quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

INDÚSTRIA DA ANISTIA

(Transcrito do blog do Reinaldo Azevedo, em 14/01/2010)

"A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça poderia ter uma nobre tarefa: reconhecer a culpa do estado naqueles casos em que pessoas, já rendidas, foram torturadas ou mortas. Em vez disso, ela se transformou numa comissão de revisão torta da história e de distribuição de prebendas. Ontem, viveu o seu momento mais patético. Os irmãos João Vicente e Denize Fontella Goulart, filhos do presidente João Goulart, vão receber, cada um!!!, R$ 244.800 (480 salários mínimos). Neusa, José Vicente e João Otávio, filhos de Leonel Brizola, serão indenizados, respectivamente, em R$ 153.000 (300 salários mínimos), R$ 107.100 (210 salários) e R$ 91.800 (180 salários). A coisa não parou por aí. Outros 11 filhos - E NETOS!!! - de pessoas que saíram do Brasil por causa do Regime Militar terão direito à indenização. Luiz Carlos Ribeiro Prestes, um dos filhos do líder comunista Luiz Carlos Prestes, receberá R$ 153 mil.

Jango, Brizola ou Prestes não foram “torturados” durante o regime militar. O caso do filho de Prestes, de certo modo, é o mais escandaloso politicamente, embora ele seja o mais “pobre” da turma. Quem torturou seu pai foi o primeiro governo de Getúlio Vargas. Prestes, bom comunista, não via grande problema nisso diante da “luta”, não é? Tanto é que saiu da cadeia e subiu no palanque de Getúlio porque entendeu que aquela era a melhor maneira de continuar a sua luta “antiimperialista?”. Seu filho, agora indenizado, foi estudar na União Soviética, que Prestes entendia ser a verdadeira pátria da “nação proletária”, da qual ele fazia parte. Tanto é assim que foi estrela de um dos atos mais covardes da história republicana: a Intentona Comunista de 1935. Prestes perdoou Getúlio, que lhe desceu o sarrafo — “o que importa é a política, camarada!” —, mas seu filho não perdoa o regime militar, que não encostou num fio de cabelo do pai. Já a indenização aos filhos de Jango e Brizola é só escárnio mesmo; nem traz o sabor especial da contradição política. Não sei como andam as finanças das duas famílias. Eram milionárias antes do golpe militar e seguiram sendo depois. O que quer que tenha acontecido com a fortuna de ambas não tem qualquer relação com o regime de 1964. Neusa, a Neusinha Brizola, até aproveitou a fama do pai governador para lançar sua carreira artística e posar de “maluca beleza”. Lembram-se da música “Mintchura”? E quem será indenizado pelas muitas ilegalidades cometidas por Jango e Brizola antes de 1964?


Publiquei aqui a lista das 130 pessoas mortas pelos terroristas de esquerda. Ninguém tem direito a indenização, é claro. Nesse grupo, há pelo menos 10 pessoas que foram mortas pelos próprios “companheiros”. E nesse caso? Cobrar reparação de quem? É evidente que estamos diante da já bilionária indústria da anistia."

