sexta-feira, 26 de junho de 2015

PT, Krupp e Odebrecht

Partidos totalitários se parecem























A luta de classes continua, virada porém, de ponta cabeça. A direção nacional do PT tornou pública, ontem, sua posição em favor dos maiores bilionários do país. Com tal posicionamento, o partido ainda será conhecido como o PET (Partido dos Empreiteiros e dos Trabalhadores). Seria bom lembrar a similar aliança, outrora, de outro partido dito dos trabalhadores - o nacional socialista - com o grande empresariado alemão no período dos nazistas (doze anos, entre 1933 e 1945), notadamente a Krupp.

"Gustav Krupp era diretor da indústria Krupp AG, em 1933, quando assumiu o papel de dirigente da Associação da Indústria Alemã do Reich e tornou-se um importante aliado do regime nazista. Há indícios históricos que confirmam a utilização de mão-de-obra forçada de civis e prisioneiros de guerra dos campos de concentração nesta época, podendo ter chegado a 100 mil".

Abaixo, trecho da cândida defesa dos companheiros empreiteiros da Odebrecht, Andrade-Gutierrez, Mendes Jr., Queiroz Galvão, UTC e outras, tal como 
formulada pelos companheiros trabalhadores (Lula e Dilma à frente).

"Preocupa ao PT as consequências para a economia nacional do prejulgamento de empresas acusadas no âmbito da Operação Lava-Jato". 


O texto na sua íntegra está no site do PT. Vale a pena ler. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

O melhor dos mundos para Lula e o PT


O PT pretende viver no melhor dos mundos no campo político. Quer ser governo e oposição ao mesmo tempo. Quer as delícias dos palácios - com a caneta nas mãos - e quer, também, ser a voz rouca das ruas clamando por mudanças, empoleirado num estridente trio elétrico.

A democracia para os petistas tem um formato de natureza totalitária: sua possibilidade encerra-se, tão somente, no plano interno de sua organização. É uma democracia confinada, como dizia Antônio Faria. Só vale para suas diversas facções. Brigam entre si com ferocidade. Depois, serenados os ânimos, dividem os despojos conquistados, ou a conquistar, em conformidade com o peso de cada tendência interna. Pairando acima das divergências e das gulosas reivindicações, o guia genial dos povos, Luiz Inácio, ícone em torno do qual borboleteiam todos, caninamente. 

Em qualquer situação, no entanto, a fonte de luz, o farol do socialismo, pois é disso que se trata - "quando Lula fala, o mundo se ilumina", proclamou, babosa, vetusta madame da USP antes de seu habitual boquete filosófico - continua inamovível, pois está aí a pedra de toque do sistema. Talvez, nem a morte o afaste do centro dos acontecimentos, conforme já se viu em outros lugares, como a Coréia do Norte e a antiga União Soviética. O cadáver embalsamado para resistir à podridão, num simulacro de eternidade, continua a exalar fétidas recomendações e caminhos a seguir. 

O mausoléu imaginado por Lula da Silva tem o melhor lugar possível: a Praça dos Três Poderes, no coração de Brasília. De lá, como se fora um Lenin tropical, continuará a assombrar o povo brasileiro, até que uma pira funerária o dissolva, para sempre, em golfadas de fumaça pelos sertões afora.    

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Luiz Inácio Garotinho da Silva


1) 1999: Garotinho afirmou que o PT era o partido da boquinha. 

2) 2015: Lula afirmou que o PT era o partido da boquinha.

3) Garotinho viu o óbvio com 15 anos de antecedência.

4) Quem duvidará desses sábios? Ambos têm razão.

Tribalismo americano (Caio Blinder)



A chacina de nove negros em uma igreja de Charleston, no estado da Carolina do Sul, há uma semana, por um assumido supremacista branco, gerou algo que acontece em situações extraordinárias hoje nos EUA: espírito bipartidário.

Por pressão dos fatos e bom senso, a Carolina do Sul se movimenta para remover a bandeira de batalha da Confederação do terreno de sua assembleia legislativa estadual. Nostalgia do “estilo de vida” do velho sul não deve ser desfraldada. Bandeira dos estados sulistas na guerra civil americana do século 19 é artefato de museu. Vamos esperar que o mesmo aconteça no Mississippi, onde o símbolo heráldico faz parte da bandeira estadual, único estado com esta afronta. Empresas também anunciaram que não mais venderão a mercadoria confederada.

