sábado, 12 de dezembro de 2015

Lula e sua obra





Isso aí acima não é nenhum canal da superfície de Marte ou da Lua. É a imagem de um dos canais de transposição do Rio São Francisco. Conforme se vê, essa gente que governa o Brasil não só rouba o dinheiro do povo (o japonês da Federal prendeu há pouco outro bando de empreiteiros), como também é de incompetência assombrosa. Ademar de Barros roubava, mas fazia. A turma do petrolão, ao contrário, só rouba.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Breguice e corrupção: mistura explosiva



Quadrilha dançando quadrilha

Bingo!


Um passeio superficial sobre as listas de autores dos manifestos de intelectuais, professores, artistas e assemelhados notará uma constante: são todos eles comensais dos cofres públicos. Não há um dos ditos artistas que não tenha patrocínio, ou que não esteja à procura de um, como se fossem sanguessugas famintas tentando esvaziar um cadáver moribundo.

O impeachment de Dilma trará um benefício suplementar: obrigará muitos preguiçosos que não trabalham a trabalhar, coisa que não fazem hoje, ou que só fizeram muitos anos atrás, ao contrário do que acontece com os cidadãos comuns de todo o Brasil. O país ficará livre de um vasto agregado de movimentos disso e daquilo, dos sem vergonha, dos sem pudor e dos sem educação. 

Haverá um incremento da riqueza nacional quando figuras públicas sem calos nas mãos, e que se dizem representantes de massas camponesas, começarem a pegar no batente para ganhar o pão de cada dia. Esses que passam os dias planejando alguma treta, alguma sinecura ou alguma passeata em horário de expediente passarão, doravante, a se preocupar com o estudo, com o trabalho e com o respeito ao erário.   

O impeachment de Dilma vai, portanto, enriquecer o país e o próprio Estado, na medida em que este deixar de ser esvaziado por um sem número de parasitas. Os próprios benefícios devidos àqueles mais desamparados poderão ser fortalecidos em prol da justiça social e da democracia.    

Fachin, o platônico


O ministro do STF, Luiz Fachin, recém chegado a seu cargo, aliás obtido através de votação secreta no Senado Federal, já coloca suas manguinhas de fora. Julgando-se a reencarnação do rei filósofo da República de Platão, o magistrado novato quer pautar o Congresso e os próprios pares do Supremo. Não se sabe, aliás, por qual estranha razão um cidadão, no exercício de qualquer cargo no Poder Judiciário, não estaria submetido ao período de experiência, tal como ocorre com qualquer um dos mortais devotados ao serviço público. 

Se o novato quer dar palpite sobre critérios para o impeachment de autoridades do poder Executivo, bem poderia ele propor uma inovação democrática que transferiria para o povo a responsabilidade da decisão final, quer através de um referendum ou através de um plebiscito. Fala-se tanto em nome do povo mas ninguém parece se lembrar dele na hora mais importante do processo político. As tecnologias estão aí disponíveis. Até lambões do TSE não teriam dificuldades de, no intervalo de um mês, organizarem uma consulta plebiscitária com um pergunta simples: "você é a favor ou contra o impeachment de dona Dilma?"

Pensar no povo não é o que se vê a cada dia que passa, na conduta de petistas, cutistas e outros bárbaros periféricos. Bando de pelegos desocupados invadem as principais avenidas das  cidades para, com a desculpa de estarem denunciando um suposto "golpe" contra a atual presidente, praticarem a mais sórdida vingança contra a população, infernizando sua vida no horário de expediente e de volta para casa, pelo fato deste cidadão hostilizado estar a defender que aquela dama seja afastada do cargo. 

