sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Bolsonaro: propostas e sugestões



PROPOSTAS E SUGESTÕES PARA BOLSONARO
(Outubro de 2018)


Há sempre esmeraldas desde que haja
acionistas, dizia o banqueiro Efraim.

 (Eça de Queirós)


Este documento contém algumas sugestões a serem incorporadas ao programa de governo do deputado Jair Bolsonaro em sua campanha para presidente da república. É resultante do esforço e da vontade de contribuição de um grupo de anônimos colaboradores desejosos de ver o Brasil governado pelo ilustre parlamentar, conduzindo nosso país para outros rumos longe do abismo em que nos meteram os governantes das duas últimas décadas.

O detalhamento de cada tópico será divulgado, posteriormente, para a equipe que vem elaborando o plano de trabalho de Bolsonaro, caso as propostas aqui presentes sejam consideradas de boa qualidade, além de pertinentes e viáveis.


POR UMA POLÍTICA QUE DESENVOLVA
UMA CULTURA DA PAZ E DA ALEGRIA
                                                                  
   
Nas consultas realizadas junto à população ao longo das últimas campanhas eleitorais brotam, sempre, as mesmas demandas. Quais são elas?


Mais polícia, mais vigilância, mais prisões, mais repressão, mais multas, mais arame farpado, mais muros e mais grades nas janelas. Em síntese apertada, mais segurança.  Também aparecem aqui e ali, mas agora entre os que professam preocupações ditas “sociais”, referências genéricas por mais preparo humanístico dos policiais, mais emprego, mais saúde e mais educação como saídas para amenizar o clima de barbárie em que vivemos imersos. Num discurso algo justificatório pretende-se fazer crer que haveria uma correlação entre “pobreza” (e “desigualdade”), com a violência e outras incivilidades. As experiências vêm mostrando, todavia, que não basta tornar disponíveis um pacote de benefícios materiais para que a população alcance o patamar de um ambiente satisfatório para se viver.

Eis o pão e eis a água, mas, se não há paz, não há nada

Não há como negar a validade de tal preceito da antiga cabala. Pesquisas sociológicas, aliás, indicam um vínculo significativo entre aumento da riqueza e incremento da criminalidade. Esta seria decorrente não só do acicate por mais consumo (aguilhão que moveria setores empobrecidos em seu desejo de fartura), mas, também, frações daqueles vinculados às altas esferas sociais, políticas e econômicas, tangidas por um desejo de feições inesgotáveis. Os escândalos do “mensalão” e do “petrolão” demonstraram como os mais ricos e mais poderosos ultrapassaram todos os limites do meramente aceitável. Comparadas, as condutas extravagantes do bloco petista nos últimos quinze anos, com as condutas corruptas da velha guarda política, estas não seriam mais que pequenas inépcias morais.  

A cobiça humana, aliás, muda facilmente para voracidade, já alertava a sabedoria bíblica: seria ela tal como o inferno e o abismo, ou seja, nunca se fartava. Os meios de comunicação não se cansam de noticiar, quase que diariamente, todos os tipos de transgressões, distribuídas por toda a escala hierárquica da sociedade. Assaltos, roubos, desfalques, tráfico de drogas, corrupção de agentes públicos, agressões, mortes no trânsito, chacinas, pequenas e grandes fraudes etc., cuja enumeração rigorosa nos obrigaria a visitar o código penal na sua inteireza.

De fato, as deformações da percepção humana quanto ao valor e importância das graças materiais e simbólicas propiciadas por qualquer agente (desde o Estado até a própria Divindade), sugerem que há um nível crítico sem o qual tudo que se fizer para as pessoas seria inútil. Ou seja, por mais que se faça, ou se dê, a maioria dos homens e mulheres continuará a se comportar de maneira reprovável, socialmente, numa atualização perversa do fenômeno da ingratidão. Querer mais - sempre mais - parece ser uma espécie de maldição inscrita no nosso DNA (potencializada por uma ausência de qualquer atitude ou gesto de gratidão aos que atendem a nossos reclamos). Os efeitos deletérios no campo moral se ampliam na dimensão coletiva e ambiental. Estão aí, visíveis aos olhos de quem quer ver, as implicações objetivas das demandas irrefreáveis deste “homem massa”, do qual falava Ortega y Gasset, e que marcam a contemporaneidade.   Veja-se nos Evangelhos que dos doentes e estropiados curados por Jesus, dois, apenas dois, voltaram para agradecer. Tal incapacidade quase que atávica de praticar a gratidão cria as condições subjetivas onde vão medrar conflitos, discórdias, brutalidades, agressões etc.

Qual é, então, o grande problema existencial a ser solucionado, se queremos uma cultura da paz servindo de lastro para uma sociedade humana mais fraterna e mais solidária?  Podemos, é verdade, sonhar o dia em que todos nós sejamos como o Apóstolo Paulo e repetir com ele:

(“... aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp, 4:11, 12, 13).

Esta magnífica lição paulina mostra que seu autor sabia viver bem com o que possuía, vale dizer, “em toda e qualquer situação” que o acaso ou as circunstâncias lhe propiciassem. Paulo, com efeito, aprendeu isso; ele próprio confessa que não sabia. É, pois, um processo de aprendizagem ao qual poderíamos submeter, a nós próprios, e aos outros. Ao explicitar sua transformação pessoal, o maior dos apóstolos sinaliza para esta virtualidade ser tornada real para os demais homens de todos os tempos e lugares.

Viver em correto equilíbrio, numa retomada do adágio clássico “nada em excesso” seria, talvez, o grande desafio da “engenharia humana” – este outro nome da Política. Exigiria, certamente, para ser concretizado, um programa que pavimentasse o seu caminho criando as condições para seu florescimento. Há os que falavam da “pequena utopia”, traduzida na garantia universal de acesso a alguma forma digna de ganhar a vida com o trabalho; ter os filhos matriculados em uma escola honesta e de poder se alimentar adequadamente todos os dias. Essa “pequena utopia” seria a base para a constituição de uma “grande utopia”, ou seja, de uma civilização onde as esperanças de tantos visionários que ilustram a história humana pudessem se materializar. Isso envolveria, necessariamente, a apropriação por parte das pessoas de valores que transcendessem a simples base material da vida.

Qual seria este programa e como torná-lo viável?

Uma solução, não necessariamente a única, seria um investimento em favor da criação de um ambiente de PAZ e ALEGRIA, num programa articulado por um conjunto de ações.


A CULTURA DA PAZ E DA ALEGRIA aqui proposta estaria amparada no seguinte tripé:

a.   Amparo à família;

b.   Formação dos jovens nas linguagens básicas da modernidade e

c.   Aprimoramento corporal e espiritual da juventude.


O amparo à família estaria centrado, inicialmente, na promoção de ações que fortaleçam a capacidade da mulher chefe de família no seu afã de provedora. A resposta política do poder público se materializará com um programa cujo esboço preliminar será apresentado a seguir. Outras formas voltadas para o mesmo objetivo serão constituídas mais à frente, de maneira a cobrir outras demandas da mesma natureza.

A formação dos jovens nas linguagens básicas da modernidade trabalharia, inicialmente, na ampliação do domínio dos fundamentos da Matemática e da Língua Inglesa. Sem a rocha deste suporte, toda a complexa estrutura simbólica da “sociedade do conhecimento” se apoiaria num alicerce de areia. A própria idéia de educação profissional, tão valorizada e defendida por muitos na atualidade, tem sua âncora no adequado domínio de habilidades sem as quais tudo paira no vazio. A crescente base tecnológica da maioria das ocupações disponíveis permite antecipar um não-futuro para os que não dominarem aquelas linguagens. Mais que uma “reforma agrária” que redistribua terra para quem não tem (bandeira fácil e largamente disseminada), o mais importante seria, doravante, distribuir as chaves de acesso ao fator produtivo mais escasso: o conhecimento científico e tecnológico. Seria uma “reforma agrária do conhecimento”, mais importante, mais urgente e mais necessária que qualquer outra reforma. Debilidades de formação, devidas à má qualidade das escolas comuns, poderiam ser supridas com a oferta paralela ao que já é propiciado dentro dos sistemas regulares de ensino, ou para atender a eventuais demandas tópicas de cursos voltados para tais linguagens (como é o caso da língua inglesa para prestadores de serviços de interesse da indústria turística). Sistemas de franquias universalmente conhecidos comprovam a possibilidade de ampla generalização de tais cursos de comprovada eficiência.  

O aprimoramento corporal e espiritual da juventude seria alcançado através de duas linhas de ação: a primeira, com a criação de núcleos para a prática de esportes, (preferencialmente o voleibol), e atletismo (como corridas e saltos de diferentes modalidades), para ambos os sexos. Um princípio a ser obedecido é o de se evitar, ao máximo, práticas desportivas que propiciem agressões físicas e quaisquer tipos de choques corporais. A ser válida a recomendação
sobre a importância do cultivo do fairplay, poder-se-ia fazer uso do esporte como estratégia de resistência contra a barbárie. A segunda linha de ação buscaria elaborar e fomentar uma cultura imagética (através do cinema), e musical (através do ensino em massa da arte de tocar um instrumento). Vejam-se alguns desses pontos.

