sábado, 4 de julho de 2015

Pimentel e PT começam bem o governo de Minas


AJUSTE FISCAL: GOVERNO DE MINAS SUSPENDE CIRURGIAS PELO SUS!
        
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Por conta de um atraso de R$ 100 milhões em repasses do governo federal, o governo de Minas Gerais anunciou a suspensão de 60% das cirurgias realizadas pelo SUS no Estado. Por mês, isso representa cerca de 12 mil operações. 

A decisão afeta pacientes que fariam cirurgias eletivas (não emergenciais) a partir desta quarta (1º). 

Os recursos, segundo o Estado, estão atrasados desde outubro do ano passado. Um dia antes, a Prefeitura de Belo Horizonte decidiu cancelar também esse tipo de cirurgia para pacientes do interior". (FSP)

Sai Dilma, entra Marcela


Em 17 de março do corrente foi publicado neste blog a defesa de Michel Temer para presidente. Saída legal e, principalmente, política para o quadro de horrores que devasta o Brasil. Vai republicado o adesivo.


A saída pelo bom caminho

Não foi profecia nenhuma vislumbrar tal caminho institucional. Outros também já sinalizavam para essa compreensão. A volatilidade da política brasileira converge, de fato, em um único ponto sólido: Fora Dilma! Fora Lula! Fora PT!

Com o presidente Michel Temer, o Palácio da Alvorada, no mínimo, voltará a ser frequentado pela seriedade e pela beleza. A estupidez, a feiura e a vulgaridade encarnadas em Dilma Rousseff serão enxotadas para o esgoto da história; a tiazona enfezada e mal amada será substituída por graciosa primeira dama. Só isso já valeria a pena, pela aura de doçura e humanidade que transmitirá ao país. 

Ninguém suporta mais contemplar, e ouvir, a esquisita madame declamando numa língua incompreensível, ao longo dos noticiários e das entrevistas patéticas nas quais ela é protagonista, dia após dia, a elegia da mandioca, suficiente como exemplo de obtusidade. Que triste legado ela deixará! Que papeira! Vade retro! 

Benefício adicional: com dona Dilma seguirá sua corte de mulheres horrendas, na boca das quais a prece é uma blasfêmia, pedindo emprestada expressão de Euclides sobre Canudos, perfeitamente aplicável no caso.  

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Quem pagará o enterro e as flores? (Fernando Gabeira)


No momento em que escrevo, começo uma jornada pela Amazônia oriental. Entro numa área de pobre conexão, mas ao sair dela, creio, ainda estaremos no mesmo estado de crise.

O cerco contra o governo cada vez aperta mais. O esperado depoimento de Ricardo Pessoa, o homem da UTC, envolve diretamente tesoureiros e campanhas de Lula e Dilma. Em Minas, o governador Fernando Pimentel está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) com autorização do Superior Tribunal de Justiça.

Dentro da cadeia, o cerco se fecha também contra os empreiteiros. A força-tarefa de procuradores apurou apenas 25% dos casos de corrupção. A presença de grandes empresários na cadeia traz à cena alguns dos melhores escritórios de advocacia do País. Nesses casos – infelizmente, apenas nesses – o respeito aos direitos humanos é minuciosamente monitorado.

Só com os dados divulgados nem sempre é possível fazer uma análise precisa. O bilhete de Marcelo Odebrecht, por exemplo, foi tema de discussão. No bilhete, apreendido pela PF, ele manda destruir um e-mail. A defesa de Odebrecht diz que ele usou o termo destruir num sentido figurado. Queria dizer desconstruir, combater os argumentos associados a um negócio de sondas, com sobrepreço.

Só tenho meus recursos próprios para avaliar um caso desses. Pelo que conheço de cadeia, os presos, de fato, usam linguagem cifrada para evitar que a polícia descubra o conteúdo de seus bilhetes: Arnaldo, não se esqueça do remédio das crianças menores; Maria, pegue o meu guarda-chuva e empreste ao Adriano. Na cadeia, a linguagem figurada não é usada apenas para que a polícia não perceba o conteúdo, mas também para que a polícia não possa provar que você falou algo diferente do que está ali, no papel.

Prisioneiros usam metáforas para escapar do crivo policial. Marcelo Odebrecht usou para se incriminar. Inexperiência? De modo geral, um empresário como ele tentaria ser objetivo. Ele sabe que um simples bilhete de cadeia tem de ser preciso. Poderia ter escrito desconstruir, combater, no lugar de destruir.

Vamo-nos ater aos verbos construir e desconstruir. A desconstrução de um argumento, de modo geral, é um processo longo e diversificado. Neste caso, não haveria tanta urgência: era tema para tratar nas conversas regulares com os advogados. O verbo destruir implica uma certa pressa e cabe precisamente num bilhete, num comunicado que não possa esperar visitas legais e regulares de seus defensores. Os advogados de Odebrecht afirmam que não mandaria destruir o e-mail sobre compra de sondas porque já era conhecido da polícia. Argumento forte: de que adianta destruir algo que a polícia já conhece e utiliza? Mas não era só um e-mail, vários foram escritos pelo mesmo diretor. Agora a Braskem já entregou todos os e-mails e a operação foi auditada por uma firma independente.

