sexta-feira, 13 de março de 2015

A metamorfose ou como subir na vida com pouco esforço

“Leitor do JBF (Jornal da Besta Fubana) me envia mensagem garantindo que vaiar a prisid-Anta Dilma é o melhor programa social já inventado pelo PT. E ele explica a razão: você vaia pela manhã e, à noite, já é promovido a rico das zelites.

Já uma leitora capixaba me enviou a seguinte mensagem:
“O #VaiaDilma é o maior programa social de distribuição de renda do país. É só vaiar que você passa automaticamente para a elite burguesa”.

Num país adonde um vivente da cor escura é discriminado, tido por feio e sofre que só a porra, vaiar Dilma tem outra vantagem: o cabra que é preto vira branco, coxinha e bonito na mesma hora!

Vejam, por exemplo, na foto abaixo, o neguinho inxirido que está no canto direito de camisa listrada, tirando retratos. Ele vaiou Dilma ontem, na abertura da feira da construção civil e, no noticiário da página oficial do PT, no mesmo dia, virou loiro dos zoios zazuis.












O mesmo aconteceu com o outro neguinho que está atrás dele de boné e com os dentes arreganhados.

Já na foto seguinte, a branquela das zelites que está no canto direito, de camisa preta, gola amarela e punho esquerdo levantado, é uma coxinha branquela que não precisou ser promovida, pois já nasceu loira e milionária. Foi lá só pra cumprir sua obrigação de golpista rica e reacionária.












Já nesta foto seguinte, vaiando Dilma delirantemente, podemos ver no canto esquerdo um capitalista da Coréia do Sul, um imperialista oriental, interessado em desestabilizar o gunverno popular e democrático do PT.













Do lado esquerdo dele, de boné na cabeça, vemos um neguinho interesseiro que seria promovido a louro sueco numa declaração de Rui Falcão, presidente do PT, feita no dia de ontem.
Esses coxinhas brancos, ricos, golpistas e desocupados que vaiaram Dilma nesta terça-feira são os mesmos que vaiaram nossa simpática prisid-Anta na abertura da Copa em 2014, e também na Copa das Confederações em 2013".

Domingo é dia (Fernando Gabeira, em 13/03/2015)

Se em três meses de governo Dilma já enfrenta uma crise de credibilidade, com vaias e panelaços, o que imaginar para quatro anos de governo? Em outras palavras: é possível perguntar pela saída num túnel tão longo e agitado?
Se fosse cirurgião político e a crise fosse um corpo humano, minha proposta seria desconectar alguns nervos que entrelaçam economia e política. Isso é quase impossível. Mas não deixa de ser a tarefa correta. Se a crise política continuar interferindo na frágil situação econômica, será mais longo o caminho da retomada, todos sofreremos mais.
O cenário ideal seria aquele em que o Congresso Nacional discutisse as medidas econômicas de manhã e, ao longo do dia e da noite, quebrasse o pau em torno da política, sobretudo da corrupção. Esse idealismo esbarra em obstáculos intransponíveis, como a divergência entre quem manda no Congresso e quem manda no governo.
Na discussão econômica, não seriam escamoteadas as questões políticas. Estamos cortando os gastos de forma adequada? Quais são as correções necessárias no movimento da tesoura?
Quem apenas torce pela recuperação econômica tem medo de que as teses do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sejam contestadas e prefere não apontar correções. Mas elas podem enriquecer o estreito caminho.
Os cortes terão de ser feitos por um governo de esquerda, é o que temos no momento. Na Grécia, a esquerda chegou ao poder com um projeto de rever o plano de austeridade. Aqui, ela ainda precisa reverter a gastança. É uma etapa anterior, para a qual está pouco preparada.
Mesmo se conseguirmos isolar, parcialmente, a economia, é impossível acreditar que Dilma iria muito longe. O desgaste cotidiano acabará reduzindo seu horizonte.
A conjugação das crises política, econômica e social é uma das mais sérias que conheci nos últimos anos. Dilma acha que não, que estamos exagerando.

Ela afirma que o aumento no preço da energia se deve à seca e omite seus equívocos. Ela diz que a Petrobrás foi assaltada, mas não consegue vislumbrar, pelo menos no seu discurso, como se produziu esse assalto.

Dilma não reconhece as mentiras da campanha. E acredita que as pessoas vão esquecer-se delas com um pouco de manipulação marqueteira.

O PT não reconhece o direito legítimo de protestar contra o governo. Prefere atacar os que protestam: são ricos, são da classe média, burgueses manipulados pela imprensa golpista.