E a ala dos juristas black blocs? Para eles é até mais fácil do que para seus homônimos mais jovens, pois que vivem cobertos pelo horrendo manto negro, lembrando agourentas aves de rapina. Falam eles em nome de quem? Quem lhes deu o poder de representar a população ou parte dela? Se estivessem em sintonia como o povo, mesmo que exercitando uma representação presumida, deveriam estar atentos à voz das ruas, vocalizada pelos milhões de patriotas que marcharam contra o atual governo, pelas razões que dá até preguiça de repetir.

E o manifesto dos artistas, professores e intelectuais? Esqueceram-se dos versos de Milton Nascimento: "todo artista deve ir aonde o povo está"? Estarão mentindo as pesquisas publicadas pelo IBOPE ou pelo DATAFOLHA e outros? Estarão os defensores do impeachment manipulando as informações divulgadas. Por que não é mais publicada nenhuma pesquisa patrocinada pelo governista instituto Vox Populi? É verdade que a tradição dos intelectuais chapa-branca é poderosa no Brasil. Mas também é respeitável a ala daqueles que não se vendem por um prato de lentilhas. 

Vamos lá, artistas, juristas e professores. Vamos lá, ministro Fachin. Vamos lá: defendamos o plebiscito para que o povo, o titular da soberania nacional se expresse respondendo simples pergunta sobre ser a favor ou contra o impeachment de dona Dilma. Uma semana de campanha com 20 minutos para cada um dos defensores das duas opções e em poucas semanas o Brasil seria outro.   

Por que não um plebiscito?


Um dia após Cunha dar início ao processo de impeachment de Dilma, Carlos Lupi disse ao G1 que o presidente da Câmara não tem legitimidade, por ser investigado na Operação Lava Jato. Lupi fez tais considerações acompanhado por ninguém menos que Ciro Gomes, o trânsfuga habitual, que reproduziu a mesma cantilena mentirosa contra Eduardo Cunha, atribuindo a este um poder que ele não tem. 

Tratar do impeachment da madame como se fora um repeteco da luta do Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro é pura empulhação. Até pela singela razão de que se há um dragão nessa história, não é Cunha sua encarnação. 

O presidente da Câmara não é o autor do pedido de impeachment de Dilma. Em nome da verdade política, ao menos, o autor de fato é o Povo Brasileiro. As pesquisas assim o demonstram. Por qual razão nenhum governista defendeu um plebiscito, ou um referendum, para pacificar a crise? Ah se deixassem o povo falar! 

Cunha, tão somente, cumpriu o papel ritual preconizado para o eventual presidente da Câmara de Deputados pela Constituição, de decidir sobre a admissibilidade inicial do pedido; em seguida, transferiu para o corpo parlamentar a responsabilidade da apreciação final, antes do julgamento definitivo, encargo constitucional do Senado da República, sob a regência do presidente do STF.


Se denúncias envolvendo corrupção fossem critério para deslegitimar a participação política de quem quer que seja, Lupi já estaria fora da política e do PDT há muito tempo. O próprio Ciro Gomes não escaparia. Afinal, não recebeu ele dinheiro do mensalão para financiar sua campanha? A lista elaborada por Marcos Valério, referente a pagamentos e doações para a campanha presidencial de 2002, nunca foi desmentida por Ciro. Seu tesoureiro, é bom lembrar, era Márcio Lacerda, atual prefeito de Belo Horizonte. As informações são públicas e estão disponíveis na internet. Quem quiser conferir não terá maiores dificuldades em fazê-lo. 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Nordeste está salvo: PT faz chover dinheiro


O petismo é mesmo surpreendente. A cada dia que passa a turma faz alguma mágica ou implausível inovação. A última foi fazer chover... dinheiro. Para quem não acredita, basta acessar o link abaixo:

PT faz chover dinheiro


É simplesmente sensacional! Como virou norma acontecer, um japonês da Polícia Federal simplesmente entrou numa empresa pública presidida por notório petista, fato ocorrido em Recife há dias. O japonês seguiu apenas a velha prática de dar uma enxadada em terreno propício: a cada uma, um monte de minhocas. Dito e feito. Com a chegada da Federal, no entanto, o suspeito não teve dúvidas: jogou o dinheiro pela janela. Maços de notas de R$50,00 ficaram espalhados pela calçada. 

