconômico - e Henrique Meireles – no Banco Central - conduzindo a politica econômica nos dois governos Lula. Dilma, par constante de Mantega, mudou essa equação e minimizou o Banco Central e passou a cogerir o Ministério da Fazenda. Dilma poderia ter tentado a mesma formula: um forte presidente do Banco Central e um vocalizador acalmando os mercados para dentro e para fora. Não o fez, pois pensa que entende de economia. 
          
5. Ao escolher Levy para salvar o segundo governo, respondendo a pressão dos mercados, perdeu unidade até na sua base direta e, com isso, perdeu autoridade na sua base aliada. A decisão de dar uma guinada tecnoliberal no governo inevitavelmente abriria uma crise política. Fragilizou o seu apoio orgânico e seu apoio clientelar. Não adianta distribuir cargos sem poder e sem orçamento, na lógica da dita base aliada. 
           
6. Se a crise política é o eixo das crises atuais, só há duas soluções para a permanência de Levy. A primeira seria o PT decidir não ocupar nenhum ministério, nenhuma empresa estatal, nenhuma posição governamental relevante e empurrar Dilma para um governo de personalidades. A segunda seria Dilma renunciar. Nesse momento, Levy sair seria uma enorme turbulência. Dilma se esqueceu da máxima politica: Nunca nomeie quem você não pode demitir. 
           
7. A inflação beijando os 9% atuais é, desde 1999, uma rotina nos governos. O que não é rotina é a estagflação dos últimos anos e projetada para o futuro. Não há saída política por pacto ou consenso. Só com outro governo, seja de personalidades, com Dilma presidente descolada do chão, ou sem Dilma. Não dá mais para voltar atrás e reconstruir as decisões pós-eleitorais.