sábado, 19 de dezembro de 2015

Patriotismo das empreiteiras, segundo Falcão


Um tal de Falcão, presidente da organização criminosa chamada PT, fez curiosa declaração. Segundo ele, em depoimento prestado à Polícia Federal no âmbito da Lava Jato, as empreiteiras OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Correa e UTC são as maiores doadoras do partido porque o PT “tem um bom projeto para o País”. Nenhuma ironia ou piada da parte do Falcão. Ele falava sério, num ambiente pouco propício a qualquer gracinha.

Todas as empresas referidas acima, por estranha e infeliz coincidência, são investigadas por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobrás.


Admita-se, apenas pelo prazer de polemizar, que a estúpida declaração do chefe da gangue seja correta. O espírito cívico e patriótico dos empreiteiros, então, fica realçado, e cai por terra o principal argumento dos defensores da lei que proíbe a contribuição de pessoas jurídicas para o financiamento de campanhas eleitorais. 


Os empreiteiros são, de fato, bons companheiros que entenderam o valor superior do "projeto" petista e, cheios de amor para dar, aproveitaram que estavam dando e botaram no meio algum capilé. Não seriam movidos, portanto, pelo reles interesse material no contexto pós-eleições. Tal qual uma mulher apaixonada, dão de graça, sem qualquer expectativa quanto a benefícios futuros. Puro amor ou senso de cidadania e patriotismo, eis a verdade finalmente escarrada pelo Falcão.   


Quem quiser receber dinheiro das empreiteiras deve fazer como o PT: apresentar aos empresários seu "projeto" que, se for bom para o país, certamente será acolhido e financiado. 

Lula informante da polícia: tatu não esquece a toca antiga


Nos velhos tempos do regime militar Lula foi hóspede e informante do delegado Romeu Tuma. Não se sabe a troco de que ele caguetava a turma de velhos e novos camaradas amontoados ali nos porões do DOPS. Suspeitam alguns, para ter acesso ao famoso "menino do MEP", tornado incontinenti "menina do MEP", posto que Lula não suportava abstinência sexual. As viuvinhas desamparadas do sindicato que o digam, sobre o quanto eram irresistíveis os arroubos do impetuoso e lascivo bode ("ainda vou papar a filha desse velho", jactou-se, coçando o saco). Nesse particular há que se ressaltar a concepção democrática de Lula a respeito das fêmeas. Qualquer bagulho o satisfaz. Na falta, vai o que estiver na frente, seja macho ou mesmo uma cabra. Quem sabe, uma bananeira, tal qual um tardio menino de engenho? O homem é um verdadeiro hermafrodita: além do bônus, aludido pelo ex-ministro Ayres de Brito, ele, igualmente, tem aquilo na cabeça.

Mais recentemente o sátiro retornou a antigo hábito. Lá se foi prestar a ser informante da Polícia Federal, no bojo do escandaloso processo do petrolão. Como não podia deixar de ser, entregou novamente a cabeça de Zé Dirceu ao suplício. Frei Beto, ou frei Boff, devem ter-lhe contado algum dia a edificante história de Herodes, o que mandou decapitar João Batista, a pedido de Salomé, instruída devidamente por sua devassa genitora. O Tetrarca da Galiléia estava no maior tesão pela adolescente. Atenderia a qualquer pedido da graciosa gata. 

Lula, então, não teve dúvida. A cabeça de Zé Dirceu foi depositada na bandeja. O japonês enxerido começou a querer saber o que não era da conta dele. As nomeações para os cargos de direção da Petrobrás? Qual, ele não sabia de nada. Zé Dirceu é quem cuidava disso. Trapaças financeiras com o Banco Schain? Isso também era da competência do Zé Dirceu, provavelmente com ajuda do bom amigo Bumlai, enredado no caso pelas perfídias do antigo chefe da Casa Vil. Propina distribuída para uma de suas noras? Como assim? Lula disse que nem sabe o nome delas; só ouviu algumas menções em almoços domésticos, mas sempre apelando para apelidos, alguns bem estranhos. Vacari, o achacador contumaz? Ah sim, ouviu dizer algo a respeito: que ele fora um bom tesoureiro do PT, mas não soube dizer mais nada a respeito. Indicação de Dilma para presidente? Jura que não foi ele quem fez. Havia um sósia a quem os bolchevistas de Zé Dirceu se reportavam, enquanto ele folgava no porão do palácio do Planalto com algumas barangas de miss Córner. 

Eis aí toda a verdade dos fatos. Para concluir decretou: peidei, mas não fui eu, quem peidou foi o Zé Dirceu. E, você, japa, vai saindo da minha frente que tenho uma palestra a proferir pra Odebretch, ou OAS, sei lá, é tudo a mesma merda.   

