sábado, 16 de janeiro de 2016

Carta aberta em repúdio ao regime de superação episódica de direitos e garantias verificado na Operação Lava Jato (sic)

O barroquismo do título, e a argumentação pedestre, funcionarão como propaganda negativa contra os causídicos que assinaram o manifesto dos defensores dos corruptos flagrados pela Operação Lava-Jato. Quem futuramente precisar de um advogado criminalista vai procurar algum em outra freguesia. 

Defensores provectos, uns por antiguidade mesmo, e outros por merecimento, num jargão anacrônico e ridículo (como se não bastassem as togas esvoaçantes similares aos horrendos balandraus negros referenciados por Guerra Junqueiro), se desesperam quando vêem seus petitórios e suas enrolações costumeiras contrariados pelos fatos, não pelo juiz Moro.  

Para que não pairem dúvidas sobre o estilo Rolando Lero da moçada, basta ler a tal "carta aberta de repúdio etc., etc., etc." nos parágrafos abaixo, bem como a lista dos signatários.

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"No plano do desrespeito a direitos e garantias fundamentais dos acusados, a Lava Jato já ocupa um lugar de destaque na história do país. Nunca houve um caso penal em que as violações às regras mínimas para um justo processo estejam ocorrendo em relação a um número tão grande de réus e de forma tão sistemática. 

O menoscabo à presunção de inocência, ao direito de defesa, à garantia da imparcialidade da jurisdição e ao princípio do juiz natural, o desvirtuamento do uso da prisão provisória, o vazamento seletivo de documentos e informações sigilosas, a sonegação de documentos às defesas dos acusados, a execração pública dos réus e a violação às prerrogativas da advocacia, dentre outros graves vícios, estão se consolidando como marca da Lava Jato, com consequências nefastas para o presente e o futuro da justiça criminal brasileira. 

O que se tem visto nos últimos tempos é uma espécie de inquisição (ou neoinquisição), em que já se sabe, antes mesmo de começarem os processos, qual será o seu resultado, servindo as etapas processuais que se seguem entre a denúncia e a sentença apenas para cumprir 'indesejáveis' formalidades.

Nesta última semana, a reportagem de capa de uma das revistas semanais brasileiras não deixa dúvida quanto à gravidade do que aqui se passa. Numa atitude inconstitucional, ignominiosa e tipicamente sensacionalista, fotografias de alguns dos réus (extraídas indevidamente de seus prontuários na Unidade Prisional em que aguardam julgamento) foram estampadas de forma vil e espetaculosa, com o claro intento de promover-lhes o enxovalhamento e instigar a execração pública. 

Trata-se, sem dúvida, de mais uma manifestação da estratégia de uso irresponsável e inconsequente da mídia, não para informar, como deveria ser, mas para prejudicar o direito de defesa, criando uma imagem desfavorável dos acusados em prejuízo da presunção da inocência e da imparcialidade que haveria de imperar em seus julgamentos.

Ainda que parcela significativa da população não se dê conta disso, esta estratégia de massacre midiático passou a fazer parte de um verdadeiro plano de comunicação, desenvolvido em conjunto e em paralelo às acusações formais, e que tem por espúrios objetivos incutir na coletividade a crença de que os acusados são culpados (mesmo antes deles serem julgados) e pressionar instâncias do Poder Judiciário a manter injustas e desnecessárias medidas restritivas de direitos e prisões provisórias, engrenagem fundamental do programa de coerção estatal à celebração de acordos de delação premiada.

Esta é uma prática absurda e que não pode ser tolerada numa sociedade que se pretenda democrática, sendo preciso reagir e denunciar tudo isso, dando vazão ao sentimento de indignação que toma conta de quem tem testemunhado esse conjunto de acontecimentos. 

A operação Lava Jato se transformou numa Justiça à parte. Uma especiosa Justiça que se orienta pela tônica de que os fins justificam os meios, o que representa um retrocesso histórico de vários séculos, com a supressão de garantias e direitos duramente conquistados, sem os quais o que sobra é um simulacro de processo; enfim, uma tentativa de justiçamento, como não se via nem mesmo na época da ditadura.