Inacreditável? Não, tudo como dantes no quartel de Abrantes. Essa gente não bate bem da bola. Deve ter enlouquecido. Alguém consegue imaginar, um chefe de família chegando em casa com um punhado de sacolas cheias de dinheiro? Que explicação ele dá para a patroa e para os filhos? Depois não querem que se fale de impeachment. O impedimento não atingirá somente dona Dilma. Alcançará toda uma vasta teia de cumplicidades. Similar à situação descrita pelo ministro Gilmar Mendes: puxa-se uma pena, e vem uma galinha; puxa-se uma galinha e vem o galinheiro todo. 

É uma legião demoníaca. 

O erro de Olavo de Carvalho sobre imigração (Leandro Narloch)



Olavo de Carvalho me chamou de idiota. Olavo de Carvalho me chamou de idiota! Fico feliz porque assim entro na lista de ilustres amigos liberais que já receberam as mesmas palavras de afeto do filósofo.

O motivo de Olavo ter me chamado de idiota é, de novo, o post  em que critico o deputado Bolsonaro por chamar haitianos, sírios e bolivianos de escória. Afirmo no artigo que os imigrantes europeus do século 19 eram tão escória quanto haitianos hoje – e, apesar disso, prosperaram.

Olavo afirma que estou raciocinando a partir de similitude de palavras (imigrante = escória). “Acontece”, diz ele, “que os japoneses, italianos e alemães nunca foram chamados como escória; ao contrário, eles foram chamados porque vinham elevar o nível técnico da nossa população.”

Não é verdade. Ou melhor: a afirmação de Olavo vale para os alemães, talvez também para os italianos do norte (e aqui eu admito o descuido ao afirmar que os alemães eram considerados escória).
Mas a afirmação não vale para todos os outros povos que imigraram ao Brasil:  japoneses, italianos do sul, poloneses, ucranianos, quase todos famintos, miseráveis e discriminados quando chegaram aqui.

Os japoneses, que para Olavo de Carvalho também foram chamados ao Brasil “para elevar o nível técnico da população”, são um belo exemplo. Oliveira Vianna dizia que “o japonês é como enxofre: insolúvel”. A revista O Malho publicava charges ridicularizando os imigrantes japoneses. “O governo de São Paulo é teimoso. Após o insucesso da primeira imigração japonesa, contratou 3.000 amarelos”, diz uma charge de 1908. “Teima pois em dotar o Brasil com uma raça diametralmente oposta à nossa”.

Nos debates da Assembleia Constituinte de 1946, a expressão “aborígenes nipões” é frequente. Por muito pouco os deputados não aprovaram a emenda 3.165, que proibia “a entrada no país de imigrantes japoneses de qualquer idade e de qualquer procedência”. A emenda teve apoio de Luís Carlos Prestes e os demais deputados comunistas.

Vejam só que informação deliciosa: quando o assunto é proibir a entrada de povos considerados escória, Olavo de Carvalho e Luís Carlos Prestes se aproximam. Quem diria.

Os poloneses também eram chamados de escória nas suas primeiras décadas no Brasil. Sei disso por experiência da minha própria família. Cresci entre descendentes de Novacoskis e Bonaroskis, mas não havia na minha casa nada da cultura polonesa. 

O motivo é a vergonha. Minha mãe e suas primas “polacas” morriam de vergonha de serem polonesas. Para evitar serem confundidas com prostitutas, escondiam a origem a qualquer custo – e fingiam ser alemães. Poloneses, dizia-se na época em Curitiba, num duplo preconceito, eram “pretos do avesso”. Casavam com empregadas domésticas e morriam de cirrose. Hoje esses “pretos do avesso”, esses integrantes da escória estão mais ricos que a média da população.

