segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Dona Dilma ao mar

Fernando Pimentel, o ex-ministro favorito de dona Dilma, é candidato a governador de Minas Gerais. A intimidade entre os dois remonta aos anos 60 do século passado, quando ambos brincavam de guerreiros contra generais autoritários, imaginando-se fiéis intérpretes da vontade popular. Pura fantasia. A concepção de representação presumida é a pedra de toque de todos os totalitários. Agradeça-se a Rousseau  e a Platão pela contribuição teórica ao fanatismo moderno. A hostilidade aos milicos naqueles tempos alicerçava-se numa divergência fundamental: dona Dilma e sua turma queriam, de fato, um regime totalitário e, não, um autoritário. Nenhum defendia uma democracia constitucional, com divisão de poderes e respeito aos direitos humanos. Tal verdade é sobejamente conhecida. Afirmar o contrário, somente os tolos ou os que compartilham da tosca visão política da madame.

Os tempos, no entanto, mudaram. Convertidos, mesmo que a contragosto, aos rituais da democracia representativa virtuosa (com o respeito, repita-se, à divisão de poderes e aos direitos humanos), Pimentel e dona Dilma buscam agora mais um mandato popular. E o fazem dispostos a pagar qualquer preço. Dona Dilma frisou a regra básica para ela e sua turma: em época de eleições é permitido fazer o diabo! Pimentel, ao menos, parece ter acreditado na madame.

Fazendo propaganda de sua campanha a governador de Minas, Pimentel vai-se desvencilhando da atual presidente, essa mala sem alça. Em material que está sendo largamente distribuído para a população (pela equipe de Pimentel), encontra-se um adesivo para automóveis onde não consta o nome de dona Dilma. Velhacamente, Pimentel busca se descolar na antiga companheira de lutas. Sabe que vincular seu nome ao de dona Dilma é o mesmo que esperar um beijo da morte, notadamente em Minas Gerais. A pavorosa dona é difícil de carregar; é uma derrota certa marchar com ela. A caravela de Pimentel já estava mesmo muito pesada, com passageiros inconvenientes provindos da banda podre do PMDB, bem pródiga nesse quesito. Para tentar chegar ao destino pretendido, já jogou ao mar o peso morto que, além de não ajudar, ainda atrapalha. Repete, assim, os mesmos movimentos de Skaff, em São Paulo. Com índices estratosféricos de rejeição popular, declarar apoio, e pedir voto para a esquisita madame é, sobretudo, um suicídio eleitoral.



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