Dona Dilma tropicou

Dona Dilma deu um tropeço que pode levá-la ao chão. No recente episódio do tal plano nacional de direitos humanos ela patrocinou uma grave quebra de confiança em relação a seu chefe e mentor. Ao expor Lula da Silva ao vexame de enfiar o rabo entre as pernas e retificar um dos pontos mais polêmicos daquele plano - o referente à investigação de abusos e crimes cometidos pelo Estado brasileiro no período do regime militar - dona Dilma mostrou-se pouco confiável aos olhos da cúpula petista. Todo mundo sabe, afinal, que Lula da Silva não lê nada que ultrapasse a complexidade das aventuras de Mickey, Pateta e do Pato Donald. A filtragem e depuração legal e política de quaisquer documentos que necessitem da chancela presidencial é uma das maiores responsabilidades da Casa Civil, vale dizer, de dona Dilma. Ao não cumprir com seu dever (e, assim, prejudicar a imagem do seu patrono), dona Dilma indicou - na prática - o risco que haveria no futuro caso ela venha a se eleger presidente da República. Este episódio, portanto, pode e deve ser visto como uma daquelas provações a que são submetidos profanos de sociedades iniciáticas. Dona Dilma foi reprovada neste teste de lealdade à camorra petista. Não por acaso começam a circular boatos a respeito da troca do nome do vice a ser indicado pelo PMDB. É uma manobra de grande sutileza dada a dificuldade de se afastar de chofre a pretendente. É uma fritura que começa pelas beiradas. Aceitando-se a eventual troca do vice (por exemplo, Michel Temer por Hélio Costa), o que impediria que se aventasse também a troca da titular? Ainda mais que graves razões de ordem médica, públicas e notórias, dariam uma excelente justificativa para tal? Fator preponderante neste caso é o fracasso da madame nas pesquisas realizadas até o presente momento. Nem a maciça exposição pública ano após ano, nem o apoio diuturno que lhe presta Lula da Silva conseguem mover a candidata que, além do mais, nada faz para ajudar a quem a ajuda. Dona Dilma é uma verdadeira mala sem alça com a rodinha quebrada. A resistência pública e, mais grave ainda, a resistência velada que se espraiaram pelo país contra os desatinos contidos no decreto que criou o terceiro plano nacional de direitos humanos serviu para arrefecer o senso de onipotência que até agora vinha marcando a atuação de Lula da Silva. O realismo eleitoral, provavelmente, se imporá nos próximos movimentos da cúpula governamental.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Deus salve a dona Dilma!

O plano B do PT para as próximas eleições presidenciais já está em andamento. Aliás, sempre esteve em seus planos estratégicos. Não era cabível que uma criatura sem qualquer expressão pudesse ser a herdeira do petismo, mesmo com a permanente e avassaladora propaganda do seu nome que dia a dia se faz há pelo menos dois anos. As últimas pesquisas mostram a incapacidade de dona Dilma de se elevar por quaisquer de seus eventuais méritos, só atingindo os 20% aproximadamente de preferências com o pé de apoio da presidência da república. Esses números chegam, até, a surpreender de maneira positiva em vista da figura grotescamente rombuda da ainda candidata oficial. Suas condições físicas, no entanto, estão conspirando para que a verdade política e eleitoral venha a prevalecer. Notícias que circularam nesta terça feira (12 de janeiro de 2010) apontam que Lula da Silva recebe informações diárias sobre a saúde da madame e que elas indicam uma piora da situação. Em editorial do jornal O Tempo - de Belo Horizonte - chega-se a afirmar que "nos boletins reservados ao presidente, a ministra é considerada momentaneamente inapta a qualquer esforço; deveria estar de repouso por alguns meses para evitar complicações". Os pretendentes, portanto, já se assanham. O que parece ter o perfil mais adequado ao bloco de poder que comanda o Brasil é o governador Jacques Wagner, da Bahia: paulista (disfarçado de baiano), sindicalista (que parece empresário), judeu (mas que lembra pai de santo), além de outras qualidades fundamentais como o sólido vínculo com os fundos de pensão e um inegável talento eleitoral (foi uma façanha derrotar o Carlismo no primeiro turno). Um consolo restará à ministra: de candidata eleitoralmente inviável ela poderá se tornar um esteio na campanha do novo candidato. Afinal de contas, a turma que cerca dona Dilma tem larga experiência em transformar cadáveres políticos em bandeiras bem sucedidas. A verdade é que há mistérios na percepção das pessoas que nos surpreendem. Já não aconteceu no episódio de Maria Mutema relatado pelo Jõe Bixiguento a Riobaldo? Esta tal Mutema quase que não passou a ser considerada santa, mesmo após serem reconhecidos seus crimes contra o marido e o pobre padre Ponte? Melhor as oposições rezarem para a saúde e o bem estar pessoal de dona Dilma; e fazer para ela uma "firmeza" coletiva, como diriam os umbandistas. Derrotá-la será muito mais fácil. GOD SAVE THE DILMA!