Novas batalhas estão em curso. Uma delas é sobre o sentido da palavra sobrepreço. Nós a entendemos como superfaturamento. Eles dizem que é um termo comum no mercado, com sentido diferente.

A liberdade de Marcelo Odebrecht depende de uma profunda simpatia da Justiça por seus argumentos. Para conceder habeas corpus será preciso deixar de lado o que está escrito e acreditar só no que ele queria dizer.

Um jornalista que escreve que o governo afundou na corrupção, diante dos juízes não pode alegar que o governo apenas tropeçou ou resvalou na corrupção. Afundou mesmo.
Teremos um longo período de governo sitiado. As peripécias jurídico-policiais serão emocionantes, mas inibem um pouco a discussão sobre alternativas. Tanto a PF quanto o Ministério Público (MP) já devem ter ideia do extenso trabalho que têm pela frente. A usina de Belo Monte, por exemplo, não tinha entrado na história da corrupção. Agora já entrou. Os estádios construídos pelas empreiteiras para a Copa do Mundo também passam por dificuldades e a história de sua construção ainda não é de todo conhecida.

Os empreiteiros estão ressentidos com o governo porque não impediu a ação da PF e do MP. Mas como, se o governo está cercado e se comporta como num avião em queda: primeiro ajusta a máscara de oxigênio em si próprio, depois vai pensar em cuidar do outro.

Lula não poderá dizer que ignora o que se passou na Petrobrás ou não conhece nem trabalhou com a Odebrecht. Dilma, por sua vez, já se complicou com as pedaladas no Orçamento e dificilmente conseguirá explicar-se. Além disso, com as declarações de Pessoa, terá de explicar, juntamente com seu ministro Edinho Silva, onde foram parar os R$ 7,5 milhões da UTC injetados no caixa 2 de sua campanha. 

Tudo isso já era esperado. Ricardo Pessoa fez várias referências na cadeia, indicando o rumo de sua delação premiada. Com tantos escândalos, quase esquecemos dessa variável. No fim de semana, ela apareceu com toda a força.

As complicações de Fernando Pimentel também eram pressentidas, desde 2014, quando o empresário Bené foi preso com dinheiro no avião. A sensação que tivemos no momento eleitoral foi de abafa. Mas também aí o fio foi sendo puxado. O caso implica a mulher de Pimentel. Jornalista, ela recebeu de outro jornalista, Mario Rosa, mais de R$ 2 milhões por seu trabalho. Deve ser extremamente talentosa. Um jornalista mediano rala dez anos para chegar a essa soma, e muitos não chegam lá.

Estamos assistindo a cenas finais dessa luta da Justiça contra o partido político que domina o País ao lado de seu parceiro, o PMDB. Não me parece tão produtivo falar mal de um governo e um partido cercados pela polícia.


Dilma faz saudações à mandioca, como se o ridículo fosse o mais leve fardo que pudesse carregar. Lula esbraveja contra o PT, como se fosse um observador de outro planeta. Vai chegar o momento de discutir o País e alternativas diante da crise. Está demorando. O minuto de silêncio pelo funeral do PT se estende além da conta. Já sabemos quem pagará o enterro e as flores. 

Arruinado, o Brasil precisa recomeçar.

Onde meteram Rôla?

Segundo divulgou o colunista Lauro Jardim, a respeito dos sigilos de Pinto Rôla: 

"A CPI da Petrobras aprovou no início de junho a transferência dos sigilos bancário e fiscal de Alexandre Pinto Rôla, da Empresa Industrial Técnica (EIT), suspeita de participar da roubalheira na Petrobras.

O deputado Fernando Monteiro (PP-PE) foi o autor do requerimento que colocou Pinto Rôla na mira da CPI.

Apenas três membros da comissão, os petistas Afonso Florence, Leo de Brito e Valmir Prascidelli, votaram contra a investigação que poderia aprofundar onde Pinto Rôla se meteu".

Já a mandioca, todos sabem onde está cravada.

Galdino, queimado vivo

Há alguns anos, cinco jovens de classe média em Brasília escolhiam uma forma inusitada e cruel de se divertir durante a madrugada, depois de uma festa com os amigos. Compraram gasolina e uma caixa de fósforos, atearam fogo em um índio que dormia em uma parada de ônibus, na W3 Sul, avenida de um bairro nobre da capital federal, e fugiram. 

O índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, que estava na cidade para comemorar o Dia do Índio, acordou em chamas e horas depois morreu no hospital com 95% do corpo queimado. Os rapazes foram reconhecidos, presos e condenados a 14 anos de prisão, mas a lei brasileira garantiu que ficassem apenas oito anos na cadeia — e com direito a várias regalias. 

Para justificar o crime bárbaro, os rapazes alegaram que acreditavam ser um mendigo e resolveram "brincar" com ele. Anos depois do crime que chocou o Brasil, uma onda de ataques a mendigos e moradores de rua se espalhou por Brasília e também pelo País.

Dos cinco envolvidos no crime contra o índio Galdino, um deles era menor de idade na época e foi encaminhado para o centro de reabilitação juvenil do Distrito Federal. G.N.A.J ficou internado na unidade por três meses, mesmo tendo sido condenado a um ano de reclusão. 

