quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

LADRÕES DE CASACA

O hoje esquecido Henrique Pizzolato – aquele impudente ex-diretor da PREVI e do Banco do Brasil que se notabilizou pelo envolvimento com a corrupção – era conhecido pela sua sofisticação: alto, cavanhaque bem aparado, gravata borboleta, calças de vinco impecável, blazer Armani, camisa de algodão egípcio, sapatos de cromo alemão e outros adereços compatíveis. Parecia um lorde inglês quando desfilava no edifício sede daquela instituição bancária. Melhor dizendo, ele era um herdeiro de Petrônio, o ditador da elegância na antiga Roma. Este homem refinado chegou a dizer naqueles momentosos tempos do mensalão que só recebia 45 “paus” por mês, ao contrário de seus colegas dos fundos de pensão, que mamavam dezenas de milhares de reais mensalmente. Sentia-se, mesmo, injustiçado com tal situação. Elegância, claro, custa dinheiro. Dá para imaginar, pois, o sacrifício que ele fazia e as dificuldades que o atormentavam.

De uma certa maneira o Sr. Pizzolato (já naquela época) sinalizou para a caixa preta que cabe desvendar caso se pretenda avaliar o significado do lulo-petismo. Quem se der ao trabalho de entrar na Internet e navegar nos sítios dos grandes fundos de pensão fica espantado com o verdadeiro aranzel de participações diretas, indiretas e cruzadas destes fundos. Eles estão no coração das atividades empresariais brasileiras (sem computar as associações com multinacionais de todos os tipos). São, por incrível que pareça, nos dias que correm, sócios do grande capital nacional e internacional. Se há alguns anos eles (os "donos" dos fundos de pensão), eram meio bobinhos – como o referido Petrônio tupiniquim – após uma proveitosa convivência com o professor Daniel Dantas (quando aprenderam dele os truques e o caminho das pedras), ao fim rifaram-no depois que se tornaram melhores que o mestre.

A companheirada da CUT e do PT reinventou o socialismo. Os empregados tornaram-se agora sócios dos patrões. Não é aquela “parceria” fajuta onde “colaboradores” ganham um PLR (Participação em Lucros e Resultados), ou um abono mixuruca no final de ano. Agora, o negócio é assunto de gente grande. É sócio, mesmo. Sócio para valer. Para rachar os lucros na proporção do capital investido. E mais importante: para participar das decisões e do comando das empresas e outras bocadas. Para isto encontram-se disponíveis incontáveis assentos dos Conselhos de Administração e rendosas Diretorias onde os fundos têm aplicações: EMBRAER, Vale do Rio Doce, empresas de telefonia, de energia, de celulose, de siderurgia, de mineração etc. A partir dos sindicatos a companheirada chegou ao controle dos fundos de pensão. A partir destes passaram a comandar o destino econômico e político do Brasil. A “nova classe”, ou os novos “patrícios”, como diria Darcy Ribeiro, se esbalda na farra dos bilhões que não são seus, porém, estão sob o seu controle político. Imagine-se o que mobilizarão de dinheiro para garantir a eleição de um “chegado(a)” em 2010... A notória EMBRAER, por exemplo, deu para Lula nas últimas eleições o cheque mais gordo de todos que sairam oficialmente de sua tesouraria. Seria interessante saber o montante (só das doações oficiais feitas, ou ao PT diretamente ou a Lula), pelas empresas em que os fundos de pensão estão solidamente assentados. Caixa 2 é pinto perto do que se pode auferir no Caixa 1 mesmo. (Publicado no jornal O Tempo, de Belo Horizonte, em 6 de março de 2009).

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

OS PACÍFICOS E OS VIOLENTOS

"Na tarde de sábado, quatro jagunços foram mortos a tiros por trabalhadores ligados ao MST . O governador (Eduardo Campos, de Pernambuco) afirmou, no entanto, que não vai tolerar integrantes do movimento envolvidos em atos de violência.
- Não toleramos violência de nenhum dos lados, nem dos fazendeiros, nem dos sem-terra - disse o governador, que enviou reforço militar para a região do conflito.
De acordo com o coordenador do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, os seguranças vinham impondo uma série de humilhações aos sem-terra, além de ameaças. A confusão terminou em chacina porque os jagunços teriam tentado matar um dos coordenadores do movimento.
- Evitamos um massacre. Aqueles que matamos não eram pessoas comuns. Eram pessoas contratadas para matar, pistoleiros violentos - disse ele domingo pela manhã, por telefone, da sede da coordenadoria do MST, que fica na região agreste". (Extraído do Blog do Noblat).

