sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Milagre!

Em evento de mulheres da Assembléia de Deus, dona Dilma declarou, para espanto de muitos:

"Acredito naqueles que creem. Acredito no poder da oração. Não se esqueçam de orar por mim. Todos os dirigentes deste país dependem do voto do povo e da graça de Deus", disse Dilma, que concluiu, sem ruborizar, sendo ela quem é: "Deus abençoe." 

Milagre! Só pode ser. A súbita piedade de dona Dilma, contudo, não parece combinar com sua história e suas convicções. Afinal, diria um cético, ela mesma foi quem falou que em época de eleições é permitido fazer o diabo. 

Já alguém cheio de doce esperança poderia inferir que nada como uma eleição para salvar uma réproba.  


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Os cafajestes


O ministro Paulo Bernardo, consorte da ex-ministra Gleisi Hoffman, resolveu dar sua modesta contribuição aos costumes pátrios. Maus costumes, claro, pois que o ministro é um dos mandarins petistas, portanto, inimputável. Para ele é natural haver trapaças e atentados à Constituição. Pegados com a boca na botija, os espertalhões que estavam a sabotar a CPI da Petrobrás ficaram sem ter o que dizer. É o tal batom na cueca. Como explicar à patroa, ao chegar em casa, a comprometedora marca? Inexplicável, obviamente. A menos que se crie uma narrativa tão fantasiosa, tipo, "isso aconteceu, querida, porque uma jovem senhora que passava escorregou, quase caiu, exatamente ali onde eu estava fazendo xixi, ao pé de um árvore; estava muito escuro o local e, no tombo que a coitada tomou, ao inclinar o corpo, caiu, manchando minha roupa de batom". A versão se complica, no entanto, devido a um simples aspecto: a marca fatal estava na parte interna da cueca.


Pontificou solenemente o ministro, amicíssimo, aliás, daquele deputado sócio de notório doleiro que está recolhido atrás das grades:


"Na primeira CPI já deve ter acontecido isso. Vem desde Pedro Álvares Cabral. A não ser que queiramos fingir que somos todos inocentes, que somos muito hipócritas, e falar que isso não acontece (referia-se ao conluio do palácio do Planalto, a Petrobrás e os senadores petistas e aliados para melar as investigações). Isso é uma tempestade em copo d'água - prosseguiu - que fizeram para ver se alavanca a oposição".

Bem, segundo tal incrível concepção, se um irmão der um tiro na cabeça do outro, ele estará absolvido. Afinal de contas, essa prática é antiga. Caim não matou Abel? Coisa pouca, ora. Escravizar os outros também é um velho costume, não sejamos hipócritas. Os fazendeiros pilhados reduzindo homens à condição análoga ao do trabalho escravo, bem poderão convidar o ministro para depor em seu favor. E essa tal lei Maria da Penha? Mulheres sempre tomaram uns bofetões dos maridos e companheiros. Coisa mais natural, então, qual o problema? E tapinhas de amor nem doem, dizem os entendidos. Os mensaleiros petistas condenados pelo STF deveriam reivindicar absolvição e, mesmo, uma gorda indenização, pois que, patriotas de escol, só fizeram aquilo que Newtão, Maluf, Sarney e outros próceres sempre fizeram. Qual o problema, indagaria certamente o ministro Paulo Bernardo? Não sejamos hipócritas, em conformidade com seu bordão. 

O ministro Paulo Bernardo ainda foi além da imaginação. Botou até o pobre do Pedro Álvares Cabral no seu suruba ético e moral. Não demora muito, ele vai incluir na sua galeria algum santo da Igreja. E eles existem: São Paulo e Santo Agostinho que se cuidem. Este último, então, é um rico manancial. Estão lá em nas Confissões suas peripécias antes de se converter pelas mãos de sua mãe - Santa Mônica. Papini também deu notas esclarecedoras a respeito do ilustre Doutor da Igreja na sua obra A Vida de Santo Agostinho. 