Os outros quatro — Tomás Oliveira de Almeida, Max Rogério Alves, Eron Chaves Oliveira e Antônio Novely Cardoso Vilanova — foram condenados pelo júri popular por homicídio doloso (com intenção de matar), crime hediondo com qualificadores por ter sido um crime por motivo fútil, com crueldade extrema (uso de fogo) e sem chance de defesa para a vítima. 

Todos tinham idade entre 17 e 19 anos na época e eram de classe média alta em Brasília. Antônio Novely é filho de juiz federal; Max Rogério, enteado de um ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral); Eron e Tomás, filhos de funcionários públicos. 

De acordo com a promotora do Ministério Público do Distrito Federal que acompanhou o caso, Maria José Miranda Pereira, o crime foi premeditado. Os jovens planejaram com calma por cerca de duas horas. Eles trocaram de carro para não ser identificados, pararam em uma rua paralela, buscaram gasolina em vários postos de combustível, dividiram as tarefas igualmente — dois jogaram o líquido inflamável sobre Galdino e os outros três riscaram o fósforo — e escaparam. Só foram reconhecidos porque um chaveiro que estava próximo anotou a placa do carro. 

— A defesa alegou o tempo todo que eles eram bons meninos, que foi só uma diversão. Eu sei se uma pessoa é boa ou não pelas atitudes delas e não porque os amigos ou a família estão dizendo isso. E diversão com a imagem de um ser humano em chamas é o que há de maior crueldade e gravidade.

Presos em 1997, os garotos só foram julgados em 2001, depois de todos os recursos dos advogados de defesa. Em cinco anos, os advogados tentaram modificar o crime para lesão corporal seguida de morte e evitar que os garotos fossem julgados pelo Tribunal do Júri de Brasília. Além disso, conseguiram benefícios para que os acusados estudassem e trabalhassem fora do presídio, benefício que outros presos não tinham. 

— Eles [os advogados de defesa] tentaram tudo que puderam. Eu lutei muito na época e não por um caso, mas por uma causa. Queria que fossem julgados pelo crime que realmente cometeram, um homicídio, e deveriam ser julgados como outros pelo Tribunal do Júri. Se não fosse assim, que moral eu teria para condenar outros presos que dão um tiro na cabeça de alguém sendo que quem matou com uma crueldade tão grande como aqueles meninos nem sequer seriam julgados da forma certa?

Os jurados condenaram Max Rogério, Antônio Novely, Eron e Tomás a 14 anos em novembro de 2001. Como a lei, na época, dizia que com um sexto de pena em regime fechado os presos de bom comportamento e sem antecedentes criminais poderiam ir para um regime semiaberto, em 2002 os jovens já não viviam mais na prisão, apenas voltando lá para dormir. 

Todos tinham benefício de estudar e trabalhar fora do Complexo Penitenciário da Papuda. Saíam nos próprios carros e, muitas vezes, aproveitaram o benefício para "esticar" o dia e fazer um happy hour nos bares da cidade, como revelou reportagem do jornal Correio Braziliense em 2003. 

Em 2004, oito anos depois de colocarem fogo no índio Galdino, estavam livres. Progrediram para o regime aberto e, como Brasília não possui colônias agrícolas e albergues, foram para suas casas. Deveriam voltar para dormir todos os dias e não viajar. No entanto, segundo a promotora, a Justiça concedeu vários benefícios e os assassinos do índio Galdino puderam fazer turismo enquanto cumpriam pena. 


Quinze anos depois, os garotos "estão muito bem e reconstruíram suas vidas", de acordo com o advogado de três deles, Raul Livino. O menor se formou em processamento de dados. Tomás fez faculdade de administração e trabalha em uma empresa, como funcionário. Eron se formou em economia e tem o próprio negócio, uma pizzaria e locadora de vídeos cujo proprietário é o pai. 

Antônio Novely fez faculdade de fisioterapia, trabalhou como funcionário de digitação da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e na área de cirurgia plástica do Hran (Hospital Regional da Asa Norte). Hoje é concursado da Secretaria de Saúde. Max se formou em direito e é advogado da empresa do padrasto, ex-ministro do TSE. 

Nenhum deles quis falar com a reportagem. Max disse que não ia comentar a respeito. Os outros, segundo os advogados, querem esquecer o assunto, considerado passado. Segundo o advogado Raul Livino, eles aguardam apenas a reabilitação. Esse documento, concedido pela Justiça, apaga da ficha dos jovens o passado criminal.



Índio Galdino enfaixado após ter 95 % do corpo queimado



quinta-feira, 2 de julho de 2015

A jogada de Lula (José Nêumanne)

Afinal, perguntam Dilma Rousseff, Ruy Falcão, Michel Temer, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, qual é a jogada de Lula com essa história de que ele e a presidente estão no volume morto e o partido deles, mais abaixo ainda? Será uma crise de sincericídio? Será uma tentativa de pular fora do barco que está fazendo água? Ou apenas de se vingar da indiferença da criatura, que se cerca de velhos adversários do peito, como Aloizio Oliva e Eduardo Cardozo? Ou a mistura disso tudo com uma pitadinha do humor sacana, que lhe é peculiar?