Existe uma reação em cadeia no país contra penduricalhos e estátuas da era confederada. Motivo para orgulho da herança? Como reconheceu na terça-feira o senador estadual republicano na Carolina do Sul, Paul Thurmond, “nossos ancestrais estavam literalmente lutando para manter seres humanos como escravos. Eu não me orgulho desta herança”.

A bandeira hoje é uma declaração de resistência contra avanços raciais. A Carolina do Sul foi o primeiro estado a deixar a União em 1860. A população do estado nos últimos dias se rebelou contra o racismo e deu um comovente exemplo de solidariedade às vítimas do massacre. O rapaz supremacista queria gerar desunião. Matou nove pessoas, mas, sorry pelo trocadilho, em termos de impacto o tiro saiu pela culatra. O gesto das famílias das vítimas de oferecer perdão ao assassino foi simplesmente pungente.


Nas franjas da sociedade americana, ainda existe racismo acintoso e violento.  É verdade que tem crescido nos últimos 15 anos com a mobilização do movimento supremacista branco, mas agora foi esta reação de um país unido no luto e na indignação. E para onde vamos? Espírito bipartidário e solidariedade nacional são bandeiras raramente desfraldadas nos Estados Unidos da América, país também conhecido como Tribos Desunidas da América.

É a polarização familiar dentro da nação. Claro que se cutuca de um lado para o outro. Gente mais conservadora é rápida no gatilho para salientar que o garoto assassino é uma exceção. Gente mais liberal rebate que existe alarde com o terrorismo islâmico, mas e o terrorista racista? Conservadores batem na tecla de que não existe apenas o racismo dos brancos. A réplica é que nada se compara ao fardo do racismo dos brancos. Ele está no DNA da nação, como lembrou o presidente Obama.

E neste caso da Carolina do Sul impressiona a polarização na questão de armas, a outra bandeira nos debates, além de raça. Existe tribalismo no debate. É verdade que, na sua maioria, os americanos se revelam mais hostis ao controle de armas, embora aceitem algumas medidas tímidas como mais checagem de antecedentes criminais. Há mais disposição para a posse de armas para a autodefesa, numa ansiedade que mistura raça e classe em um país com queda significativa do crime violento desde os anos 90, mas com concentração expressiva de criminalidade na minoria negra, cuja renda está abaixo da média nacional.

É interessante ver o tribalismo quando os americanos são perguntados se manter uma arma de fogo em casa resulta em mais segurança ou mais perigo. O Gallup tem feito as mesmas perguntas por anos. No ano 2000, por uma margem de 44% a 28% em relação aos democratas, os republicanos diziam que arma em casa dava mais segurança.

Em 2008, antes da eleição de Obama, as coisas se equilibraram um pouco (53% a 41%). Mas, agora, o fosso é imenso. Os democratas continuam na cifra de 41%, enquanto ela disparou para 81% entre os republicanos.

Outros sinais de tribalismo estão na pesquisa Pew. O dobro de brancos em relação a negros e latinos dizem ser mais importante proteger o direito às armas do que o controle ao acesso. Geografia também é fator. Americanos sulistas e de áreas rurais são mais chegados a armas do que moradores de áreas urbanas no nordeste. Quanto maior a escolaridade, menor a simpatia por armas.

Será difícil desarmar este espírito tribal, mas pelo menos a bandeira está indo abaixo.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Reforma política do PT

A reforma política patrocinada pelo governo Dilma está em andamento. Abaixo, a última reunião ocorrida no palácio.


Base aliada e suas demandas


Okamotto e a lição de Onan (Informe de OAntagonista)

... nasce cabelo na mão!











Paulo Okamotto disse que o Instituto Lula recebeu doações para "pensar a democracia". Depois, definiu a democracia como "exercício solitário de pensar o que é bom para as pessoas".

A conclusão inevitável é que a Camargo Corrêa teria pago milhões de reais para Paulo Okamotto ter prazeres solitários.

Segundo a Bíblia sagrada, Deus não gostou do que viu Onan fazer: fulminou-o de maneira inapelável.

De quem é a culpa pelo Petrolão?

O Instituto Lula informa:

É dela!

Marx não tinha razão


O passivo aumenta a cada dia. O PT acabou até com a luta de classes. Segundo informa OANTAGONISTA, funcionários da Odebrecht fizeram, ontem, 22 de junho, um movimento espontâneo em defesa da empreiteira. Na frente da sede da Odebrecht, em São Paulo, nas redes sociais e em blogs. 