Como, ao que parece, a vida anda imitando muito a arte, devemos render um tributo a Jece Valadão, grande ator brasileiro já falecido. Um de seus filmes antecipou em meio século o espírito que preside o modus operandi do petismo: Os cafajestes! A cafajestagem será o núcleo da herança maldita que Lula, Dilma e companheirada deixarão para os brasileiros. Uma incurável doença do espírito, é o que receberemos em breve.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Delírio

Ao responder a pergunta de um repórter, em evento patrocinado pela CNA, que quis saber o que dona Dilma tinha a dizer  sobre o envolvimento de servidores do Palácio do Planalto, na trama forjada para reduzir a CPI da Petrobras a uma ação entre comparsas infiltrados no Congresso e no governo, a madame presidente se saiu com essa:

“Vou te falar uma coisa. Acho extraordinário. Primeiro porque o Palácio do Planalto não é expert em petróleo e gás. O expert em petróleo e gás é a Petrobras. Eu queria saber se você pode me informar quem elabora perguntas sobre petróleo e gás para a oposição também. Muito obrigada. Não é o Palácio do Planalto nem nenhuma sede de nenhum partido. Quem sabe das perguntas sobre petróleo e gás só tem um lugar. Pergunta só tem um lugar no Brasil. Eu diria vários lugares no Brasil: a Petrobras e todas as empresas de petróleo e gás. Você sabe que há uma simetria de informação entre nós, mortais, e o setor de petróleo. É um setor altamente oligopolizado, extremamente complexo tecnicamente. Acho estarrecedor que seja necessário alguém de fora da Petrobras formular perguntas para ela”.

Delírio puro; delírio em estado bruto, como se fruto de algum surto. Só em hospício se poderia achar algo parecido.

Cirstianizando dona Dilma

Na postagem do dia 04 de agosto - Dona Dilma ao mar - foi apontada, aqui neste blog, a trairagem de Fernando Pimentel com dona Dilma. Sua equipe de campanha inundou Belo Horizonte com vistosos adesivos para veículos, com um detalhe importante: sem qualquer menção à candidatura presidencial. A de agora, entretanto, não seria a primeira pernada que Pimentel aplica na companheirada do PT. Em 2008, ele puxou o tapete dos pretendentes petistas à prefeitura da capital mineira. Apoiou, junto com Aécio, a candidatura de Márcio Lacerda do PSB, que foi o vitorioso.

O jornal O Globo publica na edição de hoje - 06 de agosto - questionamentos havidos na reunião da Executiva nacional do PT, a respeito de uma chapa Pimentécio (Pimentel mais Aécio), que estaria sendo gestada em Minas Gerais. Pimentel, como não podia deixar de ser, negou estivesse escondendo dona Dilma e alegou que "houve um erro de gráfica" na confecção de suas peças publicitárias. O jornal ainda acrescenta: "Dilma também não é citada no jingle de Pimentel". Acredite quem quiser, na explicação do ex-ministro de Dilma. Pimentel sabe que dona Dilma é uma bola de ferro amarrada no saco. Do jeito que as coisas andam, ela vai para o abismo e vai levá-lo junto. Esperto, finório mesmo, Pimentel busca pegar uma carona no nome de Aécio, deixando a madame pra trás, pois que esta lembra u'a mala velha, sem alça e com rodinha quebrada. Aí tem, certamente, o dedo inefável de Walfrido Mares Guia, o maior especialista nessas tramas políticas e eleitorais. Consta ser invenção sua o Lulécio (Lula e Aécio, em 2002) e o Dilmasia (Dilma e Anastasia, em 2010). Walfrido é tão sagaz que conseguiu se transformar, de inimigo capital dos petistas, em amigo de infância de todos eles.

Pimentel busca repetir, também, a experiência exitosa de 1950, quando Cristiano Machado, candidato a presidente pelo PSD, foi abandonado pelos companheiros, que preferiram apoiar Getúlio Vargas, o vitorioso, enfim, pelo velho PTB. Daí veio o verbo "cristianizar". Minas tem mais exemplos famosos. Bradando o bordão Jan-Jan (Jânio e Jango), cristianizaram Milton Campos, que era adversário de Jango na disputa pelo cargo de vice-presidente, em 1960. Milton Campos foi derrotado até em sua terra natal. Dona Dilma é a próxima vítima. Vai se juntar, também, a Ulisses e Quércia, cristianizados pelo PMDB em 1989 e 1994, respectivamente. Bem vinda, dona Dilma, à lata de lixo da história.
 

