sábado, 27 de agosto de 2016

Descobriram o esconderijo dos petistas (Estadão)

Segundo informa O Estadão, os senadores não dividem o plenário apenas com testemunhas e assessores. Ao investigar a causa de uma pane nos microfones do plenário, técnicos descobriram que há uma colônia de ratos a roer os cabos subterrâneos.


Resumo de uma farsa chamada Lula (Mário Sabino em O Antagonista)


Hoje, dia 26 de agosto de 2016, uma farsa começou a ser formalmente desmontada. A farsa chamada Luís Inácio Lula da Silva. Ele foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de capitais, no âmbito da Lava Jato. Todos esses crimes estão conectados ao recebimento de vantagens indevidas pela OAS, uma das empreiteiras do petrolão, no caso do triplex do Guarujá. Lula também deverá ser indiciado em relação ao sítio de Atibaia.

Indiciamento não é condenação, mas as provas contra Lula são tão robustas que será muito difícil para ele escapar de uma sentença dura. Esperava-se o indiciamento para logo depois do impeachment de Dilma Rousseff. A situação se precipitou por causa do cancelamento da delação premiada de Léo Pinheiro, por Rodrigo Janot, episódio ainda mal explicado. O que se sabe até agora é que a PF não gostou de ter sido deixada de lado nas negociações da PGR com o ex-presidente da OAS.

Não importam as circunstâncias do indiciamento, o Brasil está se livrando de Lula. Com ele, atingimos o ápice da demagogia e da corrupção neste terra pródiga em demagogos e corruptos.

Lula surgiu no regime militar, quando se apresentou como líder sindicalista tolerável aos generais. Na redemocratização, a esquerda o transformou em ícone revolucionário e chefe de partido. No entanto, o discurso radical que lhe fora oportuno na construção do PT revelou-se um desastre eleitoral nas campanhas presidenciais -- e Lula, então, engravatou o pescoço e as palavras, para conquistar banqueiros, empresários e parte da classe média. Chegou ao Planalto por meio do que parecia ser um consenso inédito entre interesses de trabalhadores e patrões.

No poder, Lula levou às últimas consequências o assistencialismo mais rasteiro e uma política econômica que, baseada apenas em crédito farto, graças à bonança mundial, resultaria no desastre completo sob Dilma Rousseff, a criatura que escolheu para sucedê-la e autora da maior fraude fiscal já cometida no país. Como resultado, os ganhos sociais relevantes proporcionados pelo Plano Real foram parar na fila do desemprego.

No poder, Lula instituiu, para além da imaginação, a prática de comprar apoio parlamentar  e financiar campanhas com dinheiro sujo. Tanto no mensalão como no petrolão, o seu partido e aliados desviaram bilhões de reais dos cofres públicos para realizar tais pagamentos.

No poder, Lula e boa parte dos seus companheiros enriqueceram por meio de contratos fraudulentos entre empreiteiras e estatais como a Petrobras, arrasada durante os anos dos governos do PT.

No poder, Lula tentou calar a imprensa independente, comprou o veneno de blogueiros e jornalistas decadentes, perseguiu profissionais que desvelavam os porões imundos do lulopetismo e cortou propaganda de veículos sérios, como a revista Veja. Com isso, minou um dos pilares da democracia que é a liberdade de imprensa.

É essa farsa que começou a ser formalmente desmontada pela PF num radioso 26 de agosto de 2016.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Hélio Bicudo e o impeachment


Segue o link para o depoimento do Dr. Hélio Bicudo sobre o impeachment de dona Dilma, a pavorosa dama que já foi presidente do Brasil.

Depoimento de Hélio Bicudo

Muita promessa e pouco atendimento (Dante, em A Divina Comédia)


Às vésperas de mais um processo eleitoral alcançando pouco mais de cinco milhares de municípios, renascem qual uma fênix degenerada as mesmas promessas de fazer e acontecer que há séculos marcam as disputas políticas. O "pérfido conselho" aludido por Dante - prometer muito e atender pouco - já fora apontado pelo genial florentino há oitocentos anos em sua Comédia. O Brasil, advirta-se, nem sonhava ainda em ser descoberto, vá lá a generosa imagem. 

Nos discursos de todos os candidatos a prefeito, em Belo Horizonte, para ficarmos num exemplo paroquial, os postulantes teimam, insistem, reiteram que pretendem "cuidar das pessoas" caso se elejam em outubro próximo.
Infantilizam assim os cidadãos num discurso vazio de significado. Quem cuida da gente são nossos pais e avós. 

