domingo, 7 de agosto de 2016

Processo do PT sumiu no TSE

Há coisas que só acontecem com o PT. Caso espantoso dentre inúmeros outros é o do desaparecimento de processo no TSE, cujo resultado pode levar à cassação de seu registro partidário. Aliás, as oposições deveriam avaliar com maior acuidade a Diretoria de Tecnologia da Corte Eleitoral. São muitas as suspeitas de manipulação dos resultados envolvendo as urnas eletrônicas e a impossibilidade de auditagem das votações. 

A cautela tem um fundamento simples: se há petistas infiltrados em todas as instituições da república, por qual razão o estratégico setor encarregado dos procedimentos técnicos eleitorais estaria livre deles? Não faz sentido, ainda mais sendo os petistas quem eles são. Dispensam apresentações, conforme se vê pelos escândalos monumentais em que se acham metidos. Esse negócio de "extraviar" processo, ainda mais quando tudo está submetido a registros eletrônicos, é algo grave que deveria exigir uma explicação contundente. 

O Estadão noticiou que "o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, abriu processo para apurar uso de verbas públicas da Petrobrás pelo PT. Em caso de confirmação da ilegalidade, o partido pode ter o registro de funcionamento cassado. O pedido original da Corregedoria-Geral Eleitoral foi feito em setembro do ano passado, mas, segundo a Corte, teria sido extraviado”.

O processo deriva da prestação das contas da campanha da presidente Dilma Rousseff e do Comitê Financeiro do PT em 2014, aprovadas com ressalvas, devido às suspeitas de irregularidades detectadas à época. Foi instaurado com base em informações da Operação Lava Jato, que levantou provas de que o esquema de desvio de recursos na estatal abasteceu o caixa da legenda.

Em troca de contratos públicos, empreiteiras teriam feito repasses ao PT e às campanhas do partido, inclusive as presidenciais, na forma de doações oficiais e clandestinas. O suposto uso do sistema oficial para recebimento de propina é um indício de lavagem de dinheiro obtido por meio de corrupção. 

O pedido de abertura de processo havia sido feito em setembro do ano passado pelo ex-corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, ao gabinete do então presidente do TSE, Dias Tóffoli. Ele embasou o pedido em informações remetidas por Mendes, relator das contas de campanha de Dilma e do PT.

As doações contabilizadas parecem formar um ciclo que retirava os recursos da estatal, abastecia contas do partido, mesmo fora do período eleitoral, e circulava para as campanhas eleitorais. No período eleitoral, o esquema abasteceria também as campanhas diretamente”, escreveu Mendes à época. O ciclo se completaria não somente com o efetivo financiamento das campanhas com dinheiro sujo, mas também com a conversão do capital em ativos aparentemente desvinculados de sua origem criminosa, podendo ser empregados, como se lícitos fossem, em finalidades outras, até o momento não reveladas, acrescentou Mendes.

A instauração do processo, no entanto, não foi levada adiante pelo gabinete de Tóffoli. O TSE sustenta que o pedido do ex-corregedor extraviou. Recentemente, a gestão de Mendes constatou que não havia sido tomada providência a respeito e pediu que o procedimento fosse reconstituído.

Na sexta-feira, 5, 11 meses após o pedido original, o atual presidente autuou e deu número ao processo, que inicialmente ficará sob relatoria da atual corregedora, ministra Maria Thereza de Assis Moura. Ela fica no cargo este mês e depois será substituída pelo ministro Herman Benjamin, que assumirá o caso.

O processo ainda está em fase inicial, cabendo toda a coleta de provas e de depoimentos. Não há prazo para que a investigação se encerre e seja levada a julgamento em plenário.

Conforme a Lei dos Partidos, as legendas só podem usar recursos públicos se a fonte for o Fundo Partidário. O uso de qualquer outra verba é considerado irregularidade grave, passível da cassação do registro de funcionamento. Na prática, deixa de existir formalmente, não podendo mais disputar eleições, receber doações e fazer propaganda partidária. 

A assessoria de imprensa do PT divulgou nota neste sábado, 6, negando irregularidades com a velha conversa mole de que o PT não tem conhecimento de nenhum pedido de cassação de seu registro e não vê motivos para adoção desta medida, pois todas as suas operações financeiras são feitas dentro da legalidade, diz o texto".

Ora, quando se sabe que a Casa Civil da Presidência da República coordena a política de Tecnologia da Informação dos órgãos públicos, dá para se imaginar o que essa gente é capaz de fazer para ganhar as eleições. Dona Dilma o disse em alto e bom som. Não se pode duvidar dela, ao menos nesse caso.

Nenhum comentário: