sábado, 26 de março de 2016

O ocaso de um mito chamado Lula (Ruy Fabiano)


Lula e os chatos

Neste momento em que a Operação Lava Jato desconstrói a imagem de Lula, depurando-a de todos os artifícios, instala-se uma espécie de assombro geral nos meios intelectuais e artísticos do país, onde ainda reina forte resistência aos fatos.
Tal depuração baseia-se em alentados registros – e o mais eloquente vem da própria voz de Lula, captada nos recentes grampos telefônicos, autorizados pela Justiça, em que exibe solene desprezo pelas instituições, em especial o Judiciário.
Não se deve apenas aos truques do marketing político-eleitoral a construção da imagem do falso herói. Bem antes do advento dos Duda Mendonça e João Santana, hoje às voltas com a Justiça, Lula já desfrutava de altíssimo conceito redentor, esculpido no âmbito universitário, onde o projeto do PT foi engendrado.
E aqui cabe repetir o bordão lulista: nunca antes neste país, um presidente da República foi brindado com tantos títulos honoris causa por parte de universidades, mesmo sem ter dado – ou talvez por isso mesmo - qualquer contribuição à atividade intelectual.
Ao contrário: Lula e seus artífices difundiram o culto à ignorância e ao improviso, submetendo a atividade intelectual à condição subalterna de mera assessora de um projeto populista.
A epopeia de alguém que veio de baixo e galgou o mais alto cargo da República fascinou e comoveu a intelligentsia brasileira, que o transfigurou em gênio da raça. Pouco interessava o como e o quê fez no poder – questões que agora se colocam de maneira implacável -, mas o simples fato de que a ele chegou.
O símbolo falsificava o ser humano por trás dele. E o país embarcou numa ilusão de que agora, dolorosamente – e ainda com espantosas resistências, – começa a desembarcar.
Fernando Henrique Cardoso, símbolo da nata acadêmica nacional, deixou suas digitais nesse processo. A eleição de Lula, em 2002, contou com sua colaboração. Como se recorda, FHC desengajou-se da campanha presidencial de José Serra, dizendo a quem quisesse ouvi-lo: “Agora, é a vez de Lula”.
Conta-se que, naquela ocasião, ao recebê-lo em Palácio, chegou a oferecer-lhe antecipadamente a cadeira presidencial. Era o sociólogo sucedido pelo operário, ofício que Lula já não exercia há mais de duas décadas. As cenas da transmissão da faixa presidencial, encontráveis no Youtube, mostram um Fernando Henrique ainda mais deslumbrado que seu sucessor.
Lula, na ocasião, disse-lhe: “Fernando, aqui você terá sempre um amigo”. No dia seguinte, cessou o entusiasmo: o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, em sua primeira entrevista, mencionava a “herança maldita” do governo anterior, frase repetida como mantra até os dias de hoje.
E o “amigo” não mais pouparia seu antecessor, por quem cultiva freudiana hostilidade. A erudição, ao que parece, o incomoda, embora a vida lhe tenha proporcionado meios bem mais abundantes de obtê-la que a outros grandes personagens da cultura brasileira, de origem tão modesta quanto a sua, como Machado de Assis, Gonçalves Dias e Cruz e Souza, mestiços que, em plena escravidão, ascenderam ao topo da vida intelectual do país.
O mito Lula começou ainda na década dos 70, em pleno governo militar – e contou com a cumplicidade do próprio regime, que, por ironia, o viu como peça útil na desconstrução da esquerda, abrigada no velho MDB e em vias de defenestrar eleitoralmente o partido governista, a Arena. O regime extinguiu casuisticamente o bipartidarismo, de modo a esvaziar a frente oposicionista.
A frente, em que a esquerda tinha protagonismo, entendia que não era oportuno o surgimento de um partido de base sindical, que a esvaziaria, diluindo os votos contrários ao regime. Lula foi peça-chave nesse processo, concebido pelo general Golbery do Couto e Silva, estrategista político do governo militar.
Há detalhes reveladores em pelo menos dois livros recentes: “O que sei de Lula”, de José Nêumanne Pinto, que cobriu as greves do ABC pelo Jornal do Brasil naquele período, e com ele conviveu; e “Assassinato de Reputações”, de Romeu Tuma Jr., cujo pai, o falecido delegado Romeu Tuma, então chefe do Dops, foi carcereiro de Lula, no curto período em que esteve preso.
Tuma e Nêumanne convergem num ponto: Lula foi informante do Dops, o que lhe facilitou a construção do PT, a cujo projeto se agregariam duas vertentes fundamentais - a esquerda universitária paulista e o clero católico da Teologia da Libertação.
Essa gênese explica a trajetória vitoriosa do partido: o clero proporcionou-lhe a capilaridade das comunidades eclesiais de base e os acadêmicos prestígio e acesso à grande mídia.
A ambos, o PT retribuiu com Lula, o símbolo proletário de que careciam para forjar o primeiro líder de massas que a esquerda brasileira produziu e que a levaria, enfim, a vencer eleições presidenciais. Deu certo – e deu errado.
Lula chegou lá, mas corre o risco de concluir sua trajetória na cadeia. Os acertos de seu primeiro governo derivam da rara conjunção de uma bonança econômica internacional com os ajustes decorrentes do Plano Real. Finda a bonança e desfeitos os ajustes, restou a evidência de que não havia (nunca houve) um projeto de governo – e tão somente um projeto de poder.
A Lava Jato, ao tempo em que reduz Lula a seu exato tamanho, político e moral – e, ao que se sabe, há ainda muito a vir à tona -, mostra o que fez, à frente do PT e do país, para que esse projeto se consolidasse e o eternizasse como pai dos pobres – uma caricatura de Vargas, com mais dinheiro e menos ideias.
De gênio político, beneficiário de uma conjuntura que desperdiçou, lega à posteridade sua grande obra: Dilma Roussef, personagem patética que tirou do anonimato para compor um dos momentos mais trágicos da história da República.
O historiador do futuro terá o desafio de decifrar o que levou a inteligência do país – cujo dever de ofício é antever e evitar tais desvios - a embarcar num projeto suicida, a serviço da estupidez, não hesitando em satanizar os que a ele se opõem. 


Hitler e o triplex de Lula


Hilário, Lula e seu triplex em mais uma versão de filme sobre Hitler.

Lula, Hitler e o famoso triplex

FHC e as gravações clandestinas (Celso Bandeira de Mello, jurista do PT, em 1999)



(Publicado pela Folha de S. Paulo, em 07 de junho de 1999)


“Há uma diferença essencial entre a pessoa física que exerce função pública e sua posição enquanto exercente dela. A ausência de intimidade características desta última se reflete até sobre seu ocupante. Por isso a lei exige dos titulares de cargo político declaração pública de bens. Não poderia fazê-lo em relação a generalidade dos cidadãos, sob pena de ferir o direito constitucional à intimidade, assegurado no art. 5º. É por isso que não cabe invocar a proibição do uso de provas obtidas por meio ilícito em casos dessa ordem.  Aliás, a evidência de tal conclusão se demonstra mediante um fantasioso exemplo.

Suponha-se que, por fitas, e imagens clandestinamente obtidas por alguém, fosse comprovado que um presidente ou um ministro de Estado recebiam suborno para auxiliar país estrangeiro a guerrear contra o Brasil ou que passavam segredos militares a espiões estrangeiros. Tais comportamentos são previstos na lei que define os crimes de responsabilidade dessas autoridades. Diria alguém que seria inadmissível o uso de tais provas, por força do art. 5º, inciso LV? Diria alguém, em juízo perfeito, que elas deveriam ser mantidas nos respectivos cargos pela impossibilidade de uso das provas em questão?

Por certo, qualquer pessoa, com ou sem formação jurídica, aquiesceria na válida possibilidade de usá-Ias para defenestrar o traidor. Seria intuitiva tal conclusão. Para afastar a incidência do dispositivo constitucional referido, nem seria o caso de invocar a suma relevância da matéria – que está colocada, sem nenhum realce peculiar, ao lado de todas as outras figuras de crime de responsabilidade. Basta atentar para o espírito da regra que proíbe o uso de provas obtidas por meios ilícitos, recordando que sua razão é proteger direitos individuais, não oferecer resguardo para o sigilo – que não há – no exercício de funções públicas.

Em suma: o artigo em questão não existe, e nunca existirá, em país civilizado algum, para oferecer salvo-conduto acobertador de comportamentos ilegais na condução de assuntos públicos por definição e não protegidos pelo direito à intimidade, cuja existência tornaria inválidas gravações clandestinas.”
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OBS: Agora que a polícia pegou Lula e Dilma com as calças na mão (em flagrante conspiração contra a República), o ilustre professor se esqueceu do que publicou em 1999. Uma boa dose de semancol resolveria o problema. Que coisa feia, mestre!

Bandeira de Mello só confirma o aforismo: Para os indiferentes, a lei; para os inimigos, os rigores da lei; para os amigos, os favores da lei.


Cada dia sua agonia (Fernando Gabeira)


Dilma e seus lambe cu


Pensei que esta seria uma semana de trégua. E é, de certa forma, no plano nacional. Na verdade, o atentado em Bruxelas mostrou a face covarde da guerra. Ao considerá-la assim, uma semana de trégua, lembrei-me de uma grávida que entrevistei num bairro infestado de mosquitos em Aracaju: “Graças a Deus, o que tive foi chikungunya”.

Os fatos da semana passada não me permitiram tratar de escutas telefônicas. Tenho experiência disso. Nas eleições de 98, um repórter ouviu ligação minha e divulgou uma frase em que dizia que uma deputada estadual era suburbana. Isso num contexto sobre implantação de aterros sanitários, que, para mim, deveriam ter um enfoque metropolitano. Reclamei de forma, mas não me detive nisso porque havia algo mais importante a tratar: o conteúdo.

O adversário na época, Eduardo Paes, fez uma grande campanha em torno disso. Vestiram camisetas com a inscrição Sou suburbano com muito amor. Ainda hoje as fotos me fazem rir.

A reação de Dilma e seus defensores foi dissociar a forma do conteúdo e discutir só aquela. A tentativa de explicar o diálogo gravado foi ridícula, segundo o New York Times. Patética para outros, que observam o fluxo dos últimos acontecimentos. No caso, não se trata de um grampo, mas de levantar o sigilo de um processo. Moro investigava Lula e o conjunto das gravações indicava a busca de um ministério para escapar do processo. O último áudio apenas foi uma espécie de CQD.