Os dirigentes das cidades devem, isso sim, ser bons zeladores, como se fossem síndicos de um condomínio. Neste, os jardins (se houverem) precisam estar limpos e bem cuidados, bem como os corredores e outras áreas comuns. Não pode faltar água, nem luz, os elevadores deveriam funcionar, a portaria de entrada garantiria a segurança dos moradores e as principais decisões de interesse comum só seriam tomadas depois de submetidas a apreciação de assembleia dos condôminos. 

Soaria ridículo se um síndico qualquer alardeasse para os moradores estar "cuidando" deles como pessoas. Bullshit (bosta seca, literalmente), diriam os americanos com sua indisfarçável franqueza: conversa mole, conversa fiada, mentira, enganação em bom português.

Exemplo concreto pode ser visto nas calçadas por onde andamos pela cidade. Irregulares, maltratadas, esburacadas, atulhadas de lixo e de obstáculos permanentes trazem para os cidadãos uma imagem antecipada dos caminhos do inferno. Aos idosos, grávidas, cegos, obesos e cadeirantes só lhes resta disputar com os veículos motorizados um espaçozinho nas pistas de rolamento para eventual locomoção. É um insulto à inteligência ouvir as falas dos futuros prefeitos referindo-se à dita "mobilidade urbana". 

Entendem por isso, em geral, não mais que uma preocupação em asfaltar as ruas e avenidas, além dos horrendos viadutos que erguem pela cidade, isto quando as obras não desabam, conforme já se viu em inúmeros lugares. Esquecem-se os atuais e futuros prefeitos de que entre a moradia e o veículo de transporte coletivo há um percurso a fazer, não nas ruas, mas nos passeios. Da mesma forma como se dizia o poeta - a praça é do povo e o céu é do condor - nos dias que correm as ruas bem pavimentadas são dos veículos automotores, assim como os passeios intransitáveis são do povo.

Quem anda a pé sabe bem dos riscos que corre em sua vilegiatura. O passante, ou andarilho, move-se com um olhar atento voltado para o chão irregular e  para os gatunos estacionados nas esquinas, punguistas à espreita das vítimas, aos magotes, para, ao menor vacilo, atacar o incauto roubando-lhe celulares, cordões de ouro, carteiras e outros objetos. Não é mais um olho no gato e o outro no peixe. Agora é um olho nos buracos e o outro nos ladrões.

Um terceiro olho seria requerido para vigiar os pavorosos automóveis, ônibus e caminhões que circulam ameaçadores, em alta velocidade, fazendo da vida do pedestre indefeso algo tão sem valor quanto um papel de bala jogado ao chão.

Prefeitos, o povo não precisa de cuidadores. Quem necessita de cuidados são as vias públicas - ruas e passeios - além das instalações, equipamentos e servidores qualificados para atender às justas demandas que fazem os cidadãos.      

Itália

O terremoto que assolou a Itália não foi o primeiro nem será o último. O povo italiano, no entanto, saberá se safar das trágicas consequências do novo acidente geológico, da mesma maneira que já o fez anteriormente. O Brasil tem uma dívida histórica com a Itália. Uma grata dívida, diga-se de passagem. Não seríamos o que somos sem a presença dos italianos na conformação da pátria brasileira. Neste momento em que centenas de pessoas morreram, ou ficaram ao desabrigo, nosso país deve prestar a mais intensa solidariedade às vítimas daquele incidente. Que o Eterno as acolha e proteja. 

domingo, 21 de agosto de 2016

Qualificação da mão de obra e contratação de pessoas com deficiência (Cláudio Sampaio, no Estadão)


A falta de qualificação de mão de obra é um grande impasse para a absorção de pessoas com deficiência pelo mercado de trabalho, falhando o Estado ao não promover políticas eficientes de qualificação desse segmento. A capacitação ainda é tímida e inadequada, especialmente se considerarmos que mais de 15% de nossa população tem algum tipo de deficiência.

Nesse passo, apesar de entidades filantrópicas se disporem a atender essa demanda, possuem consideráveis limitações orçamentárias e nem sempre estão alinhadas com as necessidades do mercado.

Boa parte das empresas oferece vagas estritamente nos setores administrativo e operacional. Isso decorre, em alguns casos, da natureza da atividade, pois na construção civil, por exemplo, seria arriscado colocar pessoas com deficiência atuando em regiões perigosas do canteiro de obra, incluindo andaimes.