Desde os tempos mais remotos o ensino da música e, em especial, o de um instrumento musical teve o alto custo de suas aulas como o fator preponderante a restringir seu aprendizado em larga escala. Tal fato se deve, principalmente, ao método adotado (em geral, através de aulas individuais). Várias fórmulas de ensinar música em grupo foram tentadas, destacando-se o canto orfeônico (durante o governo Vargas, por exemplo), o qual encampou as idéias do grande mestre Villa Lobos. Este quis implantar o canto coral nas escolas públicas e também pretendia musicalizar os jovens a partir de canções folclóricas. No campo instrumental, a experiência mais significativa de educação musical (no Brasil) foi a formação de bandas de música pelo interior do país. Esse fato contribuiu para criar uma tradição cultural em diferentes cidades, e a desenvolver e a despertar o gosto pela música em muitas gerações. Os mestres de banda ensinavam, um tanto precariamente, o domínio de todos os instrumentos ao mesmo tempo. Todavia, a questão das aulas coletivas se via agravada tanto pelo custo (como também ocorre nas aulas individuais), quanto pela inviabilidade na compra dos instrumentos de sopro (a maioria deles de elevado valor financeiro). Com a demanda diversificada por outros tipos de expressão artística, estas duas formas consagradas de ensino (o canto coral e a formação de bandas), se tornaram insuficientes e restritivas ao acesso de alunos. Bandas e corais exigem ensaios coletivos e espaços fixos, além de uma estrutura dependente de liderança para ser efetiva. O ensino através de instrumentos de orquestra também não seria solução, por acumular os mesmos problemas já citados para as bandas e corais (ensaios, custos e espaço fixo).

Dois instrumentos, entretanto, se apresentam como alternativas às situações acima mencionadas: violão e flauta doce. Ambos reúnem características bastante favoráveis ao ensino em grupo (baixo custo e facilidade de aprendizagem).  O violão, além de popular e possuir uma poderosa flexibilidade musical, já que sola e acompanha, se apresenta como uma opção musical completa. Portanto, seria viável para a educação musical em grande escala, com aulas em grupo, porém com a desejável perspectiva individual preservada. Existe já disponível tecnologia adequada, através de método para o ensino do violão. O inovador processo já é utilizado em inúmeros países (Argentina, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Suíça, França, Bélgica e EUA). Ele é baseado em um sistema de cartões, obedecendo a regras e diretrizes motoras e musicais que, montados em um tabuleiro, formam seqüências sonoras e rítmicas de maneira a estimular a criatividade e individualidade dos alunos desde o primeiro momento, além de desenvolver os fundamentos técnicos necessários à prática instrumental.
 
Para se avaliar da importância da educação musical em massa, dados recentemente publicados sobre a China mostram haver neste país 35 milhões de estudantes aprendendo a tocar piano. A grandeza destes números – mesmo quando tomados em relação à gigantesca população chinesa – apontam para qual o rumo a seguir se quisermos resultados similares. Deve-se realçar a relevante participação e apoio de entidades como igrejas, clubes, sindicatos, empresas e genuínas organizações não-governamentais etc., no sentido de se ampliar o escopo de atendimento e envolvimento comunitário.

A conjunção destas intervenções resultaria em benefícios tangíveis para as famílias e intangíveis (porém, não menos importantes e significativos), para os jovens, em particular, e para a sociedade, em geral. A elevação cultural das massas, com o seu fortalecimento intelectual e espiritual, resultaria num clima favorável a atitudes e comportamentos em tudo e por tudo antagônicos ao clima atualmente dominante de barbárie.

Pessoas mais autônomas e com generoso sentimento de mundo, ou seja, capazes de exercerem um maior domínio sobre suas vidas (sem o jugo criado pela dependência, tão usual, onde vigoram a miséria material e moral), e a pensarem com as próprias cabeças (como queriam os herdeiros do iluminismo), possibilitariam a existência de uma efetiva cidadania. Sinalizaria, além do mais, para outros lugares do país, que homens livres são passíveis de existência e não seriam, apenas, uma simples quimera de sonhadores. Sonhos, afinal, são a matéria prima da construção e renovação do mundo. Martin Luther King começou uma de suas maiores pregações com o apodo:

– “... eu tenho um sonho!”

