quinta-feira, 9 de março de 2017

Mulheres de grelo duro e outras


O presidente Temer e o deputado estadual mineiro João Leite têm uma característica comum: ambos são pessoas amáveis e bem educadas, incapazes de pronunciar um palavrão sequer em suas atividades rotineiras. Seus comentários durante as comemorações do dia internacional da mulher,  no entanto, estão sofrendo duras críticas por parte de algumas parlamentares e militantes da oposição. 

Quem são elas? Fácil identificar; são aquelas de "grelo duro", como as definiu o cafajeste Lula da Silva, este, sim, um modelo de macho aplaudido pelas barangas, sempre papando uma desavisada. Já em relação aos  mutiladores genitais femininos, um obsequioso silêncio nas avaliações dessas viragos detestáveis. Clara é a explicação para tal conduta. 

Como sustentar o discurso da "Mama África", explorada e perseguida, apontando formas bárbaras de tratamento das mulheres africanas pelas quais o mundo europeu não tem qualquer responsabilidade? Melhor ignorar, pensam com cautela. E cabe repetir à exaustão: os agentes de tão brutal tratamento dado às meninas e moças não são os homens; são as próprias mães e avós das vítimas. 

O Ministério da Saúde bem poderia obrigar os médicos a informarem casos de suspeita de mutilação genital feminina que chegassem a seu conhecimento, nos consultórios. Afinal, cresce no Brasil a presença de migrantes oriundos da África Negra. Seria, então, uma inegável manifestação de solidariedade de gênero, ultrapassando em muito a conversa fiada das barulhentas feminazis mais conhecidas.   

quarta-feira, 8 de março de 2017

Pimentel e as isenções


Quando era ministro de dona Dilma, o atual governador de Minas participou ativamente da concessão de subsídios ao setor industrial chamado de "fordista protegido". Quanto tais desonerações custaram ao estado de Minas e aos municípios mineiros? Agora, Pimentel quer socorro do governo central sem abrir mão do fluxo de caixa propiciado pela COPASA e pela CEMIG, substitutas dos antigos bancos do estado em termos de atuação financeira. Isso para não falar na grossa corrupção envolvida nos negócios. 

Não por acaso, até o sócio e amigo íntimo - um tal de Bené - ao perceber o tamanho da punição a que estaria condenado, tratou logo de apontar as culpas e a responsabilidade de Pimentel em diversas trapaças, conforme consta da Operação Acrônimo. Newton Cardoso, notória e tristemente famoso em todo o Brasil, se comparado ao atual governador, não passa de reles mão de seda. Herdeiros de longa e respeitável tradição política, os mineiros desonraram a memória de Minas Gerais, quando se permitiram eleger governador figura tão desqualificada, que já se assanha pensando na reeleição, em 2018. 

Taí uma excelente oportunidade para Aécio Neves se redimir de tantas presepadas que cometeu, com destaque para suas traições a João Leite, Serra, Alckmin e Pimenta da Veiga, candidatos do seu próprio partido em diferentes eleições majoritárias nos últimos 16 anos, que foram cristianizados por ele, em benefício de Pimentel e do PT. Em vez de postular a presidência da República, que se candidate novamente ao governo de Minas em 2018.  

Todas, menos Dilma


Manifestação de caminhoneiro que lava a alma dos brasileiros. Ah, e das brasileiras também. Salve o dia internacional das mulheres.



terça-feira, 7 de março de 2017

Padrões alemães e a lava-jato


Os depoimentos contidos nas delações premiadas dos executivos da Odebrecht são devastadores. Os negócios da empreiteira com a cúpula do PT, em especial com Lula, configuravam uma organização detalhada e detalhista, típico da cultura germânica. Planilhas contendo nomes, dados e fatos fazem lembrar os arquivos alemães que serviram de base para a condenação de Eichmann, o carniceiro nazista, cujo julgamento em Jerusalém foi esplendidamente narrado pela grande filósofa Hannah Arendt. Corrupção ao estilo Odebrecht era coisa séria. Dificilmente as outras empreiteiras poderão apresentar algo similar; o estilão destas deve ser o tradicional no Brasil, com avacalhação generalizada. Com a Odebrecht, jamais: é tudo pão pão, queijo queijo.