A Lava Jato é, para mim, a maior e mais bem-sucedida operação realizada pela polícia brasileira. Sua atuação é espetacular, mas, se comparamos com o futebol, é possível jogar uma partida magnífica e ainda assim cometer algumas faltas.

No meu entender, elas estão no levantamento do sigilo de áudios que tratam de assuntos pessoais, sem importância real no processo. Eu deparo com esse problema no trabalho cotidiano. Outro dia entrevistei uma cozinheira e ela disse que se casou com o primo por falta de alternativa. Minutos depois me procurou para que apagasse esse trecho da entrevista. Atendi imediatamente. Que interesse teria isso para a história que estava para contar? Nenhum. 

O que é irrelevante para o público pode ter enorme repercussão na vida da pessoa. Uma frase mal colocada, absolutamente inócua para o espectador, pode desatar inúmeros dramas familiares, suspeitas, rancores.

Com escritores, juristas, tanta gente de talento defendendo Dilma, ninguém trata do conteúdo do processo levado por Moro, o que, na verdade, interessa mais ao povo. Falam em defesa da democracia, mas ignoram o mensalão, o escândalo na Petrobrás, dois ataques violentos à própria democracia.

Fui deputado alguns anos e me sinto enganado por ter de discutir com parlamentares que foram comprados pelo governo. Não há debate real. As posições foram pagas no guichê do palácio. Para mim, isso é a real negação do processo democrático. E os dados estão aí: a Petrobrás foi arrasada, apenas em 2015 teve um prejuízo de R$ 43,8 bilhões; só a Operação Lava Jato conseguiu bloquear R$ 800 milhões no exterior. 

Que tipo de democracia é esta em que você compete com campanhas milionárias sustentadas com grana roubada de empresas estatais, via propinas das empreiteiras?

As delações premiadas da Andrade Gutierrez e de Marcelo Odebrecht vão demonstrar tudo isso. No caso de Odebrecht, é preciso ver ainda o que tem a falar, porque sua resistência acabou provocando um avanço da Lava Jato sobre os segredos mais guardados da empresa.

Outra discussão que reservei para a semana de trégua: a condução de Lula. Tenho amigos que a criticam, na verdade, tenho amigos que até são contra o impeachment. A Lava Jato, a esta altura, fez 130 conduções coercitivas. Mas Lula estava disposto a depor, dizem. E os outros, se chamados, também não estariam dispostos? O que determina a medida é análise dos fatos, a lógica da investigação.

Outros lembram: Lula é um símbolo. Respondo que a lei vale para todos. Está escrito na Constituição. Teríamos de redigir a emenda: a lei vale para todos, menos para os símbolos. 
Aliás, o termo símbolo é muito vago. Eventualmente um homem desconhecido pode se tornar símbolo de algo. O pedreiro Amarildo transformou-se num símbolo. Um jovem negro assassinado os EUA vira símbolo do conflito racial. 

É surpreendente ver como Lula se transformou, na realidade, num líder conservador: a esperança dos corruptos de melar a Operação Lava Jato. Deixando de lado o machismo, que não é novidade, suas falas gravadas mostram um personagem típico: sabe com quem está falando? Seu ataque à autonomia da Polícia Federal é simplesmente reacionário. Ainda mais, articulado com frases em que condena a busca de autonomia em outros setores. “Só Dilma não consegue governar, não tem autonomia”, diz ele.

Uma visão realmente política não culpa a oposição pela imobilidade do governo. Seria o mesmo que Lenin, derrotado num bar do Quartier Latin, afirmar que a revolução fracassou por causa dos mencheviques.

Dilma não consegue governar, concordo com Lula. Mas o problema não está na oposição, está nela. Lula reconhece isso nos seus discursos, pedindo que Dilma sorria pelo menos algumas vezes. Acho um apelo inútil, como os que encontramos em algumas lojas: sorria, você está sendo fotografado.

Se Lula reconhece que Dilma não é capaz de presidir, terá de reconhecer também que errou ao lançá-la. E toda essa imensa máquina petista teria de compreender que não se inventa um quadro político, ele se faz na história cotidiana, ao longo de mandatos, no fascinante jogo político, um jogo tedioso para quem não gosta dele.

Isso são reflexões de uma semana de trégua. Não há futuro para o governo. Toda a sua energia se consome na defesa do impeachment, no medo da Lava Jato. Cada dia que um projeto fracassado consegue sobreviver é mais um dia em que o Brasil afunda. Isso parece não ter nenhuma importância para eles. 

Lamento.

Lula, misógino e patriarcal (O Antagonista)


"A ONU Mulheres, entidade das Nações Unidas para a igualdade de gênero, condenou nesta quinta-feira, por meio de uma nota pública, a 'violência política de ordem sexista' contra a presidente Dilma Rousseff, primeira mulher a assumir o cargo no Brasil. Segundo o comunicado, a discordância política não pode justificar a banalização da violência de gênero, uma prática patriarcal e misógina que invalida a dignidade humana."


