sábado, 13 de agosto de 2016

Adega de Lula


Aventureiros tomaram o Brasil de assalto depois da eleição presidencial de 2002. A manobra já vinha se estruturando ainda nos estertores do regime militar, a partir da captura de posições de poder dentro dos sindicatos e da própria administração governamental, sem falar no mundo acadêmico e nos meios de comunicação de massa.

Capitaneados por um bando de famílias inescrupulosas, herança irremovível do bragantismo, conforme dizia Manoel Bomfim, os saqueadores foram se estabelecendo no coração do Estado. Rapinantes bem treinados em disputas sindicais, avançaram gulosamente sobre o erário ao longo dos anos. 

Com a eficiência e letalidade de uma blitzkrieg chegaram a fazer crer que eram irremovíveis dos lugares que ocuparam no cenário nacional. Somente alguns, muito poucos, apostavam que um dia essa quadrilha de infinita ousadia cairia de podre do seu pedestal. Incapazes de produzir algo que se acrescentasse ao patrimônio do povo brasileiro, devotaram-se àquilo em que são efetivos profissionais: o saqueio e o consumo, num gigantesco potlach destrutivo. 







Esse traço orgiástico de queima de riquezas pode ser apreciado nas imagens da adega de Lula da Silva. Afora a breguice flamejante, também incurável, pois que somente a cultura permite superá-la, chama a atenção o envolvimento da mais fina elite empresarial com arrivistas vulgares e gananciosos. Verdade que diálogos e textos que vêm sendo divulgados denotam o mais profundo desprezo dos grandes empreiteiros pelo estilo de viver de Lula e família, cuja voracidade era igualmente objeto de escárnio geral. 

Tais parvenus, conforme os denominava Karl Marx, já estão sendo jogados na vala da história. Aliás, na vala de monturos, pois lixo deve mesmo ser enterrado. Os cuidados que exigem atenção redobrada, porém, remetem ao chorume resultante da decomposição das matérias serosas. Os pesadelos, felizmente, caminham a passos largos para o fim. Lula, nunca mais!     

Da mesma laia (publicado em O Tempo, de 28 de novembro de 2009)

"Os outros presidentes são todos da mesma laia!" O autor da frase é ele mesmo. Sim, é ele, o atual presidente da República, Lula da Silva, que assim se referiu aos seus antecessores em evento recente na capital mineira. Nem é preciso ir a um dicionário para saber que laia é uma palavra depreciativa sobre alguma característica comum a um grupo de pessoas. Mais do que um arroubo eventual em linguagem de sarjeta, no entanto, a assertiva presidencial mostra ao grande público a forma habitual de pensar de um homem carente de qualquer estofo espiritual. Carência, aliás, não só dele, como, também, daqueles que o cercam e o seguem caninamente.

Não é de se estranhar, então, que a vulgaridade esteja mais presente em sua língua do que a própria saliva. A coleção de desatinos daria para fazer um dicionário político-pornográfico. Do ponto de vista político, a forma lulesca de conceber o mundo (dividido, segundo seus acólitos, entre "nós" e "eles"), mostra a incrível persistência de uma concepção de origem stalinista, mesmo após aquela sangrenta ditadura comunista ter-se dissolvido no tempo.

Pois não é que Lula, Zé Dirceu e Dilma (para ficar apenas nos nomes mais notórios) desenterraram do museu das perversões históricas a teoria de Jdanov? Esse tal de Jdanov, ex-ministro da Cultura do regime soviético, dizia que o ambiente político se dividia em dois campos: os que estão conosco e os outros que, certamente, não estando conosco, estão contra nós.

Assim, quem estiver "conosco" pode ser o maior patife, o maior gângster ou o maior canalha que, apesar disso, será acolhido no ninho (deixam de ser piratas para virarem corsários do rei). Estão aí os nomes emblemáticos de Sarney, Maluf, Calheiros, Jáder Barbalho e toda a turma do mensalão.

Essa gente primitiva reduz o mundo, portanto, a duas possibilidades antagônicas: se não é preto, é branco; se não é amigo, é inimigo; se não é crente, é descrente. A rigidez mental os leva a praticar, ao longo da vida, os maiores desatinos, inclusive a tortura e o assassinato em massa. Não possuem qualquer limite. Estão aí para o demonstrar os exemplos do dia a dia. A própria corrupção do governo Lula, com sua frondosa cleptocracia, é uma herança ideológica do stalinismo, conforme se observa na estrutura similar da Rússia atual, ainda marcada pelos hábitos de Stalin.