Um pouco de teoria (ex-blog do Cesar Maia) - 06-08-2014


UM POUCO DE TEORIA PARA CANDIDATOS 
QUE ACREDITAM NO BOCA A BOCA PARA 
FORMAR OPINIÃO!

     
1. GABRIEL TARDE (1843-1904), sociólogo francês,
pai da microssociologia (e da micropolítica), viu 
suas ideias serem obstruídas pelas escolas 
estruturalistas, como as de Marx, Durkheim, 
Weber, etc., que prevaleceram no século 20. 
Sua obra capital foi “Les Lois de l’Imitation” (1890), 
texto fundamental para entender a lógica da internet, 
110 anos depois. Em “Leis da Imitação”, 
Tarde analisa o processo de formação de opinião
 a partir das relações entre os indivíduos.

2. Nos termos de hoje: os meios de 
comunicação, sistemas de publicidade, 
vocalizadores, etc., distribuem informações, 
que são filtradas pelos indivíduos. Para 
assumi-las como opinião sua, o indivíduo as 
testa com alguém em cuja opinião confia. 
Na medida em que haja coincidência, ele 
afirma a informação como opinião e a repassa. 
Esse processo ocorre em múltiplos pontos, 
que vão formando fluxos de opinamento. 
Alguns são linhas tênues, que desfalecem. 
Outros fluxos se ampliam e vão avançando 
com diversas intensidades viróticas.


3. Para Tarde, há três tipos de indivíduos: os 
“loucos”, que iniciam fluxos de opinamento; os 
“tímidos” ou “sonâmbulos”, que são repassadores 
de fluxos, ou imitadores, na expressão de
 Tarde; os “tolos”, ou “descrentes”, que 
pouco repassam os fluxos recebidos.  Para 
Tarde, a imitação difunde-se em ondas 
concêntricas. Por esse processo se forma a 
opinião pública. Se um grupo social afirma 
ideias, outros podem repassá-las por “imitação”. 
Olhando para os meios de comunicação de 
hoje, que são os mais importantes 
distribuidores de informação, estes obedecem 
à lógica da audiência, pois esta 
define suas rentabilidade e competitividade.
 
4. Estrito senso, os meios de comunicação 
não formam opinião, mas reforçam e 
multiplicam opinião em formação. Como 
estão inseridos socialmente, sejam por 
sensibilidade, estudos ou pesquisas, dão conta 
de fluxos de opinamento em formação 
sustentada. Quando a mídia propaga esses 
fluxos, acelera enormemente a velocidade 
de transformação deles em opinião pública.


5. Fluxos que constituiriam opinião pública 
em, por exemplo, dois anos, podem ser 
acelerados pela TV e formar opinião em 
poucos dias ou horas, como ocorre algumas 
vezes.  A lógica da internet e de suas 
redes é essa, agregada à diversidade. 

1974 - 2014

Quarenta anos atrás, em 1974, o regime militar encontrava-se no seu auge. Era a culminância do milagre brasileiro, comandado por Delfim Netto. O povo estava satisfeito pelo aumento da capacidade de consumo de bens duráveis: feliz como pinto no lixo. O então ministro da Fazenda obtivera com isso o máximo de rendimento político e eleitoral para as forças então dominantes. Delfim Netto, aliás, ainda vivo e prestigiado conselheiro de Lula da Silva, era o czar da economia. O que se chamou de milagre imaginado por ele era uma espécie de PAC da época. O triunfalismo era a pedra de toque. Isso é mais que sabido por quem estudou ou viveu naqueles anos.

Nas eleições majoritárias possíveis - não se votava para governador, presidente e prefeito de certas cidades, somente para senador - a surda e crescente insatisfação popular se manifestou de maneira contundente, em 1974. O velho MDB elegeu a grande maioria de senadores para as vagas em disputa. Na eleição para deputado federal houve igual sucesso. Até Nelson Thibau (um folclórico personagem de Belo Horizonte, ao estilo Tiririca), depois de se ajoelhar frente às então precárias câmaras de TV, conseguiu um mandato; foi o único; depois de ser deputado federal nunca mais se elegeu para qualquer cargo, apesar de perseverantes tentativas. A partir desse ano, o regime militar entrou no caminho do colapso, apodrecendo a cada dia mais um pouquinho, até o desenlace final, já nos anos 80.

