quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Alice e o que se deve ensinar nas escolas


Em um dos mais deliciosos episódios da saga Através do Espelho e o que Alice encontrou lá, a menina discute com as rainhas ( a Branca e a Vermelha) a questão do papel da escola e do que se deve, enfim, aprender nela. A propósito de um convite para jantar, afirma uma das rainhas a Alice:

Rainha Vermelha: "... estou certa de que você não teve muitas aulas de  boas maneiras, não é?"

Alice: "Boas maneiras não se ensinam em aulas. Aulas ensinam a fazer contas de somar, e coisas desse tipo".

Na mosca! A aparentemente ingênua obra de Carroll revela aqui, e em outros inúmeros lugares, verdades de aplicação universal. Escola é lugar para aprender matemática e outras ciências. O precioso tempo das crianças não pode, ou não deve, ser dissipado perdulariamente. As avaliações internacionais, propiciadas pelos testes PISA, confirmam tal verdade, quando comparados os resultados brasileiros com os de outras nações. 

Não se deve perder a oportunidade de ler as fascinantes Aventuras de Alice no País das Maravilhas e o Através do Espelho e o que Alice encontrou lá.

Hoje, quando tantos querem atribuir à escola uma longa série de responsabilidades, soa agradável ler a sacada de Lewis Carroll, autor da incomparável e genial obra-prima.

No Brasil, atualmente, há educadores que valorizam mais o ensino de trivialidades nas escolas, e de temas que deveriam estar sob o cuidado dos pais (como educação sexual para criancinhas). Deixam de lado o singelo aprender a "ler, escrever e contar", conforme sintetizava o também inesquecível professor Darcy Ribeiro. Os efeitos gerais para o povo brasileiro, de uma escola que é uma calamidade, cobram a cada ano que passa o preço do nosso afastamento daqueles que estão à frente, no mundo, do processo de avanço científico e tecnológico.