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Lula entrega Dirceu pela segunda vez (Ricardo Noblat)


Calma, gente!. Entrega no bom sentido.
Não, ainda não chegou a hora de Lula negociar a delação premiada. Se é que a hora chegará, sejamos justos. E se é que ele delatará um dia.
Dilma, que assinou a lei da delação, mas que diz ter horror a quem delata.
Lula não leva jeito de quem se comportaria como Dilma, mas, isso não vem ao caso por enquanto.
Em depoimento, esta semana, na Lava-Jato, Lula tirou o dele da reta e entregou a Casa Civil dos seus governos como responsável pela indicação de nomes para cargos públicos.
Isso é uma mentira completa – ou uma meia verdade. Pelo menos quando se trata da Petrobras.
Há farta prova na Lava-Jato de que Lula não só indicou os presidentes da empresa, o que ele reconhece, como também diretores.
Se Dilma, ex-chefe da Casa Civil, pudesse contar... Ela vive a repetir que nada teve a ver com a roubalheira na Petrobras. Quem teve então?
Quando estourou o escândalo do mensalão, com medo de ser deposto, Lula entregou a cabeça do então chefe da Casa Civil José Dirceu.
Dirceu perdeu o emprego, depois o mandato de deputado federal, e acabou preso e condenado. Foi preso novamente, dessa vez pela Lava-Jato.
De alguma forma, Lula está entregando Dirceu pela segunda vez.
Há uma passagem do depoimento de Lula à Polícia Federal que não parece ter chamado muita atenção.
É quando ele diz que o pecuarista José Carlos Bumlai, preso pela Lava-Jato, hospedou-se várias vezes na Granja do Torto, mas no Palácio da Alvorada, jamais.
A Granja do Torto é uma das residências oficiais do presidente da República em Brasília. Ali, hospedou-se mais de uma vez Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, condenado no processo do mensalão.
O curioso: no final de novembro passado, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, minimizou a proximidade entre Bumlai e o ex-presidente:
- O Bumlai frequentava as festas e aniversários, mas não era 'aquele' amigo do Lula que todo mundo está falando.
E, no entanto, Bumlai era hóspede do Torto. Não é para qualquer um! E apesar de tamanha intimidade, nunca revelou a Lula que tomara um empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin para cobrir dívidas do PT.
Se revelou, Lula não lembra.

A memória de Lula está fraquinha. A ponto de ele não lembrar o nome completo de suas noras, segundo relatório da Polícia Federal.

Sobre o ato de respirar (Gabeira)

Deixo Brasília com a sensação de que nada muito importante acontecerá antes do carnaval. Mas a crise sempre pode surpreender. Muitos ainda não sabem se vão receber a visita de Papai Noel ou do japonês da Federal. Mas a verdade é que o cerco se está fechando sobre o PT e seus aliados.

A semana foi marcada por manifestações contra o impeachment. Foram menores que as outras. E os analistas se apressaram a concluir que o governo respira. O interessante é que há uma sensação de alívio nesta frase: o governo respira. O pensamento político brasileiro se estreitou. Respirar apenas passa a ser uma qualidade do governo.

Governos existem para resolver problemas atuais e encaminhar soluções futuras. As previsões de queda do PIB aproximam-se de 4% em 2015. Somadas às crises política, ambiental e sanitária, é preciso ser um analista panglossiano para achar tranquilidade nesta frase: o governo respira.

Um pouco escondido pelos empurrões e cotoveladas no Congresso, o cerco policial continua a fechar-se em várias frentes. Duas novas investigações avançam. Uma delas é sobre a transposição do Rio São Francisco, megaobra muito combatida na sua origem. A Polícia Federal encontrou indícios de desvios de R$ 200 milhões em apenas dois trechos da obra. Há mais uma dezena deles.

A escolha da transposição nasceu mais da vontade de Lula de se inscrever na História do que do próprio exame das alternativas. A Agência Nacional de Águas (ANA) produziu um estudo sobre a região e um projeto bem mais barato de cisternas e melhoria da distribuição água. Independentemente da escolha, a verdade é que estão roubando o dinheiro que matará a sede das pessoas, dos animais e irrigará as plantações numa das áreas mais pobres do Brasil.

Outra frente: investigações na Hemobrás. Em Pernambuco produziram o espetáculo dantesco de maços de notas voando pela janela. Somente os médicos parecem ter-se dado conta da gravidade e lançaram uma nota cobrando transparência na Hemobrás.

Estão roubando a água e o sangue de populações pobres. Quem se apresenta para defender isso em nome da causa, da esquerda ou do diabo a quatro?

O governo respira. O que inalam seus pulmões comprometidos? A Polícia Federal apresentou um manuscrito de José Carlos Bumlai, o amigo de Lula. O título é:2010, o Ano Dourado.