Entre os italianos, havia preconceito mesmo entre os próprios imigrantes. Gente do norte da Itália não se misturava com os do sul. No interior de São Paulo, chamar alguém de “calabrês” era uma ofensa.

Quem passar os olhos pelo Guia Prático da Cidade de São Paulo, editado entre 1906 e 1934, verá diversos anúncios de italianos padeiros, alfaiates, donos de lojas de sapatos – mas nenhum de engenheiros, advogados ou médicos. Entre os operários italianos do Bom Retiro, em São Paulo, 70% eram analfabetos. Não me parece que a maior parte desses imigrantes tinha um “elevado nível técnico”, como sugere Olavo.

Se brasileiros do século 19 tivessem ouvido discursos contra a imigração como os de Bolsonaro e Olavo de Carvalho, não teríamos no Brasil toda a prosperidade criada por japoneses, poloneses, ucranianos e italianos meridionais.

Olavo de Carvalho toma uma parte do que eu digo (sobre os alemães) para escapar da refutação à minha afirmação central: em muitos países e épocas, imigrantes imundos, famintos e discriminados cresceram pela cultura de trabalho, e décadas depois já eram mais ricos que a média da população.

Há muitos exemplos assim – o livro Race and economics: how much can be blamed on discrimination, do economista Walter Williams, enumera casos em diversos países. Sikhs e judeus eram os dois povos mais pobres de Londres no século 19 (e, acredito que aqui o filósofo concordará comigo, também os mais discriminados). Hoje são as duas etnias mais ricas da cidade.

Em Nova York, empresas incluíam nos anúncios de empregos a sigla N.I.N.A (No Irish Need Apply, “irlandeses não precisam se candidatar”). Na Califórnia, houve leis proibindo o direito de japoneses e chineses possuírem terras. Hoje os americanos descendentes de irlandeses, japoneses ou chineses têm mais dinheiro que o americano comum.

Ao se voltar contra os imigrantes só porque o PT os apoia, Olavo joga fora uma grande bandeira: a cultura de trabalho. É dela que eu saio em defesa. Estou pouco me lixando para a cultura haitiana, boliviana ou síria. Defendo os imigrantes haitianos, bolivianos e sírios por sua cultura de trabalho. É ela que vence o preconceito dos nativos e torna escória elite.

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OS: Ambos polemistas deveriam atentar para o seguinte fato: a mão-de-obra verdadeiramente qualificada que veio para o Brasil foi aquela proveniente da África. Isso desde o início da colonização. Se não fossem os africanos (metalúrgicos, carpinteiros, purgadores),não haveria a produção de açúcar, para ficarmos num único exemplo. 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Voto secreto (Radar/VEJA)


Ex-deputado e um dos mais ativos articuladores da ala do PMDB oposicionista, Geddel Vieira Lima diz acreditar que dificilmente o ministro Luiz Fachin, do STF, anulará a decisão da Câmara que elegeu a chapa dissidente para a comissão do impeachment.
Irônico, o ex-ministro de Lula recorda: “Afinal, ele mesmo teve a nomeação para o Supremo votada em sessão secreta…”.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Rabulices


De nada adiantou a pantomima jurídica promovida em Brasília, na última segunda feira, por Dilma e seus porquinhos amestrados. Um bando de gente que deveria estar trabalhando se dispôs, ou foi contratada, para dar pitaco no processo de impeachment da madame. A coisa parecia impressionante: duas dúzias e meia de pelegos do Direito, numa cerimônia que os infantilizou de maneira humilhante. Um a um, tal qual alunos internos de colégio religioso, foram ao proscênio para declinar à madre superiora suas boas ações e, ao mesmo tempo, verberar os vícios da oposição golpista. Retornando, em seguida, ao lugar previamente designado, ficaram à espera de amoroso tapinha nas bochechas e um cartuxo pequeno de amêndoas doces (se fosse dos grandes poderia estimular o pecado da gula).