A frente socialista dos palestrantes milionários (Guilherme Fiúza)


Enquanto a Polícia Federal descobre R$ 4,5 milhões pagos por uma empreiteira a Lula, o PT lança a candidatura presidencial do filho do Brasil com uma “guinada à esquerda”. Coerência total: o dinheiro da empreiteira, segundo o Instituto Lula, era para “erradicar a pobreza e a fome no mundo”. É um projeto ambicioso, mas pode-se dizer que já está dando resultado, com a erradicação da fome da esquerda por verbas e cargos. Uma fome de cada vez.

O discurso preparado pelo PT para seu Congresso em Salvador inicia a arrancada para dar ao Brasil o que ele merece: a volta de Lula da Silva em 2018. Com sua consciência social e convicção progressista, o Partido dos Trabalhadores salta na trincheira contra o neoliberalismo, assumindo sua vocação de governo de oposição – o único no mundo. O truque é simples, e vai colar de novo: a vida piorou e o desemprego voltou por causa “da crise global do capitalismo”, esse monstro que infiltrou Joaquim Levy no governo popular. Lula voltará à Presidência para enxotar novamente essa maldição capitalista (bancado pelo socialismo das empreiteiras amigas).

O gigante se remexe na cama, mas a armação dos companheiros definitivamente não atrapalha seu sono. ÉPOCA mostrou o ex-operário trabalhando duro pelo sucesso internacional da Odebrecht, a campeã de financiamentos externos do BNDES. Revelou que o Ministério Público investiga o ex-presidente por tráfico de influência. Vem a Polícia Federal e flagra as planilhas da Camargo Corrêa, investigada na Operação Lava Jato, com uma média anual superior a R$ 1 milhão em transferências para Lula (Instituto e empresa de palestras) desde que ele deixou a Presidência. E o gigante ronca.

O Brasil não se incomoda com a dinheirama entregue a Lula. É uma ajudinha ao grande líder para que ele combata a pobreza no planeta, qual o problema? Nenhum. A não ser para essa elite branca invejosa, que acha estranho o dinheiro vir de empreiteiras que têm como cliente o governo no qual Lula manda.

Os petistas, como se sabe, são exímios palestrantes e consultores. Destacam-se nessa arte estrelas como o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e o ex-­ministro Antonio Palocci, ambos consagrados por suas consultorias mediúnicas milionárias. Lula deve ter passado seus oito anos no Palácio do Planalto treinando duro, porque saiu de lá em ponto de bala. Não é qualquer um que chega a Moçambique, faz uma palestra e embolsa R$ 815 mil – pagos à vista por uma empreiteira brasileira. Deve ser isso o paraíso socialista: empresários pagando fortunas a iluminados por palestras em outro continente, para a construção de um mundo melhor.

Assim fica fácil salvar o Brasil da crise global do capitalismo, conforme a plataforma do PT no seu 5º Congresso Nacional. Com a assinatura da delação premiada de Júlio Faerman, ex-representante da empresa holandesa SBM, os brasileiros entenderão ainda melhor como o capital internacional elitista e malvado escorre docemente para o bolso dos defensores do povo – através das fantásticas operações socialistas envolvendo a maior estatal do país. A Petrobras é uma mãe – e se você não está na ninhada é porque não se filiou ao partido certo.

A inflação bate 8,5%, e o milagre brasileiro (da miopia) permite que a presidente da República assegure, tranquilamente, o respeito à meta – que é de 4,5%. Quem quiser chamá-la de mentirosa assegurando o respeito ao que ela diz, portanto, estará dentro da margem de erro. Mas ninguém fará isso, porque o Brasil adormeceu de novo, em bloco. A recessão iminente, a escalada do desemprego e o consequente aumento da violência urbana – com tiros e facadas democraticamente distribuídos nas capitais do país – são problemas que a nova Frente Popular vai resolver em 2018, com Lula lá. Duvida? Então procure saber o tamanho do caixa que a frente de palestrantes e consultores formou nos últimos 12 anos, com o mais sórdido dos cúmplices: a opinião pública brasileira.

A reeleição de Lula após o mensalão permitiu a ascensão de Dilma. A reeleição de Dilma após o petrolão permitirá a volta de Lula. A divertida gangorra prova que o crime compensa. A não ser que... Melhor não falar, para não perturbar o sono do gigante.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Francisco e Terencio


Terencio afirmou: "nada do que é humano me é estranho".