As cifras dos negócios de Bumlai estão lá. BNDES, Petrobrás, milhões pra cá, milhões pra lá, a página amarelada em que Bumlai contabiliza os ganhos do ano é uma peça histórica, se examinada no contexto de um empresário que tinha entrada livre no Planalto.
Outro anel do cerco foi a revelação das contas da Agência Pepper, que atende ao PT. Transferências diretas da Andrade Gutierrez para a Pepper foram registradas: R$ 6,8 milhões no ano em que a agência cuidava da conta de Dilma nas redes sociais. De outra empreiteira, a Queiroz Galvão, a Pepper recebia grana numa conta da Suíça.

O governo respira os gases envenenados da corrupção que emanam a cada investida da Polícia Federal, a cada novo documento revelado.

Os que veem com tranquilidade o governo num balão de oxigênio deveriam calcular um pouco melhor a quantidade do gás e o tamanho do percurso. E enfrentar a questão crucial: no horizonte de outro ano depressivo, com os problemas se agravando, um governo que apenas respira é um obstáculo. O ato de respirar, que hoje parece uma qualidade, pode tornar-se um lamento: apenas respira, coitado.

Leio e, às vezes, entrevisto pessoas contrárias ao impeachment. Na maioria são afirmações de respeito ao resultado das eleições. Quase não tenho visto argumentos demonstrando que Dilma tem capacidade de conduzir o País para fora da crise. Poucas pessoas acreditam nisso. Talvez nem a própria Dilma acredite. O governo não atrai quase ninguém para sua esfera. Seu principal esforço é evitar que o grande aliado, o PMDB, o abandone.

A falta de credibilidade, os impasses no Parlamento, tudo contribuiu, por exemplo, para que o mercado se animasse com a possibilidade da queda de Dilma. Nem todas as posições do mercado são racionais. Num caso arrastado como esse, tiveram tempo de avaliar e parecem ter concluído que com Dilma não dá.

Apesar dos tumultos na Câmara, a semana revelou forte tendência pelo impeachment, com a vitória da chapa da oposição para conduzir o processo. Uma visão temerosa conduziu ao voto secreto. Minha impressão é que mesmo com voto aberto o resultado seria animador. O que importam alguns votos a menos, se isso é um processo?

Para os teóricos do balão de oxigênio, os deputados e senadores podem ter-se impressionado com a queda das manifestações. Francamente, o que decidiria agora uma grande manifestação? Os parlamentares vão para o recesso. Uma parte deles viaja, outra fica aqui, no Brasil: a influência cotidiana dos eleitores será muito mais forte.

Alguns observadores acham eles que voltarão com a faca nos dentes. Não sei se tanto. Com um palito não voltarão.
Independentemente das surpresas que dezembro ainda nos possa trazer, caminhamos para um novo ano sem resolver as questões essenciais da crise.

Um olhar externo ao Brasil diria que a performance nacional foi débil. O ponto culminante da crise foi o pedido do impeachment. Não importa o que o Supremo decida, é uma realidade no calendário do ano que vem.

Por ironia, um pedido aceito por Eduardo Cunha, uma das pessoas que não sabem se vão receber o Papai Noel ou o japonês da Federal.

Mas o calendário independe de Cunha. O processo vai rolar num clima de inflação, desemprego galopante, desastres ambientais e epidemias. Alguns passam até em branco, como o incêndio que destrói parte da Chapada Diamantina.

As nossas colunas avançadas que observam o Palácio do Planalto continuarão dizendo da porta do gabinete presidencial: ainda respira. E nós, por acaso, ainda respiramos?

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Impeachment e Supremocracia (Sérgio Praça)


Há alguns anos, o Supremo Tribunal Federal entrou na onda internacional de “judicialização” da política. Isso significa que os onze juízes brasileiros não apenas interpretam a constitucionalidade de leis e atos políticos, como também criam políticas públicas informalmente. (Sobre isto, leia o excelente livro de Matthew Taylor.)

A "Supremocracia" apelido de Oscar Vilhena Vieira para nosso atual sistema, tem aspectos positivos e negativos. É desejável, por exemplo, que certas mudanças legislativas com implicações econômicas e previdenciárias tenham uma “segurança jurídica” que políticos eleitos não podem dar. O Supremo seria, assim, garantidor do império da lei e peça importante na estabilidade democrática. Além disso, o Supremo pode – e deve – impedir que direitos básicos dos cidadãos não sejam alterados por maiorias parlamentares.

Mas há um claro lado negativo. O ativismo do STF resulta, de acordo com Vilhena, da falência de instituições representativas para darem conta de problemas colocados pela população nas eleições. E é claro que quanto mais poder o STF tem, mais isto é reforçado.