Também achamos uma prática patriarcal e misógina que invalida a dignidade humana Lula chamar Maria do Rosário de "mulher de grelo duro" e afirmar que Clara Ant "achou que era um presente de Deus ver tanto homem na casa dela quando os agentes da PF chegaram".

quinta-feira, 24 de março de 2016

Os crimes do PT e os crimes de Stalin e Hitler


O comunismo como sistema é tão totalitário como o nazifascismo. A natureza de ambos foi dissecada por Hanna Arendt em seu magistral livro "As origens do totalitarismo". Os crimes contra a humanidade irmana-os da maneira mais natural possível. Curiosa é a postura dos seus intelectuais e simpatizantes na apreciação de seus ídolos e suas práticas nefandas: absolutamente semelhantes. Basta, apenas, trocar o sinal. Não há nada mais parecido com um nazista que um comunista de boa cepa. Nem entre estes e os petistas. Não gostam da ideia de questionar os desatinos cometidos por seus líderes. Não enxergam o mínimo de culpa ou de responsabilidade daqueles dirigentes pelo que fizeram. 

Em nome da classe proletária, Stálin liquidou milhões de russos, ucranianos e outros, sem qualquer contestação por parte da vasta maioria de intelectuais comunistas ocidentais. Só mudaram de posição quando os próprios soviéticos denunciaram os métodos bárbaros de Stálin após, claro, a morte deste. O genocídio comunista foi equivalente ao cometido pelos nazistas contra judeus, dementes, gays, ciganos e outras minorias.  

No Brasil contemporâneo os adeptos do lulo-petismo, que infestam o mundo universitário e cultural (tornados novas madrassais), chegam ao desplante de patrocinar recentes atos públicos em defesa e louvação dos seus delinquentes (Lula e Dilma à frente). Não conseguem ver que o rei e a rainha tão adorados estão, de fato, completamente nus.

Frente a tal doença do espírito (incurável, segundo alguns), torna-se preocupante o day after, aquele que se seguir à queda de Dilma e sua vasta famulagem. Haverá que se pensar em algum projeto de reeducação. Quem sabe, adotar, ao estilo chinês, campos de trabalho forçado? 

É de um amigo meu (Boca Nervosa)


Impagável, o grande sambista Boca Nervosa. 

Isso é tudo de um amigo meu (Boca Nervosa)


quarta-feira, 23 de março de 2016

E aí? Vai fazer parte da turminha do bem ou você é nazista? (Danilo Gentili)


