quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
Os novos palácios
As eleições de 2018 criarão um fato insólito. Velhas penitenciárias com nomes já consagrados deverão mudá-los para atender a novas circunstâncias. Imagine-se a possibilidade de Fernando Pimentel e Lula da Silva se elegerem para o governo de Minas e para a presidência da república, respectivamente. Por uma questão de deferência e respeito ao cargo, a prisão brasiliense passará a se chamar de Palácio da Papuda, nova moradia destinada a Lula. Da mesma forma será criado o palácio Hungria abrigo de Pimentel e família.
A situação desses dois petistas é um escárnio. Permitir que eles continuem atuando politicamente - como se nada tivesse acontecido - é uma tão absurda quebra de decoro e de violação ao princípio da moralidade, que só a ironia possibilita um consolo. Os cidadãos deveriam acampar às portas do STF e do STJ até que essas figuras tão inconvenientes fossem trancafiadas nas suas celas. Continuar governando Minas Gerais enquanto réu em crimes infamantes é algo inimaginável em qualquer democracia do mundo civilizado.
A crise ética e política que assola o Brasil tem patronos e endereço: STF e STJ. Seus ministros estão a brincar com o sentimento popular.
Mandarins sob suspeita
Cintilantes mandarins universitários estão sendo
questionados por suas condutas em diferentes universidades brasileiras. No caso
mais recente vindo à tona - o da UFMG - não se sabe, ainda, qual a natureza dos
crimes pelos quais são investigados o próprio reitor e outros servidores. Eles
foram omissivos ou comissivos? Talvez ambos. A Polícia Federal, escolada em
investigações sobre práticas corruptas, conforme já se viu nos fatos referentes
ao mensalão e ao petrolão, estica agora seus longos braços para atingir outros
ramos da frondosa herança do regime lulopetista. Verdade que tudo do que são
eventualmente acusados pode não passar de infundadas suspeitas. Talvez.
Talvez tudo não
passe de pérfida manobra de inimigos políticos visando privatizar o ensino
superior brasileiro, conforme alguns mestres o declararam à imprensa. Se assim
for, entender-se-iam as prisões, as conduções coercitivas e a apreensão de
documentos reclamados pela autoridade policial. Dificilmente, no entanto, tais
procedimentos seriam autorizados por um juiz competente, caso não possuíssem
fundamentos fáticos e jurídicos. Vai longe o tempo em que tudo que contrariasse
interesses de corporações, tachado de perfídia neoliberal, seria aceitável. Nem
as franjas mais primitivas do PCdoB, aquelas que idolatram Kim Jong-un, falam
mais de neoliberalismo.
Para aqueles que observam os acontecimentos de longe,
aliás, seria inusitado que mesmo respeitáveis instituições acadêmicas ficassem
livres da contaminação pela gosma petista, numa tessitura que abarcasse, ao fim
e ao cabo, todas as dimensões da vida social. Qual uma negra e venenosa aranha,
que vai secretando seus fios e aprisionando os que dela se aproximam, o
lulopetismo foi se infiltrando em todos os níveis das instituições públicas
transformando-as em zumbis a serviço de sua causa, para vergonha e decepção do
povo brasileiro, que esperava uma universidade comprometida com as grandes
causas que a tantos afligem. A sociedade nunca esperou, jamais, condutas
ilegais e reprováveis vindas de quem quer que seja, ainda mais de qualificados
professores, pesquisadores e outros técnicos.
É uma questão de compostura. Reitores precisam dar o exemplo.
O beija-mão coletivo de dona Dilma por parte de uma centena deles (às vésperas
das últimas eleições presidenciais, quando a caravana da subserviência aportou
em Brasília), é exemplo de outras tantas magníficas genuflexões. No conceito de
corrupção dever-se-ia incluir a utilização de recursos públicos em campanhas
eleitorais, notoriamente praticada entre petistas e puxadinhos, e sob vistas
grossas e ouvidos moucos por quem deveria coibi-lo. Circulares anódinas com
orientações de conduta em período eleitoral, repetem a velhacaria bragantina:
fazer leis para inglês ver. Da mesma forma com que se agiu com relação ao
tráfico negreiro, a mobilização petista continuou debaixo dos panos. E ainda
continua.
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
O chantecler caboclo
Pouco antes de nascer o dia (talvez até na profunda madrugada), o galo se encarrega de avisar ao mundo que o sol está surgindo. Seu cérebro de galinha, no entanto, o faz cultivar a convicção de que é seu canto que mobiliza o astro rei. Quando se trata das ilusões do vaidoso galináceo, no entanto, os demais seres do mundo têm para com ele uma suave condescendência. Ora, quão tola é essa criatura, estariam a dizer para si, caso pudéssemos entendê-los.
Pois não é que o mundo da
política reproduz de maneira bem aproximada a pretensão do chantecler egocentrado?
As tramas fazem lembrar as fábulas de Esopo. Uma dita filósofa – professora Marilena
Chauí – chegou a enunciar que o mundo emudece quando Lula fala. Claro, eram
tempos em que, no gordo pacote de compras literárias governamentais, ocupavam
lugar de destaque os livros da madame. Ao que parece, a finada fartura se foi
para sempre e a fiel militante petista regrediu ao status de classe média.