Não é algo fortuito: é parte de um sistema, de um modo bárbaro de ver e de viver. Nada diferente de Hitler e similares que povoaram a história humana. Quem duvidar se ponha a ler as manifestações de Zé Dirceu, Dilma e de outros asseclas conhecidos que os seguem e defendem.

O propósito deliberado desses liberticidas é implantar nos trópicos uma imitação barata e tardia dos regimes totalitários de outrora. O culto à personalidade, ao estilo stalinista, é apenas a parte visível do processo. Tem o resto.

O dia seguinte do PT (Ricardo Noblat)


O PT já dá o impeachment como fato consumado. Planeja e discute agora, internamente, o seu day after, o rescaldo dos escombros. O desafio é sobreviver, eleitoral e judicialmente.
O presidente do TSE, Gilmar Mendes, determinou esta semana a abertura do processo que poderá cassar o registro do partido, envolvido em múltiplas falcatruas, parcialmente mapeadas pela Lava Jato. A defesa não será jurídica, até porque tem contra si os fatos e a lei, mas política. O partido não desistiu da teoria do golpe.
Dilma está perdida, mas o partido ainda crê na mística de Lula, na possibilidade de transformar sua iminente prisão num grande happening político, que mobilize a militância residual, os movimentos sociais e o transmute de prisioneiro comum em perseguido político.
Tudo, segundo os estrategistas do petismo, depende da aplicação engenhosa de uma palavra que, mais que clichê, tornou-se instrumento eficaz de propaganda política: a narrativa.
Não importam os fatos, mas a versão. Se os fatos não coincidem com a narrativa – e raramente isso se dá -, pior para os fatos, diria Nélson Rodrigues.
Essa estratégia explica a obstinada veemência, quase histérica em alguns momentos, da bancada de senadores petistas e adjacentes. Defendem Dilma não de olho em sua absolvição, em que não creem, mas no documentário cinematográfico, em preparo, sob a direção da cineasta Anna Muylaert, focado no afastamento de Dilma.
Com ele, pretendem fazer do limão da derrota a limonada da revanche. Não se deve subestimá-los: de propaganda, os petistas entendem. Forjaram-se nela e com ela chegaram ao poder, convencendo a muita gente de que promoveram a redenção social do país, não obstante terem deixado em seu rastro um vasto contingente de 12 milhões de desempregados, as contas públicas em ruínas e os cárceres de Curitiba superlotados.
Detalhes, nada que um bom roteiro não possa alterar, numa edição cuidadosa, que explore e vitimize as expressões dramáticas do ocaso de Lula e Dilma e transfigure seus oponentes em carrascos. Não faltam imagens, cenas de embates em manifestações públicas, material para forjar a narrativa que se quiser, bem longe dos fatos e de seus contextos.
Esse material, levado a festivais nacionais e internacionais de cinema – e posteriormente veiculado nas redes sociais -, será apresentado como a “prova” do golpe, da truculência da elite e da direita, inconformadas com o projeto social do PT, que (segundo essa narrativa) deu voz e vez aos pobres.
Pouco importa o fato, documentado por órgãos governamentais ainda na vigência do governo Dilma, de que os pobres continuam tão pobres quanto antes, acrescidos agora dos desempregados da classe média, que se contam aos milhões.
Se tal narrativa encontra pouco trânsito e verossimilhança quando apenas verbalizada, adquire efeito bem mais convincente quando acrescida de imagens em movimento.
A estratégia explora as inevitáveis dificuldades do governo Temer em lidar com a crise que herdou.
O PT, arquiteto da catástrofe, tentará reverter sua autoria, acusando os que o sucedem – e tentam consertar o estrago – de tê-la engendrado. Creem na onipotência e veracidade do dito de Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler, segundo quem uma mentira repetida à exaustão vira verdade. O PT, aliás, é prova disso.
O teste inicial dessa estratégia será a prisão de Lula, que o partido dá como certa, na sequência, ou mesmo antes, da consumação do impeachment. Aposta-se na sobrevivência do mito, na condição que ainda teria de sacudir o povão, mobilizado pela militância treinada, oriunda da burguesia universitária e sindical.
Aposta-se, sobretudo, nas dificuldades do governo Temer de proporcionar a curto prazo resultados que sejam sentidos no bolso da população. Essa aposta, ao menos, faz sentido. A crise, nesta primeira etapa, como o próprio Temer já avisou, oferecerá remédios amargos e impopulares – e resultados lentos.
Antes de melhorar, o país pode até piorar, dado o espectro político de que dispõe, em grande parte ex-parceirios da era petista.
O PT, com sua propaganda, quer convencer o público que a culpa de tudo não é de sua passagem pelo governo, mas de sua saída. Aposta, mais uma vez, na burrice da população.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Defeito genético derruba preconceitos e leva a amor pelo próximo (Giovana Girardi, do Estadão)