A decisão de hoje sobre o rito do impeachment de Dilma Rousseff, concluída agora há pouco pelos onze ministros do STF, mostra outro aspecto muito negativo do ativismo judicial. Os juízes decidiram, por maioria, que as decisões procedimentais tomadas até agora pela Câmara dos Deputados deixam de valer. Não haverá chapa de oposição para compor a comissão de impeachment, nem votação secreta, e o Senado poderá barrar o processo autorizado pelos deputados federais se assim desejar.

Minha opinião, longe de ser unânime, é que os juízes extrapolaram suas funções e interferiram em decisões e regras que deveriam ser atribuição exclusiva dos deputados federais – eleitos para nos representar.

Duas soluções são apontadas por Vilhena para limitar essa dinâmica. A primeira é diminuir o número de casos apreciados pelo Supremo Tribunal Federal. São mais de cem mil por ano. A segunda solução é tornar as decisões mais coletivas, eliminando a prática de onze votos preparados antes da discussão em plenário. Se isso for feito, a “Supremocracia” tornar-se-á, pelo menos, mais bem informada e democrática.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O Japonês do sushi

Bateram na porta. Lula correu para debaixo da cama. Engano. Era o japonês do sushi. O da Federal só mais tarde.




AMIGOS PARA SEMPRE: Generais sonsos ou irônicos?


O GLOBO informou: - “Postados de pé lado a lado por cerca de vinte minutos, durante o cumprimento aos oficiais das Forças Armadas promovidos a generais, a presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer não trocaram uma só palavra. O desconforto entre ambos era visível. Ao fim dessa parte do evento, a banda do Exército, aparentemente alheia aos desentendimentos entre ambos, tocou Amigos para Sempre, de Andrew Lloyd Webber e Don Black”.

Seria espantoso, chocante mesmo, se Temer e Dilma imitassem os ex-ministros Bernadão Cabral e Zélia Cardoso e saíssem a bailar pelo recinto, inebriados de paixão. Aí, sim, os militares, convertidos em cupidos, se transformariam em salvadores da Pátria.

Plebiscito e Tribunal de Nuremberg


A pelegada sindical, os grupos de parasitas que gravitam em torno do PT, e seus mirmídones alojados em outros partidecos, como é o caso do PC do B, passaram a exercitar uma das maiores contradições que existem: o protesto a favor. 

Afora a graça intrínseca do evidente oxímoro, aqueles que se dispõem a fazer tal loucura não se dão ao trabalho de ler as últimas pesquisas realizadas por institutos sérios e tradicionais, como o Ibope e o Datafolha. Aliás, se tivessem um mínimo de senso de realidade, nem precisariam consultar os fatos e os dados disponíveis. Bastaria andar pelas ruas das cidades, fazer pouso em qualquer botequim, ou estacionar nas filas dos hospitais, dos ônibus e da previdência social e, então, apurar os ouvidos. Os resmungos explícitos de gente de todas as idades, caso ajuntados, formariam um tsunami de reprovação a Dilma, ao PT e a todos, direta ou indiretamente, ligados a tão esquisita criatura.   

Considerando a margem de erro da última pesquisa divulgada pelo Ibope (mais, ou menos, 2%), dona Dilma estaria com um percentual de aprovação - 7% - na mesma ordem da proporção dos comensais da orgia petista. Os parasitas (somados em todo o Brasil) não ultrapassam esse número, 7%, o que dá respeitável credibilidade aos números encontrados. Os mais de 90% restantes devem ser, por óbvio, compostos pelos golpistas, pelas classes dominantes, pelos exploradores da mais-valia alheia, enfim, por todos aqueles que “injustamente”, é bom reiterar, obnubilados pelos sortilégios da "mídia", querem ficar livres da madame.

Assim, em pleno dia de trabalho, a pelintragem sindical que gosta de fazer tudo, menos trabalhar, se propõe azucrinar a vida dos cidadãos ordeiros, marchando ao estilo dos "camisas negras" de Mussolini - atochados de tubaína e de mortadela - pelas ruas centrais das grandes cidades. Arriscam-se, contudo, a serem "ovo-acionados" por aqueles que não suportam mais a situação atual. 

Respeitável ministro do STJ acabou de traduzir o sentimento unânime dos brasileiros honestos, que ainda os há: Basta! O Brasil se cansou de ser apunhalado pelas costas por esse bando de vigaristas profissionais que dilapidam o país. 

O povo brasileiro deveria ser convocado para que, através de um plebiscito, decidisse coletivamente sobre seu apoio, ou não, ao impeachment de dona Dilma. Isso, sim, seria o puro exercício da democracia direta. As condições tecnológicas para processar os resultados em curto espaço de tempo estão dadas. A sociedade está politicamente mobilizada para decidir a respeito. Só aqueles vigaristas de pendor totalitário, que gostam muito de falar em nome do povo, ficariam contra. A vasta maioria, ao contrário deles, gostaria de opinar e de votar.