Magistrados das altas Cortes do país estão sendo atacados ou colocados sob suspeita para não decidirem favoravelmente aos acusados em recursos e habeas corpus ou porque decidiram ou votaram (de acordo com seus convencimentos e consciências) pelo restabelecimento da liberdade de acusados no âmbito da Operação Lava Jato, a ponto de se ter suscitado, em desagravo, a manifestação de apoio e solidariedade de entidades associativas de juízes contra esses abusos, preocupadas em garantir a higidez da jurisdição. Isto é gravíssimo e, além de representar uma tentativa de supressão da independência judicial, revela que aos acusados não está sendo assegurado o direito a um justo processo.

É de todo inaceitável, numa Justiça que se pretenda democrática, que a prisão provisória (ou a ameaça de sua implementação) seja indisfarçavelmente utilizada para forçar a celebração de acordos de delação premiada, como, aliás, já defenderam publicamente alguns Procuradores que atuam no caso. Num dia os réus estão encarcerados por força de decisões que afirmam a imprescindibilidade de suas prisões, dado que suas liberdades representariam gravíssimo risco à ordem pública; no dia seguinte, fazem acordo de delação premiada e são postos em liberdade, como se num passe de mágica toda essa imprescindibilidade da prisão desaparecesse. No mínimo, a prática evidencia o quão artificiais e puramente retóricos são os fundamentos utilizados nos decretos de prisão. 

É grave o atentado à Constituição e ao Estado de Direito e é inadmissível que o Poder Judiciário não se oponha a esse artifício.

É inconcebível que os processos sejam conduzidos por magistrado que atua com parcialidade, comportando-se de maneira mais acusadora do que a própria acusação. Não há processo justo quando o juiz da causa já externa seu convencimento acerca da culpabilidade dos réus em decretos de prisão expedidos antes ainda do início das ações penais. 

Ademais, a sobreposição de decretos de prisão (para embaraçar o exame de legalidade pelas Cortes Superiores e, consequentemente, para dificultar a soltura dos réus) e mesmo a resistência ou insurgência de um magistrado quanto ao cumprimento de decisões de outras instâncias, igualmente revelam uma atuação judicial arbitrária e absolutista, de todo incompatível com o papel que se espera ver desempenhado por um juiz, na vigência de um Estado de Direito.

Por tudo isso, os advogados, professores, juristas e integrantes da comunidade jurídica que subscrevem esta carta vêm manifestar publicamente indignação e repúdio ao regime de supressão episódica de direitos e garantias que está contaminando o sistema de justiça do país. Não podemos nos calar diante do que vem acontecendo neste caso. É fundamental que nos insurjamos contra estes abusos. 

O Estado de Direito está sob ameaça e a atuação do Poder Judiciário não pode ser influenciada pela publicidade opressiva que tem sido lançada em desfavor dos acusados e que lhes retira, como consequência, o direito a um julgamento justo e imparcial - direito inalienável de todo e qualquer cidadão e base fundamental da democracia. 

Urge uma postura rigorosa de respeito e observância às leis e à Constituição brasileira, remanescendo a esperança de que o Poder Judiciário não coadunará com a reiteração dessas violações".

