quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Os bonzos do lulismo


Bonzos era a denominação dada por Thomas Mann aos sicários e aos amarra-cachorros de Hitler no período nazista. Faziam rápida e alegremente tudo que seu líder mandasse. Se necessário, dariam por ele até a própria vida, caninamente. Não perderiam, se a tivessem, a oportunidade de encharcar as roupas de gasolina; depois, um pau de fósforo liquidava o assunto. Tal qual fanáticos mais contemporâneos, não temiam a extinção nem a dor. Chegavam a ver nela - a morte - algo de grandioso e de libertador. Por uma questão de lógica elementar, se não respeitavam a própria vida, por qual razão iriam respeitar a vida alheia? Eis aí o fundamento das práticas genocidas que gente daquela espécie cultivou na Europa, e ainda cultiva, hoje em dia, em diferentes partes do mundo. 

Pois bem, os bonzos do lulismo começam a mostrar suas faces. Com o apoio destemido de grupos religiosos católicos, meia dúzia de fanáticos se postou à frente do Supremo Tribunal Federal para fazerem uma pública greve de fome. Tal pelotão foi escolhidos a dedo. Os chefes, ao que parece, selecionaram somente aqueles que pesassem algumas boas arrobas, com muita banha para queimar, conforme se pode deduzir pelas imagens divulgadas. 

E qual é a  motivação para tão extravagante conduta? Simples: obrigar o STF a libertar um delinquente comum, que se encontra recolhido em Curitiba, nas dependências da Polícia Federal, de maneira a permitir-lhe participar das próximas eleições presidenciais. Por óbvio, o prisioneiro não caiu dos céus na jaula que ocupa, acidentalmente. Ao contrário, entrou em cana após a descoberta de inumeráveis crimes por ele cometidos, julgados por juízos competentes em duas instâncias judiciais.  Há outros processos em curso, não custa relembrar.

Incapaz de fazer um mísero sacrifício que implique algum custo pessoal, o dono do partido dos bonzos orientou seus acólitos no sentido de se sacrificarem por ele. Talvez tenha lido Veblen (dizem que ele se tornou leitor compulsivo), e aplicado alguma de suas ideias a seu favor (se há consumo vicário, por que não haveria uma greve de fome vicária?). Em síntese, não passa do velho esquema de fazer mesura com chapéu alheio. Há forma mais picaresca para a devida comparação, deixada aqui de lado em respeito aos bons costumes e às famílias brasileiras.