E se for possível adicionar outra pergunta, ela seria absolutamente bem vinda: O povo brasileiro apoiaria a criação de um “Tribunal de Nuremberg”, só para julgar os crimes desses parasitas? Sim ou Não?
    

Inútil! A gente somos inútil! (José Nêumanne)


Em 17 de junho de 2013, cerca de 2 milhões de brasileiros protestaram nas ruas contra o status quo. Em 15 de março deste ano, cidadãos em número similar queixaram-se de Dilma, Lula e do PT deles. Em 12 de abril, 660 mil. Em 16 de agosto, 790 mil. Neste domingo, 73 mil exigiram impeachment, cassação, deposição ou renúncia da presidente Dilma Rousseff. O povo está se calando? Ou já se cansou de berrar o óbvio, à toa?

Para entender o esvaziamento progressivo das ruas este ano convém, primeiro, ouvir o que dizia quem saiu de casa e relatar como a elite política dirigente do País lhe respondeu. Em 2013, o Movimento Passe Livre (MPL) convocou protestos contra o aumento de tarifas de transporte urbano e evoluiu para reivindicar a gratuidade. A multidão aproveitou para exigir direitos que a Constituição garante e os três Poderes da República lhe negam: segurança pública, saúde e educação, principalmente.

Quem, em sã consciência, garante que o povo foi atendido? Fingindo só ter percebido o pedido de dispensa de R$ 0,20, governadores, entre eles o paulista Geraldo Alckmin, do PSDB, e prefeitos de grandes cidades, incluído o paulistano Fernando Haddad, do PT, adiaram o aumento, fingindo que assim eliminariam a causa da revolta. Mitigariam a ira popular por R$ 0,20 a cabeça?

Ledo e Ivo engano, dir-se-ia na minha adolescência em Campina Grande, quando grande parte dos adolescentes sabia ler. O PT no poder, sob a égide de Dilma Rousseff, fez ouvidos surdos ao clamor e prometeu Constituinte exclusiva para reforma política, com financiamento das milionárias campanhas eleitorais dos políticos pelo suado dinheirinho escasso do cidadão. Mera embromation, diz-se na pré-adolescência de meu neto. E a oposição prometeu dar o que o povo pedia e o governo não atendia. Só que não contou como. Um ano e meio depois, Dilma e o PT venceram Aécio e o PSDB. Se o pleito foi fraudado, como muitos desconfiam, ninguém na rua jamais saberá, pois é impossível recontar votos.

O que qualquer cidadão que protestou contra gregos e baianos no inverno de 2013 e contra o 13 petista nas quatro estações no primeiro ano do segundo desgoverno Dilma viu foi tudo piorar muito nestes 30 meses. Inocentes morrem em tiroteios nos bairros pobres de grandes cidades em maior número do que antes. E a saúde pública, totalmente sucateada, não honra seu patrono, Oswaldo Cruz, que expulsou o Aedes aegypti, transmissor da febre amarela, destes tristes trópicos há cem anos. Mas este voltou para ficar em pleno século 21, transmitindo dengue, zika e chikungunya antes mesmo de o ovo virar inseto, segundo explicação da douta presidenta no ápice de sua sesquipedal ignorância sobre todos e tudo.

O símbolo da educação desbaratada são sem-teto organizados, black blocs alucinados e partidecos de extrema esquerda sem eleitores que, beneficiados pelo aparelhamento generalizado dos Poderes republicanos, invadem escolas públicas no Estado mais rico da Federação. Enquanto o governo tucano brinca de fechar e reabrir escolas ao sabor da queda nos índices de popularidade

Essa explicação não é única. Há outra, além da falta de líderes à altura da crise, do curto prazo da organização e da proximidade das festas de fim de ano: é que todos concordam quanto ao diagnóstico da situação, mas falta consenso sobre o que fazer para lhe dar o xeque-mate. A solução para a crise, ulula o óbvio (apud Nelson Rodrigues), será tirar de Dilma qualquer poder. Todos sabem que ela condescendeu com a metástase do câncer moral que nos assola, erigiu tijolo por tijolo a ruína econômica, como o faz na transposição do Véio Chico, e afagou a fera política com as garras da arrogância e da ignorância que formam sua personalidade. E é incapaz de debelá-las pelas mesmas deficiências próprias que as produziram: como poderá liderar a conciliação se não convive em paz sequer com o seu vice?