"Coleciono manchetes dos principais jornais do país que apresentam alguns colegas de comédia e eu como seres abjetos. Isso porque, vejam só que absurdo, já que somos humoristas, insistimos em contar piadas em programas e shows de humor.
Basta digitar no Google “comediante” ou “humorista”, seguido de “machista", “racista” ou "homofóbico", para comprovar que jornalistas, políticos, artistas e "intelectuais" brasileiros realmente estão empenhados em denunciar esse terrível mal chamado "piadinhas".
Por que levam a sério coisas que não deveriam levar, mas quando algo sério acontece ignoram ou até mesmo tentam justificar?
Há três anos trabalho em um livro que trará à tona essas respostas, mas, enquanto não chega o lançamento, sugiro aqui um exercício aos interessados, baseado em fatos recentes.
Exatamente hoje faz uma semana que as escutas telefônicas, feitas pela Lava Jato nas investigações sobre Lula, nos revelaram um homem que, longe dos holofotes, demonstra a sua verdadeira identidade, num discurso repleto de concreto e verdadeiro machismo.
Lembrem-se de que ele não é comediante e as falas da escuta não são de um programa de humor. Naquelas conversas, Lula não é um palhaço interpretando um papel em um circo. É o homem real que está ali -- sem a aura santa e ponderada criada pelos marqueteiros capitalistas Duda Mendonça e João Santana. Ele está apenas dizendo o que pensa. Revelando quem ele é.
Segundo Lula, a mulher de quem falam deve ter ficado triste pois não foi estuprada em grupo. E a Dilma? Com seu "grelo duro" e riso frouxo endossa tudo aquilo?
Aliás, a Dilma, que sempre exigiu marcar o feminino num substantivo comum de dois gêneros e ser chamada de PresidentA. demonstra ao telefone completa submissão ao patriarca Lula. Cadê o empoderamento feminino, gente?
Mas voltemos à gravação. 
O Lula que se escuta nas ligações é machista, misógino, autoritário, arrogante, autocrático, grosseiro. É a personificação de tudo aquilo que acusa nos outros e o que o seu partido diz combater.
Ele definitivamente fala sério, em uma conversa que seria tudo aquilo que os jornalistas e "intelectuais" brasileiros não perdoam quando alguns humoristas chegam perto de falar brincando.
E até agora o pessoal do “bem", que patrulha o que os comediantes dizem por aí, não demonstrou uma gota de indignação a respeito das coisas ditas pelo Brahma.
Esperei uma semana para escrever sobre isso, para não correr o risco de ser injusto. Mas aí está. Hoje, sete dias depois, nenhum dos combativos jornalistas, feministas, políticos, artistas engajadinhos, blogueiros, youtubers, progressistas, ou até mesmo perfis de Facebook que sempre aparecem com pedra na mão para linchar humorista por uma ou outra piadinha, apareceu para se manifestar a respeito.
Claro que acho estranho a ausência de veículos relevantes. Não da Carta Capital. Todos sabem que essa revista vem perdendo importância com o advento da internet, pois desde que diminuiu sua tiragem impressa tem ficado cada vez mais difícil limpar a bunda com ela. Porém o áudio comprova o que já sabíamos: Mino Carta é assessor de imprensa do PT:
 Se, depois disso, você continuar acreditando no que uma revista como essa publica, por favor, não leia mais os quadrinhos do Superman. Não queremos recolher seu corpo no pátio do seu prédio só porque achou que voar é possível.
Mas o que dizer a respeito de todos outros veículos autoproclamados isentos, como, por exemplo, a Folha de S. Paulo? Eu me lembro que no ano passado satirizei a famosa entrevista da presidente ao Jô:
 Por que eu fiz isso? Porque eu sou humorista. E ela, presidente. E desde Aristófanes humoristas satirizam políticos em exercício do cargo.
Não para a jornalista da Folha de S. Paulo. Ela me ligou na ocasião e realmente parecia escandalizada. A pergunta indignada que ela me fez foi: “Por que você foi machista ao satirizar a presidentA?”. Percebam que o politicamente correto, além de régua para fuzilar, é também blindagem. Eu não posso satirizar um ser humano envolvido em esquema de corrupção que nem sequer sabe falar, se esse ser humano for mulher, pois o politicamente correto o protege somente em razão do sexo.
Poderia citar dezenas de outros exemplos em outros veículos em que não tive a sorte de passar incólume, assim como Lula teve. Mas o humorista Chico Anysio resumiu o que os grampos comprovaram:
 “A Classe Jornalística brasileira é petista”.
O politicamente correto não é uma maneira de evitar que as pessoas se magoem ou que preconceitos se propaguem, como defendem Wagner Moura, Gregório Duvivier, Maria do Rosário ou Jean Willys. Se assim o fosse, eu os veria se manifestando contra o machismo de Lula ou contra a homofobia de Ciro Gomes. Repare como este último considera ser gay algo tão ruim que deve ser usado como xingamento.
 “A rua é pública e estou ordenando que você saia dela agora!" E o fascista é você!
Jean Willys é um líder político que vive combatendo a homofobia quando alguém conta uma piada. Será que essa demonstração de ódio não é grave o suficiente para que ele se pronuncie contra? Por que ele está em silêncio agora?
Houve algum manifesto de artistas gays ou carta aberta de feministas ofendidas? Até agora NADA. Na verdade, tivemos o oposto. Maria do Rosário, a deputada mais chiliquenta e ultra-sensível do mundo, explica que o machismo de Lula na verdade é bonitinho.
 Ao ouvi-la falar, seja sincero: Você compraria um carro usado da Maria do Rosário?
É na freqüência do duplipensar que os formadores de opinões operam por aqui, e essa é a essência do politicamente correto.
Ao contrário do que Wagner Moura, Gregorio Duviver, Chico Buarque, Carta Capital e grande parte do jornalismo brasileiro tentam fazer você acreditar, o politicamente correto não é uma ferramenta para evitar que as minorias se ofendam e nem existe para "exterminar comentários preconceituosos, machistas etc". O politicamente correto é apenas uma arma apontada para a cabeça de quem não concorda com o "lado correto" - que, por “coincidência”, é sempre o lado que as feministas, o Gregório Duvivier, o Wagner Moura, a Maria do Rosario, Lula, Dilma, Ciro Gomes e grande parte dos jornalistas brasileiros estão. É a arma que o status-quo atual na America Latina usa para fazer de refém qualquer um que não concordar com eles.
A mira do politicamente correto é seletiva.
Se você estiver do lado deles, pode ser homofóbico e comentar pejorativamente a sexualidade alheia (Thatcher era sapatona, a médica cubana que fugiu para Miami era mal comida, Marcos Feliciano uma bichona) ou pode ser como o Ciro Gomes que xinga moleques na rua de "veados". Pode também ser machista como o Lula e dizer que a mulher ficou triste porque não foi estuprada coletivamente. Vai fundo! Faça como o blog oficial da campanha da Dilma fez e xingue Joaquim Barbosa de "macaco". Você passará ileso pelo corredor polonês.
Você pode até mesmo roubar e corromper. Ou você já viu um desses escandalizado com Zé Dirceu e companhia? Eu só os vejo defendendo esse povo. Até em Portugal!
Eu diria mais: se você estiver do lado da turminha do "bem", você pode até matar! Na verdade talvez você DEVA matar. Você sabe, foi matando muita gente que Lenin, Fidel e Che Guevera se tornaram grandes heróis para esse pessoal.
O recado que jornalistas, políticos, artistas e "intelectuais" passam é cada vez mais claro para mim: fique do nosso lado e pode falar e fazer o que quiser, mas, do contrário, faremos de sua vida um inferno.
Aliás, seguindo tal lógica, aposto que você não viu noticiado em lugar nenhum que aquele negro foi agredido com xingamentos homofóbicos na manifestação "da paz a favor da democracia”.


E aí? Você acha que esse cara mereceu o que teve ou seria você racista?



Como não comer? (Roberto daMatta)


Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza! Disse o engraxado, mas impoluto ministro Jacques Wagner, usando um brasileirismo. Com o brio dos comediantes, ele defendia e tencionava racionalizar o conjunto de delitos cometidos pelo governo do qual participa como barão. Na sua fala sempre generosa para com os seus, era mais que natural que um partido “juvenil” em matéria das sacanagens afeitas ao poder à brasileira – o PT – fosse com muita gana ao pote do mel e lambuzado ficasse.

Vale assinalar essa representação do poder como um pote de mel. Como algo doce a ser comido sem pudor e em grandes quantidades precisamente porque ele é um atributo daqueles poucos que o “tomaram”. A representação do poder como mel, como disse em outra ocasião, é reveladora daquilo que a crise brasileira, como os atos falhos e o reprimido, esconde revelando.