Bastou, no entanto, que um verdadeiro constitucionalista - Temer - e um notável jurista - Reale - se manifestassem, para que se dissolvesse aquele sonho coletivo de uma noite de verão. Ninguém mais sequer se lembra do deprimente espetáculo dos trinta sábios operadores do Direito. Aliás, se alguém pretender contratar um advogado, e tiver por opção o professor Miguel Reale, ou algum dos juristas dilmescos, qual deles será a escolha da maioria? 

Advogado perfeito (O Antagonista)


A Época disse que um dos juristas convocados ontem à tarde para defender Dilma Rousseff do pedido de impeachment, Marthius Lobato, é amigo de Delúbio Soares e de José Dirceu.
A revista disse também que ele advogou para o mensaleiro Henrique Pizzolato.
Dilma Rousseff não poderia ter escolhido um advogado melhor do que ele.

Dilma voltará a pegar em armas? (Reinaldo Azevedo)


"De todos os argumentos vigaristas para combater o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o mais estúpido é o que sustenta que sua situação é muito diferente da de Fernando Collor porque este, afinal, não tinha partido, não tinha base social e não tinha incluído milhões de pessoas na economia.

Aliás, aí está a essência do que defini como “petralhismo”, que é prática dos petralhas: apelar ao social para justificar ações criminosas. Consegue ser um lixo moral superior à defesa do roubo puro e simples. Por quê?

O ladrão que não procura se justificar tem ao menos o bom gosto de não corromper o bem, não é mesmo? Esses outros não: arrastam qualquer ideia de virtude em sua pantomima criminosa. Se os operadores dessa máquina maligna são detestáveis, seus arautos na imprensa, no mundo do direito e na academia constituem a mais nefasta canalha.

Os ladrões que se assumem como aquilo que efetivamente são não degradam as instituições, não inviabilizam países, não condenam gerações ao atraso, à penúria e à melancolia. Esses outros, por óbvio, sim.

Pensem: quanto tempo vai demorar para que o estado brasileiro se alimpe dessa súcia que infelicita o Brasil, que impede a devida aplicação de políticas públicas, que se impõe para defender e proteger os interesses de seu grupo, de sua camarilha, contra as necessidades do conjunto da população?.

Se querem uma evidência do que essa gente é capaz, olhem para a nossa educação, olhem para a saúde. Tomem como exemplo o surto de microcefalia no país. Há quantos anos o governo central namora com o mosquito, que antes era só da dengue, depois passou a ser também da chikungunya e agora é do zika vírus? O que mata os brasileiros não é um destino, mas suas escolhas.

E, como resta claro, nem uma sombra de bom senso ameaça a incompetência arrogante do governo. Nesta segunda, o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) concedeu até uma entrevista razoável à Folha. Mas a ponderação durou pouco.

Ontem, Dilma compareceu à abertura da Conferência Nacional de Assistência Social — essas conferências, desde sempre, de qualquer área, são conduzidas por franjas do petismo. Foi recebida aos gritos de “não vai ter golpe”. A presidente não se fez de rogada. Afirmou: “Ao longo da história, os golpes não constroem harmonia, a unidade, nem constroem a pacificação necessária para os países avançarem. Pelo contrário: geralmente o que os golpes constroem é o caos, que deixam feridas e marcas profundas”.

Dilma sabe que não há golpe nenhum. Ao fazer essa acusação, deslegitima o próprio Parlamento que vai tomar a decisão sobre o seu caso. Ela está a dizer que só aceita um resultado. Mas um Poder Legislativo que só pudesse votar de uma maneira seria livre?