Atualmente se vive uma situação similar. O povo está de saco cheio de Lula, Dilma, PT, PAC's, da corrupção, velhacarias e principalmente da falta de vergonha na cara dos políticos governistas. As pesquisas indicam um desejo de mudança. Este é o pano de fundo onde se desenrolará a batalha de 5 de outubro. Dona Dilma é muito parecida com Garrastazu Médici. O antigo e truculento general foi cúmplice e autor de algumas tragédias; a balofa e atual presidente segue a triste sina que lhe foi reservada: a de personagem de uma farsa monumental. Dona Dilma é a imagem especular e invertida de Médici. Este, no entanto, ainda podia comparecer ao Maracanã em dias de jogos. O povo o aplaudia, ao contrário da madame, tornada a Geni do momento, conforme se viu na última copa do mundo.

Em 1974, Tancredo hesitou em sair para disputar a vaga senatorial de Minas. Avaliou, com sua proverbial prudência, que ainda não era o  momento de enfrentar o regime. Seu vacilo abriu as portas para um homem audacioso e íntegro que aceitou ir para a disputa: Itamar Franco. Pouco conhecido então, conduziu uma campanha de Davi contra Golias. O ilustre e respeitável ex-presidente, ex-governador, ex-prefeito de Juiz de Fora e ex-senador interpretou corretamente o sentimento, o espírito vigente daquela época. Arrostou as dificuldades, o ceticismo e a preguiça de muitos e correu Minas Gerais com sua pregação política, sem fazer as promessas habituais dos candidatos que vivem a acenar com casa, comida e roupa lavada para todos. Itamar nunca decepcionou os mineiros. Com seus libelos honrou a tradição libertária das Minas Gerais.

Aparentemente provinciano, Itamar Franco foi um dos maiores estadistas do Brasil. Quando se o compara com os atuais senadores da república, percebe-se a distância que há entre anões e gigantes. Itamar não se calaria frente às trapaças e cafajestagens persistentes que transformaram o Senado Federal numa Casa do Espanto. Espanto, pelas espantosas velhacarias que ali se praticam dia-a-dia. Senado é, historicamente, um lugar de velhos, não de velhacos. O país vive um bom momento para se livrar de múmias e arrivistas que degradam aquela casa legislativa.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Nuvens de gafanhotos

O ex-governador Garotinho criou uma frase memorável anos atrás. Definiu o PT como o partido da boquinha, sempre à cata de algum cargo para seus inumeráveis "militantes". O PT, evidentemente, evoluiu nas suas pretensões. Já não se satisfaz mais com meras boquinhas na administração pública. O negócio agora são as bocadas, coisa grande, negócio dos bons para ninguém botar defeito. As recentes notícias sobre a invasão da turma na seara do Sistema S (SESI, SENAI, SEBRAE, etc), dão uma pálida ideia a respeito do método de saqueio a que estão submetidas as instituições brasileiras. Segundo o divulgado pela imprensa, a nora de Lula mamava treze paus (para respeitar a terminologia do Vavá, irmão de Lula); a mulher do mensaleiro hóspede da Papuda - ex-deputado petista João Paulo Cunha - o capilé era mais suntuoso: 23 paus por mês! E tudo sem a necessidade de sequer bater o ponto na repartição. Às duas madames junta-se um exército de coordenadores de sei lá o quê, de assessores de porra nenhuma, de consultores do nada e outras denominações funcionais fajutas que a larga imaginação da turma oferece.

O PT parece uma nuvem de gafanhotos, verdadeira praga do Egito, que não poupa nada nem ninguém. Curioso é a capacidade que revela de aparelhar entidades patronais, arrancando dinheiro dos empresários com a mesma facilidade com que depredam as entidades sindicais dos trabalhadores. Há casos, como o do candidato petista ao governo mineiro - ex-ministro Fernando Pimentel - que abocanhou alguns milhões de reais fazendo "consultoria" para a Federação das Indústrias de Minas Gerais (como se empresários solidamente estabelecidos precisassem de um comunista para lhes ensinar a ganhar dinheiro). A menos, claro, que Pimentel seja uma encarnação do banqueiro anarquista, personagem aludido por Fernando Pessoa em seus Contos de Raciocínio.  

Com faro extraordinariamente apurado, os petistas seguem e perseguem o dinheiro onde quer que este esteja, qualquer que seja seu eventual controlador, depositário ou proprietário. Pode ser bicheiro? Sim. Pode ser traficante? Sim. Pode ser quadrilheiro? Sim. Pode ser igreja? Sim. Pode ser banco ou instituição financeira? Sim. Pode ser empreiteiro? Sim. Pode ser sindicato patronal? Sim. Pode ser entidade estudantil? Sim. Enfim, qualquer que seja o tipo de trapaceiro, picareta, publicitário ou similar, em tudo quanto é entidade, o petismo e assemelhados lá estarão de biquinho aberto a espera da cobiçada ração, qual filhotes esganados de carniceiros e de rapinantes.

Essa vasta clientela sugando a seiva vital da nação venderá caro a derrota nas próximas eleições. Perder uma bocada de um ou dois paus por dia não é para qualquer um. As hienas demonstram a força com que se aplicam na defesa da carniça. Enfrentam leões, leopardos e crocodilos com assombroso destemor. E essa nuvem de gafanhotos não se deixará ser varrida do mapa se maneira graciosa, cheia de fair play, como finos cavalheiros que respeitam as regras do jogo. Farão o diabo, já advertiu e conclamou  dona Dilma. Essa nefasta senhora e Lula da Silva são apenas o ápice de uma estrutura tentacular que se desdobra e se multiplica como erva daninha. A tiririca do jardim, não o inofensivo palhaço deputado, resiste aos mais poderosos herbicidas. O herbicida para o PT é o voto livre e a defesa das leis e das instituições.

Os parasitas que congregam nos templos do PT configuram, mais que uma nova classe social, uma casta que transfere de pai para filho, de marido para mulher, de irmão para irmão, de cupinchas para cupinchas os privilégios e os recursos subtraídos da sociedade. É um esquema mais vasto e mais profundo que o clientelismo tradicional dos coronéis nordestinos, um tanto amadores perto dos petistas; estes sim são profissionais.

Frente aos caraminguás da bolsa-família, a bolsa-companheiro é um insulto aos pobres do Brasil. A bolsa-família poderia ser duplicada melhorando a vida dos que a recebem. Bastaria, tão somente, acabar com as boquinhas, as bocas e as bocadas diversas que alimentam os parasitas - do petismo e associados - que engordam mamando nos cofres públicos.  

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Dona Dilma ao mar

Fernando Pimentel, o ex-ministro favorito de dona Dilma, é candidato a governador de Minas Gerais. A intimidade entre os dois remonta aos anos 60 do século passado, quando ambos brincavam de guerreiros contra generais autoritários, imaginando-se fiéis intérpretes da vontade popular. Pura fantasia. A concepção de representação presumida é a pedra de toque de todos os totalitários. Agradeça-se a Rousseau  e a Platão pela contribuição teórica ao fanatismo moderno. A hostilidade aos milicos naqueles tempos alicerçava-se numa divergência fundamental: dona Dilma e sua turma queriam, de fato, um regime totalitário e, não, um autoritário. Nenhum defendia uma democracia constitucional, com divisão de poderes e respeito aos direitos humanos. Tal verdade é sobejamente conhecida. Afirmar o contrário, somente os tolos ou os que compartilham da tosca visão política da madame.

Os tempos, no entanto, mudaram. Convertidos, mesmo que a contragosto, aos rituais da democracia representativa virtuosa (com o respeito, repita-se, à divisão de poderes e aos direitos humanos), Pimentel e dona Dilma buscam agora mais um mandato popular. E o fazem dispostos a pagar qualquer preço. Dona Dilma frisou a regra básica para ela e sua turma: em época de eleições é permitido fazer o diabo! Pimentel, ao menos, parece ter acreditado na madame.

