sexta-feira, 13 de julho de 2018

Lula livre... em 2030


Coisa rara, inusitada mesmo, foi a prisão de Lula da Silva após processo que seguiu, até agora, todos os trâmites processuais previstos na legislação brasileira. O cumprimento da pena,  é bem verdade, apresenta algumas distorções e favorecimentos indevidos ao criminoso condenado. 

Ocupa ele confortável sala de estado-maior na sede da Polícia Federal em Curitiba na qual só falta uma cama redonda e teto espelhado. Até aparelho de ginástica está à sua disposição. Não seria difícil nem absurdo se se encontrasse na cela geladeira, ar condicionado e forno de micro-ondas. 

Comparado com a situação carcerária de Pedrinhas, no Maranhão, o cárcere de Lula da Silva é um verdadeiro resort. Nestas tão excepcionais condições, o educando tem aproveitado o tempo disponível ora para se devotar ao ofício epistolar (será que teremos novos Cadernos do Cárcere, ao estilo de Gramsci?), ora para se embeber dos clássicos da prosa mundial, o que colabora para dar higidez ao estilo e profundidade aos conceitos que formula. 

A prisão, conforme anotou Jorge Luis Borges, faz bem à literatura. Os exemplos pontuais de Marco Polo, Cervantes e nosso brasileiríssimo Graciliano estão aí para corroborar a ousada tese do grande argentino. O que pode comprometer os resultados derivados de tão nobre esforço é a presença impertinente de grande número de visitas diárias. 

Criação literária exige concentração e método. Estão fora de cogitação quaisquer vínculos com sexo, drogas e axé ou assemelhados. Paz, horário rigoroso, comida balanceada, roupinha confortável (um pijama de flanela azul com, no máximo, algumas estrelinhas vermelhas), e Lula da Silva está pronto para sua grande aventura civilizatória. Em posição de lótus, talvez entre em transe e comece a profetizar.   

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Ainda há juízes em Berlim

A espantosa presepada cometida pelos petistas para botar Lula em liberdade é algo que continuará a dar pano para manga. Em audaciosa manobra, que pode servir de base para o roteiro de filmes do gênero (como "Fugindo de Alcatraz"), o notório criminoso recolhido a uma sala especial da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, imaginou uma fuga, em tudo mais próxima de comédia pastelão que de uma história de suspense.

Combinando o esforço de três porquinhos trapalhões com a diligente ignorância de um desembargador aloprado, armou-se uma rota de fuga que não tinha como dar certo. E não deu, conforme qualquer sujeito medianamente informado já saberia de antemão. Continua a valer aqui a recomendação de constituir uma assessoria especializada em "vai dar merda", toda vez que algum dirigente petista resolver fazer uma das suas.

O único proveito que se pode tirar dos acontecimentos é saber que ainda há juízes em Curitiba e Porto Alegre, tal qual havia em Berlim. Juízes que não adentraram nos tribunais pelas portas dos fundos continuam a ser a única esperança de se ver a lei aplicada como é preciso. As reações observadas em amplos setores, principalmente do próprio Judiciário, talvez sirvam para enquadrar outros buliçosos ministros (situados no STF) em eventuais e equivalentes situações. A sombra de Dias Toffoli o precede.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Grevista vicário

Os últimos acontecimentos protagonizados por um infiltrado petista no TRF-4, secundado por um grupinho de três porquinhos, deixou de lado um dos fatos mais incríveis já vistos na seara política.

Habituado a agir com o auxílio de testas de ferro, Lula da Silva chegou ao estado supremo da arte ao terceirizar uma greve de fome que ele quer fazer. Isso mesmo: colocar outros para dar uma de budista incendiário (aqueles bonzos dos tempos da guerra do Vietnam, com o devido respeito por sua coragem), num protesto grotesco que não há paralelo no mundo. Greve de fome é um ato de natureza subjetiva, personalíssimo, que não cabe pedir a outros que a façam no lugar do suposto "grevista" interessado. Só Jesus para morrer num auto-sacrifício em benefício de terceiros.

Seria o mesmo caso ele, Lula, se apaixonasse por um de seus carcereiros, e resolvesse ter uma noite de amor com seu novo amado; escolheria, entretanto, um dos seus subalternos habituais para substituí-lo na cama. Loucura não é o mesmo que burrice. Lula da Silva desconfia que dói; melhor que outro, qual uma vítima vicária, o substitua na hora do vamos ver.

Uma coisa há de se reconhecer. Lula da Silva é o mais destacado político na arte de fazer mesura com o chapéu alheio que já se viu no país.