Todavia, este fato não se revela decisivo para a ociosidade de vagas destinadas ao preenchimento das cotas previstas no artigo 93 da Lei nº 8.213/91, pois se as pessoas com deficiência forem treinadas de modo adequado, precipuamente pelo Estado, e encontrarem um ambiente acessível, com confiança no desenvolvimento de seus potenciais, não terão problemas em exercer funções úteis dentro das empresas.

Uma forma de promover a acessibilidade, ainda incipiente em alguns estabelecimentos e escritórios, é investir no ambiente laboral e na sua ergonomia, promovendo, por exemplo, adaptações para receber esses funcionários e torná-los efetivos no cotidiano.

As empresas que contratarem essa mão de obra especial, além de cumprir a lei, ganham maior simpatia da sociedade e de seus clientes. A responsabilidade social e trabalhista, além de ser uma demonstração de espírito humanista, tem trazido, conforme atestam vários indicadores, crescentes prestígio e visibilidade às marcas das empresas comprometidas com a inclusão.

Desta forma, a iniciativa privada tem avançado nesse sentido e não há utopia em esperar uma inclusão crescente das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, desde que o Estado invista de modo maciço na educação e na qualificação dos detentores das mais diversas limitações.

Por fim, convém refletir sobre outros fatores que contribuem para o não preenchimento integral das cotas disponíveis, como a acessibilidade urbana, a qual ainda é ruim, em muitas cidades, para as pessoas com necessidades especiais, desestimulando-as a sair de suas casas com frequência.

Ademais, muitas vezes essas pessoas não detêm apoio de suas famílias, temerosas dos desafios do mundo externo, ou não se sentem qualificadas para enfrentar o mercado de trabalho, enquanto outras preferem receber benefícios estatais sem sujeitar-se aos desafios do cotidiano empregatício.

Assim, se aliado ao claro interesse dos empresários na mencionada inclusão, o Estado assumir, finalmente, sua responsabilidade pela educação adequada, acessibilidade ampla, nas vias públicas e no transporte coletivo, e pela capacitação profissional em larga escala, das pessoas com deficiência, teremos sim um decisivo crescimento da cidadania e da justiça social. Não pode o Estado simplesmente transferir suas responsabilidades mais básicas para o setor privado.

A crise que assolou o País nos últimos anos fechou muitas empresas e diminuiu a disponibilidade de postos de trabalho, o que, sem dúvida, impactou, proporcionalmente, as vagas disponíveis para as pessoas com deficiência. Contudo, há expectativa de superação deste momento delicado, face à qualificada gestão atual da área econômica, não havendo motivo para que se adiem a adoção de efetivas medidas de qualificação, acessibilidade e apoio a este importante segmento de nossa população.

* Cláudio Sampaio é sócio-fundador do escritório Sampaio Pinto & Advogados e Presidente da ABRAMI (Associação Brasiliense dos Advogados do Mercado Imobiliário).

O pacifismo de Stefan Zweig (Celso Lafer, no Estadão)

 


Em agosto de 1936, em sua consagradora primeira vinda ao Brasil, o escritor Stefan Zweig pronunciou no Rio conferência de larga repercussão sobre a Unidade Espiritual do Mundo. Não foi um trabalho improvisado: insere-se coerentemente na conhecida e destacada trajetória da militância pacifista de Zweig, afirmada na Europa da 1.ª Guerra Mundial. A conferência será publicada pela Casa Stefan Zweig de Petrópolis (cidade que foi sua última morada), cuja existência tanto deve a Alberto Dines, o grande estudioso da vida e da obra do escritor austríaco.

O movimento pacifista foi propulsionado pela ideia da efetivação da paz, valor que se contrapôs à tradicional glorificação de guerra, de que é exemplo a afirmação de Hegel na sua Filosofia do Direito, em que, contrapondo-se a Kant, assevera que a guerra assegura a saúde moral dos povos, que se veria afetada pela estagnação de uma paz perpétua, do mesmo modo como os ventos protegem o mar da podridão inerente às águas paradas. Organizado a partir do século 19 no âmbito da sociedade civil europeia o movimento pacifista foi uma reação aos horrores e males da guerra que atingem e afetam as pessoas.

Foram os sofrimentos da Guerra da Crimeia que levaram, com o relato de Henri Dunant e por sua ação, à criação, em 1863, da Cruz Vermelha. A percepção dos males da guerra incentivou, no plano jurídico, a realização das Conferências Internacionais da Paz em 1899 e 1907, em Haia. E impulsionou sua visualização nas artes plásticas.