A carta de desamor de Michel Temer a Dilma é criticada por explicitar o fisiologismo reinante no presidencialismo de coalizão, que vira de colisão – o caso no momento. Nunca antes na História tantas queixas pessoais exibiram com tanta crueza as mazelas deste sistema que \joga o público na privada.

Três processos dentro dos conformes do Estado Democrático de Direito se propõem a remover o obstáculo à pacificação nacional e à entrega da administração a gestores com QI de mais de dois dígitos. Impeachment, ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) investigando uso de propina no financiamento da campanha presidencial e votação no Congresso da violação explícita da Lei de Responsabilidade Fiscal, que a presidente jurou cumprir, não são lana caprina. Mas talvez nem a divulgação pelo Valor Econômico de documento obtido por Leandra Peres, revelando o que os “juristas” vassalos do Planalto não conseguirão provar que ela “jura” que não sabia, tenha o condão de evitar que 5.600 trabalhadores percam o emprego no Brasil diariamente sob o jugo de uma chefe de governo que tem provado diuturna, noturna e madrugadurnamente não saber de nada em geral.

A Nação suporta o Legislativo contaminado por presidentes da Câmara e do Senado investigados por corrupção milionária. E a oposição muda ao capricho do vento, só que na direção contrária, não sendo alternativa de poder e só gemendo no muro das lamentações.


Tardando a enquadrar os maganões, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF) negam à cidadania o tratamento igual dado pelo juiz Sergio Moro, pela PF e pelo MPF na Lava Jato, que processam ricos e pobres sem distinção. Ao distinguir quem tem mandato de quem não tem, PGR e STF tornam letra morta a igualdade de todos perante a lei. Nesta democracia capenga, em que uns são mais iguais que outros e não se ouve o cidadão, é o caso de trocar o Hino Nacional pela canção do Ultraje a Rigor: “Inútil! A gente somos inútil!”.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O quadro nacional na visão do carioca (Cesar Maia)


                                    
Pesquisa GPP realizada entre 5 e 6 de dezembro com 800 entrevistas na Cidade do Rio de Janeiro.
            
1. O que você considera pior para o Brasil: Dilma presidente da República ou Eduardo Cunha presidente da Câmara de Deputados? Pior Dilma 49,1% / Pior Eduardo Cunha 34,3%. 
            
2. 2.1. Você soube que foi aberto o processo de impeachment da presidente Dilma? Sim, soube 94,8%. Não, não soube 5,2%.
            
2.2. Você é a favor ou contra o impeachment da presidente Dilma? A favor 62,2% / Contra 30,9%. 
            
3. 3.1. Qual é o principal CULPADO por tantos escândalos de corrupção que estão sendo apurados pela operação Lava-Jato da Polícia Federal (espontânea)? Não sabe, não respondeu 47,3% / A presidente Dilma 13,5% / PT 13,4% / Todos os Políticos 6,9% / Lula 5,7% / O eleitor 3,2% / Governo Federal 2,5% / Eduardo Cunha 2,1% / Petrobrás 1,3% / Cerveró 0,7% / etc. Dilma+PT+Lula+Governo Federal = 35,1%. 
            
3.2. Quem é o principal RESPONSÁVEL pelas operações e investigações da Lava-Jato que estão colocando políticos e empresários na cadeia? Não sabe, não respondeu 62,7% / Policia Federal 13% / Juiz Moro 9,6% / Ministério Público 2,5% / Poder Judiciário-Juízes 1,9% / Dilma-Governo Federal 1,5% / Joaquim Barbosa 1,2% / STF 1,2% / Eduardo Cunha 1,1% / etc.
            
4. Avaliação dos seguintes políticos. Em Ordem decrescente. Ótimo+Bom (O+B) e Ruim+Péssimo (R+P) / Marina Silva O+B 24,3% e R+P 38% / Bolsonaro O+B 20,2% e R+P 44,3% / Lula O+B 16,6% e R+P 60.3% / Aécio Neves O+B 15,1% e R+P 54,3% / Sergio Cabral O+B 7,3% e R+P 68,8% / Governador Pezão O+B 7% e R+P 59,9% / Presidente Dilma O+B 6% e R+P 74,6%. 
            
5. Hoje você acha que as Olimpíadas serem realizadas em 2016 no Rio, foi uma decisão positiva ou negativa? Positiva 41,9% / Negativa 51,9%.

Ministros ou sinistros?


A atuação da Polícia Federal vem se dando de tal maneira intensa, que os agentes policiais deveriam ganhar gratificação de produtividade. Os escândalos e os personagens reagem com tal naturalidade que das duas, uma: ou estão absolutamente desconectados da realidade, assim como a madame ainda presidente, ou então o povo brasileiro é que está cego e surdo.

As mediocridades abrigadas na Esplanada dos Ministérios são realmente espantosas. Não seria nenhuma injustiça se os atuais ministros passassem a ser chamados de sinistros.