Fazendo propaganda de sua campanha a governador de Minas, Pimentel vai-se desvencilhando da atual presidente, essa mala sem alça. Em material que está sendo largamente distribuído para a população (pela equipe de Pimentel), encontra-se um adesivo para automóveis onde não consta o nome de dona Dilma. Velhacamente, Pimentel busca se descolar na antiga companheira de lutas. Sabe que vincular seu nome ao de dona Dilma é o mesmo que esperar um beijo da morte, notadamente em Minas Gerais. A pavorosa dona é difícil de carregar; é uma derrota certa marchar com ela. A caravela de Pimentel já estava mesmo muito pesada, com passageiros inconvenientes provindos da banda podre do PMDB, bem pródiga nesse quesito. Para tentar chegar ao destino pretendido, já jogou ao mar o peso morto que, além de não ajudar, ainda atrapalha. Repete, assim, os mesmos movimentos de Skaff, em São Paulo. Com índices estratosféricos de rejeição popular, declarar apoio, e pedir voto para a esquisita madame é, sobretudo, um suicídio eleitoral.



domingo, 3 de agosto de 2014

"Falta sentimento democrático" - Fernando Henrique Cardoso


(Publicado no Estadão em 03-08-2014)


Ainda é cedo, mas há fortes indícios de que o PT perderá as próximas eleições. Em que Estado com muitos eleitores seus candidatos a governador se mostram competitivos? Talvez em um. No total os petistas aparecem bem situados apenas em quatro Estados, se tanto, três deles com não muitos eleitores. Quanto aos aliados, especialmente o principal, o PMDB, parece que andam em franca debandada em vários Estados. Também, pudera, como pedir fidelidade no apoio à reeleição quando, além do pouco embalo da chapa presidencial, os candidatos da oposição e do próprio PMDB aos governos estaduais aparecem bem à frente dos candidatos do PT?
As taxas de rejeição da presidenta estão nas nuvens, não só em São Paulo, onde nem o céu é o limite. Também crescem nos pequenos municípios do Norte e do Nordeste para onde, nas asas das bolsas-família, migraram os apoios do partido que nasceu com os trabalhadores urbanos. As raízes deste quadro se abeberam em vários mananciais: o das dificuldades econômicas, da tragédia das políticas energéticas (vale prêmio Nobel derrubar ao mesmo tempo o valor de bolsa da Petrobras e as chances do etanol e ainda encalacrar as empresas de energia elétrica), da confusão administrativa, do pântano das corrupções e assim por diante. Culpa da presidenta? Não necessariamente.
Há tempo, escrevi um artigo nesta coluna com o título de Herança Maldita. Fazia ironia, obviamente, com o estigma que petistas ilustres quiserem impingir a meu Governo. No artigo indicava que a origem das dificuldades não estava no atual Governo, vinha de seu predecessor. A cada oportunidade que tenho procuro separar a figura da presidenta, seu comportamento passado e atual, digno de consideração, dos erros que, eventualmente atribuo ora a ela, ora ao estilo petista de governar.
Mas, francamente, é demais não reconhecer que há motivos reais, objetivos, para o mal-estar que envolve a atual política brasileira sob hegemonia petista. Abro ao acaso os jornais desta semana: os europeus advertem que a produtividade do país está estagnada; o humor do varejo em São Paulo é o pior em três anos; a produção industrial e a confiança dos industriais não param de cair; o FMI publica documento oficial assinalando que nossa economia é das mais vulneráveis a uma mudança no cenário internacional e ajusta mais uma vez para baixo a projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2014, para 1,3% (seriam otimistas?); o boletim Focus, do BC, prevê um crescimento ainda menor, de 0,9% (seriam os pessimistas?); o juro para a pessoa física atinge seu maior patamar em três anos; a geração de empregos é a menor para o mês de junho em dezesseis anos; para não falar na decisão do TCU de bloquear os bens dos dirigentes da Petrobras ao responsabilizá-los por prejuízos causados aos cofres públicos na compra da refinaria de Pasadena.
Espanta, portanto, que a remessa de análise conjuntural feita por analistas de um banco a seus clientes haja provocado reações tão inusitadas. O mercado não deve se intrometer na política, protestaram Governo e petistas. Talvez. Mas se intromete rotineiramente e quando o vento está a favor os governos se deixam embalar por seu sopro. Então, por que agora e por que de forma tão desproporcional ao fato, presidenta?
Não creio que seja por desconhecimento da situação nem muito menos por ingenuidade. Trata-se de estratégia: o ataque é a melhor defesa. E nisto Lula é mestre. Lá vêm aí de novo com as “zelites” (da qual faz parte) contra o povo pobre. Até aí, táticas eleitorais. Mas me preocupa a insistência em tapar o sol com a peneira. Talvez queiram esconder o acúmulo de dificuldades que estão se avolumando para o próximo mandato: inflação subindo, com tarifas públicas e preço da gasolina represados; contas públicas que nem malabarismos fiscais conseguem ajustar; o BNDES com um duto ligado ao Tesouro, numa espécie de orçamento paralelo, como no passado remoto; as tarifas elétricas rebaixadas fora de hora e agora o Tesouro bancando os custos da manobra populista, e assim por diante. Em algum momento o próximo Governo, mesmo se for o do PT, terá de pôr cobro a tanto desatino. Mas, creem os governistas, enquanto der, vamos empurrando com a barriga.
Que fez o Governo do PSDB quando as pesquisas eleitorais de 2002 apontavam possível vitória do PT da época? Elevou os juros, antes mesmo das eleições, reduzindo as próprias chances eleitorais. Sustentou mundo afora, antes e depois das eleições, que não haveria perigo de irresponsabilidades, pois as leis e a cultura do país haviam mudado. Pediu um empréstimo ao FMI, com a prévia anuência pública de todos os candidatos a Presidente, inclusive e especificamente do candidato do PT. O dinheiro seria desembolsado e utilizado pelo Governo a ser eleito para acalmar os mercados, que temiam um descontrole cambial e inflacionário e mesmo uma moratória com a vitória de Lula. Aprovamos ainda uma lei para dar tempo e condições ao novo Governo de se inteirar da situação e se organizar antes mesmo de tomar posse.
Agora, na eventualidade de vitória oposicionista (e, repito, é cedo para assegurá-la) que fazem os detentores do poder? Previnem-se ameaçando: faremos o controle social da mídia; criaremos um Governo paralelo, com comissões populares sob a batuta da Casa Civil que dará os rumos à sociedade; amedrontam bancos que apenas dizem o que todos sabem etc. Sei que são mais palavras equívocas do que realidades impositivas. Mas denotam um estado de espírito. Em lugar de se prepararem para “aceitar o outro”, como em qualquer transição democrática decente, estigmatizam os adversários e ameaçam com um futuro do qual os outros estarão excluídos.
Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidar do que não lhes dar atenção. A democracia entre nós, já disseram melhor outros personagens, é como uma planta tenra que tem que ser cuidada e regada com exemplos, pensamentos, palavras e ações todos os dias. Cuidemos dela, pois.