Mais de dois milênios depois, Francisco retrucou e ampliou: "Nada deste mundo nos é indiferente".

Francisco: LAUDATO SI'


LAUDATO SI’


DO SANTO PADRE

FRANCISCO

SOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM



1. «LAUDATO SI’, mi’ Signore – Louvado sejas, meu Senhor», cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços: «Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras».

2. Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que «geme e sofre as dores do parto» (Rm 8, 22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos.


Nada deste mundo nos é indiferente.

(Primeiros parágrafos)

Papa Francisco e a ecologia (editorial do Estadão - 21/06/2015)


Encíclicas papais não são objeto de grande expectativa por parte do mundo científico. No entanto, a nova carta do papa Francisco a respeito do meio ambiente – Laudato Si’ – estava sendo aguardada ansiosamente por muitos cientistas, ao perceberem que poderiam ter no Sumo Pontífice um importante aliado na defesa do planeta. E Francisco não se fez de rogado – pôs, com clareza, as cartas na mesa. O planeta é a casa comum de todos os homens, está sendo mal tratado e mudar essa situação exige, também de todos, uma nova atitude, pessoal e política.

Prudentemente, a encíclica não entra nas polêmicas científicas envolvendo as mudanças climáticas e a atuação humana. Francisco diz que, “sobre muitas questões concretas, a Igreja não tem motivo para propor uma palavra definitiva e entende que deve escutar e promover o debate honesto entre os cientistas, respeitando a diversidade de opiniões”. O papa explica que a Igreja Católica não está assumindo como própria uma determinada solução científica, “porque não existe só um caminho de solução”.

A prudência do texto, no entanto, não significa que Francisco evite adotar posições firmes. Em linguagem franca, o papa alerta para a gravidade do desafio ambiental, em suas inúmeras frentes: a poluição e as mudanças climáticas, a questão da água, a perda da biodiversidade, a deterioração da qualidade da vida humana e a degradação social, a desigualdade no planeta e – muito especialmente – a fraqueza, até o momento, da reação política internacional para enfrentar todos esses desafios. É sobre esse ponto que o papa deseja despertar a consciência de todos, não apenas dos católicos. “Torna-se indispensável criar um sistema normativo que inclua limites invioláveis e assegure a proteção dos ecossistemas”, escreve Francisco, para logo adiante continuar: “A submissão da política à tecnologia e à finança demonstra-se na falência das cúpulas mundiais sobre o meio ambiente. Há demasiados interesses particulares e, com muita facilidade, o interesse econômico chega a prevalecer sobre o bem comum e manipular a informação para não ver afetados os seus projetos”.

O texto papal vincula o problema ambiental à questão moral. Francisco faz questão de mostrar que não são campos estanques. E aqui reside o sentido profundo da proposta do papa. Sua visão a respeito da ecologia engloba as questões humanas. Utiliza, por exemplo, o termo “ecologia integral” para incluir nas preocupações ambientais as questões sociais, tais como a pobreza, a miséria, o déficit habitacional. A sua defesa do meio ambiente inclui necessariamente o desenvolvimento humano.

Ao mesmo tempo, Francisco refere-se à “raiz humana da crise ecológica”, lembrando que os problemas ambientais se originam na ação dos homens. Tal afirmação não parte das descobertas científicas. Ele argumenta em termos morais, o que poucos homens públicos no mundo podem fazer com igual alcance e autoridade.

Ainda que por outras vias, Francisco chega à mesma conclusão a que o mundo científico chegou há tempos – o homem precisa instaurar um novo modo de relacionar-se com o planeta. Francisco faz isso utilizando-se de referências bíblicas para dialogar com todos, não apenas com os que creem nos dogmas católicos. E usa especialmente o relato da criação do mundo do Gênesis, que não poucas vezes foi utilizado para justificar uma atuação irresponsável do homem, em razão de sua suposta supremacia sobre o restante da natureza, para mostrar exatamente o oposto. O ser humano não é o dono da criação – é apenas o jardineiro. Cabe a ele “cultivar e zelar pelo jardim do mundo”. Com o seu trabalho, o homem deve preservar o meio ambiente, sabendo transmiti-lo integralmente às futuras gerações.

Ao criticar o antropocentrismo moderno – que faz prevalecer a “razão técnica” e, em última análise, o egoísmo e a ganância –, o papa Francisco propõe um reequilíbrio entre homem e meio ambiente. Deseja um mundo mais sustentável, mais responsável, mais solidário – e isso certamente não afeta apenas o mundo católico.