sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Mensagem de Jaime Lerner aos candidatos a prefeito (Cesar Maia)



1. Candidatos a prefeito precisam lembrar que "mobilidade é colocar moradia perto do trabalho e que só rua bonita, vibrante faz as pessoas querem caminhar", diz o arquiteto Jaime Lerner, 78, que governou Curitiba por três mandatos. "Ficamos construindo guetos para pobres nesse 'Minha casa, minha vida, meu fim de mundo', que depois custa uma fortuna levar infraestrutura tão longe, onde a dependência do carro é total".
        
2. Com o registro de elogios de colegas de profissão de Oscar Niemeyer a Paulo Mendes da Rocha e João Filgueiras Lima, o Lelé, ele deixa transparecer certo ressentimento por suas ideias terem vingado primeiro no exterior que em cidades brasileiras, como os corredores de ônibus. O ex-prefeito, fora da política partidária há 14 anos, admite que Curitiba "deixou de inovar há pelo menos uns dez anos" e que o sistema de transportes "piorou muito".
        
3. "Curitiba foi contra a corrente. Investimos em transporte público quando só se faziam obras viárias —o rodoviarismo até hoje manda no Brasil. As pessoas se curvam, se ajoelham para o ídolo de metal, que é o carro, o cigarro do futuro. Os corredores de ônibus levaram 40 anos para "pegar" no Brasil, só depois que Bogotá, Nova York e a China adotaram. Soluções simples, que não envolvem muito dinheiro, não fazem muito sucesso por aqui."
        
4. "Inovar é começar. Melhor trabalhar rápido e mostrar resultados que gastar muito tempo com teorias. Fizemos o primeiro calçadão do Brasil em 72 horas. As pessoas tinham que ver e sentir o resultado, explicação nenhuma funcionaria como a demonstração na prática. Defendo obras rápidas e simples."
        
5. "Morar mais perto do trabalho é o grande desafio da mobilidade. Ficamos gastando bilhões com o "Minha casa, minha vida, meu fim do mundo". É um retrocesso. Continuamos a criar guetos distantes, que só são alcançados por carro. São Paulo tem 25 m² para um carro em casa, 25 m² para estacionar no trabalho. Se vocês têm 5 milhões de espaços para os carros paulistanos, vocês poderiam ter 2,5 milhões de moradias ou escritórios no lugar. A cidade nem precisaria ter periferia com essa troca."
        
6. "O mercado imobiliário coloca nomes europeus em tudo quanto é edifício, mas faz o oposto da cidade europeia. Em Paris, você pode morar em um apartamento de 20 m², um antigo quarto de empregada adaptado, mas terá uma cidade linda para desfrutar. Aqui a gente tenta trazer a cidade para o prédio, o espaço de brincar, de comer, gourmet, tudo apertado com muro alto. Sobra pouco para uma cidade diversa além-muros. A rua tem que ser vibrante, viva, para as pessoas terem vontade de usar."
        
7. "Prefeitos não devem se assustar com falta de dinheiro. Fizemos parques com tubos e postes de madeira que compramos das empresas de telefonia e energia e reciclamos. Dinheiro demais atrapalha. Disse pro [arquiteto] Richard Rogers quando visitou Curitiba, "talvez você não goste da arquitetura, mas vai gostar dos espaços públicos". Prefiro a ecoarquitetura que a egoarquitetura."
       
8. "Nossa grande campanha de reciclagem do lixo começou em 1989. Começamos pelas escolas, todas as crianças foram ensinadas a separar o lixo. Não achávamos que reciclagem era apenas para bairro rico. Toda favela no Brasil é em morro ou fundo de vale. Não tinha coleta, e esse lixo polui os córregos onde as crianças brincam. Decidimos comprar o lixo da população, trocando por vales transporte. É mais caro despoluir depois."
        
9. "Gostei muito mais de ser prefeito que governador. Está mais perto do fazer, há resultados mais concretos. Como governador, você depende mais da política econômica do país e tive que sofrer o ajuste da primeira vez que a Lei de Responsabilidade Fiscal foi implementada. Ser prefeito é sentir a sociedade antes. É ter equipes de artistas, de intelectuais, de gente que se adiante, não apenas fique reagindo. É ter senso de humor, as pessoas precisam querer trabalhar com você."
        
10. "Até prefeitos sensíveis, com boas intenções, não conseguem ter equipes com a qualificação necessária porque precisam governar em coalizão. Aceitam indicados de outros partidos que não têm a menor ideia. Quando criamos o IPPUC [Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba], queríamos ter um corpo técnico cuidando do urbanismo, com continuidade. Poucas cidades do Brasil fizeram algo parecido."

