sábado, 2 de maio de 2015

Corrupção (Héctor Schamis)

A cara da corrupção


















"O termo está nas manchetes dos jornais. Descreve a vasta maioria dos governos latino-americanos. Sem dúvida, o vírus em questão não é exclusivo desta parte do mundo, mas a variedade endêmica pareceria ser resistente e estar em fase de propagação. É matéria de epidemiologia, e também acontece na saúde pública: os governos que negam a existência do mal, ao mesmo tempo, se apresentam como os campeões da luta contra ele; neste caso, a tão maldita corrupção.

O problema não são apenas as atividades criminosas, que não são escassas, mas também a reprodução de condutas que nem sequer são consideradas ilegítimas, muito menos delitos. É que, além de afetar o uso dos recursos públicos, esta epidemia modificou o marco cognitivo da elite política latino-americana. Não entendem, por exemplo, a noção de conflito de interesse, tanto quanto a de tráfico de influências. A corrupção se naturalizou, e a linha que separa a legalidade da ilegalidade tornou-se flexível e porosa. Aqueles que ocupam as alturas do poder se eximiram da obrigação de render contas, de responder pelos atos de seu governo. Com o contágio se generalizou a impunidade.

Na Venezuela, as contas de funcionários em bancos da Suíça e de Andorra, e as cifras delas são lendárias. Representam vários pontos do Produto Interno Bruto. Qualquer denúncia a respeito é traduzida pelo aparato oficial de propaganda como uma conspiração desestabilizadora. Nesse sentido, têm razão: a informação pública sobre corrupção às vezes pode gerar instabilidade política.

Na Argentina, o oficialismo e seus testa-de-ferros acumulam dezenas de denúncias por contas sem justificativas, lavagem de dinheiro e negócios ilegais diversos. O rechaço do governo a essas acusações é sistemático, como também, todos os anos, ao aumento patrimonial que é visto nas próprias declarações de impostos de seus mais altos funcionários. A dissonância legal é produto da dissonância cognitiva, precisamente, a derivada do fato de que todos eles se enriqueceram sendo funcionários públicos. Difícil explicar, mas nenhum deles fica envergonhado.

No México, o governo castigou por corrupção a mais de cem funcionários nos últimos dois anos com multas de mais de 22 milhões de dólares. Apesar de benigna a pena, multa em vez de prisão, ninguém pagou um dólar. Isso sublinha um problema mais de fundo. É difícil que um governo corrupto imponha sanções por corrupção e que as mesmas sejam cumpridas. O presidente combate a corrupção em seu discurso enquanto sua esposa e seu Secretário de Fazenda tentam explicar a compra de suas casas de um empreiteiro favorecido pelo governo, que também lhes concedeu a hipoteca.

No Brasil, o caso Petrobras revela a profundidade da corrupção dentro do aparato do Estado e do partido do governo. A informação fala de perda de 2 bilhões de dólares só por corrupção e descreve um sistema institucionalizado de dinheiro ilícito, criado para terminar nas arcas do PT. O círculo completo, esse dinheiro era usado para financiar campanhas eleitorais e comprar votos de deputados no Congresso, o caso Mensalão. Assim se construiu uma organizada máquina financeira para a perpetuação no poder.

Até o Chile, cuja elite política achava que estava imune da corrupção e outras doenças tropicais da região, parece ter sido contagiada. Ao financiamento irregular dos partidos e seus dirigentes, deve-se agregar o escândalo que envolveu a nora da própria presidente. Sua relação com a então presidente eleita permitiu que tivesse acesso a informações privilegiadas sobre iminentes mudanças na regulamentação do uso do solo e a um crédito bancário para uma empresa sem trajetória nem garantias. O negócio especulativo de compra-venda de terras teve um lucro de mais de 3 milhões de dólares. Em sua primeira reação, Bachelet cometeu o erro de considerar um negócio entre privados, o que afetou severamente seu índice de aprovação.

Curiosamente, na academia, uma primeira geração de estudos minimizava o problema da corrupção, considerando-a um mecanismo benigno que servia para modernizar a burocracia, uma tarefa essencial de construção estatal sempre inconclusa no mundo em desenvolvimento. Uma segunda geração, no entanto, destacou as perdas de eficiência em sociedades com alta corrupção, postergando o desenvolvimento econômico e social, e criando, além disso, no longo prazo, uma dinâmica especialmente tóxica para o capital social e a credibilidade das instituições democráticas.

A América Latina se encontra neste último cenário, mas também precisa de uma terceira geração de estudos. Ela deverá dar conta da constituição de um novo tipo de regime político, no qual a corrupção é, justamente, o componente central da dominação. Em países onde os partidos políticos se debilitaram e se fragmentaram, além de ter perdido a confiança da sociedade, estão sendo substituídos pela corrupção. A corrupção cumpre as funções básicas da política: selecionar dirigentes, organizar a concorrência eleitoral e exercer a representação – e o controle essencial – territorial. Esta é a nova forma da política na pós-democracia.