Nesse âmbito, cabe evocar a obra de Otto Dix, que com a força do expressionismo reagiu aos desastres humanos provocados pela 1.ª Guerra Mundial. Estes, como se vê no olhar de Dix, foram magnificados pela surpresa, tanto estratégica quanto moral, proveniente do emprego militar dos avanços do conhecimento e da tecnologia.

Dessa surpresa Zweig se dá conta. Lamenta, na conferência, que a esperança no progresso da ciência como caminho unificador e salvador da humanidade tenha sido posta em questão, pois ela foi utilizada para despejar venenos e bombas sobre pessoas indefesas.

Zweig sabia que o meio de expressão do escritor não é o de um pintor como Dix. Por isso em sua conferência se valeu de seus instrumentos, os de um escritor com identidade própria. Encontrou assim o caminho apontado pelo padre Antônio Vieira no Sermão da Sexagésima: “O pregador há de pregar o seu e não o alheio. (...) Pregador que peleja com as armas alheias, não hajais medo que derrube gigante”.

Na peleja contra o gigante do belicismo, Zweig, para lidar com uma atmosfera envenenada por desconfiança, desarmonia e medo, recorre à alegoria bíblica da Torre de Babel, que aponta para a incompreensão como base do conflito na Terra. Babel é a grande e originária alegoria da pluralidade dos discursos e das dificuldades da comunicação entre povos e culturas. Mas, como lembra Paul Ricoeur, tradutores sempre existiram desde tempos imemoriais. A capacidade de traduzir é o fio de Ariadne que conduz o homem para fora do labirinto da incomunicabilidade. A tradução torna possível o diálogo entre culturas e a aproximação entre povos, como caminho para a paz.

É pela compreensão por meio da afirmação da unidade da cultura que Zweig vai articular o seu pacifismo. Para essa articulação estava muito bem aparelhado porque ele foi, como observou Anatol Rosenfeld, um intelectual mediador. Seguiu nessa vocação mediadora uma dimensão relevante da Europa da Cultura, no âmbito da qual, para Bobbio, “a política divide, a cultura une”, pois “a cultura é, por sua própria natureza, universal”.

Bobbio propôs uma esclarecedora tipologia das modalidades de um pacifismo ativo que ajuda a compreender as características da posição de Zweig. Observa que o pacifismo ativo pode estar voltado para os meios de evitar a guerra. É o que acontece com a busca da solução pacífica de conflitos e o desarmamento, temas das conferências de Haia. É opacifismo instrumental. Pode estar voltado para a criação de instituições que contenham o arbítrio instigador da guerra dos Estados e ensejam a paz pelo Direito. É o pacifismo institucional, de que são exemplos a Liga das Nações e a ONU.

O pacifismo ativo pode empenhar-se na lida com a conduta dos que criam as instituições e empregam ou não os meios violentos. É o pacifismo de fins, que anima os que se dedicam a promover a cultura da paz como ação pedagógica que, pelo vigor da persuasão, se empenha em instilar os méritos do seu valor.

A conferência de Zweig é um grande exemplo de pacifismo de fins. Ela mostra que se no desenvolvimento da humanidade existem terríveis retrocessos e recaídas, nunca se rompe totalmente o fio da ascensão humana. Cabe “aos donos da palavra”, os intelectuais, não duvidar da força da razão, mesmo em época em que ela se vê combalida. Não são, como ele diz no fecho da conferência, “as línguas e as montanhas e os mares que separam as pessoas, mas seus preconceitos e sua desconfiança”.

O tema recorrente de sua exposição é o de traduzir e mediar para superar o labirinto da incomunicabilidade, afirmando pela força da palavra sua confiança no potencial de um entendimento entre os povos e a cultura. “A livre admiração de valores estrangeiros não diminui a força criativa da alma.” É um antídoto ao nacionalismo de orgulho e de prepotência, propiciador da névoa tóxica da desconfiança.

As névoas tóxicas da desconfiança, da intolerância dos fundamentalismos e da violência permeiam, com suas sombras, o mundo contemporâneo. Daí a atualidade da conferência. Com efeito, como Bobbio observou, estamos num momento em que “a violência talvez tenha deixado definitivamente de ser a parteira da história e está se tornando cada vez mais o seu coveiro”. Nesse contexto, na voz de Bobbio evocando Herzen, a inteligência “pressiona terrivelmente” a tomada de posição. A conferência de Zweig responde, com talento e firmeza moral, a essa válida pressão da inteligência.