sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Os amigos de Kalil


A Polícia Federal deflagrou mais uma etapa da operação Acrônimo, que investiga as patifarias do governador Pimentel (do PT). Newton Cardoso, tão mal falado, perto de tais escroques não passaria de um reles punguista. Neste 21 de outubro de 2016, a Federal foi bater às portas das empreiteiras EGESA Engenharia, ECB - Empresa Construtora do Brasil e a CAMTER Construções e Empreendimentos, todos amigos e colegas de ofício de Kalil, o empreiteiro enrolado (quase que um pleonasmo), que pretende ser prefeito de Belo Horizonte, cidade à qual deve milhares de reais de impostos sonegados. 

Neste ambiente que só "me causa repugnância", como diz o verso célebre de Augusto dos Anjos, repete-se a velha história: puxa-se uma pena, vem uma galinha; puxa-se uma galinha, vem o galinheiro todo. É gente desse quilate que opera a todo vapor para ganhar a eleição na capital mineira. Chegam a babar como cachorro louco, imaginando o tamanho do cofrão da prefeitura que ficará sob sua guarda e tutela.   


Suruba em Belo Horizonte


Para alegria dos incautos, há formidável suruba em curso na capital mineira. Mas não é aquela saudável esbórnia dionisíaca quando todos se apresentam nus no grande salão festivo. A síntese é: ninguém é de ninguém e cada um é de todo mundo. Tem homens magros e mulheres gordas, bem como o contrário; anões bem dotados, pederastas machões uns, afeminados, outros; velhos desdentados e mulheres lascivas além de cabritas, jumentas, nabos e cenouras; todos os tipos, enfim, de criaturas do mundo animal e vegetal passíveis de usos alternativos. Pasolini morreria de inveja de tal sordidez burguesa.

Em Belo Horizonte, ao contrário da depravação original, a suruba possui outra natureza. Agora, ela é política e eleitoral. Anões, quando aparecem no cenário, somente os de baixa estatura moral. Empreiteiros, sim, têm posições e ações destacadas frente à maioria dos presentes. Corruptos encanecidos, desmascarados pelas investigações da operação Lava-Jato, postam-se como guardiões do mais lídimo interesse público. Partidários de Marina Silva, arauta da nova política, ambientalistas decrépitos, e esquerdistas analfabetos, à procura de alguém que lhes dê as palavras de ordem a serem seguidas, no mais puro centralismo democrático à moda de Stálin, se irmanam na expectativa de obtenção de uma boquinha na máquina administrativa da prefeitura em disputa. 

Somente o fascínio pelo grotesco pode explicar o apoio eleitoral que Kalil vem obtendo. Dado a calotes e outras velhacarias, o pretendente a prefeito desfila em seu anacrônico triunfo, qual Heliogábulo, mostrando a bunda ao populacho, não numa biga, mas em fálicas motocicletas cinematográficas, que fazem reluzir sua potência ou, melhor dizendo, a real e oculta impotência. 

Kalil representa a parte doentia de Belo Horizonte, a oposição fake comandada pelo empreiteiro falido, similar a todos os outros empreiteiros congêneres. Quebrar qualquer sentido de eventual confiança do eleitorado nele é a missão do candidato verdadeiramente de oposição.   

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Kalil quer dar carinho


Caso Kalil ganhe a eleição para prefeito de Belo Horizonte os índices de Aids, e outras DST, devem aumentar. Esse negócio de se assumir beijoqueiro - dando amor e carinho aos servidores da prefeitura - vai dar confusão. Na melhor das hipóteses, muita gente vai ficar contaminada de sapinho.   


Salário baixo, mas muito amor e carinho


Com a barra meio pesada para seu lado, o empreiteiro Kalil - candidato a prefeito de Belo Horizonte - resolveu pegar uma carona na insatisfação popular. Homem tinhoso, Kalil percebeu que ele e seus colegas de ofício estavam com a batata já bem assada. Os escândalos que se sucedem aos borbotões desnudam a realidade do mundo dos empreiteiros. O mais limpo tem sarna, ou lepra, para lançar mão de conceito do próprio empreiteiro falastrão. 

Desocupado, resolveu dar uma de flaneur: andar pela capital mineira para conhecer o modo de vida dos pobres. 

Surpreendeu-se ao saber que o povão vive uma vida pior que a de cachorro. Sua mente um tanto desequilibrada expeliu, então, aquilo que se tornou o centro de seu plano de governo: dar muito carinho aos cidadãos. Parece inspirado naqueles antigos bolerões, também conhecidos como músicas de corno, imortalizadas por Nelson Gonçalves. Uma piada, dificilmente involuntária, em vista do que o empreiteiro de férias já deu a conhecer em outras oportunidades. 

Para os funcionários da prefeitura acrescentou o amor no atacado ao carinho prometido no varejo. Salário que é bom, nada! Para demonstrar os afetos dos quais se diz possuído, passou a circular de camisa cor de rosa, sugestão que deve ter recebido, e acatado, pelo visto, do Mário Jacaré, epígono do notório "Movimento do Machão Mineiro". 