Imagine se houvesse uma pílula que, fornecida a líderes mundiais em uma reunião das Nações Unidas, tornasse-os extremamente sociais, sem preconceitos, sem racismo, em um arroubo de amor pelo próximo. Que conflitos pudessem ser resolvidos com uma intervenção medicamentosa que dirimisse desconfianças e facilitasse a interação. Em um sonho ainda muito distante, esse seria o resultado de uma pesquisa que desvendou a ação de um gene que contribui para a intolerância.

A descoberta, liderada pelo neurocientista brasileiro Alysson Muotri, pesquisador da Universidade da Califórnia em San Diego, foi possível a partir da análise de pacientes portadores de uma doença que os torna super sociáveis o tempo todo. É a chamada Síndrome de Williams, que, grosso modo, funciona de modo oposto ao autismo.

Rara (atinge 1 a cada 10 mil nascimentos), a doença ocorre quando cerca de 25 genes são deletados do cromossomo 7 durante o desenvolvimento neural dos bebês. As pessoas com essa condição têm uma feição bastante característica (nariz pontudo, queixo fino, olhos grandes, boca larga).

Estão sempre sorrindo, não têm inibição, conversam com todo mundo, mesmo os estranhos, independentemente de cor, religião, beleza. Adoram música, são dóceis, ingênuos e carinhosos com quem está sofrendo. E tem uma linguagem bastante sofisticada. Mas apresentam também baixo rendimento intelectual e problemas cardíacos.

Muotri, que é especialista em autismo – doença caracterizada pela pouca sociabilidade e dificuldade de linguagem –, imaginou que investigando a Síndrome de Williams poderia encontrar alguma pista para explicar o desenvolvimento do cérebro social humano.

Pessoas com a Síndrome de Williams estão sempre sorrindo, não têm inibição, conversam com todo mundo, mesmo os estranhos, independentemente de cor, religião, beleza 
Evolução. Ao longo da evolução da nossa espécie, ao mesmo tempo em que foi interessante desenvolver um comportamento colaborativo e gregário para sobreviver, também deve ter sido vantajoso limitar essa capacidade social em uma época em que vivíamos em pequenos grupos. Na luta por fontes restritas de alimentos, era preciso ser meio desconfiado em relação a outros para proteger os interesses das suas próprias comunidades.

Para Muotri e companhia, um dos genes que falta aos pacientes com a Síndrome de Williams (o FZD9) pode ter sido o responsável por esse comportamento. “Com esse gene criamos o preconceito, o racismo, que em algum momento foram importantes na nossa interação com outros grupos, nos manteve seguros, mas que hoje, a meu ver, não é mais necessário.”

Mas a evolução é lenta e vai levar tempo para naturalmente eliminar essa característica. Tampouco é rápido mudar culturalmente um comportamento preconceituoso e racista. Daí a ideia de tentar induzir no corpo o que ocorre quando o FZD9 está em falta.

A pesquisa, publicada na edição desta quinta-feira da revista Nature, partiu da investigação genética de cinco pacientes com a Síndrome de Williams. Em quatro deles, havia a deleção típica dos 25 genes (inclusive de uma das duas cópias do FZD9) e eles apresentavam todas as características físicas e comportamentais da doença.

O quinto paciente era um pouco diferente – ele não era super social como os demais. A investigação notou que ele tinha mantido as duas cópias do FZD9, assim como ocorre com a maioria dos seres humanos. “Isso nos fez concluir que esse gene contribui para o preconceito ou a intolerância. A natureza fez o teste para a gente”, disse Muotri.  Em outra formulação, definiu o pesquisador, pode se dizer que o "amor pelo próximo pode ser causado por um defeito genético".

Mais ou menos na mesma época em que ocorria essa pesquisa, um outro trabalho do mesmo grupo observou que alguns autistas apresentam uma duplicação das cópias desse gene, totalizando três cópias, o que reforçou a conclusão de ele estar relacionado a um comportamento menos social.

Mini-cérebros. A etapa seguinte foi trabalhar com reprogramação celular para fazer com que células-tronco retiradas do dente dos pacientes voltassem a agir como células-tronco embrionárias (as chamadas iPS, ou células de pluripotência induzida) e, com elas, produzir mini-cérebros.