E não pensem que Dilma negou as pedaladas, não. Ela as admitiu nestes termos: “Nós escolhemos um caminho, uma política, e podem ter certeza de que essa escolha, mais cedo ou mais tarde, sempre é cobrada. Uma parte do que me acusam é de ter pago o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Uma parte do que me acusam é por isso. Paguei, sim. Mas nós pagamos com dinheiro do povo brasileiro. Não foi empréstimo que pagou o Minha Casa Minha Vida, foi o dinheiro legítimo dos tributos pagos pelo povo desse país”.

Aí está, para aqueles ditos juristas do nariz marrom que lhe foram puxar o saco no Palácio do Planalto, a confissão do crime. Atenção! Dos R$ 40 bilhões das pedaladas dadas só em 2014, R$ 19,6 bilhões foram do BNDES, que nada têm a ver com os programas sociais a que se referiu na governanta. Dilma está admitindo o crime, sim. Deixa claro que o cometeu de forma consciente. E conta uma mentira sobre a destinação do dinheiro.

É evidente que, se Dilma acha que está diante de uma ação golpista, então ela não reconhece as instâncias que vão avaliar o processo contra ela e, eventualmente, julgá-la. Se é assim, como é que aceita se submeter, então, a um julgamento que pode contemplar um golpe?

Se é como diz a presidente, o melhor que ela tem a fazer é voltar às suas origens, aderir a um grupo clandestino e partir para a resistência armada. Mas que o faça já, não é? Não pode esperar a votação da Câmara e, eventualmente, o julgamento do Senado.

Ou será que a presidente deixou a luta armada para mais tarde, para a hipótese de o Congresso fazer a coisa certa e, diante da confissão do crime e a evidência de que ela o cometeu de modo claro, consciente e determinado, condená-la por isso?"



Temer sai das sombras... (Noblat)



"No dia 25 de agosto de 1954, ameaçado de ser deposto pelos militares, o presidente Getúlio Vargas trancou-se no seu quarto do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, apontou o revólver para o coração e atirou. Saiu da vida para entrar na História.
No dia 7 de dezembro de 2015, farto de desempenhar o papel de figura decorativa da República, o vice-presidente Michel Temer sacou de uma caneta, em São Paulo, e atirou no coração... da presidente Dilma. Saiu das sombras para entrar na História.
Resta saber se será protagonista de um capítulo ou de uma simples nota de rodapé.
Onde ficou o Temer austero, de gestos contidos, de palavras amenas, mais um jurista impoluto como sempre quis ser visto do que um político que parecia destinado a jamais atingir o cume do poder?
Na carta que remeteu a Dilma, não perdeu a elegância. Perdeu a aparente timidez que o impediu ao longo da vida de romper os limites da prudência. Aproveitou o embalo e rompeu com a presidente.
O que ele escreveu foi mais do que um desabafo. Temer acusou Dilma de não trata-lo com consideração, de desprezá-lo com frequência, de humilhá-lo vez por outra, e de não confiar nele nem no seu partido, o PMDB.
Na política não existe “sempre” nem “jamais”. Temer e Dilma, um dia, ainda poderão se reconciliar. Mas não parece provável que isso ocorra, seja pelo temperamento dela, seja pela condição assumida por Temer desde que enviou a carta.
Quer negue ou não, para surpresa de políticos que nunca o julgaram capaz de tamanha ousadia, Temer é desde ontem aspirante declarado à vaga de Dilma, caso ela acabe derrubada por meio do impeachment.
Nada que Dilma não soubesse. Mas isso era tudo o que ela tentava evitar com a sua falta de jeito, seus modos grosseiros, sua arrogância habitual, e a dificuldade de compreender e saber lidar com seus semelhantes.  
Pela natureza do PMDB, não se espere que a banda governista do partido troque Dilma por Temer, devolvendo os cargos que ocupa. Até poderá proceder assim desde que se convença que o impeachment dará certo.
O que importa, por ora, é que Temer, com seu gesto, mostrou que quer ser levado a sério como uma perspectiva real de poder."