Alexandre Aroeira Salles
Alexandre Lopes
Alexandre Wunderlich
Alvaro Roberto Antanavicius Fernandes
André de Luizi Correia
André Karam Trindade
André Machado Maya
Antonio Carlos de Almeida Castro
Antonio Claudio Mariz de Oliveira
Antonio Pedro Melchior
Antônio Sérgio A. de Moraes Pitombo
Antonio Tovo Antonio Vieira
Ary Bergher
Augusto de Arruda Botelho
Augusto Jobim do Amaral
Aury Lopes Jr.
Bartira Macedo de Miranda Santos
Bruno Aurélio
Camila Vargas do Amaral
Camile Eltz de Lima
Celso Antônio Bandeira de Mello
Cezar Roberto Bitencourt
Cleber Lopes de Oliveira
Daniela Portugal
David Rechuslki
Denis Sampaio
Djefferson Amadeus
Dora Cavalcanti
Eduardo Carnelós
Eduardo de Moraes
Eduardo Sanz Edward de Carvalho
Felipe Martins Pinto
Fernando da Costa Tourinho Neto
Fernando Santana
Flavia Rahal
Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto
Francisco Ortigão
Gabriela Zancaner
Gilson Dipp
Guilherme Henrique Magaldi Netto
Guilherme San Juan
Guilherme Ziliani Carnelós
Gustavo Alberine Pereira
Gustavo Badaró
Hortênsia M. V. Medina
Ilídio Moura
Jacinto Nelson de Miranda Coutinho
Jader Marques
João Geraldo Piquet Carneiro
João Porto Silvério Júnior
José Carlos Porciúncula
Julia Sandroni
Kleber Luiz Zanchim
Lenio Luiz Streck
Leonardo Avelar Guimarães
Leonardo Canabrava Turra
Leonardo Vilela
Leticia Lins e Silva
Liliane de Carvalho Gabriel
Lourival Vieira
Luiz Carlos Bettiol
Luiz Guilherme Arcaro Conci
Luiz Herique Merlin
Luiz Tarcisio T. Ferreira
Maira Salomi
Marcelo Turbay Freiria
Marco Aurélio Nunes da Silveira
Marcos Ebehardt
Marcos Paulo Veríssimo
Mariana Madera
Marina Cerqueira
Maurício Dieter
Maurício Portugal Ribeiro
Mauricio Zockun
Miguel Tedesco Wedy
Nabor Bulhões
Nélio Machado
Nestor Eduardo Araruna Santiago
Nilson Naves
Paulo Emílio Catta Preta
Pedro Estevam Serrano
Pedro Ivo Velloso
Pedro Machado de Almeida Castro
Rafael Nunes da Silveira
Rafael Tucherman
Rafael Valim
Raphael Mattos
Renato de Moraes
Roberta Cristina Ribeiro de Castro Queiroz
Roberto Garcia
Roberto Podval Roberto Telhada
Rogerio Maia Garcia
Salah H. Khaled Jr.
Sergio Ferraz
Técio Lins e Silva
Thiago M. Minagé
Thiago Neuwert
Tiago Lins e Silva
Ticiano Figueiredo
Tito Amaral de Andrade
Victoria de Sulocki
​Weida Zancaner


Brasília, herdeira de Lucca


Segundo informa Dante em sua Comédia, a cidade de Lucca era a mais corrupta da Itália, uma espécie de Brasília infestada de petistas. Os luquenses eram famosos por seus trapaceiros. Dentre eles Bonturo foi o mais célebre, um Lula da época. Para demonstrar o superlativo grau de venalidade corrente em Lucca, Dante chega a classificar Bonturo como o único sujeito honesto da cidade (Inferno, canto XXI, versos 37 a 42).

     "Ó Malembranche, aqui" bradou, irado;
     "Trago-te alguém que em Santa Zita opina!
      Mergulha-o já, que volto, alvoroçado,

      àquela terra, certo a mais indina;
      todos lá são venais, menos Bonturo,
      lá do não se faz sim pela propina.


ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia (tradução e comentários de Cristiano Martins). Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1984).

Manifesto da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil)


Diferentemente daqueles que querem mellar (como o ministro Mello), os encaminhamentos da Operação Lava-Jato conduzidos pela Justiça criminal federal do Paraná, pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, a Ajufe se posicionou claramente a favor da lisura, da legalidade e, principalmente, da legitimidade dos procedimentos adotados até agora pelo juiz Sérgio Moro, em resposta aos questionamentos que este está sofrendo por parte de um grupo de mercenários. 

Segue, abaixo, a manifestação pública da Ajufe:


Diante do manifesto de alguns advogados da Operação Lava Jato com críticas à atuação do juiz Sérgio Moro, a Ajufe esclarece:

A quebra de um paradigma vigente na sociedade nunca vem desacompanhada de manifestações de resistência. Gritam e esperneiam alguns operadores desse frágil sistema que se sentem desconfortáveis com a nova nova realidade vigente.