A tática da negação e do confronto alimenta os protestos. É possível que alguém deles saiba disso. Saber alguma coisa dentro do PT é extremamente perigoso. Seguir a cartilha é mais seguro.
Nesse quadro, não vejo outro caminho a não ser uma crise prolongada. Sem capacidade de autocrítica e conciliação, Dilma marcha para uma rejeição mais ampla nas pesquisas.
A manifestação de domingo, com o tema “Fora Dilma”, é uma tentativa de desatar um dos grandes nós da crise: a incapacidade da presidente mais despreparada do período democrático para liderar o processo mais difícil que o Brasil enfrentou nesses 30 anos.
Os teóricos do PT afirmam que a saída de Dilma é um golpe, pois foi eleita para governar até 2018. Nem toda saída é um golpe. Collor, com a ajuda do próprio PT, sofreu impeachment. No período anterior à democratização, Jânio simplesmente renunciou.
Os tucanos rejeitam a tese do impeachment. Não gostam de conflito. Nem os previstos na lei. Argumentam que a sustentação política do governo sofreu um colapso. E mencionam vagamente uma abertura para a sociedade.
Impeachment e renúncia são diferentes de golpe. Intelectuais ligados ao governo têm falado de um ódio contra o PT. De fato, os ânimos se exaltaram. Fala-se de um ódio contra o PT, como se o partido fosse de anjos imaculados. Ninguém analisa o comportamento dos seus quadros no governo ou tenta entender as causas da rejeição.
Segundo alguns deles, o ódio dos ricos existe porque os pobres consomem mais, vão às universidades e viajam de avião. Em outras palavras, a razão do ódio é a nossa virtude solidária.
O máximo que conseguem é isto: circunscrever o processo à oposição ricos e pobres. Se os ricos estão protestando, os pobres deveriam celebrar.

As lentes da ideologia queimam muitos neurônios. Eles supõem que os pobres são ressentidos e darão razão a qualquer governo ao qual os ricos se oponham.

São incapazes de reconhecer a importância do ajuste econômico e apresentar, dentro dele, um viés que realmente atenue o impacto negativo nos setores menos favorecidos. Um programa de cortes teria mais credibilidade se envolvesse alguns gastos do governo, passando pela publicidade, pelas viagens irracionais, pela demissão em massa dos companheiros agregados à máquina do Estado.

Dilma não tem condições de enfrentar a crise. Os intelectuais perderam-se na defesa do governo, foram atropelados, como tantos na História, pelo fascínio da chapa branca.
Não há dentro do PT a energia suficiente para pensar uma saída. Apenas reflexos defensivos, baseados nos instintos mais básicos da esquerda autoritária. Essa estrutura mental, que projeta nos outros a causa do próprio fracasso, é um dos pontos que me deixam pessimista em torno de um diálogo quando a crise for sentida como insuportável.
O PT acredita que está sofrendo uma conspiração dos ricos e da classe média. Mas poucos movimentos na História fizeram tantos líderes ricos e elevaram tantos militantes à classe média.
O problema do momento não é o choque de ricos contra pobres. Gostaria de ver seu espanto quando descobrirem isso. Ou, pelo menos, constatarem que existem milhões de ricos no Brasil.
Domingo ainda não vai revelar tudo. Mas será uma espécie de passagem de ano, um réveillon político de 2015.

Rebelião no MST

Burgueses infiltrados sabotam o MST insuflando as massas à rebelião. A palavra de ordem agora é: chega de marmita. BigMac para todos!




Kit passeata do PT (camiseta vermelha, grana preta e marmitex)
















Transporte gratuito, distribuição de marmita, camiseta e boné, além de um "vale" que variou de 35 reais a 50 reais. Nem a distribuição do "kit protesto" pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), pelo Movimento dos Trabalhadores (MST) e pelos movimentos de sem-teto foi capaz de atrair o público que os aliados do PT esperavam no ato desta sexta-feira na Avenida Paulista, no centro de São Paulo. A passeata foi convocada para tentar se contrapor às manifestações contra a presidente Dilma Rousseff, agendadas para domingo, em 200 cidades do país.

Segundo a Polícia Militar, o auge da marcha reuniu 12 000 pessoas, número bastante inferior aos 100 000 manifestantes que a CUT alardeava que reuniria na capital paulista. O quórum, aliás, só cresceu porque a marcha que partiu da sede administrativa da Petrobras seguiu em direção ao Masp, onde estavam reunidos professores da rede estadual para deliberar sobre o início de uma greve. Como a Apeoesp (sindicato da categoria) é ligada ao PT, muitos professores se juntaram ao grupo. Mas a adesão não foi unânime: a presidente da Apeoesp, Izabel Noronha, conhecida como Bebel no meio sindical, foi vaiada pelos professores ao discursar em defesa da presidente Dilma Rousseff.