Claro que este novo regime é de partido único, já que se baseia na perpetuação. Isso não é por ideologia, mas por sobrevivência. Fora do poder, os riscos são muito altos para os líderes do partido da corrupção. Até agora, os recursos e a retórica funcionaram e continuam no poder, mas isso não será eterno. Então, o grande desafio da América Latina será tirar a corrupção da política para poder reconstruir a democracia".

(Publicado no blog do Caio Blinder)

Um cadáver, pelo amor de Deus...


O bloco do PT e PMDB que faz oposição ao governo tucano do Paraná confessou: quer derramamento de sangue (a propósito de protesto conduzido por sindicato de professores comandado por petistas). O espírito do general Stédile baixou mesmo na turma. Nada como um cadáver fresco para ser arrastado pelas ruas.
Para aqueles que ainda têm dúvidas sobre os objetivos e o modus operandi dos irresponsáveis, assistam ao vídeo no endereço abaixo. E não se esqueçam: o cadáver pode ser o seu.

https://youtu.be/GfAcW-hQhT0 

sexta-feira, 1 de maio de 2015

O porco gordo e a porcada ainda magra (Retirado de O Antagonista)

















O habitual lero-lero de Lula em visita às "obras" no Comperj-RJ, conforme pode ser conferido na revista ÉPOCA, resume em 1’46” a rapina cometida na Petrobras.
A versão integral do discurso é ainda mais reveladora. É quase uma delação premiada de Lula.
Inicialmente, ele citou as autoridades presentes ao evento. Cinco deles estão sendo investigados pela Lava Jato:
1 – “Quero começar cumprimentando o companheiro Sérgio Cabral”.
2 – “Nosso companheiro Pezão”.
3 – “O ministro Edison Lobão”.
4 – “O nosso querido Paulo Roberto Costa, presidente em exercício da Petrobras”.
5 – “Nosso companheiro Jorge Sergio Machado, presidente da Transpetro”.
Em seguida, ele explicou os motivos daquele evento:
“Eu sei que tem algumas pessoas que estão perguntando ‘por que o Lula já visitou pela terceira vez o Comperj, se ainda a obra não está sendo construída, está na fase da terraplanagem?’ A primeira coisa que tem que compreender é que eu adotei como filosofia de vida aquela de que ‘é o olho do dono que engorda os porcos’. Então, eu tenho que estar presente sempre, para saber se as coisas que nós decidimos estão funcionando”.
Cinco anos mais tarde, as obras no Comperj continuam paradas, mas a filosofia de vida de Lula funcionou: os porcos engordaram um bocado.
Depois de falar sobre seus porcos, Lula disse que sabia da roubalheira em Abreu e Lima. Ele disse também que a roubalheira tinha de prosseguir:
“Se a gente não fica esperto, a obra da refinaria de Pernambuco estaria parada. Porque se levantou suspeita de sobrepreço em algumas obras. E foi para a comissão do Congresso, a comissão do Congresso colocou no anexo VI, e eu vetei, porque senão teria que ter mandado embora 27 mil trabalhadores”.
Lula esclareceu igualmente que, para engordar seus porcos, a ração teria de ser fornecida pela própria Petrobras:
“O companheiro Paulo Roberto Costa sabe, a Dilma Rousseff, como presidenta do conselho administrativo da Petrobras, sabe, o ministro Lobão, como ministro de Minas e Energia, sabe que, há cinco anos atrás, se dependesse da vontade da Petrobras, não teria nenhuma refinaria no Brasil”.
Outro porco do chiqueiro de Lula, Hugo Chávez, entrou na história:
“Numa visita de trabalho do presidente Chávez, conseguiu a parceria para a PDVSA se associar à Petrobras. Levamos três anos para construir essa parceria, porque a Petrobras e a PDVSA são duas grandes empresas, e duas moças bonitas no mesmo baile, elas sofrem uma concorrência natural entre elas, e nós demoramos muito para construir a engenharia do acordo que, graças a Deus, está pronto e está andando”.
Lula, a essa altura, introduziu o único assunto que realmente interessava:
“São bilhões de dólares, de investimentos. Se a gente for medir só o que a gente está fazendo, a gente vai ultrapassar os US$ 60 bilhões em refinaria neste país”.
E apresentou seus cúmplices:
“Aqui tem muitos empresários do setor da construção civil”.
O juiz Sergio Moro poderia usar o discurso de Lula como prova da Lava Jato. Ele mostra claramente quem era o chefe do esquema.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O jeca se preocupa "ca" saúde alheia... (Valentina de Botas)
















"O jeca está preocupado “ca (sic) sua saúde”. A Bíblia é um livro admirável também do ponto de vista literário; a coesão do Deus do Velho Testamento, ou da Bíblia hebraica, é uma preciosidade literária, com a densidade sucinta de uma linguagem próxima à condensação da poesia. “Haja luz”, com somente duas palavras Ele ordena que o existir se ilumine. À parte a agressão à gramática da língua, na gramática moral indigente do caudilho, ele se preocupa “ca” saúde alheia cuidando da própria. Entendo. Mas saúde de quem?

Provavelmente, não a de alguém que conheça, ou o jeca simplesmente largaria o copo, diria um palavrão, pegaria o telefone, diria um palavrão, ligaria para quem o preocupa, diria um palavrão, declararia “tô preocupado ca sua saúde”, diria um palavrão e pegaria o copo de volta. Então, deve ser a saúde de quem ele não conhece – talvez do povo brasileiro. Contudo, se fosse assim, o jeca não teria se valido das doenças da nação para sabotar as chances dela de cura, deformando-lhe as feições para que se parecesse com ele.

O jeca ainda recomenda caminhadas, foi o que fez a nação que resistiu à deformação, indo às ruas, em março e abril, pela saúde do futuro cuja terapêutica contraindica o lulopetismo. Incensado como líder das massas, o jeca, agora restrito a caminhar numa esteira em sessões reservadas como suas aparições, surge envelhecido em imagens nas quais se contempla a expressão da deformação também física empreendida por escolhas as mais livres.

Numa provação ou luta, o pior não é perder, mas se deformar; nelas, talvez mais do que decidirmos o que somos, descobrimos o que somos e vitórias também podem ser uma provação para o caráter. No poder, o homem de origem pobre que nunca foi humilde teve todas as oportunidades de melhorar o país e a si próprio, mas o mau-caratismo provado na vitória venceu a trajetória bem-sucedida: era a deformação se consumando.

Em gozo na degradação a cada conquista, piorou a nação para que jamais sobreviesse a circunstância aterradora de deixar o poder. Não é contrário ao trabalho dos que trabalham por ele; nem ao saber que o tenha como mestre; nem aos capitalistas que financiem o vidão de que se acha merecedor no amor sem ressalvas por si mesmo; nem contra a democracia que o eleja; nem mesmo é contra a mídia paga para ser a favor dele.

Um homem de posições. Todas moralmente miseráveis impondo a marca da degradação na vitória e na derrota porque a perversidade da deformação da figura pública mais deletéria da nossa história não está na sucessão de escolhas indecentes, mas na crença de que tudo pode fazer aquele a quem tudo convém (como exemplifica a matéria de VEJA com o dono da OAS). Da covardia à mentira, passando pela desonestidade, cinismo e o português destroçado, “tô preocupado ca sua saúde” é o “haja escuridão” na quase síntese de um homenzinho deformado, o tempo e a sucessora dele parida nessa escuridão que sucumbem a si mesmos. É que há luz".

(Publicado no blog do Augusto Nunes, em 26 de abril de 2015)

domingo, 26 de abril de 2015

Eu voltei, aqui é o meu lugar


















Pizzolato era o diretor mais importante do Banco do Brasil durante o governo Lula. Mandava e desmandava, punha e dispunha. Elegante qual um lorde inglês, dizia em alto e bom som que os tempos em que pastava - ou comia untuosos torresmos com cabelo - haviam passado. Fugiu para a Europa quando descobriram suas falcatruas no mensalão. Sentou praça na Itália dos antepassados. Imaginou que a mafia ainda mandava na velha bota. 

Agora, como o boêmio da canção, ele voltou. A Papuda está em festa.


Os companheiros comemoram 

PT e suas sutilezas

Clima interno no PT: barata voa



















A Coluna do Cláudio Humberto, em 26 de abril, informa:

"Correntes internas do PT, ainda minoritárias, se uniram para articular a queda de Sibá Machado (AC) da liderança petista na Câmara. É considerado primário, ingênuo, desinformado, de inteligência limitada e sem a dimensão do cargo que ocupa. Além disso, o deputado tem feito declarações que envergonham os liderados, e não conseguiu se articular para evitar as várias derrotas do governo Dilma na Câmara". Só faltou dizer também que é glabro.


Chamem o xerife.

Dilma, a arqueóloga? (inspirado em O Antagonista)

Pedra de Roseta















Marta Suplicy resolveu colocar tudo em pratos limpos. Indagada sobre quem é Dilma, definiu-a assim:

"Ela é uma pessoa muito culta. Tem uma vasta cultura, é muito agradável para conversar. Lê muito, entende muito de arte, de teatro, conhece profundamente vários museus". 

Os arqueólogos estão felizes. Agora eles têm uma patrona e protetora.

Diz aí, Dilma, onde está a Pedra de Roseta?