Atualidade de Thomas Morus

Thomas Morus - santo católico a quem devem invocar os professores e os intelectuais - escreveu o clássico  livro A UTOPIA. Mártir da Igreja, foi beatificado por Leão XIII, em 1886, e canonizado por Pio XI, em 1935. 

Questionou Lutero em sua célebre obra "Responsio ad Lutherum". Além de usar os mais chocantes palavrões disponíveis, repete-os e, ainda, os floreia. A justificativa dada por ele ao emprego da linguagem obscena foi simples: responder com puras contestações eruditas à baixeza de Lutero, seria conceder-lhe uma honra imerecida, motivo que o levou a usar os seguintes termos contra o antigo monge agostiniano:


"Enquanto continuardes a dizer essas desavergonhadas mentiras, a outros será permitido que joguem de volta na vossa boca cheia de merda, verdadeiro depósito de toda merda, a sujeira e merda inteira que vossa execrável podridão vomitou, e esvaziar todos os esgotos e privadas na vossa coroa despida da dignidade da coroa sacerdotal, em prejuízo da qual decidistes bancar o palhaço" (Cf. The complete works of St. Thomas More, ed. Jonh M. Headley, vol. V, New Haven: Yale University Press, 1969, pag. 181).

O santo homem, é óbvio, não conheceu Lula da Silva nem dona Dilma. Mas às suas notáveis qualidades teológicas pode-se juntar a de profetizar. Suas palavras sobre Lutero cabem como uma luva aos dois principais farsantes da atual política brasileira. 

De alguma misteriosa forma, os brasileiros têm dito algo similar nas saudações emanadas dentro dos estádios de futebol. Voz do povo, voz de Deus.