sábado, 18 de julho de 2015

Os direitos dos manos

(Texto de Reinaldo Azevedo, em 18/07/2015)


"Gleison Vieira da Silva, 17 anos, um dos menores homicidas e estupradores do Piauí, foi assassinado por seus três parceiros de barbárie, também menores, dentro do Centro Educacional Masculino (CEM) de Teresina. Pessoas que praticam estupro não são bem-vistas em presídios e instituições que abrigam menores infratores. Por isso, os quatro eram mantidos separados dos demais internos do CEM.

Ocorre que Gleison era considerado pelos outros um alcagueta. É ele quem aparece naquele vídeo relatando, em detalhes, como o grupo, acompanhado de um bandido maior de idade, rendeu as quatro garotas, estuprou-as, torturou-as e as jogou de um precipício, tentando matá-las, em seguida, a pedradas. Uma das adolescentes, de fato, morreu. Os médicos ficaram espantados com a brutalidade. A menina teve esmagamento da face do lado direito, lesões pelo pescoço e traumatismo torácico.

Pois bem. Gleison tinha sido “jurado” pelos outros. É claro que jamais poderiam ter ficado juntos, mas ficaram. Na noite desta quinta, Gleison foi atacado e assassinado pelos comparsas F.J.C.J, de 17, I.V.I e B.F.O, ambos de 15. Mais grave: ele já havia relatado que estava sendo alvo de ameaças caso não mudasse a sua versão.


Agora o ECA e os imbecis

Pois é… Os quatro, agora os três, estavam em internação cautelar. Afinal, ainda cabe recurso da Defensoria Pública e do Ministério Público contra a sentença que os condenou a três anos de internação — que é a punição máxima permitida pelo ECA. PEC aprovada na Câmara baixou a maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos e afins. Projeto de Lei aprovado no Senado aumentou para 10 anos o tempo máximo de internação.


Ainda que as duas propostas sejam aprovadas, nem uma coisa nem outra vão atingir os três anjinhos caídos dos deputados Maria do Rosário (PT-RS) e Jean Wyllys (PSOl-RJ). Até quarta-feira, eles tinham nas costas quatro estupros, um assassinado e três tentativas de homicídio, tudo exercido com os agravantes que vocês conseguirem imaginar. E estavam condenados a, no máximo, três anos de internação. A partir de quinta, ele somam em seu currículo mais um homicídio, igualmente planejado, executado também com requintes de violência. E continuam condenados aos mesmos três anos.

Se, por qualquer razão, houver um rixa entre eles, e mais um for morto, os outros dois, somando mais um cadáver, continuarão condenados a… três anos, mesmo com três cadáveres. Na hipótese de só restar um, idem, aí com quatro. Afinal, está lá no ECA: em nenhuma hipótese, a internação excederá três anos. Ah, sim: se o internado fizer 21 anos, a liberação é compulsória.

Considerando a idade dos agora três responsáveis por estupro quádruplo e duplo homicídio, estivessem em vigor as mudanças propostas, o de 17 seria julgado como adulto, e os outros dois, de 15, poderiam ficar até 10 anos internados. Mas sabem como é… Os nefelibatas não querem. Daqui a três anos — quem sabe menos se forem espertos e souberem fingir bondade —, estarão nas ruas, bem longe das Marias do Rosário e Jeans Wyllys da vida, prontos para estuprar e matar de novo. Ah, sim: também estarão com a ficha limpa. O ECA não permite que seu prontuário seja divulgado. O povo que vá se danar! Que morra!

É a isso que a vigarice moral chama “direitos humanos”…

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O capitalismo e o papa Francisco

Papa Francisco e Evo Morales




















O papa Francisco fez um discurso claramente anticapitalista na Bolívia. Defendeu mudanças estruturais contra a “ditadura sutil” das forças do mercado. “Reconhecemos que este sistema impôs a lógica dos lucros a qualquer custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza?”, disse ele. Há na fala do papa pelo menos três mitos frequentemente repetidos sobre o capitalismo. Estes aqui:


1) “O capitalismo destruiu a natureza”

A princípio parece difícil de discordar do papa. Da Revolução Industrial do século 19 até a China dos dias de hoje, o avanço das fábricas cria nuvens negras nas cidades. O que pouco se diz é que só depois de um certo nível de prosperidade (criada pelo capitalismo) surge a preocupação dos cidadãos com o meio ambiente.

Isso fica claro com o seguinte dilema. Imagine o leitor que está à beira de morrer de fome e consegue caçar um pato. Mas tem um problema: trata-se de um animal em extinção, talvez o último sobrevivente daquela espécie rara de pato. Quem preza pela própria vida até lamentaria o fim da espécie, mas comeria o infortunado pato sem pensar demais. Já se o leitor está de barriga cheia, fica mais fácil poupar o animal. Do mesmo modo, só países enriquecidos pelo capitalismo podem se dar ao luxo de se importar com a natureza.