A espantosa notícia sobre o assassinato de quatro pessoas que trabalhavam em uma das fazendas ameaçadas de invasão pelo MST é um primor de inversão de valores. Lembra velha anedota sobre os valentes de Mutum/MG - notória pela violência que lá reinava. Dizia-se que lá não havia mais ninguém violento. Os outros moradores os mataram para acabar com a valentia... Doravante só haveria em Mutum gente de boa paz. É o mesmo caso lá de Pernambuco. Os "brutais" empregados dos fazendeiros foram assassinados pelos "pacíficos" sem terra. Os crimes confessados pelo próprio coordenador do MST em Pernambuco não estariam a exigir uma simples atuação da polícia e da justiça? É, no mínimo, estranha tal situação: os pacatos matam e os violentos morrem. Será o sertão virando mar e o mar virando sertão? De qualquer modo parece que o governador já sinalizou para a absolvição dos homicidas. Tristes tempos estes nos quais vivemos. Para terminar, seria esclarecedor saber de que maneira os quatro foram feridos. Com armas de fogo? Com porretes? Com facas? Com enxadas? Com foices? Com pedras? Um laudo médico legal minucioso é uma valiosa ferramenta para colocar as coisas nos devidos termos.

SABEDORIA DE OMAR KHAYYÁN

“Com a moeda dos princípios
Não se compra nos mercados
Nem um triste pé de alface”.


(Estes versos de famosa rubaiata de Khayyán - genial poeta persa - têm aproximadamente mil anos)

O LULISMO COMO DEGENERAÇÃO

O governo de Lula da Silva incorpora a cada dia um novo palhaço à sua diversificada troupe. Com efeito, as lideranças do lulismo, quer estejam em cargos do Executivo ou do Legislativo, principalmente neste, configuram um verdadeiro exército de Brancaleone em termos de personagens exóticos. As aberrações ali são a regra e não a exceção. Quando Lacerda disse, quarenta anos atrás, que o General Castelo Branco era mais feio por dentro que por fora, não podia imaginar o que a História nos reservava. Figuras lombrosianas – verdadeiras caricaturas vivas – aparecem diariamente nas telas da TV exibindo suas almas transfiguradas nas expressões da própria face e do restante do corpo. É como se os habitantes dos inumeráveis círculos do Inferno houvessem subido à Terra para atazanar e punir os homens da superfície.
Ex-guerilheiros de ambos os sexos, covardes uns, dedos-duros outros, mais hábeis no seqüestro de cofres e pecúnias alheias que na realização de operações militares; boquirrotos impenitentes que da legislação em vigor só captam o que lhes convém, chegando ao absurdo de se ter um ministro da Justiça (?) que renega publicamente a Constituição vigente que ele deveria defender; professores extravagantes – gatunos, uns, delirantes, outros, associam-se a uma alcatéia de canídeos (Lobos, lobinhos e Lupis) em mordidas permanentes no erário, juntamente com seus parentes e outros comensais; deputados e senadores esquisitos, alguns vindos diretamente do arvoredo amazônico, outros de academias de ginástica – portando pranchas de surfe e longas madeixas parafinadas – com um estilo discursivo coerente com seu aspecto e estilo de viver; mulheres pavorosas – verdadeiros breves contra a luxúria e na boca das quais a prece vira blasfêmia (conforme sugeria Euclides), – mostrando em suas carantonhas o efeito deletério de trocar o phoder pelo poder; corruptos e frascários de variados calibres capazes de colocar despesas com amantes na conta de concessionárias de serviços públicos; alcoólatras, libertinos, traficantes e devotos de jogos ilegais passeando livremente pelos corredores governamentais etc. Todos eles acima referidos, mas não só eles, somados configuram um governo de flaneurs cujo objetivo supremo parece ser o de exercitar os sete pecados capitais. E tudo sob as bênçãos veladas de frades e sacerdotes atrevidos e simoníacos, além de bispos idólatras do dinheiro, descendentes diretos de Anás e Caifás.

Pois eis que surgiu aí, saltitante e fagueiro, portando a cada dia um coletinho catita, deliberadamente escolhido dentre sua inumerável coleção de adereços, o novo ministro do meio ambiente – Carlos Minc - parecendo ter saltado para o palco do Planalto vindo diretamente de algum circo mambembe (o tal Minc, velho correligionário de Dona Dilma, é apenas mais um dos egressos da velha POLOP – Política Operária – a ascender ao poder da República). Inspirado, com certeza, no desempenho de outro bufão famoso na política brasileira, o performático Minc chegou cheio dos “prendos e arrebentos” que marcaram o estilo do finado ex-presidente João Batista Figueiredo (o general naturalista e proto-ecologista que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro de gente). O bordão de Minc que deverá compor, futuramente, um brasão familiar, é de um ridículo atroz. “Tremei, poluidores, tremei!” lançou ele aos ares, num plágio deslavado do “prendo e arrebento” generalesco. Se o novo ministro fosse levar a sério o espírito que anima seu repto, deveria ter começado limpando a verdadeira estrebaria de Áugias em que se transformou a capital da República. Os casos de corrupção no governo Lula da Silva, pela sua extensão e recorrência, configuram uma verdadeira “política pública”. Pois a verdade é esta: nunca, em toda a história deste país, uma tal coleção de celerados exerceu o controle político de nosso povo. Parece a corte de Ricardo III ou de Calígula, tal o número de degenerados, físicos e morais, só que elevada à enésima potência, quando comparados os personagens – os da realidade e os da ficção. Tudo parece acontecer como se uma inconsciente reação antieugênica estivesse em processo, numa verdadeira subversão civilizatória conduzida por agentes que não sabem o que fazem nem o que representam. Uma espécie de descarnavalização social que, ao inverter o sentido geral das coisas (peculiar à carnavalização), privilegia a normalização do grotesco, do fraudulento e da mentira. Este reverso do reverso - a descarnavalização da carnavalização usual de que se valem as sociedades para questionar a ordem vigente - cria espaço para que prosperem as figuras absurdas que hoje se destacam na nossa cena política nacional.
Se Sísifo foi condenado pelos deuses a empurrar perpetuamente uma pedra morro acima que, ao chegar lá, logo retornava ao seu ponto de partida rolando ladeira abaixo, Lula da Silva parece cumprir uma maldição semelhante. Com um agravante, em relação a Sísifo: o infeliz grego cumpria seu destino em trágico silêncio. Lula da Silva, não! A cada dia, numa vilegiatura interminável, ele ofende nossos ouvidos com uma peroração insana. Os deuses pagãos, porém, não o condenaram, como poderia supor a comparação com Sísifo. Os condenado fomos nós, pobres mortais, a ter que ouvir – dia após dia – o resultado da baba pegajosa de Lula da Silva, eternamente preso a um palanque de onde nunca desceu e fugindo, como o demônio foge da cruz, de qualquer responsabilidade com o trabalho ou a algo que a este se assemelhe. As vulgaridades e os ditos de má fé, aliás, são mais presentes na sua boca que a própria saliva. Ainda recentemente, para criar “vacina” contra a responsabilização que fatalmente ainda cairá sobre ele com relação ao incremento da inflação (cujos índices começam a subir perigosamente), Lula da Silva brindou o país com uma explicação torpe do processo inflacionário. Segundo ele, a inflação “é culpa de quem vende e de quem compra, de quem governa e de quem não governa”.
A estupidez cristalina da declaração é de tal ordem, que uma pessoa normal duvidaria ser possível que alguém ocupante do cargo de presidente da república pudesse fazê-lo. Nem o Conselheiro Acácio conseguiria realizar façanha semelhante a esta, e a tantas outras que se perdem no anedotário. A má-fé da formulação lulesca, no entanto, salta aos olhos. Ele quer, antecipadamente, se prevenir de qualquer ataque à sua incúria e incompetência. Dizer que a culpa da inflação é de quem “compra e de quem vende” é afirmar, em outras palavras, que a culpa é de todos nós. Ele, Lula da Silva, não tem nada a ver com isto, afirma de maneira obliqua. O Brasil não é uma país de todos? Pois, então, a culpa da inflação, na lógica presidencial, também é de todos. Ou seja, nós somos os responsáveis. Ele, Lula da Silva, ainda se atribuiria o mérito de ter “alertado” o povo de sua “verdade”.

Se o preceito do esclarecimento (tal como entendido pelos discípulos de Kant), for mesmo um imperativo a ser seguido, é necessário continuar o desmonte das fraudes praticadas por Lula da Silva e sua gangue. Talvez, assim, a cada dia que passar, homens livres e de bons costumes possam se somar ao conjunto daqueles que resistem à barbárie que esta gente degenerada representa. Não se pense que Lula da Silva seja o que de pior nos possa acontecer. Estão à nossa espreita para roer nossos olhos, outros “operários das ruínas”; gente que responde pelos nomes de Dilma, Tarso, Ideli, Marta, Ciro etc., e, quem sabe, até piores que estes.

TRANQUILIDADE

Tranqüilidade é o estado ou qualidade do tranqüilo. É serenidade, concórdia e paz. É, enfim, paz de espírito, numa síntese definitiva, tal como está no dicionário Aurélio. Ainda outro dia (no ano passado), por ocasião de encontro patrocinado por Lula da Silva, em Brasília, o presidente do Equador – ao ser questionado sobre o apoio do seu país aos narcotraficantes das FARC, na Colômbia, respondeu simplesmente que “estava tranqüilo!” Apesar das evidências encontradas pelas autoridades colombianas, sobre a decisiva participação do presidente do Equador e do presidente da Venezuela nos atos terroristas que infelicitam o povo da Colômbia, o senhor Correa simplesmente declarou isto: “estou tranqüilo!” É realmente notável a recorrência discursiva deste que se tornou um bordão de todo criminoso: “estou tranqüilo!” As técnicas judiciárias certamente seriam enriquecidas caso adotassem, como indício de culpabilidade de eventuais delinqüentes, a maneira como eles alegam inocência. Um verdadeiro inocente reagirá e enfatizará seu estado, mas, nunca, nunca mesmo, se declarará tranqüilo. Todo homem acusado de algo que não fez fica, no mínimo, profundamente angustiado. Sofre e, até, se desespera com acusações sofridas que não correspondam à verdade. Um inocente se atormenta com a tribulação a que está submetido. Pois o presidente Correa – do Equador – defrontado com as provas concretas, com as evidências materiais, do envolvimento de seu governo com os narcotraficantes das FARC (encontradas nos computadores de importante chefe desta organização terrorista), coloca-se numa compreensível – mas não tolerável – posição de cinismo e declara para quem quiser ouvir: “estou tranqüilo!” Como se dissesse nada ter a ver com o assunto.

Não parece coincidência, no entanto, que a proclamação de tranqüilidade feita pelo equatoriano tenha se dado no Brasil de Lula, e após encontros com autoridades brasileiras. Consta, segundo alguns, que entre os protocolos do Foro de São Paulo (organização clandestina criada pelo PT e outros pares internacionais de má fama), encontra-se uma recomendação de sempre negar a autoria de qualquer crime ou contravenção, mesmo que tenha sido pegado com a boca na botija, ou em flagrante delito. Batom na cueca? Claro que se explica por um simples acidente: uma senhora distraída tropeçou e caiu sobre o pobre homem que estava urinando atrás da árvore. Dinheiro sonante em grande volume encontrado em malas dentro do quarto de hotel? Simples: foi um gênio da lâmpada que atendeu a um pedido feito em sonho numa noite de verão! Cheques de propinas dadas para comprar apoios políticos? Fácil de explicar: “a assinatura é minha, mas não fui eu quem assinou!” Assassinatos, fraudes e concussão de auxiliares diretos apanhados pela polícia? Evidentemente, que a resposta é: “não sei de nada, não vi nada, cheguei agora e a bicicleta nem é minha!”. A palavra chave, no entanto, é única e reiteradamente repetida por todos: “Estou tranqüilo!”. Realmente, quem haveria de colocar em dúvida explicações tão convincentes, seguidas de tão enfática declaração de paz de espírito? A tecnologia petista de “negação e tranqüilidade” já mostrou sua eficiência por ocasião dos tantos escândalos que marcam o período Lula da Silva (seria necessário um anexo para enumerá-los todos e sem cometer qualquer injustiça ou esquecimento).

A turma do Foro de São Paulo parece, pois, ter aprendido a lição propiciada pela coleção de professores da nova ordem: Professor Delúbio, Professor Luizinho, Professor Walfrido, Professor Mercadante, Professora Marta, Professora Ideli, Professor Sombra, Professor Garcia, Professor Ciro, Professor Genoíno, Professor Maluf, Professor Palocci, Professor Mattoso, Professor Silvinho, Professor Pimentel, Professor Paulinho, Professor Lupi, Professor Berzoini, Professor Marcos Valério, Professor Severino, Professor Renan, Professor Barbalho... tantos professores, tantos mestres... não na arte real, o que seria a suprema glória, mas na ignóbil arte da mentira, da fraude e da corrupção, sob o comando direto do grão-mestre de todos – Lula da Silva – e a inspiração secreta e majestática de Sarney, professor emérito que transformou o Brasil numa grande maranha, vale dizer, num maranhão, quando todos sonhávamos que fosse um grande, um imenso Portugal, conforme cantava o gentil poeta de antanho em vias, hoje, o poeta, de sofrer a professoral metamorfose e se incorporar àquela plêiade de notáveis.

A PREVIDÊNCIA DE LUIZ INÁCIO

Luiz Inácio e seus amigos querem reduzir a maioria do povo brasileiro à condição de pedintes. Após assumir o governo – e lá já se vão seis longos e intermináveis anos – passaram a defender mudanças no regime previdenciário em completa dissonância com o que pregaram quando na oposição. Os reajustes que pretendem dar àqueles que ganham aposentadorias com valores superiores ao salário mínimo projetam um futuro em que todos os aposentados e pensionistas ficarão condenados a viver com este ínfimo valor. Um projeto, deveras, socialista eis que todos terão os mesmos proventos aproximadamente. Mas um socialismo de direita, ao nivelar os ganhos por baixo e tornar os infelizes beneficiários candidatos sérios a clientes do bolsa-família.
Luiz Inácio e seus amigos, no entanto, se protegem quanto às incertezas do futuro. Até luxuosas aposentadorias isentas de imposto de renda os malandros possuem, sob o pretexto de terem passado alguns dias na prisão durante o período militar. Este, no entanto, não foi tão ruim para eles como alegam, pois que muitos dos amigos de Luiz Inácio acumularam vultosos patrimônios nos últimos trinta anos. Borges dizia, não sem ironia, que a prisão parece favorecer a literatura. Citava casos clássicos como Marco Pólo, Camões etc. No caso brasileiro o chiste se aplicaria como uma luva à construção de certas fortunas. Coisa de dar inveja a muito empresário tradicional. Encastelados, agora, em sólidos cabedais dos fundos de pensão e em sinecuras sindicais, entre outras, a turma de Luiz Inácio opera para manter seus próprios privilégios e de seus aliados. O dinheiro público, na concepção deles, é para engordar a companheirada famélica com estranhas associações com o grande empresariado, com mensalões, com desvios e saqueios que desafiam nossa imaginação etc. E que se danem os veteranos que trabalharam e contribuíram religiosamente para a previdência pública por dezenas e dezenas de anos.

O PAPEL DAS OPOSIÇÕES

O papel da oposição é fazer oposição. Esta óbvia redundância nem sempre é reconhecida e praticada por muitos que se dizem oposicionistas na atualidade. Tremem de medo de enfrentar a máquina de propaganda do governo federal caso assumam uma postura afirmativa e de enfrentamento programático e ideológico. Os tucanos, por exemplo, no seu comportamento ambíguo (especialmente por ocasião do episódio do mensalão), deixaram passar a chance de propor a cassação do mandato de Lula da Silva, o verdadeiro líder da “sofisticada quadrilha” que se instalou no Planalto. Há quem pense que os banqueiros nacionais e internacionais muito agiram para orientar os vacilos do tucanato, em vista dos fabulosos ganhos que o regime petista lhes proporcionava. Banqueiros são homens pragmáticos, afinal de contas, e não correriam riscos de terem seus negócios prejudicados com o colapso do lulismo.

Se existe uma lição que os petistas propiciaram ao país nos últimos trinta anos, esta foi a firmeza em fazer oposição (pelo menos isto se lhes há de reconhecer). Que razão ou razões, portanto, teriam aqueles que pensam em outro projeto para o Brasil (quando passam a questionar os atos desta “sofisticada quadrilha”), em ficarem cheios de dedos e de quase pedir desculpas por divergirem do situacionismo? Rabo preso? Sentimento de culpa? Temor da violência usual do lulo-petismo? É um equívoco (que cobrará elevado preço), imaginar que se pode pensar em suceder Lula da Silva e seus gafanhotos sem um questionamento duro do que ele representa. Partidos de natureza totalitária, como o PT e alguns de seus satélites, não admitem a pacífica rotação de poder característica das democracias constitucionais. Quando se aboletam nas estruturas do Estado só são removidos à base de benzina, em vista de suas nódoas genéticas.

Quem tem olhos para ver já percebeu que Lula da Silva começa, estrategicamente, a construir um ponto de fuga para não ser responsabilizado pelos efeitos da presente crise. Vendendo uma imagem triunfante de sucesso e de fartura, continua programando viagens inúteis pelo mundo afora, e a entupir os meios de comunicação de indecente propaganda. No seu habitual sistema de bravatas buscará transferir tudo que for negativo para as costas de outrem. E no seu roteiro até 2010 brilharão inaugurações de máquina de cortar salame, pedra fundamental de obras que nunca se edificarão, operações tapa-buracos em rodovias, planos (no papel) que garantirão aos incautos cidadãos promessas demagógicas de casa, comida, roupa lavada, passada e engomada para todos etc. Há que se desmistificar tal projeto. Este é o papel das oposições: decodificar e explicitar de maneira legível o monumental engodo que a máquina de propaganda oficial nos quer fazer engolir. Fora disto é tornar-se cúmplice dos quadrilheiros.