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Kalil: contra tudo isso que está aí!



Uma das características mais persistente do petismo é sua oposição radical a “tudo isso que está aí”. Essa é a expressão síntese da chamada cultura do repúdio, a qual marca indelevelmente os adeptos e simpatizantes do PT. Pode-se ainda incluir nesse bloco os miúdos agrupamentos que gravitam em torno daquele partido, como a REDE (de Marina Silva), o PC do B, o PSOL, o PSTU e outras frações mais minoritárias ainda, tipo PCO e PCB.

Com sua desfaçatez habitual, o petismo percebeu que em cidades como Belo Horizonte, marcada por um forte sentimento oposicionista, uma candidatura a prefeito pelo PT estaria condenada a naufragar. As manifestações dos últimos anos, quando a classe média rebelada foi para as ruas questionar especialmente Lula, Dilma e o PT dão a conhecer a dimensão profunda de tal sentimento de rejeição. É bom recordar que apesar de Dilma ter vencido as eleições de 2014 em Minas Gerais, ela não ganhou em Belo Horizonte.

Se os fatos vêm ratificando dia após dia o conceito geral sobre a podridão e canalhice das hostes petistas, não é menos verdade que a quadrilha chefiada por Lula é profissional e imaginosa nas artes da política. Veja-se que Patrus Ananias, deputado federal, ex-ministro de Lula e Dilma além de ex-prefeito da capital mineira, seria indubitavelmente o melhor nome do PT para a disputa em outubro. Com seu jeitão sonso de sacristão aposentado, Patrus ainda mantém imagem de pessoa honesta e respeitável em Belo Horizonte, apesar de vaias recebidas recentemente em lugares públicos. Recusou, no entanto, ir para a disputa, desconfiado e matreiro que é. Ele sabe que a batata do PT está quase assada.

Alguém, entretanto, tinha que ir para o sacrifício. Arrumaram, então, um obscuro parlamentar do PT (um tal Reginaldo Lopes), para encabeçar a chapa majoritária, secundado por uma esquisita deputada do PC do B (uma tal Jô Morais), reavivando o velho pacto, da legenda principal com sua subserviente e histórica sublegenda, num dueto medonho sob todos os aspectos. Isso foi o máximo que conseguiram agrupar para apresentar aos moradores de Belo Horizonte. A fragilidade eleitoral da pavorosa dupla pode ser aferida pelas pesquisas que são divulgadas periodicamente; não ultrapassam os 3% da preferência entre os consultados. É uma proporção digna de candidatos a vereador. 

Ficou, pois, uma dúvida ou interrogação. Para quem, ou para onde, irão os votos dos petistas e dos comunistas do Brasil, que os há em Belo Horizonte, apesar de minoritários? Qual candidato mais se assemelha àqueles que, antigamente, viviam a bradar que são “contra tudo isso que está aí?”

A resposta é simples e surpreendente. Da mesma maneira que a luva deve se ajustar à mão, o petismo desamparado, o marinismo da nova política e os verdes lançaram um nome que capturasse aquele antigo eleitor do PT: os revoltados contra a situação em geral, os que fazem restrições à política e aos políticos (da mesma maneira que o fizeram Collor, o caçador de marajás, e Dilma, a supergerente, aquela que fazia e acontecia). 

Dilma e Collor nunca se davam ao desfrute de dar confiança aos políticos tradicionais, que sempre desprezaram, preferindo ficar nos seus conchavos corruptores com meia dúzia de apaniguados. Acharam Kalil disponível (empreiteiro de férias, imagine-se o non sense), fazendo dupla com um vice-prefeito provindo da Rede, de Marina Silva, a porta voz de uma pretensa "nova política" que, aliás, ainda não deu as caras em Belo Horizonte.  

Kalil se apresenta bancando o “gerentão”, pondo e dispondo, no seu peculiar estilo “deixa que eu chuto”, como se uma prefeitura complexa igual a de Belo Horizonte fosse um clube de futebol dirigido a golpes e gritos. Seu bordão, repetido à exaustão, é "chega de político, agora é Kalil". O petismo envergonhado não teve dúvidas. Saindo dos subterrâneos da ação política vai encaminhando para Kalil suas intenções de voto, tudo sob as bênçãos discretas do governador Pimentel. 

