Os sintomas de deterioração das
instituições, nesses dias de derrocada do petismo, estão em toda parte. Custei
a acreditar no que lia em reportagem
do G1, mas é tudo verdade. A Universidade Federal do
Amapá — e isso quer dizer que muita criança fica barriguda, com verminose, para
que os valentes estudem de graça, com o nosso dinheiro, com o dinheiro dos
barrigudinhos — realiza em tal III Simpósio Sobre Gênero e Diversidade.
Só se pensa nisso hoje em dia. Ou melhor: existe a tríade sagrada
no neoquerdismo, que poderia ser traduzida pela sigla CAD: cu, aborto e
droga… É preciso ser um militante das três causas para ser um “progressista”. É
claro que o povo não está nem aí para isso. É coisa dos donos das causas, dos
militantes profissionais, dos superintendentes da opinião alheia.
Muito bem! A Unifap quer fazer o tal simpósio? Vá lá. O que
surpreendeu um pouco foi a programação do dia 26, às 17h30: haverá uma,
atenção!!!, “oficina de siririca e chuca”. Siririca, se não sabem, é a gíria
para masturbação feminina. E “chuca” é a lavagem anal que antecede, para quem
a faz, a relação sexual.
“Oficinas”, como é sabido, costumam ser encontros em que as
pessoas praticam determinados procedimentos, não é? Não se trata de uma
abordagem apenas teórica.
Tão logo a coisa começou a gerar reações espantadas, os
organizadores se apressaram em dizer que a informação que circulava não traduzia
todo o evento (ainda bem, né?) e que a “oficina” será uma roda de conversa…
Ah, entendi. Uma roda de conversa para troca de experiências?
Haverá o momento confessional na linha “minha primeira siririca?” No caso da
“chuca”, haverá expositores exibindo os últimos lançamentos para a execução
eficiente do procedimento? Ainda que seja só uma conversa, pergunta-se: por que
o Estado tem de arcar com isso?
Notem: eu até poderia fazer aqui algumas digressões sobre o estado
emocional miserável em que se encontram pessoas que aceitam esse tipo de
exposição da intimidade. Não! Não falo de repressão: falo do contrário. Trato
da liberdade. Falo do “habeas corpus”. Alguém que aceita condescende com essa
exposição exibicionista do corpo, ainda que falando apenas “em tese”, precisa
urgentemente de ajuda. Tenho mais pena do que repulsa.
Atenção! Não há nada de restrição moralista, como poderiam supor
alguns, na minha crítica. Uma “oficina” para abordar, sei lá, o sexo oral
heterossexual seria igualmente estupefaciente. Não se trata de não reconhecer a
diversidade, mas de chamar a atenção para o fato de que a diversidade não
constitui, por si, uma moralidade, uma ética, uma qualidade, um valor.
Indago: um seminário com essas características está querendo
investir na tolerância ou no espírito de gueto; na diversidade ou na
particularidade; na convivência com os diferentes ou na afirmação de uma
identidade que só pode ser exercida entre iguais e que, por óbvio, só tolera
esses iguais?
Uma nota da organização tenta se explicar, afirmando, de maneira
cretina, que a “universidade é um espaço que deve ser ocupado pelos debates
que não podem circular livremente pelos espaços públicos”.
Trata-se de uma visão autoritária, aparelhista, antidemocrática e
fascistoide de universidade. Numa democracia, o espaço público é justamente
aquele que congrega as diferenças. Essa concepção de universidade é
segregacionista. A propósito: a defesa da pedofilia não “pode circular”
livremente no Brasil. Deveria ser permitida na universidade?
Prossegue a nota:
“O pré-evento está agora
intitulado por ‘roda de conversa chuca e siririca: um diálogo sobre o corpo,
interdições e descobertas’. E o mudamos para evitar a má interpretação que vem
ocorrendo. A roda de conversa é sobre nosso corpo, nossos sentidos, nossa
cultura, nossos desejos, nossos controles, nossos desvios, nossas repulsas,
nossos medos, nossas vigilâncias.”
Então que se vá para o divã no analista. Sem contar, não é?, que
juntar “siririca” com “chuca” no mesmo seminário corre o risco de só atrair os
organizadores: afinal, quem quer debater siririca, suponho, não tem muita
afinidade com a turma da “chuca”, e a turma da “chuca” não deve estar muito
interessada na metafísica da siririca.
Os bárbaros chegaram há 13 anos ao topo. Agora estamos sendo
apresentados à sua obra.