Não deixa de ter sua graça, uma organização ser punida por ser, exatamente, bem organizada. Nunca ninguém ouviu falar de "departamento" da propina em alguma instituição, operando a pleno vapor, conforme vem sendo divulgado pela imprensa. Nem os baianos conseguiram dar um toque local de malemolência ao gigantesco grupo empresarial.

Deveriam ter aprendido com Maluf; ninguém encontrou, apesar da insistência investigatória, um papelucho que seja, registrando as estripulias do atual deputado e ex-governador de São Paulo. Chega a causar espécie que o malufismo tenha sido colocado para escanteio no atual ambiente de negócios no Brasil. Paulo Maluf é quem deve ser visto como empreendedor eficiente. Esse bando de empreiteiros que se julgam malandros são, de fato, os otários das negociatas costumeiras. 

Propina não é propina


A propina paga pela burguesia à "crasse" trabalhadora deve ser entendida de forma diferente como tem sido feita. A fatídica palavra remete a gorjeta, tal qual entendem os povos de língua espanhola. Pedir propina não passa de  reles solicitação de um adjutório, perfeitamente integrado nos costumes locais dos hermanos. Na concepção pátria, no entanto, a propina ganha aura de política de distribuição de renda, quando não de expressão da velha luta de classes. Reagindo à alienação, como diria Marx, o capilé arrancado dos capitães da indústria traveste-se de mais valia, quando repassada aos representantes sindicais, agora sob a forma de Participação em Lucros e Resultados - a PLR. Não há nada de ilícito nisso. Aliás, há sólidos fundamentos a justificá-la. A previsão legal encontra-se no ordenamento jurídico brasileiro. Claro que no Brasil há singularidades não encontráveis em nenhum outro país. Por exemplo, a curiosa prática na Petrobrás de pagar a PLR aos petroleiros, mesmo quando a empresa dá prejuízo. 


As Centrais Sindicais e o financiamento eleitoral

A contribuição sindical – o chamado imposto sindical – equivale à remuneração de um dia de trabalho de cada trabalhador ao longo de um ano. Esse dinheiro é distribuído da seguinte maneira: 60% para o sindicato de base, 15% para a federação sindical à qual o sindicato esteja vinculado, 5% para a confederação respectiva e os restantes 20% vão para o Ministério do Trabalho, destinados a financiar programas governamentais de interesse dos trabalhadores, como era o caso do Sistema Nacional do Emprego – o SINE.
A Constituição federal, ao estabelecer que a organização trabalhista fosse confederativa, não previu a existência de Centrais Sindicais. As que foram criadas não possuem, portanto, base legal para justificar sua participação na montanha de dinheiro recolhida anualmente de todos os trabalhadores, quer estes fossem, ou não, afiliados a algum sindicato. Tais Centrais são, de fato, máquinas políticas partidárias que utilizam seus recursos para, simplesmente, financiar campanhas eleitorais nos pleitos regulares, em especial, aqueles destinados a eleger pretendentes a cargos executivos (prefeitos, governadores e presidente da república).
Para sustentar as ditas centrais o governo Lula abriu mão de metade da parcela (20%), a que teria direito. Repassou para aquelas entidades o equivalente a dez pontos de percentagem do bolo financeiro global já referido. A título de exemplo, a CUT recebe algo da ordem de R$50 milhões por ano, segundo estimativas conservadoras de alguns estudiosos. Se a tal montante for adicionada parcela do que recebem os sindicatos, as federações e confederações vinculadas à CUT, o total ficará próximo e, até mesmo, superior às contribuições do esquema Odebrecht voltado para as eleições presidenciais do PT. E tudo com uma vantagem inegável: o caixa sindical é imune a qualquer auditoria ou prestação de contas, por incrível que possa parecer. Em quatro anos o volume da grana chegaria a R$200 milhões de reais. Estes valores jamais entraram na contabilidade financeira das campanhas petistas. Ou alguém duvida que a CUT e seu esquema não fazem outra coisa que não mera campanha eleitoral, servindo como um dos braços fortes de mobilização urbana do petismo (junto com o MST, este, armado, e atuando junto ao campesinato)?

Se o governo pretende fazer reformas estruturantes, a primeira a ser feita seria a sindical. Tal decisão serviria para, pelo menos, tirar oxigênio da tigrada, e tornar a vida dessas organizações mais transparentes e menos corruptas.