Isso permitiu aos pesquisadores observarem como se dá o desenvolvimento neural em pacientes com a Síndrome de Williams tradicional (com todos os 25 genes deletados), naquele que manteve as duas cópias do FZD9, e no grupo controle (pessoas “normais”, que têm as duas cópias). Depois eles também compararam com pacientes com autismo (que têm três cópias).

Na falta de uma cópia desse gene no primeiro grupo, os cientistas notaram que ocorre uma má formação no córtex, levando os neurônios a ficarem ultra conectados e realizarem um número muito maior de sinapses que nas pessoas com as duas cópias do gene. É isso que tornaria os pacientes com Williams super sociáveis. Já nos autistas, os neurônios ficam menos conectados e há menos sinapses.

Os pesquisadores observaram que o FZD9 atua em uma via metabólica durante o desenvolvimento neural responsável pelos circuitos sociais. Muotri defende que talvez seja possível desenvolver algum remédio que possa manipular essa via para tornar as pessoas mais sociáveis.“É tudo uma questão de dose. Se ela é baixa, a criança é super social, se é alta, é autista. Existe uma modulação dessa via que é importante e que talvez possamos trabalhar no futuro”, afirma.

A dose é importante porque as crianças com Williams acabam sendo muito ingênuas, não têm filtro e podem ser enganadas ou mesmo feridas. Há relatos de famílias de meninas que acabaram engravidadas, lembra Muotri.

“Mas seria interessante usar isso em reuniões de líderes mundiais, por exemplo. Para que num dado momento eles se enchessem de empatia. Não é para desligar o tempo todo. Claro que é importante ficar alerta diante de um estranho, até para se proteger, mas seria interessante manipular em outros momentos.”


A reportagem questiona: isso não seria muito artificial? “Seria, mas podemos pensar que estamos dando uma força para a evolução. Pense no Dalai Lama. Ele medita para ter empatia. É a mesma coisa, porque ela não vem naturalmente, não é algo que se sustente por todas as horas do dia. É um exercício.”

Boff, o piedoso devoto de Francisco: derrubem os cavalos


Apoiador histórico do PT, Leonardo Boff manda “derrubar cavalos” com bolas de gude.
É isso mesmo.
Figura onipresente nos já clássicos abaixo-assinados para defender algum líder petista metido em encrenca, Leonardo Boff é parte da chamada “classe artística apoiadora” do partido.
Mas, apesar do passado religioso, parece que suas pregações não são sempre em nome da paz.
Vejam o que Boff recomendou recentemente:

“Para nos defender contra o golpe policial e nosso direito de nos manifestar nas praças compremos bolas de gude para derrubar os cavalos”.

Diante das críticas, tentou explicar-se e aí mandou essa:
“Os cavalos são nossos irmãos na comunidade de vida. Mas não devem servir de meio para a polícia fazer mal aos manifestantes. Não são para isso.

Só piorou, portanto. Os pobres cavalos, que nada tem a ver com isso, seriam as grandes vítimas nessa detestável “tática de guerra”.
E depois dizem que os “reaças” é que são agressivos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Tucanos assustados



As denúncias feitas por colaboradores da operação Lava Jato se aproximam cada vez mais do PSDB. Os tucanos parecem assustados. Temem ser arrastados para a lama do lulopetismo.



Tucanos, no entanto, são irmãos siameses dos petistas. As disputas entre os dois grupos lembram à perfeição aquelas que se dão na caverna de Ali Babá. Quando brigam a razão é simples: o cocho é pequeno e a manada é grande.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Escola sem partido = Escola sem PT


O PT não é o que de pior poderia acontecer a estudantes em termos de deformação espiritual. A estupidez, aí sim, granítica, está com outros fanáticos de agrupamentos tipo PSOL, PSTU, PCB, Rede e Causa Operária mas, principalmente, com os trogloditas do PC do B. Pessoas comuns jamais acreditariam que a Albânia fosse o "farol do socialismo"; muito menos que a Coréia do Norte fosse o ápice da democracia, verdadeira antecâmara do paraíso comunista. Para quem tiver alguma dúvida a respeito de tais figuras e seu modo de pensar, basta visitar o site Vermelho, do PC do B. Essa gente é uma prova viva de quão inexorável é a entropia, à qual estamos condenados, caso não se desenvolvam outros paradigmas organizacionais.   

domingo, 7 de agosto de 2016

Processo do PT sumiu no TSE

Há coisas que só acontecem com o PT. Caso espantoso dentre inúmeros outros é o do desaparecimento de processo no TSE, cujo resultado pode levar à cassação de seu registro partidário. Aliás, as oposições deveriam avaliar com maior acuidade a Diretoria de Tecnologia da Corte Eleitoral. São muitas as suspeitas de manipulação dos resultados envolvendo as urnas eletrônicas e a impossibilidade de auditagem das votações. 