A defesa da presidente justamente foi um dos pontos em questão: os grupos que organizaram o ato tentaram emplacar o absurdo lema de "defesa da Petrobras e da reforma política", quando visivelmente os integrantes da marcha foram convocados - alguns pagos - para elogiar Dilma. Outros, sequer sabiam o que faziam no local: há apenas três meses no Brasil, o africano Muhamed Dukurek, de 44 anos, aceitou vestir a camiseta da CUT e carregar um dos balões da central sindical pelo dinheiro. "Disseram que eu ia receber um pagamento de 40 reais a 50 reais", afirmou ao site de VEJA. Falando poucas palavras em português, ele disse que um ônibus foi buscá-lo em sua casa no bairro do Brás, pela manhã. Foi liberado às 17 horas do trabalho na Paulista quando a CUT recolheu os balões.

(Publicado na VEJA eletrônica)

Mulher com bigode, nem o diabo pode...
















Cruz credo!

quinta-feira, 12 de março de 2015

Dias difíceis para Dilma e o PT (editorial do Estadão)



"Dilma e o PT vivem seu inferno astral. Enquanto em Brasília, em depoimento à CPI da Petrobrás, o delator Pedro Barusco desarmava a artimanha petista de transferir a responsabilidade pela corrupção na estatal para o governo de Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo funcionários dos estandes do 21.º Salão da Construção, no Anhembi - faxineiros, marceneiros, recepcionistas, assistentes administrativos, etc. - recebiam com estrepitosa vaia a presidente Dilma Rousseff, que antes da abertura do pavilhão de exposições ao público tentava percorrer os estandes da mostra e viu-se constrangida a mudar de ideia.

O episódio na Câmara frustrou as expectativas petistas de trazer a oposição tucana para o centro do escândalo da Petrobrás e revelou a medida do isolamento a que os companheiros de Lula no Congresso Nacional foram relegados pelos próprios "aliados". Quando vazou o depoimento do ex-gerente da petroleira, prestado à força-tarefa da Operação Lava Jato, em que admitiu que desde 1997 - durante o governo FHC, portanto - recebera propina das empreiteiras, o PT animou-se com a oportunidade de colocar em prática a velha tática: quando não se consegue sair do buraco, atrai-se o inimigo para dentro dele. Barusco manteve-se coerente com seu depoimento anterior, garantindo que em 1997 agiu por conta própria e que o amplo esquema do propinoduto só foi criado a partir do início do governo Lula, "em 2003 ou 2004".

Ninguém da "base aliada" se deu ao trabalho de dar uma ajuda aos petistas, que chegaram quase à histeria na patética tentativa de convencer Barusco a incriminar o governo FHC. Foi mais uma demonstração do alto preço que o governo Dilma e o PT estão pagando por terem imaginado que, respaldados pelo resultado das eleições presidenciais, poderiam tratar os partidos aliados como subalternos a seu serviço.

As vaias do Anhembi, por sua vez, desmontaram o argumento petista de que a oposição a Dilma Rousseff se restringe à "burguesia" e à "classe média alta" - aos brasileiros ricos, enfim. A visita de Dilma ao Salão da Construção foi planejada com cuidado, exatamente para evitar a exposição da presidente a um público hostil em território francamente antipetista. Para evitar contato com os visitantes, agendou-se a visita presidencial para antes da abertura do pavilhão ao público.



Mas não contavam os especialistas do Planalto com a reação das centenas de funcionários das empresas expositoras que já se encontravam no recinto. O resultado foi que Dilma permaneceu apenas cerca de cinco minutos no local e foi levada rapidamente de volta ao carro oficial, que a levou para o auditório onde se realizaria, apenas para convidados, a solenidade de abertura oficial do evento.

E depois de ter sido vaiada pelos empregados no pavilhão, a presidente foi elogiada no auditório pelos patrões que se dispuseram a fazer declarações aos jornalistas.

No discurso de meia hora que fez diante de um público que ocupava apenas metade da plateia, Dilma fez uma pequena concessão à vida real, ao admitir que "é verdade que o Brasil passa por um momento difícil", mas voltou rapidamente a sua visão onírica do País para garantir que "nem de longe vivemos uma crise das dimensões que alguns estão dizendo". E não se estendeu sobre a gênese da crise, preferindo atribuí-la, como de hábito, a circunstâncias "conjunturais".

O episódio do Anhembi deixou alarmada a equipe que acompanhava Dilma. O ministro Thomas Traumann, chefe da Secretaria de Comunicação Social, não disfarçou a irritação ao afirmar que Dilma tinha caído "numa armadilha".

Se armadilha houve, a culpa é dos estrategistas do governo e do PT, entre eles Lula e o marqueteiro João Santana, que recomendaram à presidente que ativasse a agenda de compromissos fora do palácio e de Brasília, para "entrar em contato" com o povo. Pelo jeito esse contato não voltará a ser feito tão cedo em São Paulo.