Recentemente, em entrevista a Mino Carta e Gonzaga Belluzzo para a Carta Capital, o ex-presidente me desqualificou como autor do livro O que Sei de Lula alegando que não me conhece nem nunca me viu na vida. Pouco importa. Importa é que o conheço o suficiente para tentar decifrar esse enigma, de vez que ele não é propriamente uma esfinge, embora seja capaz de nos devorar a todos sem hesitação alguma.

Fui muito criticado por direitistas radicais e antipetistas neófitos por ter escrito no livro que ele é o maior político brasileiro da História, batendo o imperador bonachão dom Pedro II e o manhoso caudilho Getúlio Vargas. Talvez tenha chegado a hora de explicar que esse nunca pretendeu ser um elogio – ou pelo menos só um elogio. Ser um bom político, de modo geral, exige de qualquer prócer muitos talentos, algumas qualidades, pouquíssimas virtudes e pelo menos um defeito: mandar todos os escrúpulos às favas. 

O protagonista deste texto tem uma enorme capacidade de entender os humores da massa e fala a língua do povo como ninguém. Sabe seduzir quem lhe interessa e descartar quem o atrapalha, tendo o dom de iludir. Seu adversário e aliado em horas diferentes, o também populista Leonel Brizola, dizia que para se dar bem ele seria capaz de pisar no pescoço da própria mãe. Lula nem precisou: dona Lidu morreu quando ele preparava sua escalada ao poder como preso político na ditadura. Renega seus erros e adota como dele acertos alheios.

Sua principal vantagem sobre os adversários não é a desfaçatez com que cinge na cabeça os louros deles, mas a difícil arte de fazer e influenciar amigos sem ter de abrir mão de suas convicções, já que nunca as teve mesmo. Recorre a um sucesso do roqueiro Raul Seixas para traçar o melhor autorretrato de si próprio: “Prefiro ser uma metamorfose ambulante do que ter uma opinião formada sobre tudo”. Com perdão da má gramática, Lula nunca teve opinião formada sobre nada. E treinou a capacidade de seu cérebro de borracha em assembleias sindicais em São Bernardo, nas quais, em vez de conduzir a massa, se deixava conduzir pelos amores e ódios dela. Faz sucesso por nunca contrariar o senso comum.

Quando ele disse a bispos e pastores – e tinha a certeza de que suas palavras teriam a repercussão que tiveram, porque a provocou – que Dilma mentiu quando garantiu que não mexeria em conquistas dos trabalhadores nos ajustes nem assumiria a política dos tucanos, que adotou, sabia que ela não o contestaria. Essa aposta ele ganhou: a presidente afirmou que qualquer um tem o direito de depreciá-la, principalmente Lula, muito execrado por jornalistas. Ela mais uma vez chutou a lógica: só alguém de quem se fala mal pode censurar alguém? Para minha avó, “chumbo trocado não dói”. Mas não era o caso: Lula não criticou a presidente, mas a ofendeu chamando-a de mentirosa. Além disso, ela nunca tinha falado mal dele antes.

Rosângela Bittar, no Valor Econômico, citou a metáfora do “quarto de espelhos”, dando um caráter de autocrítica indireta à afirmação dele de que seu Partido dos Trabalhadores (PT) trocou “um pouco de utopia” por cargos públicos. Só omitiu o fato de o PT não estar sendo acusado de ser o “partido da boquinha” apenas por ter aparelhado a máquina estatal, mas também por ter comandado o maior saque ao erário da História da República.

Tanto a confissão aos religiosos quanto a “autocrítica” de outros perante o ex-presidente socialista da Espanha Felipe González resultaram, se eu não estiver enganado, da percepção que Lula tem da insustentável fragilidade de seu poste no poder e da incapacidade da oposição de dar à Nação resposta convincente ao fato inelutável. Ele se lança como proposta de oposição ao que está aí, agindo como Ulysses Guimarães, que mandava e se opunha no governo Sarney. Pouco importa se o que está aí seja obra dele e de companheiros que ele içou ao poder, inclusive a roubalheira e a crise econômica resultante do consumismo usado como panaceia. Às favas com os fatos – é a paródia lulista à frase de Passarinho.

Pode-se argumentar que a aposta de Lula na amnésia generalizada do povo brasileiro é uma jogada arriscada demais para ele expor o próprio pescoço, agora que não dispõe mais do da mãe para subir na vida. Pode ser. O lance é ousado mesmo, mas não necessariamente suicida, ou melhor, sincericida. Não devemos esquecer que, no meio da crise geral de credibilidade de Dilma, do PT e talvez dele próprio (e ninguém o sabe melhor do que ele mesmo), pesquisa do Datafolha atribuiu a 50% dos brasileiros a convicção de que ele foi o melhor presidente da História. Lula afundou o “pai dos pobres”, Getúlio Vargas, ao inexpressivo patamar de 6%. E a rejeição a ele fez o índice do tucano Fernando Henrique alcançar 15%. Quem apostará numa mudança radical de opinião de metade dos brasileiros até a data da próxima disputa eleitoral, se esta será mais distante do dia em que deu posse ao poste que escolheu do que da época em que a pesquisa foi feita? 

Essa cartada de Lula pode ter resultado incerto e, decerto, é desesperada. Pior: ele não tem alternativa a ela. Como corintiano de arquibancada, ele deve ter tomado a decisão de se tornar o líder de oposição com base naquele velho axioma: perdido por um, perdido por mil. Como tem tudo a perder, pode ser que o improvável seja o único jeito de vencer.