De todas as bizarrices de Kalil, a mais estranha é sua reconhecida ignorância a respeito das condições de vida da população, tendo sido ele dirigente de um dos mais populares clubes de futebol do país. Desfilando pelas ruas em suas motocicletas cinematográficas, nunca antes tinha visto os pobres de perto. Agora, Kalil sabe como é tal personagem, sua majestade, o pobre. 

Seus amigos e aliados do PT transferiram a ele a mesma conversa fiada que Collor inaugurou e Dilma consolidou: o pobre é nosso; o pobre precisa de carinho; o pobre necessita de devoção. O homem certo para amar o pobre é Pai Kalil da Empreita Malandra. Pai Kalil e Mãe Dilmão, esse casal teratológico saído das páginas do livro dos seres imaginários.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Dória e Kalil: empresário e empreiteiro


Em determinadas circunstâncias históricas, quando se conjugam crises espiritual, política, econômica e social, aparecem aventureiros e inovadores buscando ocupar o proscênio conturbado. É o campo perfeito para aqueles que se dizem portadores da boa nova, com uma abordagem em tudo diferente de "tudo isso que está aí". Nestas eleições municipais, como não poderia deixar de ser, pululam os candidatos a prefeito que, enchendo as bochechas, não se cansam de se apresentar travestidos da roupagem do "novo". Alguns, provavelmente o são; outros, ao contrário, não passam de barrocas imitações; parecem, mas não são.

João Dória, prefeito eleito de São Paulo, é um empresário de verdade que expressou em sua campanha o compromisso com valores caros ao mundo contemporâneo. Tudo que disse e prometeu estava alicerçado numa história pessoal e empresarial coerentes com suas pregações. 

Elias Kalil, candidato e prefeito de Belo Horizonte, ao contrário do paulista, escolheu o nicho da antipolítica no seu aspecto mais primário, brandindo toscamente bordão de ódio e desprezo aos políticos em geral: "chega de político; agora é Kalil". Kalil, diferentemente de Dória, não é empresário. Ele é, apenas, mais um daqueles seus iguais que emporcalharam a vida nacional - os Odebrecht, os Andrade Gutierrez, os Camargos Correias etc. - para ficar apenas nos mais notórios, sem esquecer outros tantos empreiteiros que pululam em todo o país, de diferentes tamanhos e propósitos negociais, todos porém em íntima associação de natureza oligopólica. Cada macaco em seu galho, e todos juntos e irmanados beliscam sua parte no butim. 

Empreiteiros, conforme se sabe, são o braço operativo do estado. Atuam, sem qualquer dificuldade, para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Mereciam, a bem da verdade, um ministério todo seu: o ministério das empreiteiras, a se desdobrar, pelo princípio da simetria, em secretarias estaduais e municipais com o mesmo objeto. Sendo parte orgânica da administração pública, os empreiteiros fazem e desfazem, comandando decisões e subornando os políticos visando alcançar seus objetivos pecuniários. Empreiteiros não se subordinam à política. O contrário, sim, é que é a verdade. 

Tendo tal poder e tal inserção social, os empreiteiros jamais sofrem baques em seus negócios. Sua fonte de sustentação não é o mercado, tal como entendido costumeiramente. Apoiam-se no erário e inventam medidas e maneiras para manter um fluxo de caixa que lhes seja sempre favorável. Para azeitar seus recebimentos, untam os canais costumeiros, nascendo daí a corrupção institucionalizada ou, como diria Dante, "do não fazem sim pela propina".

Kalil, o candidato a prefeito de Belo Horizonte, dá um passo adiante nesse complexo jogo entre empreiteiros e a política. Mais ousado é o movimento quando se sabe, ou pelo que se divulga, ser ele um empreiteiro falido, com contas a acertar com o fisco municipal. Mais curioso, ainda, é seu suporte organizacional, construído em torno de pequenos partidos de esquerda - PHS, PV e Rede Solidariedade - com o velado apoio do PT e seus sequazes, como o PC do B e outros menos votados. Espantoso bloco de poder, que nem um Gramsci conseguiria decifrar. Esses partidecos se movimentam, e remoem, gulosamente, à espreita das boquinhas volumosas da prefeitura, caso obtenham a vitória no próximo dia 30 de outubro, tendo Kalil como aríete a arrombar as portas.       

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Lei Kalil: exorcizando o caloteiro


Há um princípio jurídico que manda tratar desigualmente os desiguais. Um rico sonegador de tributos não deve ser punido da mesma maneira que um desprovido de eventual capacidade contributiva. 

Um pobre poderia ter a multa devida por inadimplência reduzida em 2/3 do seu valor. Já o rico, que não paga, apesar de poder fazê-lo, seria sancionado em três vezes o valor da multa. 

Tal proposta seria batizada de "Lei Kalil", em homenagem ao caloteiro que insiste em querer ser prefeito de Belo Horizonte.