Na reunião convocada às pressas para aquela noite em Brasília, com a presença de Lula, chegou-se à conclusão de que o episódio do Anhembi foi um fenômeno "paulista". É o novo rótulo inventado para desqualificar as manifestações antigoverno e antipetistas, já que "burgueses" e "classe média alta" não combinam com as fotos do Anhembi fartamente estampadas na mídia".

(Publicado pelo Estadão, em 12/03/2015)

Cagando e andando

João Leão, vice governador da Bahia, num intervalo do agradável e habitual passeio pela orla de Salvador, fez a seguinte declaração, a propósito de sua participação no escândalo do petrolão:

"Não sei por que meu nome saiu. Nem conhecia esse povo. Acredito que pode ter sido por ter recebido recursos em 2010 das empresas que estão envolvidas na operação. Mas, botar meu nome numa zorra dessas? Estou cagando e andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos. Sou um cara sério, bato no meu peito e não tenho culpa." 























Após os devidos esclarecimentos continuou o passeio, cagando e andando, como sempre.

terça-feira, 10 de março de 2015

Mãe é mãe (Celso Arnaldo, apud Augusto Nunes)



“Aliás, uma vez uma companheira me disse que essa questão de homem e mulher não tinha problema algum, porque as mulheres eram a maioria, mas a outra parte, a outra parte da maioria, era integrada por homens, todos eles provenientes de uma mulher, e, por isso, ficava tudo em casa: mulher com mulher. Porque os homens podem ter filhas e mulheres, esposas, mas tem necessariamente – aí não é pode, tem, necessariamente – uma mãe”.

Dilma Rousseff, capturada por Celso Arnaldo na cerimônia de tipificação do feminicídio, cometendo um impiedoso matricídio contra a mulher brasileira.

Dilma e o exército de orcs

Dona Dilma Rousseff é a demonstração viva e atual da eterna sabedoria dos poetas. Em Os Lusíadas, Camões já alertava que um fraco rei faz fraca a forte gente. Dona Dilma é a mais completa demonstração do quanto isso é verdade. Mais perdida que cachorro que caiu da mudança, a ainda presidente demonstra, a cada dia que passa, o monumental equívoco que foi sua eleição, e posterior reeleição, ao mais alto cargo da república brasileira. Arrogante e prepotente, conforme se viu em suas declarações no último dia 8 de março, ela não faz mais que ratificar, em todas as oportunidades que surgem, sua falta de discernimento e de compreensão a respeito da realidade.

Entre tantos outros exemplos, vem à memória, incontinenti, o episódio de 2012 em que ela se pôs a dar conselhos à Ângela Merkel, sobre qual receita a chanceler alemã deveria seguir para salvar seu país. Profetizando o caos europeu e censurando o FMI, a rudimentar senhora assegurava que a salvação da Alemanha jamais viria se não seguisse a receita vitoriosa do Brasil. Parece brincadeira, mas não é. Uma dirigente séria e respeitada, como Merkel, ter a orelha puxada por alguém da estatura de Dilma é simplesmente espantoso.

Qualquer pessoa minimamente sensata seria capaz de dizer quem estaria precisando receber conselhos. Visto assim à distância, o ridículo perde um pouco de sua força impactante, podendo levar os leitores a pensar que se trata de alguma obra de ficção. Os inumeráveis acontecimentos políticos protagonizados direta ou indiretamente por dona Dilma, porém, mostram sem sombra de dúvidas, que a ainda presidente do Brasil, ela sim, não tem condições de dirigir a mais modesta prefeitura de qualquer rincão do país, e muito menos dar conselhos econômicos e políticos a quem quer que seja.

Pois bem, os dias que correm estão desnudando dona Dilma. Os dias e, também, os fatos inquestionáveis para os quais ela não apresenta qualquer contestação válida. Dona Dilma aproxima-se velozmente do ato final. Com um governo enroscado com o que há de pior na sociedade brasileira, a ainda presidente não tem mais o que dizer. O bando de gatunos que saqueia os cofres públicos é de tal magnitude que até Maluf assume ares de honesto. A Interpol deveria ser alertada para as injustas acusações que recebe.  Maluf e o malufismo não passam de antiquadas nódoas inofensivas, fáceis de serem retiradas com boas doses de benzina. O petismo e o dilmismo, não.

O dilmismo é um petismo degenerado. Ambos operam como um câncer terminal disseminado por todas as dimensões sociais. O petrolão é apenas a ponta do iceberg. Quando aflorarem os tumores do setor elétrico, dos bancos públicos e dos fundos de pensão, a entropia crescente chegará ao seu auge. O retorno à barbárie será capitaneado, não mais por dona Dilma ou Lula. Será conduzido pelo general Stédile à frente de seu exército de orcs, similares àqueles do filme O Senhor dos Anéis.