A cautela tem um fundamento simples: se há petistas infiltrados em todas as instituições da república, por qual razão o estratégico setor encarregado dos procedimentos técnicos eleitorais estaria livre deles? Não faz sentido, ainda mais sendo os petistas quem eles são. Dispensam apresentações, conforme se vê pelos escândalos monumentais em que se acham metidos. Esse negócio de "extraviar" processo, ainda mais quando tudo está submetido a registros eletrônicos, é algo grave que deveria exigir uma explicação contundente. 

O Estadão noticiou que "o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, abriu processo para apurar uso de verbas públicas da Petrobrás pelo PT. Em caso de confirmação da ilegalidade, o partido pode ter o registro de funcionamento cassado. O pedido original da Corregedoria-Geral Eleitoral foi feito em setembro do ano passado, mas, segundo a Corte, teria sido extraviado”.

O processo deriva da prestação das contas da campanha da presidente Dilma Rousseff e do Comitê Financeiro do PT em 2014, aprovadas com ressalvas, devido às suspeitas de irregularidades detectadas à época. Foi instaurado com base em informações da Operação Lava Jato, que levantou provas de que o esquema de desvio de recursos na estatal abasteceu o caixa da legenda.

Em troca de contratos públicos, empreiteiras teriam feito repasses ao PT e às campanhas do partido, inclusive as presidenciais, na forma de doações oficiais e clandestinas. O suposto uso do sistema oficial para recebimento de propina é um indício de lavagem de dinheiro obtido por meio de corrupção. 

O pedido de abertura de processo havia sido feito em setembro do ano passado pelo ex-corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, ao gabinete do então presidente do TSE, Dias Tóffoli. Ele embasou o pedido em informações remetidas por Mendes, relator das contas de campanha de Dilma e do PT.

As doações contabilizadas parecem formar um ciclo que retirava os recursos da estatal, abastecia contas do partido, mesmo fora do período eleitoral, e circulava para as campanhas eleitorais. No período eleitoral, o esquema abasteceria também as campanhas diretamente”, escreveu Mendes à época. O ciclo se completaria não somente com o efetivo financiamento das campanhas com dinheiro sujo, mas também com a conversão do capital em ativos aparentemente desvinculados de sua origem criminosa, podendo ser empregados, como se lícitos fossem, em finalidades outras, até o momento não reveladas, acrescentou Mendes.

A instauração do processo, no entanto, não foi levada adiante pelo gabinete de Tóffoli. O TSE sustenta que o pedido do ex-corregedor extraviou. Recentemente, a gestão de Mendes constatou que não havia sido tomada providência a respeito e pediu que o procedimento fosse reconstituído.

Na sexta-feira, 5, 11 meses após o pedido original, o atual presidente autuou e deu número ao processo, que inicialmente ficará sob relatoria da atual corregedora, ministra Maria Thereza de Assis Moura. Ela fica no cargo este mês e depois será substituída pelo ministro Herman Benjamin, que assumirá o caso.

O processo ainda está em fase inicial, cabendo toda a coleta de provas e de depoimentos. Não há prazo para que a investigação se encerre e seja levada a julgamento em plenário.

Conforme a Lei dos Partidos, as legendas só podem usar recursos públicos se a fonte for o Fundo Partidário. O uso de qualquer outra verba é considerado irregularidade grave, passível da cassação do registro de funcionamento. Na prática, deixa de existir formalmente, não podendo mais disputar eleições, receber doações e fazer propaganda partidária. 

A assessoria de imprensa do PT divulgou nota neste sábado, 6, negando irregularidades com a velha conversa mole de que o PT não tem conhecimento de nenhum pedido de cassação de seu registro e não vê motivos para adoção desta medida, pois todas as suas operações financeiras são feitas dentro da legalidade, diz o texto".

Ora, quando se sabe que a Casa Civil da Presidência da República coordena a política de Tecnologia da Informação dos órgãos públicos, dá para se imaginar o que essa gente é capaz de fazer para ganhar as eleições. Dona Dilma o disse em alto e bom som. Não se pode duvidar dela, ao menos nesse caso.