Realmente, se o poder é um mel, como não comê-lo? No fundo, trata-se, como se sabe, de limites. Há quem o tenha desejado mas não comido e há quem o tenha comido ao ponto da lambujem. Um mensalão e um petrolão são eventos wagnerianos.

Mas o que quero observar é a natureza da figura (poder = mel) em franco contraste com outras visões. Entre elas, eu lembro a da “mão de ferro”, da “mordaça”, da “espada”, da “águia” suástica e, para finalizar uma lista infindável, a foice e o martelo ou a caveira das SS cujo uniforme cairia como uma luva naqueles que falam em golpe tentando precisamente golpear as instituições pelo retorno desavergonhado da aristocracia que, desigualando pessoas confundidas com cargos – com o devido respeito a Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados –, imobiliza o sistema.

Mas eis que todos esses símbolos são venenosos, daí o contraste do poder como o doce mel, porque o mel é fluido e bom para distribuir. Pode ser comido em goladas ou gotas e avidamente lambido ao ponto de esgotar o pote.

Quando isso ocorre, revela-se o nosso lado brutal, violento e, sejamos gentis, “deseducado” – antidemocrático porque uns fazem tudo enquanto outros sequer podem denunciar ou, eis o pecado moral num sistema aristocrático, prender a quadrilha constituída de gente querida e importante.

De gente que roubava o Brasil para mudá-lo e torná-lo mais popular e socialista! Mas o fato é que comer enchendo a boca implica no abandono da serenidade típica dos “caras de pau” (eis um outro brasileirismo), todos lambuzados porque não seguiram as normas da boa “educação” – lida no Brasil como “boas maneiras” e aquiescência – mais um brasileirismo – e não como saber.

Comido em doses wagnerianas, o mel promove diarreia ou lambuza como bem diagnosticou o barão-ministro e, hoje, todo o povinho brasileiro (do qual eu faço parte), dito golpista justamente porque sabe que o mel é por ele produzido!

Como brasileirismo, o mel compete com a “caneta”. Embora a história brasileira tenha sido marcada por episódios crudelíssimos, é a canetada que tudo legaliza, deixando de lado a tal da ética, muito falada e teorizada mas pouco praticada.

O dilema entre a igualdade de um mel universal e a aristocracia do melado para poucos, denunciado por mim no livro Carnavais, Malandros e Heróis, publicado 1979, retorna forte com o governo Dilma dando um violento “Você sabe com quem está falando?” em todo o povo que foi às ruas, quando tenta transformar Lula num ministro-barão, situando-o acima da lei.

A crise, reveladora de ambiguidades e ausências, revelou telefonemas nos quais o baixo calão de Lula confunde-se com a presença inequívoca de um outro brasileirismo: o dos “puxa-sacos” que viram “soldados”, traem os seus companheiros de governança, falam mal de quem os ajudou e, pior que isso, oferecem, de calças arriadas, a solução a ser seguida. Um deles diz: “Vocês têm a faca e o queijo na mão, façam de Lula um ministro, cacete!”.

A mim foi tanto ou mais vergonhoso ouvir os planos para aristocratizar Lula, livrando-o de uma eventual prisão do que as vigorosas lambidas dadas no seu traseiro as quais, como aprendi nos Estados Unidos, transformam quem as pratica em “brown noses” – em narizes sujos de merda!

Mas o fato político relevante, o brasileirismo principal e recorrente, é o de aristocratizar pessoas nesse Brasil feito de superiores e inferiores, sempre desconfiado ou desconfortável com a igualdade como revelam o trânsito, as filas, os hospitais, a ausência de segurança e um sistema educacional que é a chave mestra da igualdade.

Minha sugestão é simples. Dilma deveria ouvir a teoria do Ministro Teori pronunciada num evento: Moro coloca-se demais nos holofotes e deveria ser destituído. Em seguida, ela deveria restaurar o Império. Assim, Lula voltaria como Rei do Brasil e aí todo mundo (golpistas, cínicos, donos do poder e ricaços) vão poder comer o nosso mel sem os problemas da lambujem.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Certas palavras valem mais que mil imagens (Gabeira)