Kalil só não obterá êxito se for mostrado ao povo de Belo Horizonte seus vínculos com Collor e Dilma. Os três, por sinal, pensam de forma semelhante. Por isso seus gestos igualmente similares. Kalil é uma espécie de Dilma menos analfabetizado. Herdou de Collor o histrionismo, as caretas e o raciocínio raso. Resulta, enfim, nessa peculiar disputa mineira um híbrido de empreiteiro com ecochatos, configurando um novo avatar. Só pela magia tal absurdo poderá se viabilizar concretamente. 



quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Lula, o PT, Pimentel, Kalil e as eleições em Belo Horizonte


A Operação Lava Jato apontou há pouco alguns dos crimes cometidos por Lula da Silva e outros membros da sua quadrilha. Caída a máscara do principal gatuno, os olhos se voltam para as implicações eleitorais das denúncias. 

No caso de Belo Horizonte, a conseqüência mais imediata é a queda da máscara de Alexandre Kalil, o candidato oculto do PT e de Pimentel. O candidato oficial é o medíocre deputado petista Reginaldo Lopes, boi de piranha lançado para fazer de conta que o PT está na disputa. O verdadeiro candidato da moçada é o ex-presidente do Atlético mineiro, empreiteiro desbocado e exótico que surfa na rejeição generalizada do povo ao mundo da política. No embaralhado da disputa na capital mineira (com onze candidatos), a figura de Kalil se esconde atrás da confusão, camuflando sua verdadeira natureza.

Kalil pensa como Dilma e Lula e fala igual o Collor. Seu discurso da anti-política parece ter sido desenvolvido pela ex-presidente cassada. Aliás, Collor, igualmente cassado, também assim se manifestava, sempre contra o parlamento, os políticos e as lideranças tradicionais. Collor foi o caçador de marajás; Kalil é o caçador de políticos. Caso vença as eleições, Belo Horizonte pode se preparar para uma futura cassação, destino possível a boquirrotos e irresponsáveis do tipo Collor, Lula, Dilma e Kalil.   

O topo da cadeia (Dora Kramer)


Os investigadores da Operação Lava Jato podem não ter desvendado todos os meandros da corrupção nos governos de Luiz Inácio da Silva, mas demonstram por A mais B o que a lógica dos fatos já indicavam: Lula era o chefe da “organização criminosa”, cuja cúpula está parcialmente condenada ou presa. Era o que se sabia, mas que os procuradores mostram mediante provas de que Lula foi beneficiário direto de favores da empreiteira OAS, participante confessa do esquema de dinheiro público e pagamento de propinas que assolou a administração federal.
O Ministério Público não faz uso de meias palavras: faz acusações diretas ao ex-presidentes no tocante à prática da corrupção.

Imitações de vida (Dora Kramer)


O caro leitor e a prezada leitora podem reparar: Eduardo Cunha e os petistas de modo geral usam a mesma linguagem. Adotam métodos semelhantes e argumentos muito parecidos para justificar as respectivas descidas ao inferno depois de experimentarem as delícias do paraíso. A começar pela adoção do ataque como defesa, estratégia que, no caso deles, nem sempre se mostrou a melhor prática. 

Aqui desmentem o velho lema, mas, no conjunto das desastrosas obras, confirmam o ensinamento do dito segundo o qual quem almeja em excesso acaba perdendo tudo. Sendo o pecado original e deflagrador da derrocada, a perda de noção da realidade, atributo dos insensatos. 

Começam satisfeitos com a conquista do poder, logo se deixam embriagar por ele, em seguida se convencem da condição de onipotentes e em pouco tempo transformam-se em napoleões de hospício, dizendo qualquer coisa que lhes venha às cabeças, crentes de que são invencíveis a despeito das circunstâncias adversas criadas por eles em sua incapacidade de reconhecer o equívoco – quando lhes bate à porta ou quando já materializado na forma de péssimas consequências.

A culpa é sempre dos outros. Dos primeiros aos últimos escândalos de corrupção nos quase quatro governos do PT, Luiz Inácio da Silva e Dilma Rousseff nunca sabiam de nada daquilo que o País via exposto em denúncias, investigações, processos e condenações. A responsabilidade no início era de grupos isolados ou de “traidores” da confiança alheia.     

À medida que foi ficando impossível sustentar a alegação que colocava ambos na condição de presidentes néscios, a culpa passou a ser da perseguição dos adversários, da elite insatisfeita com a alegria dos pobres, da ingratidão dos agraciados. Da arbitrariedade da Suprema Corte de Justiça, dos excessos da Polícia Federal, da leviandade do Ministério Público, da maldade de Joaquim Barbosa, da pérfida vaidade do juiz Sérgio Moro, dos golpistas conspiradores, dos vingativos congressistas, do traiçoeiro vice-presidente Temer, de Cunha o anjo mau maior. 