*José Nêumanne é jornalista, poeta e escritor



OBS: O grande jornalista José Nêumanne se equivoca a respeito da referência a quem pisaria no pescoço da própria mãe para ser presidente. O autor não foi Brizola. Quem falou isso foi Lula, acusando o velho caudilho daquilo que ele, Lula, seria capaz de fazer.

Menino filipino

Menino filipino sem eletricidade em casa não teve dúvida. Foi estudar na rua, debaixo de um poste de luz.



Alguém falou em harakiri?

Com o repúdio da população cada vez maior, alguns estão sugerindo a dona Dilma que ela renuncie. Outra solução teórica seria mais coerente com seu passado brizolista e getulista. 











É um caminho trágico, contudo. Exige grande coragem pessoal e senso de honra apurado. O velho Getúlio nesse aspecto não deixou herdeiros.



quarta-feira, 1 de julho de 2015

Dilma e a delação premiada: na campanha e hoje! (Painel da FSP)


E a mentira tem perna curta...
        

No debate na TV Bandeirantes no segundo turno de 2014, Dilma defendeu a delação premiada. Citou várias leis assinadas por ela --entre elas a nº 12.850, que regulamenta o instituto-- para dizer que isso possibilitou a investigação na Petrobras.
        
Em entrevista à "Carta Capital" entre os dois turnos, disse, sobre o instituto: "Para obter provas, Justiça e Ministério Público se valeram da delação premiada, método legítimo, previsto em lei. E muito útil para desmontar esquemas de corrupção".

Mensagem aos pobres (extensiva aos freis Boff y Betto )


O brasileiro sofre com a crise do país. Desnecessário ficar citando os fatos e dados. Todo mundo está a par da situação.

Dona Dilma, no entanto, houve por bem dar um rolé em Nova York para, certamente, desanuviar o espírito e fugir do ambiente de repugnância que vigora em Brasília. Parece, até, uma reedição do famoso baile da ilha Fiscal, nos estertores da monarquia; enquanto a nobreza se esbaldava na festa, os miseráveis gemiam de privação pelos quatro cantos do Rio de Janeiro.

Dona Dilma proclama um grande amor à pobreza. Ela, aliás, já foi intitulada de Mãe dos Pobres pelos cafajestes que a cercam. Os outros dirigentes do PT não ficam atrás. Também eles enricaram nos últimos 12 anos. Enricaram, e como? Luxo é que é gostoso, principalmente às custas do alheio.  Gastam, portanto, sem piedade os pixulecos que arrancam do povo e da Petrobrás.

Em Nova York a madame está no bem bom. Vejam abaixo o padrão dos gastos perdulários da pródiga, a mesma que está cortando benefícios trabalhistas e previdenciários dos mais humildes. 

Enquanto os pobres precisam se contentar com os infames apartamentos de 40 metros quadrados do Minha Casa Minha Vida, a dondoca se esbalda na mais sofisticada suíte de um dos hotéis mais luxuosos daquela cidade (a diária, só para este apartamento, é de U$11 mil dólares). Isso dá algo em torno de R$31 mil reais, ao câmbio de hoje. Façam as contas: 4 diárias resultam numa despesa (paga pelos otários), na ordem de R$124 mil reais. Sem falar nos gastos com a nababesca comitiva. Um príncipe da Arábia Saudita teria mais compostura.

Vejam bem, pobres, vocês que votaram na madame para presidente do Brasil. Façam como ela: quando forem aos Estados Unidos hospedem-se no mesmo hotel.

Vida mansa e de luxo é isso aí. Por isso não querem largar o osso de jeito nenhum.




Quarto de Dilma

Sala de estar 

Sala de jantar






terça-feira, 30 de junho de 2015

Dilmandioca na Disneylândia


Crise brasileira: desdobramentos imprevisíveis (Cesar Maia)


1. A divulgação da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa completou o quadro de imprevisibilidade política, econômica e social dos desdobramentos da crise brasileira. Hoje é impossível projetar o futuro político do atual governo e dos parâmetros básicos da economia brasileira. A tudo isso se soma a crise moral com casos que surgem a cada dia.
         
2. A expressão impeachment deixou de ser uma bandeira fácil para a oposição desgastar o governo e passou a ser uma possibilidade. No tabuleiro político, as pedras, além do impeachment, são novas eleições, assunção do vice, renúncia, um parlamentarismo de transição como em 1961, um parlamentarismo permanente, um presidencialismo fraco com primeiro ministro forte e outras alternativas mais.
        
3. O desdobramento econômico da crise -neste quadro- impede projetar o tamanho da queda do PIB, a profundidade do desemprego, a elevação necessária dos juros, a ascensão do câmbio...  Jornais do final de semana reproduziram palavras do presidente da Odebrecht afirmando que esse ajuste fiscal só interessa aos bancos e que a crise no mercado imobiliário, produto disso, se acentuará.
        
4. Nesse quadro, a reação da sociedade através de seus setores formais, como associações e sindicatos, impulsionando uma cadeia de greves, como tem ocorrido entre os professores, se multiplicará aleatoriamente. As redes sociais buscarão mais uma vez e com maior vigor interagir com as ruas.
        