Eram cinco horas da tarde, eu cobria uma demonstração na porta do Palácio do Planalto. As pessoas estavam com muita raiva de Dilma e de Lula. Sentiam-se ignoradas depois de terem ido para as ruas no domingo. Queriam a queda de Dilma e a prisão de Lula. Dilma não só não deu sinais de renúncia, como convidou Lula para ocupar um ministério e fugir da Lava-Jato.
Uma hora de trabalho e saí em busca de água e um banheiro no Congresso. Ali, soube da divulgação dos áudios.
Em termos cinematográficos, o áudio contém metade das informações de um filme. Nesse caso, os áudios eram toda a informação necessária para inflamar as ruas. As multidões já estavam iradas e o diálogo Dilma-Lula serviu para catalisar um processo que já estava em andamento. Os romances do passado escreviam assim: a marquesa saiu às seis horas. Agora era possível reescrevê-los: Dilma foi para o espaço às seis horas, no rabo de um foguete barbudo.
Só mais tarde, exausto, examinei o conjunto de gravações. Senti que Lula estava acuado, tentando dominar um processo que escapava ao seu alcance. Os interlocutores, inclusive Jaques Wagner e, principalmente, Nélson Barbosa, respondiam com frases curtas, como se estivessem incomodados, loucos para desligar. Ele sabia que era uma luta difícil. Mas lamentava o medo dos outros: o Congresso e o Supremo estavam acovardados. Sua intenção era deter a Lava-Jato e criar uma frente de investigados. Se não fizessem nada, seriam todos presos.
Renan estava fodido, Cunha, idem. Lula parecia assumir sua verdadeira condição de chefe da imensa quadrilha, para salvá-la dos procuradores que, segundo ele, se achavam representantes divinos. Conversas gravadas sempre trazem embaraços. Na intimidade, somos menos cuidadosos. A série de gravações mostrou não só que Lula queria interferir no processo legal. Mostrou algo que não se suspeitava: a falta de carinho e solidariedade com as pessoas que o ajudaram por décadas.
É o caso de Clara Ant. Ela chegou a ser deputada, mas depois disso dedicou-se, inteiramente, a ajudar Lula. Ao que parece, foi um projeto de vida. Participei de um debate com ela, sobre o conflito no Oriente Médio, diante de uma plateia formada por membros da colônia judaica. Ela defendeu, como pôde, a política externa do governo brasileiro. Pareceu-me uma pessoa tranquila e bastante confortável diante de ideias divergentes. Não tenho procuração para defendê-la e, quem sabe, pense a meu respeito todas as barbaridades que a imprensa petista divulga. No entanto, afirmo que não é assim que se trata uma colaboradora de tantos anos, nem é assim que se trata qualquer mulher que tem sua casa invadida por cinco policiais. Lula disse que ela deve ter achado um presente de Deus tantos homens entrando pela porta. Dilma riu. Dilma, a presidenta, a mulher símbolo de uma conquista feminina, ri de piadas machistas desde que contadas pelo seu chefe.
O ângulo político das gravações, nesta altura, já deve ter sido exaurido, e a tentativa de fugir da Lava-Jato já se revelou o desastre que todas as pessoas sensatas previam. O ministro Aragão, que tinha como tarefa desmontar a Lava-Jato, foi tratado como alguém que é amigo, mas, no momento de fazer as coisas, sempre dizia “Olha’’. Lembrou-me de Sancho Pança, que dizia constantemente: “Olha, mestre, olha bem o que está dizendo’’.
Lula não pode ser comparado a um Dom Quixote, pois seria uma agressão a esse maravilhoso símbolo da cultura ocidental. Ele, simplesmente, estava desesperado. A máquina do governo petista não respondia com eficácia sua ânsia de proteção. Os políticos corruptos marchavam para o matadouro, inertes, à espera da salvação mágica. Ele viria para reagrupá-los, derrotar a República de Curitiba e, certamente, encontrar um meio de financiar as relações obscenas alimentadas pelo mensalão e pelo assalto à Petrobras.
Sua meta conservadora é cristalina. E, ainda assim, algumas pessoas, militantes e intelectuais, continuam achando-o o caminho do futuro e classificando de reacionário quem se opõe a um projeto criminoso de poder. As hostes petistas receberiam ordens claras para achincalhar os adversários e intimidar os procuradores e policiais da Lava-Jato.
No princípio da semana, fui alvo de ataques desonestos dos sites pagos pelo governo. Talvez já fosse uma minúscula parte do plano. Não creio que quisessem me intimidar; estavam apenas exercitando os músculos. De todos as crises que vi no Brasil, esta tem uma singularidade: a tristeza de milhares de pessoas que acreditaram no poder transformador da esquerda no governo. Falei com alguns senadores que deixaram o PT. Estavam desolados, depois de tantos anos de trabalho. Pelo menos compreenderam a realidade e podem tentar outro caminho. Os oportunistas e carreiristas continuaram agarrados aos seus empregos.
O drama mesmo é dos que não suportam as dores da realidade e insistem na negação. Seguem o seu líder sem o bom senso de Sancho Pança. Não ousam dizer: “Mestre, olhe bem o que está dizendo’’.

No Brasil, pobre quando rouba vai preso, rico quando rouba ganha um ministério. Luiz Inácio da Silva, em 1988.

Garotinho e o partido da boquinha

Não vai ter golpe!


O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, demonstrou possuir extraordinária sagacidade ao chamar o PT de "partido da boquinha". Síntese perfeita, porém, carente de atualização. O PT, de fato, é o partido da bocarra, conforme se pode atestar pelo volume de dinheiro saqueado das empresas públicas, inequivocamente demonstrado pela Operação Lava-Jato.  

É necessário esclarecer que essa gente não se tornou corrupta quando chegou ao poder. Eles já vinham se preparando, com enorme zelo, para o momento em que tivessem a posse da cornucópia federal. Saquearam entidades estudantis (onde ainda hoje se refestela o PC do B), associações comunitárias, ONG's e sindicatos no seu período de formação. 

Suspeita-se que, ainda no berçário, alguns deles, em manifestação de notável precocidade, já afanavam as chupetas dos coleguinhas (diga-se, em benefício desta parcela da tigrada, que tais habilidades só as possuíam os de DNA adequado). Há quem diga que tais especialistas formaram dentro do PT, entre tantas outras, a ala conhecida como "mãos de seda".