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Alea jacta est



Com a carta enviada a Dilma, Michel Temer repete o gesto de Júlio Cesar: atravessou o Rubicão. Foi dado o primeiro passo em direção à presidência da República. Saiu de uma posição defensiva e partiu para o ataque. Atingiu com sua carta o ponto nevrálgico de dona Dilma e seu entorno: a credibilidade. Não é possível manter o papel de representante político atuando somente nas sombras. Michel Temer praticamente acuou a madame dando-lhe um xeque devastador. Ainda não é o xeque-mate; este será dado pelo Parlamento. Agora é só uma questão de tempo. Temer não é mais uma peça decorativa. Temer é a clara expectativa de poder que conduz o processo de aglutinação política em torno de si e de um novo projeto. 

Dona Dilma não tem como responder às duras considerações do ainda vice-presidente. Michel Temer taxou-a de mentirosa, dissimulada, hipócrita, oportunista e incompetente. Aliás, haveria melhor conjunto de adjetivos que descrevessem à perfeição a estúpida figura presidencial?

O Brasil vai ficar melhor sem Dilma e seus penduricalhos. Nariz marrom, lambe-cu ou puxa-saco, é o mínimo que se pode dizer da famulagem desprezível que cerca o trono da soberana, pastiche da rainha de copas da história de Alice. Em breve o povo brasileiro não será mais obrigado a ouvir a deplorável linguagem de estiva que a madame e seu antecessor instalaram na cúpula política da Nação. Não se verão mais episódios deprimentes, como aquele em que um bando de áulicos trombeteava em impenetrável dialeto jurídico justificativas para as trapalhadas e trapaças da presidente atual. 

Francamente. Querer se contrapor, com argumentos, desculpas esfarrapadas na verdade, de mercenários do Direito às lúcidas e justas considerações produzidas por Hélio Bicudo e Miguel Reale, reflete bem as opções que o petismo sempre adotou. Sempre gostaram do lixo histórico, social, político e acadêmico. Gente desse jaez é a mesma que patrocina, em Universidades públicas, bebedeiras de alunos e seminários sobre a nobre arte da masturbação.

Parafraseando famosa manchete jornalística nos estertores do governo Jango, quando ninguém aguentava mais os desmandos, os desatinos e a irresponsabilidade vigentes: Basta!

UM JANTAR EM HAVANA (Cesar Maia)

UM JANTAR EM HAVANA EM DEZEMBRO DE 2004!
         
1. Em dezembro de 2004, o prefeito do Rio, Cesar Maia, foi convidado para os eventos em torno dos 490 anos de Havana, fundada em 1514. O prefeito do Rio teve oportunidade de conversar com o vice-presidente da república, com o responsável do comitê central para a América Latina e com o coordenador da revitalização do centro histórico, também membro do comitê central.
         
2. O tema que mais preocupava o secretário para a América Latina era a política econômica do governo Lula, classificada por ele como neoliberal e inadmissível. No jantar com o comandante José Ramon Fernandes, Vice-Presidente, e o Embaixador do Brasil, Tilden Santiago, o tema foi a reunião em 2002 que Cuba realizou de análise da crise dos mísseis de 1962, 40 anos depois, dirigida por FIdel Castro e coordenada por duas universidades norte-americanas, com a presença dos personagens da crise, como McNamara. O prefeito Cesar Maia pediu e conseguiu um vídeo completo dessa reunião.
        
3. Dois dias depois, o Embaixador Tilden Santiago e sua esposa convidaram para jantar o prefeito Cesar Maia, seu secretário de governo, o vice-prefeito de São Paulo à época, Dr. Helio Bicudo, e um jovem secretário de relações internacionais da prefeitura de S. Paulo.
       
4. O Embaixador falou da pesquisa que estava fazendo sobre a participação de um padre na guerrilha de Sierra Maestra. O Embaixador, nos anos 60/70, quando padre, fez parte do movimento dos Padres Operários e serviu no Oriente Médio.
       