5. O impacto dos desajustes econômicos sobre estados e municípios aprofundará a crise política e especialmente a crise social, na medida em que as restrições crescentes que sofrerão têm efeito -horizontal e vertical- muito maior sobre a base da sociedade, pelas responsabilidades que têm em relação à saúde, educação, assistência social e segurança pública.
        
6. Não há uma força política capaz de conduzir esse processo e menos ainda lideranças políticas que possam servir de referência.
        
7. Numa situação como essa, as grandes empresas atuarão defensivamente, sem se arriscar em promover alternativas. Os investimentos internos e externos, já decrescentes, acentuarão essa queda, como forma de defesa.
        
8. Uma ação política coordenada entre grupos mais relevantes é improvável pelas incertezas, pela imprevisibilidade e pelos riscos de propor e assumir responsabilidades num quadro como esse.
        
9. Por isso tudo, cada dia será um ano, e os que têm maior experiência, capacidade de análise e visão estratégica deverão ter sua atenção multiplicada para identificar momentos em que possam sair da inércia e estimular outras forças políticas, econômicas e sociais.
      
10. É grave a crise.

Mineirices: da broa de milho à mandioca


Nos tempos inglórios de Sarney, o professor Aloisio Pimenta foi nomeado Ministro da Cultura, sucedendo José Aparecido de Oliveira (de quem, se dizia malevolamente, jamais ter lido um livro sequer), outra sumidade também nascido nas belas montanhas de Minas Gerais. 

O velho professor e ex-reitor da UFMG fez furor, à época, ao eleger a broinha de fubá como símbolo da cultura brasileira. A jequice não encontrou similar, ao longo dos últimos 25 anos, até surgir, resoluta, a estranha dama que ainda preside o Brasil, com a superlativa capacidade de produzir pérolas que dificilmente serão superadas no futuro. 

Dona Dilma, então, seguiu o espírito dos conterrâneos de tão boa cepa (ela, nem tanto, pois marcada pelas condutas tronchas herdadas das estepes bárbaras da Ásia central), e resolveu investir no perigoso terreno do simbólico e da cultura. 

Após beber, certamente descuidada, uma cuia de forte cauim, fruto do aipim mascado por alguma índia de bons dentes, posto a fermentar nalguma cabaça num canto ali da oca, deu de fazer o panegírico da mandioca, escolhida por ela para substituir a broinha no imaginário nacional.

Ficamos, assim, portanto: sai a broa e entra a mandioca. Millôr Fernandes deveria estar vivo para comentar as novidades. Uma pena que tenha partido tão precocemente.

Professores concursados não podem entrar em greve... na Alemanha (Leandro Narloch)


Para os alemães, é impensável professores concursados entrarem em greve. Eles franzem a testa quando você conta que em seu país é normal os professores ficarem três meses parados em protesto principalmente nos anos eleitorais. “Por que motivo fazem greve se são funcionários públicos?”, me perguntou uma professora alemã com cara de estranhamento. Respondi ainda mais surpreso: “justamente porque são funcionários públicos que fazem greve. É assim que negociam salários”.

A proibição de greve dos professores concursados foi a descoberta mais surpreendente que eu e outros seis latino-americanos fizemos ao conhecer o sistema educacional alemão. A convite do Instituto Friedrich Naumann, passamos a semana visitando escolas e conversando com professores, secretários de educação e políticos de Dusseldorf e Stuttgart.

O diretor de uma escola tentou explicar. Disse que a proibição de greve vinha desde o século 19 – durante as greves operárias da época, estabeleceu-se entre os reinos alemães que professores não teriam direito a esse protesto, para garantir a educação das crianças e permitir que os pais tivessem onde deixá-las ao irem para o trabalho. Os funcionários públicos abriram mão do direito de greve em troca da estabilidade, seguro médico acima da média, bom salário e boa aposentadoria. Achei a resposta fraca, mas juro aos leitores que foi a melhor que consegui arrancar por aqui. “Sempre foi assim”, me disseram.

As greves, porém, devem se tornar frequentes, pois há cada vez menos funcionários públicos como professores. Principalmente em Berlim e nos estados do Leste, os concursados estão sendo substituídos por profissionais em contrato temporário – que ganham menos, não têm estabilidade nem uma aposentadoria tão tranquila, mas podem entrar em greve. Em algumas cidades os professores concursados são menos de 20% do corpo docente.

Salários: um professor concursado, do equivalente ao Ensino Médio do Brasil, e no meio da carreira, tira 3400 euros por mês (1 euro = 3,50 reais). Descontando taxas e impostos, sobram 1800. Os contratados ganham pelo menos 1000 euros a menos no salário bruto. No estado de Baden-Wundenberg, o segundo mais rico depois da Baviera, um aluno custa ao governo em média 4600 euros por ano – ou 1300 reais por mês. Para as poucas escolas privadas do país (quase todas ligadas a fundações religiosas), o governo transfere 80% do valor que gasta com um aluno da rede pública.

A polêmica atual da educação alemã é a unificação das escolas. No sistema tradicional, aos 9 anos os alunos tomam três caminhos distintos. Aqueles que mostram mais habilidade para ciências e letras vão para o gymnasium, o caminho mais fácil para a faculdade. Os demais entram ou na realschule, que forma administradores e trabalhadores de escritório de nível médio, ou para a hauptschule, uma escola vocacional, para quem demostra vocação para ofícios manuais.