Há décadas, a imprensa brasileira veicula notícias referentes a desvios de bens e recursos públicos, cujos responsáveis, políticos, empresários, pessoas poderosas, raramente pagavam pelo crime cometido. O poder financeiro ainda lhes  possibilita contratar renomadas bancas de advogados para ingressar com infindáveis recursos protelatórios nos tribunais – manobras que, em geral, levavam à prescrição da pena e à impunidade do infrator. Um modelo que começa a ruir.

Tal quadro começou a se alterar nos últimos anos, fruto da redemocratização do país e da Constituição Federal de 1988. O Poder Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal vem adquirindo cada vez mais autonomia, tanto do ponto de vista orçamentário como operacional. É aí que surge um novo capítulo na história do Brasil.

A Operação Lava Jato coroa um lento e gradual processo de amadurecimento das instituições republicanas brasileiras, que não se colocam em posição subalterna em relação aos interesses econômicos. A Justiça Federal realiza um trabalho imparcial e exemplar, sem dar tratamento privilegiado a réus que dispõem dos recursos necessário para contratar os advogados mais renomados do país. Essa ausência de benesses resulta em um cenário incomum: empreiteiros, políticos e dirigentes partidários sendo presos.

Aqueles que não podem comprovar seu ponto de vista pela via do Direito só têm uma opção: atirar ilações contra a lisura do processo. Fazem isso em uma tentativa vã de forjar na opinião pública a impressão de que a prisão é pena excessiva para quem desviou mais de R$ 2 bilhões de reais, montante já recuperado pela Operação Lava Jato.

A Lava Jato não corre frouxa, isolada, inalcançável pelos mecanismos de controle do Poder Judiciário. Além de respaldada pelo juízo federal de 1º grau, a operação tem tido a grande maioria de seus procedimentos mantidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4), pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Aludir genericamente a violações de regras do “justo processo” sem a correspondente ação judicial reparatória é mero falatório, fumaça, que não gera benefício nem para o cliente pretensamente protegido.
O desrespeito aos direitos dos réus, por quem quer que seja, é uma conduta passível de questionamento. Nada impede que um advogado, se estiver certo da violação, postule a devida correção no âmbito da Justiça.

Quando há provas de um vício ou equívoco processual, o natural é apresentá-las ao Tribunal, para que se mude o curso do caso. Quando elas não existem, uma carta nos jornais parece um meio de dar satisfação aos próprios contratantes. Os advogados não podem tirá-los da cadeia – as condenações estão sendo corroboradas pelas instâncias superiores do Judiciário – então, a única solução encontrada é reclamar em alto e bom som.

Interessante notar como as críticas de alguns poucos advogados revelam o desajeito deles com este novo contexto. Tal se revela na busca de neologismos marqueteiros para desqualificar a situação nascente. Chamar de neoinquisição o funcionamento das instituições republicanas é um desrespeito com as verdadeiras vítimas históricas da inquisição, que – todos sabemos – perseguiu, torturou e assassinou, por motivos religiosos. Na ausência do que dizer, atacam desmedidamente e revelam escasso conhecimento histórico.

A impossibilidade de se ganhar a causa dentro do devido processo legal leva a todo tipo de afronta à decisão tomada em juízo. O manifesto desse pequeno grupo de advogados dá a entender a ideia absurda de que o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal se uniram com o propósito de manejar a opinião pública para pressionar o próprio Judiciário. Não só a história não é factível, como parece o roteiro de uma teoria ficcionista da conspiração.

A posição institucional da OAB, que mantém uma postura de respeito às instituições é louvável. A maioria dos advogados têm respaldado as investigações conduzidas. Sabemos que a iniciativa de ataque à Lava Jato é isolada e decorrente do desespero de quem se vê diante da perda iminente e definitiva da causa.

Diversos advogados têm endossado as ações da Lava-Jato, em pronunciamentos públicos. As leviandades expressas na carta não encontram eco na advocacia brasileira.