FARSA E TRAGÉDIA: O “18 BRUMÁRIO” DE DILMA ROUSSEFF! (Cesar Maia)


          
1. O panelaço -em várias capitais, no momento que Dilma falava em rede de TV no domingo a noite- é mais um indicador de que os impasses econômicos, políticos e sociais apontam para situações de conflito e de confronto ainda dentro de 2015.
          
2. Em “O 18 Brumário de Luís Bonaparte” (1852), Karl Marx analisa o período revolucionário na França entre 1848 e 1851, desde a queda de Luis Felipe I até a ascensão de Luis Bonaparte, sobrinho de Napoleão. Assumiu como presidente em eleições diretas, surpreendendo e usando a memória de seu tio. Depois se tornou Imperador por plebiscito, como Napoleão III.
          
3. Na abertura, Marx diz: “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.”  Essa frase de Marx passou a ser cunhada como “a história se repete a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
          
4. Os sinais de instabilidade política, econômica e social no Brasil, em 2015, são crescentes.  Greve de caminhões, panelaço, ao lado da crise econômica e impasse político, seus desdobramentos sociais, a ampla corrupção na política... Tudo isso traz à lembrança a Argentina do início dos anos 2000.
          
5. Ao enfrentar a crise financeira internacional de 2008 com populismo fiscal e keynesianismo de consumo, Lula apenas transferiu o momento do desmonte econômico e político. O objetivo era o poder pelo poder. Em 2010, galopando sua popularidade, produto das medidas adotadas, elege sua candidata Dilma Rousseff na garupa de seu alazão.
          
6. Dilma sou eu, dizia Lula. Cumpriu-se a primeira etapa da máxima de Marx, só que invertida. A história se repetiu, só que agora como farsa, levando ao governo uma outsider que não teria como gerir a política e o governo. Talvez Lula tenha pensado assim mesmo: Dilma como farsa seria um boneco do ventríloquo Lula. A situação foi se agravando e a crise se aprofundando, até que no final do primeiro governo de Dilma convergiam os impasses econômico, político e social. O populismo fiscal e social foi empurrando o desenlace para frente.
          
7. Veio a eleição presidencial de 2014 e, com todos os instrumentos de abuso estatal e de propaganda, Dilma se reelegeu. Mais uma vez dando razão a Marx, só que na ordem invertida. A história se repete, agora, pela segunda vez, como tragédia.
          
8. Esse é o quadro que vai se construindo a cada dia, a cada informação sobre o PIB, sobre os juros, sobre o déficit comercial, sobre a Petrobras, sobre o Lava Jato, sobre os milhares de desempregos no setor automobilístico, em grandes obras e nas contratações da Petrobras, nas redes sociais, nos protestos crescentes. As medidas anunciadas pelo governo excitaram os sindicatos e a reação parlamentar é que não passarão incólumes, sinalizando que a autoridade continua sendo diluída.
          
9. A história se repete. Em nosso caso, a primeira vez como farsa e, agora, a segunda, como tragédia. Talvez a melhor medida a ser adotada seja humildade. Não dá para evitar a tragédia como Imperatriz. Bismarck faz 200 anos dia 1 de abril de 2015. Napoleão III não resistiu. Bismarck ocupou Versalhes. Que se estudem fórmulas de governo de composição, distintas do atual presidencialismo de coalizão, que implodiu.

Iansã

Iansã é poderosa Orixá. Tem o controle sobre os raios e tempestades. No sincretismo popular, é associada a Santa Bárbara.




















Há dias, Iansã lançou uma advertência a dona Dilma: fulminou soldados da sua  Guarda Presidencial. Também já enviou recado ao Congresso.


















Dona Dilma que se cuide. O próximo raio pode acertar na mosca. Basta uma ajudazinha de Xangô.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Dilma: pá nela!


domingo, 8 de março de 2015

Otários, sim, panacas, não!

No excelente blog O Antagonista, dona Dilma é mostrada como ela é: síntese diabólica da mentira, da burrice e da corrupção. Para desfazer tudo que ela fez, e continua a fazer, bastaria somente um pouco de vergonha na cara. Dona Dilma e seus porquinhos amestrados insistem em considerar o Brasil como se fôramos um bando de panacas. Otários, sim, panacas, não. Abaixo, segue o discurso da madame, dissecado passo a passo.
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"Agora, passados o panelaço e buzinaço, vamos nos dar ao trabalho de analisar os principais trechos do discurso de Dilma Rousseff em cadeia nacional.

Dilma: "Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos confundem mais do que nos esclarecem. As conversas em casa, e no trabalho, também precisam ser completadas por dados que nem sempre estão ao alcance de todas e de todos."