Nada, nada mesmo a ver com a irresponsável e populista gastança, com a abertura dos cofres públicos e do aparelho de Estado à sanha de ladrões, com o menosprezo pelo contraditório, com a soberba petista no trato dos aliados como subordinados. Com a arrogância de Dilma na imposição de suas convicções erráticas, com a suposição de que popularidade e votos sirvam de salvo-conduto ao vale tudo. Com a cínica negativa de evidências, impertinência autodefinidos como heróis da resistência, com a compra de brigas erradas, as alianças espúrias e a recusa em ouvir os que aconselhavam na direção do acerto e eram mandados à companhia do agourento Velho do Restelo sem escusas pelo desrespeito a Camões.

Eduardo Cunha também quis cair atirando sem dispor de munição essencial: credibilidade. Anunciou a publicação de um livro “contando” tudo. José Dirceu fizera o mesmo e desistiu da empreitada. Antes da carreira de escritor, Cunha tem outras preocupações mais atinentes à residência onde Dirceu vive restrição de liberdade.

Tido e havido como poderoso incondicional e visto em sua imaginação como presidente da República, terminou na noite de segunda-feira dono de escassos 10 votos. Frutos de seus tropeços. Da mentira, do uso da Casa (por extensão dos colegas) como instrumento de seu desejo, da crença no lema “comigo ninguém pode”. Nem o Ministério Público a quem desafiou na pessoa de Rodrigo Janot nem a sociedade a quem pretendeu convencer da posição de perseguido político, herói do impeachment, vítima de um golpe. Tudo culpa do PT, da covardia eleitoral dos colegas, de uma urdidura do governo.


Há mais um traço de união entre Cunha e o PT, expresso em antigo dístico: são anjos de candura amarrados pela cintura.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Belo Horizonte e os empreiteiros


Carrapato vai longe no lombo do boi. De igual maneira fazem, ou faziam, os empreiteiros nas suas relações com os políticos. Tal feliz conjunção, no entanto, começou a enfrentar problemas. Sua maior expressão está no processo conhecido por petrolão. Turvou-se mais ainda o quadro com a proibição de financiamento empresarial das campanhas políticas. Os empreiteiros, entretanto, perceberam um ganho imprevisto: não precisavam mais de intermediários entre eles e os cofres públicos. Até pela inutilidade do relacionamento que acarretaria mais ônus que bônus. Veio, então, a pergunta: "por qual razão se sujeitar à escroquerie habitual dos políticos?"

A resposta caminhou em sábia direção, em retomada do conselho joanino a Pedro I: "bote a coroa na cabeça antes que outro aventureiro o faça". Solução óbvia tão evidente que ninguém perceberia, como não percebeu. Faz lembrar a "Carta Roubada", de Edgar Poe: a missiva estava ali, à vista dos olhos, tão evidentemente posta que ninguém a localizava. 

Alexandre Kalil é a "carta roubada" dos empreiteiros, em articulação com o governador Fernando Pimentel. Este lançou um candidato do PT à prefeitura da capital mineira para servir de boi de piranha ao ódio popular contra o PT, Lula, Dilma e cia. Enquanto isso, vai realizando o passa moleque fingindo que apoia um enquanto, por baixo dos panos, fomenta outro que quase repete o mantra já utilizado pelo governador em sua última campanha para prefeito: o "bom de serviço", bordão que Kalil endossa com outras palavras em seu estilo deixa que eu chuto. 

Os caciques, ao que parece, se dividiram: o senador Aécio apoia João Leite; o prefeito de BH Márcio Lacerda patrocina Délio Malheiros; e Pimentel, vai de quem? Kalil, o empreiteiro trapalhão, é claro. A solução Kalil agrada, e muito, o sindicato das empreiteiras e, principalmente, ao governador, figura altamente qualificada em negócios envolvendo a política, bastando conferir um de seus rolos mais notáveis embutidos na operação Acrônimo. 

Kalil repete em seu discurso antipolítica a mesma verve de Fernando Collor e Dilma, os dois cassados da república. Ambos devem ter sido eleitos, cada um a seu tempo, com o voto do histriônico Kalil. Sua eventual vitória prenuncia nuvens negras para Belo Horizonte.     

Juscelino Kubitschek


Se ainda vivo fosse, o presidente Juscelino, nascido em Diamantina, em 1902, estaria completando 114 anos hoje,12 de setembro de 2016.

Juscelino foi o melhor prefeito de Belo Horizonte, o mais destacado governador de Minas Gerais e o maior dos presidentes da república brasileira. Foi grande no nível micro, bem como no nível mais elevado da administração pública. Seu espírito de estadista não encontrou obstáculo para se manifestar em qualquer dos âmbitos permitidos pela política. 