Sobre os supostos “vazamentos” de informações sigilosas, destaca-se que os processos judiciais, em regra, são públicos e qualquer pessoa pode ter acesso, inclusive às audiências, salvo nas hipóteses de segredo de justiça de acordo com as previsões legais dos artigos 5º, LX, e 93, IX da Constituição. A publicidade dos processos e das decisões judiciais visa exatamente a garantir o controle público sobre a atividade da Justiça.

A magistratura federal brasileira está unida e reconhece a independência judicial com princípio máximo do Estado Democrático de Direito. Assim, reconhece também a relevância de todas as decisões de todos os magistrados que trabalharam nestes processos e, em especial, as tomadas pelo juiz federal Sérgio Moro, no 1º grau, pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, relator dos processos da Lava Jato no TRF4, e pelos desembargadores Victor Luiz dos Santos Laus e Leandro Paulsen, que também compõem a 4ª turma.

No STJ, sabemos quão operosos são os ministros Felix Fischer, relator dos processos da Lava Jato, e Jorge Mussi, Gurgel de Faria, Reynaldo Soares e Ribeiro Dantas, que compõem a 5ª turma. Eles não se prestam à violação de direitos de qualquer réu.

Da mesma forma, confiamos plenamente nos ministros Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, e Celso de Mello, Gilmar Mendes, Cármen Lucia e Dias Toffoli, que integram a 2ª turma, bem como nos demais Ministros da Corte. Eles dão a garantia final de que os processos da Lava Jato correram conforme o devido processo legal.

A magistratura brasileira avançou muito nos últimos anos, assim como a nossa sociedade democrática. Os magistrados não sucumbirão àqueles que usam o Direito e Justiça para perpetuar impunidades sob o manto do sagrado direto de defesa.


Ajufe – Associação dos Juízes Federais do Brasil.

Ministro Marco Aurélio não nega fogo


O ministro do STF Marco Aurélio Mello disse que o manifesto escrito pelos advogados que atuam na Lava-Jato enseja reflexão.

Segundo ele, o Brasil precisa buscar correção de rumos, mas desde que isso seja feito observando-se as garantias constitucionais.


Destacando que não poderia falar de forma concreta sobre o caso, uma vez que ainda não teve acesso aos autos, o ministro ponderou que, se os advogados chegaram ao ponto de soltar uma carta pública reclamando da condução das investigações é porque “algo deve estar discrepando do que normalmente se espera”.

O famoso magistrado (primo de Fernando Collor de Mello, quem o conduziu ao Supremo), nunca decepciona o Brasil. A expectativa a seu respeito prende-se apenas ao momento em que ele dirá mais uma de suas tolices. Qual jumento manhoso, sabe-se que vai escoucear ou morder, só não se sabe quando ou, então, ao estilo de Barbarícia, "como a uma tuba, à roda, sopros dando". 

Os maiores inimigos da Justiça não estão do lado de fora. Eles estão do lado de dentro. 

O pior já passou, segundo especialista


“O pior já passou”, afirma especialista sobre riscos de nuvem tóxica na baixada santista decorrentes de incêndio portuário. 

Foi o que pensou também aquele outro sábio, posto de quatro, quando sentiu as pernas do que estava atrás lhe roçarem as coxas: “o pior já passou”.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Lulinha expulso de restaurante


A indignação popular vai-se extremando. Não atinge só ministros e autoridades do governo hostilizados em ambientes públicos, como aeroportos, shoppings, hospitais e restaurantes. Familiares de Lula começam a sentir na pele a rejeição absurda que o povo comum devota aos corruptos.

Exemplo recente pode ser visto no link abaixo, contendo imagens da expulsão de um dos filhos de Lula de modesto restaurante em Angra dos Reis, verdadeiro linchamento simbólico.

Lulinha expulso de restaurante 

Abaixo um vídeo mais longo sobre o mesmo acontecimento em Angra.

Lulinha em Angra dos Reis

Nazismo e petismo


Uma liderança que leva seu povo até a beira do abismo... é uma liderança de aventureiros infames (Thomas Mann, in "Ouvintes Alemães", publicado pela Ed. Zahar).