O Antagonista: Ou seja, a imprensa é capciosa e você, a sua família, os seus amigos e colegas de trabalho não têm capacidade de entender a realidade da inflação, do desgoverno e da corrupção.

Dilma: "O Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos. Mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. Passamos por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos. Muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país."

O Antagonista: O marqueteiro João Santana trocou "momento difícil" por "momento diferente". O Brasil vive uma crise monumental: inflação em alta, credibilidade internacional zero, empresas endividadas em dólares com a corda no pescoço, nível de investimento negativo, governo atarantado diante da crise, com um ministro da Fazenda politicamente fraco, e escândalos de corrupção por todos os lados. Os fundamentos estão derretendo, como atestam as agências de risco internacionais. Dilma não mostrou a verdade nem de longe.

Dilma: "Nosso povo está protegido naquilo que é mais importante: sua capacidade de produzir, ganhar sua renda e de proteger sua família."

O Antagonista: Mentira. As empresas cortam vagas de trabalho, a inflação corrói os salários e começa a corroer a poupança. As famílias estão endividadas acima do seu limite, iludidas que foram pelo crédito barato dos anos Lula e do primeiro mandato de Dilma.

Dilma: "Estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929."

O Antagonista: Mentira, nunca houve primeira etapa. Lula, em 2008, disse que a crise internacional havia chegado ao Brasil como uma "marolinha", e continuou com a sua política econômica inconsequente, baseada unicamente na expansão do crédito, sem investimentos em setores estruturais da economia. A falta de investimentos limita o combate à inflação, reduzindo o arsenal para combatê-la ao aumento da taxa básica de juros -- que agrava a recessão e só faz a alegria da banca. Você leu certo: estamos em recessão.

Dilma: "As circunstâncias mudaram porque além de certos problemas terem se agravado - no Brasil e em grande parte do mundo -, há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste. Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos."

O Antagonista: As carências do país apenas foram evidenciadas pela seca. Faltam planejamento no setor de abastecimento hídrico e investimentos no setor elétrico -- a menos que se tome como investimento o superfaturamento na construção de usinas hidrelétricas que estão com as obras atrasadas.

Dilma: "Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar."

O Antagonista: Sim, e de exigir o impeachment do governo mais incompetente e corrupto da história do país.

Dilma: "A crise afetou severamente grandes economias, como os Estados Unidos, a União Européia e o Japão. Até mesmo a China, a economia mais dinâmica do planeta, reduziu seu crescimento à metade de suas médias históricas recentes. Alguns países estão conseguindo se recuperar mais cedo. O Brasil, que foi um dos países que melhor reagiu (sic) em um primeiro momento, está agora implantando as bases para enfrentar a crise e dar um novo salto no seu desenvolvimento. Nos seis primeiros anos da crise, crescemos 19,9%, enquanto a economia dos países da zona do Euro caiu 1,7%."

O Antagonista: O Brasil não reagiu num primeiro momento. Como já foi dito e redito, o governo baseou o crescimento da economia na expansão do crédito barato, endividando as famílias. Não investiu na indústria, que hoje se encontra sucateada, e apenas adiou a tempestade, apostando que a China continuaria a importar as nossas commodities nas mesmas quantidades do início dos anos 2000, embora todas as sinalizações apontassem o contrário. A comparação com a União Europeia é marota. Crescemos menos do que a China e a Índia, os outros grandes integrantes do Brics, no mesmo período. Aliás, é falso que a China reduziu o seu crescimento à metade da sua média histórica nos últimos anos. Essa média está em quase 9%, e ela crescerá 7% em 2015, depois de crescer 7,5 em 2014. Amesquinhamo-nos em parcerias comerciais com países africanos e sul-americanos, em detrimento do estreitamento de laços comercias com os Estados Unidos, não só por ideologia esquerdista, mas porque o governo foi incapaz de enxergar que os americanos sairiam do buraco que criaram mais cedo do que se imaginava, porque são, de longe, a economia mais forte do mundo.

Dilma: "Realizamos elevadas reduções de impostos para estimular a economia e garantir empregos."

O Antagonista: Mentira. As reduções foram pontuais. De maneira geral, a carga de impostos aumentou.

Dilma: "Ampliamos os investimentos públicos para dinamizar setores econômicos estratégicos."

O Antagonista: Mentira. Quais setores? Dilma deve estar falando dos empréstimos secretos do BNDES a empresas ligadas ao petismo, como a JBS/Friboi.

Dilma: "Começamos cortando os gastos do governo, sem afetar fortemente os investimentos prioritários e os programas sociais. Revisamos certas distorções em alguns benefícios, preservando os direitos sagrados dos trabalhadores. E estamos implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo."