Hoje a maioria dos estados, com exceção da Baviera, permitem que o aluno e os pais tenham algum poder de escolher a escola que preferem. Mas até quatro ou cinco anos atrás era o professor que decidia o destino dos alunos. Como os pais querem ter um filho diplomado (e como as hauptschule têm uma péssima reputação de abrigar garotos-problema), uma gorda maioria está escolhendo o ginásio para os filhos, deixando vazios os outros dois tipos de escolas. O caminho deve ser a unificação – mas muitos alemães reclamam do risco de juntar alunos diferentes na mesma sala, nivelar por baixo e resultar em escolas de pior qualidade.

Vou embora considerando o sistema educacional alemão bom, caro e, principalmente, esquisito.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Reflexões sobre o volume morto (Fernando Gabeira)


Lula teve alguns momentos de sinceridade na última semana. Disse que tanto ele como Dilma estavam no volume morto e que o PT só pensa em cargos. Ele se referiu ao volume morto num contexto de análise de pesquisas, que indicavam a rejeição ao governo e ao PT. Nesse sentido, volume morto significa estar na última reserva eleitoral. No entanto, o termo deve ser visto de forma mais ampla.

Estar por baixo nas pesquisas nem sempre significa um desastre. Em alguns momentos da História, o próprio PT, e disso me lembro bem, não alcançava 10% dos eleitores, mas tinha esperança, e os índices não abalavam sua autoestima. O volume morto em que se meteu agora é diferente. Ele indica escassez da água de beber e incapacidade energética, depois de 12 anos de governo. Foi um tempo em que, sob muitos aspectos, andamos para trás.

Há perdas na economia, na credibilidade do sistema político, todo um projeto fracassado acabou jogando o país também num volume morto. Há chuvas esparsas como a Operação Lava-Jato, mas elas caem muito longe dos reservatórios do PT. Tão longe que ajudam a ressecar ainda mais o terreno lodoso que ainda abastece as torneiras petistas.

Lula pode estar apenas querendo se distanciar de Dilma e do PT. Ele a inventou como estadista e agora bate em retirada. E quanto ao PT, quem vai rebater suas críticas e arriscar o emprego e a carreira? Pois é esse o combustível de seus quadros.

Há cerca de uma década escrevi um artigo intitulado “Flores para os mortos”, no qual afirmava que uma experiência com pretensão de marcar a História terminava, melancolicamente, numa delegacia de polícia. Foi muito divulgado, e na internet usaram até fundo musical para compartilhá-lo. O título é inspirado numa cena do filme de Luis Buñuel, a florista gritando na noite: “Flores, flores para os mortos”.

Devo ter recebido muitas críticas dos petistas. Passados dez anos e algumas portas de delegacia, hoje é o próprio líder que admite a incapacidade política de Dilma e a voracidade dos seus seguidores.

Olho para esse tempo com melancolia. Ao chegar ao Brasil, os tempos do exílio não pesavam tanto. O futuro era tão interessante, o processo de redemocratização tão promissor que compensavam o passado recente. Agora, não. O futuro é mais sombrio porque a tentativa de mudança foi uma fraude, a própria palavra mudança tornou-se suspeita: poucos creem que o sistema político possa realizar os anseios sociais.

Lula fala em esperança para sair do volume morto. Mas que esperança pode arrancá-los do volume morto quando o próprio líder, apesar de sua sinceridade ocasional, não consegue vislumbrar uma saída? Lula repete aquela frase atribuída ao técnico Yustrich: “Eu ganho, nós empatamos, vocês perdem”.

Lendo no avião uma entrevista do escritor argelino Kamel Daoud, muito criticado pelos muçulmanos mais radicais do seu país. O título da entrevista é: “Nem me exilar, nem me curvar”.

Uma de suas respostas me tocou fundo. O repórter perguntou: “Como você, depois de viver anos ligado aos Irmãos Muçulmanos, conseguiu escapar desse mundo?”. “Leitura, muita leitura”, respondeu Kamel Daoud.

O resto da viagem fiquei pensando como teria sido bom para a esquerda brasileira leitura, muita leitura, para poder escapar da sua própria miopia ideológica.

Na verdade, ela mastigou conceitos antigos, cultivou políticas retrógradas, como essa de apoiar o chavismo, e se perdeu nos escaninhos dos cargos e empregos. Ela me lembra os jovens do filme “O muro”. Um dos seus ídolos acaba como porteiro de hotel, e é melancólica a cena em que os admiradores o descobrem, paramentado, carregando malas.

Leitura, muita leitura, não importa em que plataforma, talvez impedisse a esquerda de ver seu predestinado líder proletário trabalhando como lobista de empreiteiras. Talvez nem se chamaria mais de esquerda.

Um dos mais ricos petistas critica os outros por só pensarem na matéria. A realidade surpreendeu todas as previsões da volta ao exílio, tornou-se uma espécie de pesadelo.

Tomara que chova nos reservatórios adequados e as forças que caíram no volume morto continuem por lá, fixadas na única esperança que lhes resta: sobreviver.