Tal diagnóstico descreveu muito bem a insanidade e dilemas da Alemanha nazista à época. Apesar de escrito em setembro de 1941, é profeticamente aplicável ao presente caso brasileiro. 

Por que Lula não é investigado? (Reinaldo Azevedo)


Todos os caminhos da Operação Lava Jato levam a Lula e, por alguma razão que se perde nas brumas das apurações, ninguém é capaz de explicar, o Ministério Público Federal tampouco, por que o ex-demiurgo, convertido em verdugo da institucionalidade, não é um investigado. Ou, vá lá, para ser preciso: existe uma apuração na Procuradoria da República em Brasília para saber se ele praticou tráfico de influência em favor da Odebrecht. Dada a, digamos, onipresença do Babalorixá de Banânia nessa história, é café pequeno. Suspeito que, fosse outra empreiteira, nem isso haveria.

Dois delatores, cujas confissões já receberam a devida chancela do STF, atestam a interferência do ex-presidente no que acabou se constituindo em mais um empréstimo fraudulento ao PT. Refiro-me a Nestor Cerveró e a Fernando Baiano.

José Carlos Bumlai, o empresário que serviu para lavar a operação, confirma a sua condição de laranja. O próprio emprestador, o grupo Schahin, revela que dispensou o PT do pagamento da dívida quando conseguiu um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar um navio-sonda da Petrobras. Dito de outro modo: o empréstimo foi pago, na prática, pela estatal. Cerveró confessa: ganhou de presente, de Lula, um cargo na BR Distribuidora por ter viabilizado o acordo do Schahin com a Petrobras. Baiano confirma.

E, no entanto, lá vai todo pimpão o inimputável da República. Vai ver isso decorre daquela maioria excêntrica formada no STF, em 2009, que decidiu que o refúgio concedido a Cesare Battisti era ilegal, mas que cabia a Lula decidir se o terrorista ficaria ou não no Brasil. 

Ficou. Assim, os excêntricos de toga lhe concederam a licença única para decidir contra a lei. Com mais sorte do que Aquiles, não sobrou ao petista nem o calcanhar fora das águas da inimputabilidade. Ele próprio estranha o que está em curso e contratou, por precaução, um criminalista estrelado: Nilo Batista. Tenham paciência!

Na denúncia oferecida por Rodrigo Janot contra o deputado Vander Loubet (PT-MS), o procurador-geral informa que Lula dividiu as diretorias da BR Distribuidora entre o senador Fernando Collor (PTB-AL) e o PT. E todas serviam ao pagamento regular de propina. Ao se explicar, o ex-presidente dá uma resposta estupefaciente: as nomeações seriam de responsabilidade dos partidos. Pelo visto, ele apenas fazia a divisão dos feudos.

Por nada, o senador tucano Antonio Anastasia (PSDB-MG) se tornou um investigado. Um daqueles distribuidores de propina da quadrilha do petrolão disse ter entregado dinheiro a um homem muito parecido com o parlamentar. O reconhecimento foi feito por fotografia. Inquérito nele! Foi arquivado depois porque era lorota.

Petistas têm um modo muito peculiar de raciocinar. A cada vez que surge um indício contra o ex-presidente; a cada vez que seu nome é mencionado numa tramoia, a cada vez que se adensam as suspeitas, vociferam os companheiros: "Estão vendo? Tudo isso é para atingir Lula!" Pois é... Como ele vai se mostrando onipresente no escândalo, o petralha vê confirmada a sua tese.

Assim, segundo esse pensamento peculiaríssimo, quanto mais indícios aparecem contra Lula, menos a gente pode pedir que ele seja investigado para que não se caracterize, então, uma perseguição. Entenderam?

O PT não é apenas uma fraude política, uma fraude ética e uma fraude histórica. É também uma fraude lógica.