O Antagonista: É mentira que o governo esteja cortando gastos. A máquina estatal, já inchada, continua engordando. Basta dizer que Dilma se recusa a cortar um ministério que seja dos 39 que carregamos nas costas. Quanto aos "direitos sagrados" dos trabalhadores, Dilma está fazendo o exato contrário do que prometeu na sua campanha. A redução na desoneração da folha de pagamentos das empresas já está causando demissões.

Dilma: "O Brasil tem hoje mais qualificação profissional, mais infraestrutura, mais oportunidades de estudar e mais empreendedores. Somos a 7ª economia do mundo. Temos US$ 371 bilhões de reservas internacionais. 36 milhões de pessoas saíram da miséria e 44 milhões foram para a classe media. Quase 10 milhões de brasileiras e brasileiros são hoje micro e pequenos empreendedores. E continuamos com os melhores níveis de emprego e salário da nossa história."

O Antagonista: Mentira. A produtividade do trabalhador brasileiro é uma das menores entre os países em desenvolvimento. Ser a sétima economia do mundo não significa muita coisa, visto que a renda per capita é relativamente baixa e não aumentará nos próximos anos, como previu o ex-ministro da Fazenda Armínio Fraga aqui no Antagonista. Essas reservas internacionais são apenas ilusão contábil. Com o aumento do dólar, aumentaram a dívida externa pública e privada. A dívida interna pública é maior do que a divulgada, dizem os economistas sérios. Para o governo, uma família de classe média, com quatro pessoas, é aquela que ganha entre 1 500 e 2 000 reais por mês, ou menos de 700 dólares -- abaixo da linha da pobreza em qualquer nação civilizada. A qualidade dos empregos é vergonhosamente baixa. Temos mais braços do que cérebros. A quantidade dimininui: só em 2014, a indústria fechou 216 mil postos de trabalho. Dilma inclui entre os micro e pequenos empreendedores a massa de assalariados e freelancers obrigada a trabalhar como pessoa jurídica, sem nenhuma garantia trabalhista.

Dilma: "Nossas rodovias e ferrovias, nossos portos e aeroportos continuarão sendo melhorados e ampliados."

O Antagonista: Faz tempo que Dilma não viaja como cidadã comum. E qualquer produtor sabe o quanto representa o custo do transporte no Brasil, por causa da inexistência ou má qualidade das rodovias, ferrovias e portos.

Dilma: "Este esforço tem que ser visto como mais um tijolo, no grande processo de construção do novo Brasil. Esta construção não é só física, mas também espiritual. De fortalecimento moral e ético."

O Antagonista: Essa foi uma tijolada no nosso estômago.

Dilma: "Com coragem e até sofrimento, o Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos. É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras."

O Antagonista: Justiça social é dar as mesmas oportunidades a todos na educação, e não alimentar programas assistencialistas sem porta de saída. A educação brasileira ocupa os últimos lugares nos rankings internacionais de aprendizagem, e o gap escolar entre pobres e ricos só faz aumentar, como demonstra o Enem. A mão da Justiça ainda tem de colher Dilma, Lula e os seus cúmplices. E a mão da Justiça está funcionando, APESAR de Dilma, Lula e os seus cúmplices, como José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, que fazem advocacia administrativa para a companheirada corrupta e as empreiteiras do petrolão".

Bandido não tem valor, tem preço.

Segundo informou a Folha de São Paulo, neste domingo, sobre os critérios de distribuição de propinas, "o pagamento de dinheiro desviado da Petrobras a congressistas do PP provocava brigas e obedecia a uma espécie de tabela de preços proporcional à força política de cada um, disse o doleiro Alberto Youssef, em delação".

Sensacional. O PT precificou a bandalheira. Isso prova que eles entenderam direitinho o significado de Capitalismo. Palmas para a turma. Quanto custa um Lula ou uma Dilma? Zé Dirceu e Delúbio a gente já sabe. 



Minha dor também era secreta...

















"H., 30, foi submetida à mutilação genital feminina aos 12 anos em Serra Leoa, na África. O corte do clitóris, uma tradição local que marca a transformação de meninas em mulheres, foi feito pela própria mãe.

H. fugiu para o Brasil há um ano. Ela se mudou para Brasilândia, em São Paulo, e trabalha no centro como cabeleireira. Decidiu fugir quando a mãe, já idosa, a ameaçou de morte porque ela se recusou a substituí-la na função de mutilar mulheres.

Era cedo, ainda pela manhã. Sempre é de manhã, já que o sol forte pode piorar ainda mais a hemorragia que viria com o corte. Éramos 12 meninas no porão de uma residência em Freetown [capital de Serra Leoa], onde eu nasci e morava.