Assim haveria:

1) Sinistro da Educação;
2) Sinistro da Casa Vil;
3) Sinistra dos afrodescendentes;
4) Sinistro do Turismo e por aí vai.

A única personalidade que se destaca nesses tempos bicudos é o japonês bonzinho da Federal, verdadeiro samurai, que deveria estar portando uma espada bem afiada para dela fazer bom uso. 

Tora, Tora, Tora. 

domingo, 13 de dezembro de 2015

Pra sair do inferno astral (Vittorio Medioli)


A sensação que respinga é a de um barco sem timoneiro à mercê da tempestade. Se Dilma, como presidente, deixa a desejar e alimenta a tese de seu impeachment, quem mais agravou o desempenho do governo é um vesgo à frente do Ministério da Fazenda.

Contratado para pôr ordem nas contas do governo, ele as agravou, apertando os botões errados, desregulando e confundindo os motores da economia nacional.

Passará à história como um dos maiores desastres que já se abateram sobre o país. A “levyanização” do Brasil se comprova pelos índices em queda e ainda pelo descrédito internacional em que mergulhou o país. Mais que atraso na aprovação dos ajustes que ele propôs de costas para a produção e o emprego, é a nítida inconsistência deles.

O período de Levy está sendo comemorado apenas pelos bancos e por quem conspira contra o atual governo. Perdeu-se o rumo. O navio pega as ondas no costado, nos pontos de menor resistência, as velas se rasgaram. Levy não controla nada, cismou que o ajuste se daria arrecadando mais, “simplesmente” cobrando mais impostos num país sufocado pelo excesso de tributação e pelo arcaísmo fiscal que adota.

Levy desconhece que a arrecadação aumenta com o aumento das atividades econômicas, impulsionada pelos setores produtivos e primários, que empregam, recolhem impostos, investem e fazem a roda girar.

Tomaram-se de mira exatamente os mamilos da vaca, a fonte do leite, e deixaram-se à vontade os setores especulativos, os carrapatos. Pede sacrifícios a quem deveria dar fôlego, esquecendo-se de que a despesa pública nacional é contaminada de excessos, quantitativos e qualitativos. Paga-se muito por algo que não se reverte em benefícios para a população e em sustentabilidade. Burocracia e mordomias encontraram em Levy o sinal verde para passar e crescer.

Os resultados econômicos de 2015 comprovam que suas atitudes e seu discurso sem nexo jogaram no fundo do poço os setores produtivos, desestruturaram o que funcionava, mataram a confiança do mercado, trucidaram a esperança, colocaram em fuga os investimentos bons, atrofiaram ainda os setores industriais, sua receita fez rebaixar o Brasil ao fundo dos fundos.

A tentativa de impedimento que sofre Dilma, mais que às pedaladas, se deve à crise que o país enfrenta, à desesperança de que esse governo possa sinalizar uma luz no fim do túnel. A força de um governante está nos resultados, mais que nas palavras. Está na mesa farta, nos empregos, na segurança que cerca o cidadão.

A demora em tomar atitudes, a persistência nos erros, as interferências deletérias no setor energético, no petróleo e na eletricidade, a fraqueza das iniciativas sociais esgarçaram a presidente. Com um império em suas mãos, conseguiu gerar o descontentamento na ampla maioria do Congresso Nacional.

Como nunca, corre sérios riscos com a abertura de um processo de impeachment, que sabe-se como começa, mas não como acabará. O julgamento dela, mais que jurídico, será político e testará não só a resistência dela, mas a do povo, que sofre as consequências do desajuste econômico.

Dessa forma, a medida mais eficiente para evitar a perda do mandato deverão ser a defenestração de Joaquim Levy, a mudança de discurso e a nomeação, para o comando da Fazenda, de alguém como Henrique Meirelles. Nisso Dilma já está atrasada.

Você decide (Bolivar Lamounier)


Teodiceia é a parte da teologia que investiga as origens do mal. Trata, portanto, de perguntas que angustiam o ser humano desde tempos imemoriais.

No Brasil, essa disciplina teológica tem milhões de cultores – e não sem razão. Por que nosso país se desenvolveu muito menos do que poderia e permanece impotente para erradicar sua imensa chaga de pobreza? Por que temos uma multidão de analfabetos funcionais e um sistema educacional vergonhoso? Como pudemos chegar a índices absolutamente espantosos de corrupção e criminalidade violenta?

