terça-feira, 7 de março de 2017

Padrões alemães e a lava-jato


Os depoimentos contidos nas delações premiadas dos executivos da Odebrecht são devastadores. Os negócios da empreiteira com a cúpula do PT, em especial com Lula, configuravam uma organização detalhada e detalhista, típico da cultura germânica. Planilhas contendo nomes, dados e fatos fazem lembrar os arquivos alemães que serviram de base para a condenação de Eichmann, o carniceiro nazista, cujo julgamento em Jerusalém foi esplendidamente narrado pela grande filósofa Hannah Arendt. Corrupção ao estilo Odebrecht era coisa séria. Dificilmente as outras empreiteiras poderão apresentar algo similar; o estilão destas deve ser o tradicional no Brasil, com avacalhação generalizada. Com a Odebrecht, jamais: é tudo pão pão, queijo queijo.

Não deixa de ter sua graça, uma organização ser punida por ser, exatamente, bem organizada. Nunca ninguém ouviu falar de "departamento" da propina em alguma instituição, operando a pleno vapor, conforme vem sendo divulgado pela imprensa. Nem os baianos conseguiram dar um toque local de malemolência ao gigantesco grupo empresarial.

Deveriam ter aprendido com Maluf; ninguém encontrou, apesar da insistência investigatória, um papelucho que seja, registrando as estripulias do atual deputado e ex-governador de São Paulo. Chega a causar espécie que o malufismo tenha sido colocado para escanteio no atual ambiente de negócios no Brasil. Paulo Maluf é quem deve ser visto como empreendedor eficiente. Esse bando de empreiteiros que se julgam malandros são, de fato, os otários das negociatas costumeiras. 

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