Ainda recentemente sua grandiosa obra na capital mineira foi reconhecida pela UNESCO, tornando-a patrimônio da humanidade. 

No entanto, quando se vê os candidatos a prefeito de Belo Horizonte (nas atuais eleições, onde comparecem onze pretendentes), cansando a população da cidade, e não falando mais que abobrinhas pueris, a luz da memória faz resplandecer a visão de mundo do notável prefeito Juscelino.

Aliás, é bem possível que poucos dos candidatos sequer tenham ouvido falar do saudoso presidente JK. A linha de memória da maioria não vai além dos anos 80 do século passado. O tom das abordagens que fazem nos meios de comunicação parece aquele de candidatos a vereador em algum dos miseráveis grotões de Minas Gerais, que os há às centenas e para todos os gostos; o total alcança a inacreditável marca de 853 municípios. 

Numa síntese ligeira, todos estão a prometer casa, comida e transporte grátis. Dependendo do caso, adicionam ao cardápio a oferta de roupa lavada, passada e, até, engomada. A redundância discursiva provoca o efeito que as pesquisas indicam: os candidatos, após algumas semanas do início do pleito, permanecem com praticamente o mesmo capital eleitoral que tinham na largada, variando alguns pontos de percentagem para cima ou para baixo. 

Fato curioso é a constante declaração dos candidatos de pretenderem "cuidar" das pessoas. Ora, quem cuida da gente são nossos parentes. A prefeitura deve cuidar da cidade. A pretensão de transferir para o poder público responsabilidades familiares já deu no que deu em outras oportunidades. Exemplo recente está com dona Dilma - a expelida do Planalto - com sua totalitária ideia de ser a "mãe" do PAC. 

Quem tem pais não precisa, nem quer, ter u'a bruxa corrupta como mãe vicária. Getúlio, da mesma forma, era dado ao papel de "pai" dos pobres, deformação espiritual típica do fascismo periférico tardio, cujo exemplo mais eloquente está na Venezuela e seus sequazes bolivarianos. Lula, de todos, foi mais sabido. Com sua sagacidade de predador forjado no sindicalismo, contentou-se em ser não mais que o impudico e pervertido "amante" dos empreiteiros, e dos banqueiros, atuantes na praça.    

Motivos para privatizar a Petrobrás (O Antagonista)



Se Temer quer, mesmo, ser "mais" presidente, como declarou a O Globo, então pode começar livrando-se da Petrossauro. Aí vão cinco razões:

1. Ao contrário do que dizem, não gera riqueza para ninguém, além daqueles que se locupletam com as falcatruas. Em maio de 2008, a Petrobras valia R$ 510 bilhões – seu recorde. Hoje, após a revelação das ladroagens que carcomeram a estatal, está valendo R$ 183 bilhões. Sim, uma queda de 64%. Isso é “gerar valor”? Além disso, a Petrobras não tornou o Brasil auto-suficiente em petróleo, o seu objetivo principal.

2. A Petrobras não destrói a riqueza apenas dos investidores. Mesmo quem está fora da Bolsa (a grande maioria dos brasileiros) arca com os descalabros da estatal. Todos bancam os prejuízos e os sanguessugas que infestam a empresa por meio dos impostos, da sangria de recursos do Tesouro para cobrir seus rombos e do preço alto da gasolina, em momentos de queda do petróleo no mercado internacional.

3. A Petrobras tem uma gestão totalmente inepta, fruto de décadas como cabide de emprego para aspones de políticos. Segundo relatório da Mckinsey, os projetos de construção de plataformas FPSO da estatal demoram 68% mais que a média global para concretizar-se Pior: nem esse prazo incompetentemente maior é cumprido. Na média, o atraso na entrega é de 12 meses. Pior: os custos de produção são 350% maiores.

4. A desculpa era de que os atrasos fazem parte do aprendizado da indústria local, que precisa desenvolver tecnologia para atender aos percentuais de conteúdo nacional. Mentira: como se viu na Lava Jato, a ideia é mesmo restringir o mercado aos amigos da corrupção. A Embraer é uma empresa competitiva internacionalmente, porque incorpora em seus projetos o que há de mais moderno em tecnologia no mundo, e não porque fica reinventando a roda juntamente com parceiros que só querem uma boquinha.

5. A Petrobras não gera tecnologia como as petrolíferas privadas. A estatal tem 1.515 pedidos de patentes. A Shell, mais de 16 mil.