 José do Egito não teria desempenhado o papel que lhe coube, se não fosse movido e ativado pelos sonhos (apesar da zombaria dos céticos, a começar dos próprios irmãos). Estamos no bojo de um autêntico “direito de sonhar” como queriam outros, fundamentando a possibilidade de uma sociedade mais amigável e menos predatória. Na alegre conjunção do desporto, da ciência e da arte estaria - quem sabe? – o caminho da grande utopia que desejamos: a civilização da PAZ e da ALEGRIA!

Outro componente passível de ser aproveitado refere-se à dimensão imagética. Poder-se-ia, por exemplo, criar oportunidade de promoção de encontro dos jovens com o cinema. Experiência desenvolvida na França a partir de 2001 mostrou que colocar jovens, sem intermediários, em contato com filmes que não estavam acostumados a ver produzia resultados inesperados. Muitos deles descobriram, então, que poderiam assistir e gostar de filmes que não os costumeiros blockbusters americanos, peculiares à indústria cultural. Incorporando pessoas externas ao sistema educacional – como diretores de fotografia, roteiristas, cenógrafos etc. – nas avaliações e análises dos filmes assistidos, arejava-se o ambiente educacional de maneira muito positiva. No caso francês chegava-se a propor a elaboração de um pequeno roteiro, e sua subseqüente filmagem por parte dos jovens. O encantamento que tal processo acarretava levava alunos com desempenho escolar sofrível a mostrarem habilidades não reconhecidas e não percebidas usualmente pelos seus professores. De certa maneira, pode-se afirmar que este uso do cinema implica numa “formação de gosto”, sem que tal formação assuma um caráter totalitário ou de imposição de qualquer estética. Um pacote de filmes cuja exibição se faça em uma sessão diária (com reprise nos finais de semana de toda a série), deveria incluir todo tipo de filmografia. O objetivo básico seria de criar uma cultura cinematográfica que aprimorasse o imaginário dos expectadores, da mesma forma que se faz com leitores com acesso a todo tipo de literatura. As escolhas de cada um, posteriormente, seriam mais solidamente amparadas.

Uma estrutura institucional de apoio (“Casa Comunitária”, ou “Casa da Paz” ou nome e local que o valha), além de sediar as atividades de suporte das “linguagens da modernidade” (língua inglesa e matemática), bancaria, no que fosse cabível, o “aprimoramento corporal e espiritual da juventude” (esporte, atletismo, música e cinema). A resultante final de todo este esforço educativo e integrado nos campos do intelecto, do corpo e da alma dos jovens produziria, com chances de êxito, gerações mais lúcidas, mais autônomas e mais pacíficas.

Alguns podem objetar a um programa como este alegando sua ousadia e complexidade. O poder público, no entanto, está condenado a “pensar grande”. O modelo proposto acima de educação musical permite resultados surpreendentes (e que pode ser demonstrado na prática). Imagine-se, então, o impacto turístico de grupos ou de orquestras de violões, com jovens se exibindo regularmente nos gramados ou nos espaços livres das cidades! Quantos não se deslocariam para apreciar o evento? Ou um festival internacional de música barroca, tão compatível com uma de nossas tradições! Por que não seguir o exemplo de cidades como Tiradentes, em Minas Gerais, e seus eventos cinematográficos? Para que isto se torne realidade há que se cultivar e praticar a música, porém, de maneira organizada e com sentido profissional. Subjacente a tudo há que prevalecer a inteligência e o espírito. Lembre-se que, apesar de não mais existir fisicamente há séculos, o Templo de Salomão está vivo no imaginário das pessoas. Refulge em toda sua grandeza no simbolismo de construções que se perpetuam onde convivam, mesmo que sejam somente alguns poucos, homens justos e perfeitos.


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Machismo, sexismo, racismo e outros ismos


O lulo-petismo, através de suas variadas correntes, gosta muito de denunciar o que chamam de machismo, sexismo, racismo e outros ismos na pessoa de seus adversários. Bolsonaro, então, é uma das vítimas prediletas da turma.

Vejamos, só para efeito de reflexão, como se comportou Fernando Haddad na nomeação de seu secretariado, quando ele foi prefeito de São Paulo a partir de 2012.

Uma consulta aos jornais da época indica que ele nomeou apenas um negro para o primeiro escalão. Nomeou, também, cinco mulheres, entre elas uma das filhas de Michel Temer, todos, aliás, para secretarias de segunda classe, em termos de poder político. Não há informação sobre o se, e quantos, foram os gays indicados. 

Seria esclarecedor, na atual campanha presidencial, que Haddad declinasse quantos negros, mulheres e gays ele vai antecipadamente anunciar como membros de sua equipe governamental.