Por que Lula não é investigado?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O professor terrorista franco argelino e as 1001 Noites


O caso do terrorista franco-argelino (atualmente professor da UFRJ), causa uma certa perplexidade na maioria das pessoas. Fica sempre muito difícil associar alguém, aparentemente qualificado e comprometido com o conhecimento científico, com atos de barbárie, de morte e destruição. A França, no entanto, condenou-o a cinco anos de prisão pelos seus vínculos, provados, com a famigerada Al Qaeda. 

O fato de alguém ser professor, por mais competente que seja, não o isenta de praticar tolices e outros atos condenáveis. A própria sabedoria de extração islâmica dá um magnífico exemplo dessa lamentável possibilidade em uma das narrativas de Sherazade (a noite de número 547), do extraordinário livro As mil e uma noites. Por outros inumeráveis casos conhecidos no Brasil, há que se ter muita cautela no trato com professores. Uma listagem exaustiva daqueles capazes... capazes de tudo, muito provavelmente, cobriria o espaço equivalente ao das antigas listas telefônicas.



Noite 547 - (*) "Dii oderunt, paedagogum fecerunt"


                  HISTÓRIA DO PROFESSOR PIRADÃO


- E consta que havia antanho um extraordinário professor. Em um dia qualquer entrou na escola um homem, destes bem situados na vida. Logo se assentou e pôs-se a colocar à prova os conhecimentos do mestre.

E comprovou que ele estava muito versado nos assuntos de Gramática, de Retórica e Poética e que era, além disso, um homem muito inteligente e de muita urbanidade. E o homem se maravilhou, porém, disse para si mesmo, com a devida cautela: “Os que educam as crianças nos colégios não podem, apesar de tudo, ser homens inteiramente sensatos”.

Eis, então, que o homem já ia saindo quando o professor se aproximou dele e lhe disse:

- Esta noite o senhor será meu hóspede.

Aceitou o outro o convite e foi-se com o professor à sua casa onde este dispensou a seu hóspede todo tipo de honraria bem como comeu à mesa com ele.

E os dois comeram e beberam e logo se envolveram num bate-papo tão agradável que passaram uma terça parte da noite conversando.

O professor mandou preparar, então, uma cama para seu hóspede e, em seguida, recolheu-se a seu harém.

Mas, apenas havia o hóspede se recostado e mal começado a colher o sono, quando de repente uma grande gritaria – vinda do harém - feriu seus ouvidos, ao que ele, surpreso, perguntou:

- O que foi que aconteceu?

E lhe responderam:

- Pois que ao patrão lhe acaba de ocorrer algo espantoso e está, ao que parece, que a alma vai exalar-se-lhe.

Ouvindo isso exclamou o hóspede:

- Levem-me logo até ele!

Conduziram-no para onde estava o professor e, ao entrar no quarto, encontrou-o sem sentidos, deitado ao solo, e manando sangue de seu corpo.

O hóspede, então, jogou-lhe água no rosto e, logo que voltou a si, lhe perguntou:

- Mas o que foi que te sucedeu? Estavas tão alegre e sadio quando nos despedimos para ir dormir!

E o professor retrucou:

- Olha, meu irmão: tens que saber que, assim que te deixei, vim e me assentei com o objetivo de meditar um pouco sobre as obras de Alá, o Sublime. E disse para mim mesmo: “Em tudo quanto Alá criou para o homem se encerra alguma utilidade, pois Ele, o muito digno de louvor, criou as mãos para apreender, e os pés para caminhar, e os olhos para ver, e as orelhas para ouvir, e o pênis para engendrar, e assim tudo o mais, sendo os testículos os únicos que não reportam qualquer benefício”. Assim, peguei minha navalha de barbear, que tinha ao alcance de minha mão, e me os cortei. E disso me seguiu o que pudeste ver.

E o hóspede, ao ouvir aquilo, deu meia volta e se afastou, falando para si em silêncio: “Está visto que tinha razão aquele que disse que nenhum professor podia ser pessoa de inteligência completa, mesmo que dominasse todas as ciências”.

(*) Aquele a quem os deuses odeiam, fazem-no professor.

(Tradução livre da “Historia Del Maestro de Escuela, el Chiflado", in 1001 Noches").