Garotinho, então, com seu olhar de águia, entendeu a natureza do PT. Anos depois, no julgamento do mensalão, o ministro Celso de Mello ratificou tal entendimento: tachou-o de "organização criminosa", em nada diferente do PCC e da Camorra, sociedades de celerados. Os pixulecos, essa graciosa contribuição linguística de um tal Vaccari (personagem que legitima a visão lombrosiana a respeito dos criminosos), é o instrumento peculiar dos petistas no seu fazer político. 

O mais incrível dessa matilha de predadores é a naturalidade com que agem. São como aqueles estupradores que, afora a ignomínia do ato, ainda cobram da vítima um pedido de desculpas por ficarem de costas para o tarado. Exigem, também, o devido silêncio posterior a respeito do fato. Que o diga o "menino do MEP", aquele que foi abusado por Lula nos poucos dias em que este ficou detido, em confortável alojamento com todas as mordomias e favores, pelo delegado Romeu Tuma, em anos já idos e vividos. 

O sátiro homossexual de Garanhuns, certamente, não papava só os meninos disponíveis. Também deve ter experimentado mulheres do PT, em vista do seu notável conhecimento, anunciado por gravações tornadas públicas, sobre a dureza ou moleza do grelo das dondocas. Sem esquecer, é claro, sua predileção, na ausência de coisa viva melhor, pelas cabritas confinadas no aprisco do vizinho, conforme ele próprio declarou em entrevista à Play Boy anos atrás.

A um cão sarnento, e seus mirmídones, está entregue o destino do Brasil, tendo como coadjuvante uma búlgara insana, síntese de todas as bizarrices acumuladas ao longo da história das estepes bárbaras da Ásia central. No clima de tomada da Bastilha que agita o povo brasileiro, só cabe lamentar a ausência da simbólica guilhotina saneadora.   

domingo, 20 de março de 2016

Não vai ter golpe (Noblat)


Simples o que aconteceu na última quarta-feira em Brasília quando Dilma telefonou para Lula avisando-o de que um emissário lhe entregaria no hotel o termo de posse.

No melhor “estilo Dilma” de falar, ela disse, na tentativa desesperada de se fazer entender: "Seguinte, eu tô mandando o Messias junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!"

Subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Jorge Messias deu a Lula uma cópia assinada por Dilma do termo de posse dele como ministro-chefe da Casa Civil da presidência da República.
E pegou a assinatura de Lula em outra cópia do mesmo documento que ainda carecia da assinatura de Dilma. Mas como este parágrafo acabará na próxima linha, espere só um pouco para conhecer o resto da história. Adiante.
Dilma e Lula haviam sido informados de que o juiz Sérgio Moro estava pronto para decretar a prisão preventiva de Lula pedida pelo Ministério Público de São Paulo.
Se isso acontecesse, Lula correria o risco de ser preso antes da posse, indo assim a pique a operação montada para fazê-lo Ministro de Estado. Uma vez ministro, ele ficaria a salvo da “República de Curitiba” e aos cuidados do Supremo Tribunal Federal.
Do hotel em Brasília, Lula retornou a São Paulo.  Se agentes federais batessem à sua porta, ele assinaria a cópia do termo de posse já assinado por Dilma, uma espécie de habeas corpus administrativo.
Em Brasília, por sua vez, Dilma assinaria a cópia do termo de posse já assinado por Lula, mandando-o para publicação no Diário Oficial. E o ministro-chefe da Casa Civil assim “lavado”, escaparia à prisão.
Um plano perfeito? Está para ser inventado um. Bancado pela dupla Dilma-Lula para obstruir a Justiça, o plano começou a dar errado tão logo Moro, acostumado a bisbilhotar os outros, soube que estava sendo bisbilhotado.
Suspendeu a redação dos motivos que justificariam a prisão de Lula e divulgou de uma vez mais de 40 conversas dele ao telefone, grampeadas com a sua autorização. 
Para o país, foram horas eletrizantes, aquelas, transcorridas entre o anúncio de que Lula aceitara o convite de Dilma para ser ministro (pouco antes do meio-dia) e o momento em que se ouviu na Globo News (pouco antes das 19h) a voz de Dilma informando a Lula sobre o papel que só deveria ser usado “em caso de necessidade”.
Em cerca de sete horas, o governo foi da esperança e da euforia à frustração e ao medo.
É com pavor a uma queda rápida que o governo se prepara para enfrentar no Congresso o pedido de impeachment.
Desfalcado de Lula, que teve sua nomeação para ministro suspensa pela Justiça, e ameaçado por novos fatos a serem produzidos pela Lava-Jato, o governo parece dispor de uma única arma: os erros dos seus adversários.
Atuará em cima dos erros. E, no mais, seja o quer Deus quiser.
Deus, não sei, mas os brasileiros dão fortes sinais de que desejam ver Dilma, Lula e o PT pelas costas. Não estão divididos, como se diz. Podem não saber o que querem, mas sabem o que não querem.
Não querem ser enganados como foram por Dilma, reeleita com base em mentiras. Não querem devolver o que ganharam. E não querem corrupção - daí o esmagador apoio ao impeachment e a rejeição crescente a Lula.
Jamais a democracia por aqui deu tantas provas de solidez e de vitalidade.  Suportou a queda de um presidente eleito. Se for o caso, suportará outra.
Tranquilo: não vai ter golpe.