5. Naturalmente, a conversa passou à situação do Brasil e a política econômica do governo Lula e as críticas da esquerda sobre o seu caráter neoliberal. O prefeito Cesar Maia falou sobre a inevitabilidade daquelas medidas de continuidade do governo FHC, produto da crise anterior.
       
6. Foram interrompidos pelo Dr. Hélio Bicudo, que disse a todos que o problema do governo Lula e do PT não era a economia, mas a CORRUPÇÃO que se ampliava e generalizava.
       
7. O prefeito do Rio, constrangido, pediu licença para se retirar, pois era uma conversa pessoal entre Dr. Hélio Bicudo e o Embaixador Tilden Santiago. O Dr. Hélio Bicudo pediu que o prefeito permanecesse, pois não era segredo e o assunto era muito grave. E falou dos problemas em nível federal e municipal e o choque que teve da forma que se financiou a campanha eleitoral de 2004 em S. Paulo.

8. E esse foi o tema que acompanhou o jantar até o final, com cordialidade e sem estresse. Para surpresa do prefeito.

Reunião no Planalto: Dilma e sua assessoria jurídica


A turma é só alegria

Reforma política: os primeiros passos


A reforma política exige uma providência inicial: decapitar Dilma. Não precisa, é claro, ser ao estilo do Estado Islâmico. No caso brasileiro, onde o Estado é "Lâmico", limpar a pocilga do Planalto já estará de bom tamanho. Será o primeiro passo para que Michel Temer inicie o penoso processo de recondução do Brasil por trilhas mais seguras. 

Afastada a nefasta madame, seus seguidores, por naturalmente inconformados, podem ampará-la. Por exemplo, nomeando-a para algum alto cargo dos governos estaduais que eles ainda controlam. Os mineiros ganhariam, por exigência histórica, a prioridade. Se a dobradinha Dilma/Pimentel destruiu a indústria brasileira, talvez eles possam resgatar a situação mineira daqui para frente, com Dilma nomeada Secretária do Desenvolvimento de Minas Gerais. Quem sabe, até, como suporte para eventual candidatura da madame ao Senado federal? Os gaúchos terão que se conformar, e lamentar, não poderem gozar com tamanha felicidade. Afinal, Belo Horizonte é o berço que embalou a funesta criatura. Quem pariu Mateus que o embale. Minas Gerais, sem qualquer dúvida tirará enormes proveitos da dobradinha do além. 

O feliz estado das Alterosas poderá, ainda, ganhar a colaboração de outras sumidades da cúpula dilmista quando a abominável criatura for defenestrada junto com seus mirmídones. Para evitar o risco de cometer injustiças, melhor não identificar nominalmente esse extraordinário conjunto de varões e viragos da República. 

Apesar de ser considerado ministério da xepa - nunca dantes se viu igual na história do país - reajuntá-lo sob a liderança de Pimentel será oportunidade pedagógica para os demais membros da federação. A lição é simples e direta: eis o que acontece quando os eleitores escolhem Barrabás em vez do Divino Mestre. 

Cassar o mandato de dona Dilma tem o efeito adicional, não desprezível, de afastar os parasitas, milhares deles, verdadeira legião, das boquinhas de onde sugam a energia da Nação.    

Outra medida profilática seria transferir a Capital da República para São Paulo ou, então, voltar com ela para o Rio de Janeiro. Certamente é impraticável, mas seria engraçada a hipótese de envolver Brasília com cerca eletrificada para impedir que alguém possa de lá fugir. Entrar, pode. Não pode é sair. O Brasil, inegavelmente, respiraria ares mais puros. Para que a Sodoma brasiliense não fique desprovida de alguma função, ela pode ser transformada num Museu aberto da Corrupção, esta sim, a obra cultural que falta para coroar o destino infame da filha bastarda de Juscelino.