Pelos números revelados
pelas últimas pesquisas eleitorais, Lula da Silva aparece com a preferência de
um terço aproximadamente dos eleitores, seguido de Jair Bolsonaro com 18% e os
demais nomes com indicações bem baixas ou insignificantes. O chantecler petista
é louvado pelo desempenho, aliás, digno de menção, mas não pelas razões que a
maioria dos analistas elenca. O surpreendente é que cacarejando diariamente nos
últimos 40 anos (quando presidente, o petista alcançava a marca de três discursos
diários para rádios e TV’s de todo o país), Lula da Silva só receba a preferência de
pouco mais de 30% dos eleitores que declaram votar nele nas próximas eleições.
Convenhamos. Era para ser um
número bem mais expressivo para quem aparenta ter nascido sobre um palanque.
Sem falar na poderosa máquina sindical e corporativa na administração pública,
nos hospitais, nas escolas de todos os níveis, nas igrejas e nos denominados
movimentos sociais. É uma estrutura de arromba! Com todo esse poderio, não
consegue fazer frente a um deputado ainda desconhecido que faz sua pré-campanha
apoiado na família e em meia dúzia de gatos pingados. Enquanto Lula voa pelos
ares a bordo de luxuosos jatinhos dos empresários amigos, Bolsonaro se desloca
dentro dos seus limites, como se fora titular de um circo mambembe cujo meio de
transporte são carroças mal ajambradas.
Rico, poderoso e atrevido
como um garnizé, Lula pode terminar na reta final enfrentando um político
audacioso e sem máculas que o desonrem. O povo será posto frente a duas
opções: votar numa pessoa honesta ou votar num gatuno já condenado pela justiça
brasileira. Isso sem por em discussão a malta predadora da qual é composta o
lulismo. Será uma decisão radical, a que será tomada pelos 130 milhões de
eleitores em outubro do próximo ano. Na mente da maioria já está fixada a
imagem do significado da candidatura Bolsonaro. O deputado pode se dar ao
desfrute de alargar sua base de apoio.
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domingo, 3 de dezembro de 2017
Saindo do armário
Identidades reais camufladas vêm se tornando mais visíveis e mais abertas a cada dia que passa. Pessoas de grupos considerados minoritários, frente às práticas hegemônicas, começam a assumir suas preferências e simpatias de forma aberta e pública. O exemplo mais notório desse fenômeno remete às identidades sexuais e de gênero, fruto da crescente liberalização dos costumes na maior parte do mundo, acompanhando a globalização econômica e política. Exceções óbvias são detectadas em sociedades retrógradas da África e da Ásia, com destaque tristemente merecido para as teocracias muçulmanas.
Para a comunidade gay esse processo é conhecido popularmente como "sair do armário". Fazê-lo implica riscos consideráveis, afetando a reputação e até mesmo a própria vida do desafiante.
Há, entretanto, outras preferências não "politicamente corretas", cuja assunção pelos indivíduos pode se revelar ruinosa para eles. É o caso de se declinar publicamente a preferência por partidos de "direita", ou se engajar politicamente a favor de lideranças vistas como conservadoras. Em ambiente universitário, especialmente nas instituições públicas, esse tipo de conduta é letal para os que pensam diferente. Grupos sectários de esquerda praticamente interditam qualquer debate a respeito do assunto, apelando para a violência e intimidação.
Aí, agora, é que surge a questão. Reprimir qualquer manifestação em favor de Bolsonaro, para ficar em nome paradigmático, não significa que o sentimento direitista tenha sido eliminado. Os cidadãos começam a se libertar do jugo fascistóide imposto pelo petismo e seus puxadinhos (PC do B, Psol, PSTU e outros). De fato, e talvez esteja nesse exemplo a dimensão inovadora: os eleitores começam a sair do armário; querem tirar da garganta o grito de liberação. Começam a assumir suas simpatias pela Direita, pelos valores mais afinados com o mundo ocidental. Algo no estilo: sou sim, e daí?
Não só os gays estão a sair do armário em que vivem confinados. Da porta ao lado pululam, excitados, milhões de adeptos do capitão presidenciável. As próximas eleições dirão qual a magnitude desse processo.
Para a comunidade gay esse processo é conhecido popularmente como "sair do armário". Fazê-lo implica riscos consideráveis, afetando a reputação e até mesmo a própria vida do desafiante.
Há, entretanto, outras preferências não "politicamente corretas", cuja assunção pelos indivíduos pode se revelar ruinosa para eles. É o caso de se declinar publicamente a preferência por partidos de "direita", ou se engajar politicamente a favor de lideranças vistas como conservadoras. Em ambiente universitário, especialmente nas instituições públicas, esse tipo de conduta é letal para os que pensam diferente. Grupos sectários de esquerda praticamente interditam qualquer debate a respeito do assunto, apelando para a violência e intimidação.
Aí, agora, é que surge a questão. Reprimir qualquer manifestação em favor de Bolsonaro, para ficar em nome paradigmático, não significa que o sentimento direitista tenha sido eliminado. Os cidadãos começam a se libertar do jugo fascistóide imposto pelo petismo e seus puxadinhos (PC do B, Psol, PSTU e outros). De fato, e talvez esteja nesse exemplo a dimensão inovadora: os eleitores começam a sair do armário; querem tirar da garganta o grito de liberação. Começam a assumir suas simpatias pela Direita, pelos valores mais afinados com o mundo ocidental. Algo no estilo: sou sim, e daí?
Não só os gays estão a sair do armário em que vivem confinados. Da porta ao lado pululam, excitados, milhões de adeptos do capitão presidenciável. As próximas eleições dirão qual a magnitude desse processo.
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