O país precisa sair do volume morto, reencontrar um nível de crescimento, credibilidade no seu sistema político. Hoje o país é governado por um fantasma de bicicleta e um partido de míseros oportunistas, segundo seu próprio líder, chamado de Brahma pelas empreiteiras.


Dilma: a mulher sapiens

















Sem comentário!

Justa comemoração (Caio Blinder)










A legalização do casamento gay pela Corte Suprema americana era esperada, um avanço justo e politicamente correto (no sentido puro da expressão) dos direitos civis. “A dignidade igual aos olhos da lei”, na expressão da maioria dos juízes. A rejeição teria sido um evento espetacular.

Eu lamento que a aprovação tenha sido pela margem apertada de 5 x 4. De qualquer forma, a decisão mostra o Supremo americano antenado com uma das mais vertiginosas mudanças sociais em uma década nos EUA, com apoio agora de 2/3 da população para o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Crucial para a virada popular e o voto decisivo do juiz Anthony Kennedy, que oscila entre conservadores e liberais no Supremo, é a adesão de gays a uma instituição tão tradicional como o casamento e o cenário de centenas de milhares de crianças em famílias com pais e mães do mesmo sexo. Como deixar estas famílias no limbo?


O casamento gay está consagrado nos EUA, nunca será aceito por alguns segmentos da população e enfrenta a resistência de todos os candidatos presidenciais republicanos. No entanto, a derrota agora em junho de 2015 é um alívio para o partido, pois remove o tema da fase quente da corrida eleitoral em 2016. Para que o desgaste em torno de uma causa perdida? Os republicanos hoje estão divorciados da realidade social americana em boa parte das chamadas guerras culturais, que agora funcionam para a eficiente mobilização democrata.

Hermafrodita

Os grandes empreiteiros brasileiros revelaram notável percepção sobre a natureza de Lula, aquela metamorfose ambulante aludida por Raul Seixas. Chamavam seu servidor mais ativo pelo nome de famosa cerveja: a número 1. Na mosca!


O Brahma e a Brahma 


Cuecão de ferro: para que serve um abridor de latas?

Cinto de castidade masculino
















Na vitrine de uma loja no centro de Nairóbi, um manequim nu se destaca com uma cueca metálica, o cinto de castidade para homens que começou a ser comercializado com o pretexto de proteger os quenianos da "violência de suas mulheres". A cueca de ferro, que é trancada com um cadeado de "extrema segurança", passou a ocupar um lugar entre ternos, camisas e gravatas há algumas semanas, após ser noticiado o caso de uma mulher da cidade de Nyeri que cortou o pênis do marido como vingança por infidelidade.

O incidente inspirou o proprietário deste estabelecimento que, com chapas de metal e um grande cadeado, descobriu um meio de proteger os genitais masculinos contra possíveis atos violentos de suas esposas. "Depois do ato ocorrido em Nyeri, buscamos algo como isso. Todos sabem que é melhor prevenir do que remediar, então desenvolvemos essa ideia, para prevenir", contou Kelvin Omondi, funcionário dessa pequena loja em Koinange Street, no centro da capital queniana.

Por enquanto, apenas oito pessoas foram à loja interessadas no curioso acessório que, por 1.200 xelins (38 reais), é feito sob medida para o cliente. Desde que o cinto de castidade apareceu na vitrine, o objetos dividiu as opiniões. Os pedestres que passam pela loja ficam surpresos quando observam o acessório, que parece ter sido transportado da Idade Média. Boniface, cliente habitual da loja, disse que o cinto parece uma "grande ideia" para proteger as partes íntimas masculinas das mulheres irritadas. "Se as mulheres forem ao extremo, nós temos de nos proteger", afirmou o cliente.

No entanto, outro queniano observa estupefato a invenção e, entre risos, pergunta se o produto realmente está à venda ou se é uma piada. "Eu não preciso de uma coisa dessas", disse com cara de espanto. O sucesso da invenção ainda é duvidoso, já que parece pouco provável que o incidente de Nyemi se torne uma preocupação real e generalizada entre os quenianos. Além disso, é complicado imaginar um homem andando sem dificuldades com um acessório rígido e pesado.

Kelvin Omondi se mostra otimista sobre a viabilidade do cinto de castidade, apesar de ainda não ter vendido nenhuma unidade. "Os assuntos familiares são um tema tabu no Quênia e se resolvem em casa. Este cinto é uma boa maneira de resolvê-los", insistiu o criador. Os clientes interessados, homens com idade entre 25 e 35 anos, não explicaram por que precisam desses cinturões, mas "a razão é óbvia", disse Omondi. "Não se deve esquecer de manter a chave longe da mulher, senão não serve de nada", lembrou o inventor do novo produto.

História - Segundo a versão mais conhecida - questionada por alguns historiadores -, a origem desses acessórios remete à Idade Média, quando os maridos obrigavam as esposas a usá-los enquanto eles lutavam na guerra ou simplesmente se ausentavam por um longo tempo, para evitar infidelidades sexuais. É dito que o cadeado que trancava o antigo cinto de castidade tinha duas chaves: uma ficava com o marido e a outra com o sacerdote. Se o marido não voltasse em quatro anos, o sacerdote poderia libertar a mulher da "prisão sexual".

OBS: Os defensores do modismo só se esquecem que o abridor de latas é uma invenção tão antiga quanto o acessório.