Os economistas chamam esse fenômeno de “curva ambiental de Kuznets”. Quando um país atinge a marca de 4 mil dólares de renda per capita, a ecologia entra na agenda pública. Florestas, animais, ar e rios limpos ganham relevância. Mais uma vez é o exemplo da China, que agora, mais rica, luta para despoluir as cidades. Países comunistas (de verdade, não como a China hoje) nunca chegaram a esse nível de renda – não à toa, avançaram sobre a natureza com muito mais força que os capitalistas.


2) “O capitalismo nos tornou egoístas”

Bem, seria preciso encontrar um modo de medir o egoísmo em diferentes épocas. Parece impossível – ou seja, a opinião do papa é frágil. Também sem provas ou medições, poderíamos supor o contrário. Assim como a prosperidade possibilitou a preocupação com a natureza, facilitou a caridade e a preocupação com o próximo. Aqui também vale um exemplo. Se o leitor tem três sacos de batata em casa, e vai precisar de todos os três nos próximos meses, fica difícil doar um deles. Mas se o estoque conta com vinte sacos de batata, destinar alguns aos pobres se torna barato. O capitalismo de massa, ao possibilitar a abundância, barateou a caridade – e deu força a outras lógicas, além da “lógica do lucro” do discurso do papa. Estão aí os grandes bilionários do mundo, como Bill Gates, que doa mais da metade da sua fortuna, para provar que é mais fácil ser caridoso quando rico. Como diz Deirdre McCloskey, da Universidade de Chicago, “o capitalismo não corrompeu a natureza humana – pelo contrário, ele a melhorou”.


3) “O capitalismo exclui os mais pobres”

Antes do capitalismo industrial, quatro em cada dez pessoas morriam ou durante a gestação ou até completar 15 anos. Crises de fome ceifavam 10% a 15% da população pelo menos uma vez por século. Vestidos e casacos, de tão caros, apareciam em testamento como herança. Quase todos os gordos eram ricos, mas só os ricos tinham comida de sobra.  Quem ingeria 900 calorias por dia poderia se considerar sortudo – hoje temos que nos esforçar para ingerir menos que 2400 calorias. A altura média dos homens passou de 1,68 metro (em 1700) para 1,77 hoje. Desculpe, caro papa Francisco, mas na Idade Média, quando a Igreja dominava o mundo, a pobreza era um pouquinho maior. Não foi o capitalismo que excluiu os pobres, e sim a falta de capitalismo.

(Leandro Narloch)

Cardozo, você fodeu minha viagem (Dilma Rousseff)

A grande obra de Dilma



















O desespero de Dilma Rousseff transborda em explosões de fúria reveladoras. Em abril, ela dizia: “Eu tenho certeza de que minha campanha não teve dinheiro de subornos”.

Agora a Folha informa que, após Ricardo Pessoa acusar sua campanha de embolsar propina da Petrobras, Dilma reuniu, no dia 26 de junho, seus comparsas Aloizio Mercadante, Edinho Silva, Giles Azevedo e José Eduardo Cardozo, e disse:

“Não sou eu quem vai pagar por isso. Quem fez que pague”.

É a nova versão do “houve, viu?”, expressão com que ela admitiu a existência do petrolão após meses acusando a oposição de “golpe”.

Dilma sapiens também disse na reunião, com a fineza de costume:

“Eu não vou pagar pela merda dos outros”.

Nem precisa. Basta que pague pela própria. Furiosa, ela ainda cobrou Cardozo por não ter impedido que as revelações de Pessoa viessem a público dias antes de sua visita oficial aos Estados Unidos, num momento em que buscava notícias positivas para reagir à crise.

“Você não poderia ter pedido ao [ministro] Teori [Zavascki] para aguardar quatro ou cinco dias para homologar a delação? Isso é uma agenda nacional, Cardozo, e você fodeu a minha viagem”.

Assim como Lula, Dilma queria que Cardozo interferisse no Judiciário, o que ela mesma acabou fazendo dias depois, ao atacar os procedimentos de prisão preventiva adotados pelo juiz Sergio Moro e ao ter um encontro clandestino no exterior com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, supostamente intermediado pelo próprio Cardozo, que buscaria assim se redimir.

Como escreve Josias de Souza sobre o golpe português:
“Dilma estava a caminho da Rússia. Aterrissou em Portugal a pretexto de reabastecer o jato presidencial. Em vez de Lisboa, preferiu o Porto. Lewandowski e Cardozo estavam na cidade de Coimbra. Participavam de um seminário de nome sugestivo: ‘O Direito em Tempos de Incertezas’.

Na versão oficial, Lewandowski soube por Cardozo que Dilma faria escala em Portugal. E pediu ao ministro da Justiça que intermediasse o encontro com a presidente. Em Brasília, o mandachuva do STF poderia cruzar a praça a pé para chegar à sala de Dilma. Em Portugal, teve que vencer os cerca de 120 quilômetros que separam Coimbra do Porto. E querem que ninguém faça a concessão de uma surpresa. É certo que o brasileiro baniu dos seus hábitos o ponto de exclamação. Mas há limites para o cinismo.”

Há limites, também, para a oposição permitir que Dilma faça com o Brasil o que Cardozo fez com a sua viagem. Os brasileiros não aguentam mais pagar pela “merda” de seu governo.

(Felipe Moura Brasil)

Sexo, drogas e rock in roll

A vida em Brasília continua na sua habitual normalidade: o dinheiro das propinas acabou em muito sexo, drogas e rock in roll. Após chegar ao paraíso, em 2003, a classe trabalhadora ou, ao menos, seus mais notáveis representantes, incorporaram no seu estilo de vida as mais antigas facetas da cultura do hedonismo. Deambulação pelo mundo para assistir espetáculos teatrais ou, então, para saborear um bom prato de bacalhau, são exemplos de que tudo pode ser apreciado na conduta lasciva dos mandarins da república. Manuel Bandeira traduziu isso profeticamente: "Vou-me embora para Pasárgada, lá sou amigo do rei, lá tem prostitutas bonitas pra gente namorar, lá tem alcaloide à vontade" etc., etc.  

A pesada tributação do fisco mostra, assim, uma de sua facetas mais perversas: servir de fonte de financiamento da boa vida da nova classe dominante brasileira. Para tanto, esmaga os cidadãos, extraindo sangue de pulgas (e serão milhões delas), para encher um simples copo que seja, para alimentar aqueles vampiros. O velho e bom modelo criado pela Igreja - através do vintém de Pedro - erigiu a fabulosa fortuna do Vaticano, o que não o impedia de viver a proclamar sua devoção aos pobres e à igualdade social. Ainda chegará o dia em que a desobediência civil dos espoliados (galhofeiramente chamados de "contribuintes"), trará mais justiça para os pagadores de impostos, estes escravos que sustentam tão extravagante situação.

Reportagem da Folha de São Paulo de 13 de julho do corrente ano informa, para espanto, mesmo daqueles que não se espantam com mais nada, que o dinheiro da Petrobrás serviu, também, para pagar prostitutas de luxo:


"Além de financiar a compra de helicópteros, lanchas e carros importados, o dinheiro desviado da Petrobras pelo esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato também foi usado para pagar serviços de prostituição de luxo com "famosas" da TV e de revistas para diretores da estatal e políticos, segundo relatos de delatores às autoridades do caso.

A história foi explicada ao Ministério Público e à Polícia Federal pelo doleiro Alberto Youssef e o emissário dele, Rafael Angulo Lopez, após eles terem sido questionados sobre expressões usadas nas planilhas nas quais registravam o fluxo do dinheiro do esquema de corrupção.

De acordo com os controles dos dois delatores, só em 2012 cerca de R$ 150 mil foram gastos para financiar a contratação das garotas, algumas delas conhecidas pela exposição em programas de TV, capas de revistas e desfiles de escolas de samba.

Colaboradores explicaram que todos os valores associados aos termos "artigo 162" e "Monik" nas planilhas foram destinados ao pagamentos de prostitutas que cobravam até R$ 20 mil por programa.

A expressão "artigo 162" era uma referência ao número do endereço de uma cafetina conhecida como "Jô", que agenciava os programas para os dirigentes da Petrobras e políticos.

Nas planilhas entregues aos investigadores, há vários lançamentos de R$ 5 mil e R$ 10 mil ligados a esses termos. Muitas vezes as prostitutas buscavam os pagamentos em dinheiro no escritório de Youssef, segundo os relatos.

O dinheiro do esquema de corrupção também era usado para bancar festas com as garotas. Só em uma delas, no terraço do hotel Unique, em São Paulo, foram gastos R$ 90 mil principalmente em bebidas, de acordo com os delatores.

Um comprovante de transferência bancária de um ex-diretor da Petrobras para uma garota conhecida na mídia, no valor de R$ 6 mil, foi encontrado em uma das buscas autorizadas pela Justiça na Lava Jato, e ficou famoso entre os investigadores do caso.

A força-tarefa da Lava Jato não utilizou esse papel e as explicações dos delatores sobre o emprego de valores desviados para contratação de prostitutas, pois a mera solicitação ou aceitação de propina ou vantagem pessoal já confere o crime de corrupção —não importando, para fins penais, a maneira como o dinheiro sujo foi utilizado.


Embora a prostituição não seja crime, explorar o trabalho de garotas de programa é".