Durante séculos, centenas de eruditos escritores, ensaístas e antropólogos perscrutaram nossa História em busca das raízes profundas de nossos males. Sem pendor para inquirições tão abrangentes, tentarei examinar a questão em função do momento imediato. A questão, agora, é que o enorme estoque de maldições que a História nos legou entrou numa trajetória de acelerado crescimento. Podemos afirmar sem temor a erro que o futuro da próxima geração será rapidamente destruído se nada for feito para reverter tal processo. A raiz desse mal específico está à vista de todos: um governo grotescamente incompetente, prepotente e sem rumo.

As alternativas ao nosso alcance são, pois, meridianamente claras: ou o impeachment, para que um novo governo se possa organizar sobre os escombros do atual, ou deixar o País por mais três anos nas mãos de Dilma Rousseff e de tudo o que ela representa.

No plano jurídico, a presidente é acusada (originariamente pelo Tribunal de Contas da União) de se haver posto acima das leis que regem a aplicação dos recursos públicos. Na economia, ao contrário do que ela insiste em repetir, o desastre não decorreu de fatores externos, nem primacialmente de um Congresso hostil, muito menos de uma oposição demoníaca. Decorreu de sua obstinada teimosia, de seu desábito de fazer uso dos órgãos auriculares e de sua formação sabidamente diáfana em economia. O resultado aí está: 4,5 de recessão nos últimos 12 meses; a inflação subindo lépida e fagueira para a casa dos dois dígitos, apesar da taxa básica de juros em 14,5%; e uma legião de indivíduos abatidos pelas agruras presentes do desemprego, ou por maus presságios quanto ao médio prazo no mercado de trabalho.

A principal causa do que acontece no futuro é, como se sabe, o que acontece no presente. Daí minha curiosidade em saber como certos setores da sociedade se vão comportar nos próximos dias: se irão à rua ou se preferirão acompanhar as manifestações pela TV, endossando implicitamente a continuação do atual estado de coisas.
Os grandes empresários, por exemplo. Como explicam a origem do mal é algo que ignoro por completo. O bem – a crer nos ensinamentos de um celebrado filósofo – provém das tetas do Estado. No momento atual, o que os influencia mais: a recessão brutal em que o País se encontra ou o estado de bem-aventurança que o BNDES lhes assegurou sob Lula e Dilma?

No pequeno e médio empresariado, o que desde há muito me impressiona é sua tendência a crer em duendes. No passado recente muitos acreditaram que o Brasil, tendo atingido a invejável marca de metade ou mais da população na “classe média”, estaria batendo às portas do Primeiro Mundo. Não se deram conta de que o modelo de crescimento acalentado pela sra. presidente não tem espaço para um pequeno empresariado moderno, com amplo acesso a crédito e tecnologia e a um mercado em expansão sem os artifícios do financiamento ao consumo. Por que, então, os menciono? Para brincar de humor negro? Não. Menciono-os porque ninguém como eles pode aquilatar o desastre econômico a que o País foi levado. Ninguém enxerga tão rapidamente a expressão “passa-se o ponto”, hoje visível em todo o Brasil.

Os pequenos e médios empresários trabalham como mouros, pagam impostos e arriscam seu capital. A mortandade de suas empresas é um espetáculo tão feio quanto a de peixes num rio cheio de mercúrio. Será que perscrutam a alma e nela creem ver um aceno do BNDES? Deve ser por isso que ainda hesitam em ir à rua exigir o fim do presente desgoverno.

E os líderes sindicais, saberão eles pelo menos quantos postos de trabalho foram para o vinagre graças à clarividência econômica da “doutora” Dilma? Onde está aquela meia dúzia de bravos que um dia jurou desmontar a organização sindical que os castrava? Ora, meus caros leitores, a vanguarda sindical daqueles tempos se associou ao PT e com ele se “reapelegou”.

Os estudantes universitários sabem que o sistema público vive uma situação de extrema penúria e o privado cobra os olhos da cara. Por que diabos isso estará acontecendo, se o governo federal está nas mãos do PT, se desde 2003 todos os ministros da Educação foram do PT, se o PT se proclama o mais lídimo representante da educação e da cultura e se o ambiente ideológico das universidades é sabidamente de esquerda? Será talvez porque a mãe, num incontido acesso de fúria, resolveu devorar os filhos?

Por último, os governadores e parlamentares federais. Tempo houve em que os governadores se comportavam como os eleitores esperam: como representantes de seus Estados, em primeiro lugar. Atualmente, é constrangedor observar a facilidade com que coonestam a pretensão populista de governar ao arrepio das leis, como pretendem Dilma Rousseff, seu mentor e seu partido.

Espetáculo ainda pior é o que muitos parlamentares federais nos têm proporcionado, comportando-se ora de forma errática, ora como terceirizados do Executivo, ora como diligentes despachantes federais. Oxalá me desmintam nos próximos dias, saindo às ruas e ostentando, na hora da verdade, a altivez que o mandato eletivo e a vida pública pressupõem.