Não sabíamos de nada. Ninguém nos falava por que estávamos ali e muito menos o que ia acontecer. Quando alguma de nós perguntava, diziam que era uma festa.

Eu era jovem, tinha 12 anos, mas lembro desse lugar. Havia muitas mulheres vestidas e pintadas de branco nas mãos, no rosto, tudo. Eram só mulheres. Parecia mesmo uma festa, com dança e tambores que não paravam de tocar. Depois descobri o porquê.

Minha mãe me mutilou ali, arrancou com uma lâmina meu clitóris e costurou minha vagina. Assim como mutilou as outras meninas que me acompanhavam.















Ela era líder da "Bundu Society" [espécie de sociedade secreta em que mulheres mais velhas têm a responsabilidade de preparar meninas para a idade adulta]. Atendia pelo nome de "Chairlady".

De uma coisa eu lembro: de gritar enquanto meu clitóris era arrancado. E quanto mais eu gritava, mais as mulheres tocavam os tambores e cantavam. Assim, a minha dor também era secreta.

Para cicatrizar o corte, evitar a hemorragia e infecções, colocaram uma pasta à base de folhas na minha vagina.

Como presente, me deram para comer uma papa doce misturada com arroz. Permaneci nesse lugar por duas ou três semanas para me recuperar, não me lembro direito.

A tradição tem um ritual completo. No último dia, fomos andando pelas ruas até a margem de um rio que não era tão profundo. As mulheres mais velhas jogavam objetos nas águas para que nós pegássemos. Era o final, estávamos voltando para casa.

Neste dia, lembro que escolhi a minha roupa. Vestido novo, sapatos bonitos, colar, brinco e pulseira. Eu estava muito bonita e tinha me tornado uma mulher.

Se eu tive raiva? Não, não tive. Éramos jovens e a tradição, forte demais. Todas as minhas amigas passavam pela mesma coisa.

Não tinha como fugir. Não me lembro de nenhuma garota dizendo "não quero fazer isso", mas se ocorresse elas seriam agarradas à força. Ninguém ia escutar se alguém gritasse pedindo socorro por causa dos tambores altos e do canto. As mulheres da "Bundu Society" eram fortes e poderiam segurar alguém com violência. O destino era sempre o mesmo.

Um dia me apaixonei por um rapaz, que hoje é meu marido. No início, ele me perguntou se eu tinha feito a mutilação. Eu disse que sim, mas não acho que isso tenha sido essencial para ele.

Há homens de onde eu venho que só querem mulheres mutiladas, outros não se importam tanto com a tradição.

Sinto dor durante o sexo. Até hoje. Se transo com meu marido em um dia, a próxima vez só será daqui a uma ou duas semanas. Às vezes fujo dele porque simplesmente não quero sexo, mas ele quer.

Por causa da mutilação, minha vagina foi costurada. Nunca sofri com nenhuma infecção ou doença. Nada. Mas tive problemas no parto.
Tenho duas filhas. Quando engravidei da minha primeira, não tive complicações porque ela era pequena. Quando fui dar à luz à segunda, foi diferente. Ela era grande, os médicos tiveram que abrir os cortes para ela passar. Depois fui operada.

FUGA

A relação com a minha mãe continuou a mesma depois da mutilação. Eu era pequena e continuei fazendo o que ela mandava. Tinha respeito.

Mas tudo mudou no dia que soube do meu destino como filha mais velha. Com minha mãe já idosa, eu deveria tomar seu lugar na sociedade secreta. Meu futuro era ser "Chairlady" e cortar meninas.

Disse não. Olhei para minha mãe, que estava com o dedo apontado na minha direção: "Se você não fizer isso, eu te mato".

Deixei minhas duas filhas, de seis e nove anos, com a mãe do meu marido. Consegui protegê-las da mutilação e hoje elas estão seguras.

Conversei com meu marido e fugimos para o Brasil. Era um lugar de que ouvíamos falar desde muito jovens.

Não quero voltar para a África. Amo o Brasil, principalmente a comida. A única tristeza que sinto é ter deixado minhas filhas em Serra Leoa. Trazer as duas para morar comigo aqui seria o meu maior sonho. Mas vou fazer isso de que jeito?

Quando cheguei ao Brasil não consegui nada, nem português eu sei falar. Acabei arranjando uma vaga de cabeleireira na Galeria do Rock.

Não tenho raiva, nem penso no que aconteceu comigo. Tento não lembrar desse passado e sigo em frente. Daqui a pouco vou ter um menino, estou grávida de seis meses.

Quero ensiná-lo a ser homem de verdade. Na África, mulheres são responsáveis por limpar, lavar, cuidar dos filhos e do marido. O homem tem que ir trabalhar para trazer o sustento pra família. É assim sempre."

(Publicado na FSP, em 08/03/2015)