sexta-feira, 6 de março de 2015

Revelações mais espantosas da Operação Lava Jato (Leandro Narloch)

Com o desenrolar das investigações da Lava Jato, os escândalos e denúncias vão se acumulando; os brasileiros aos poucos perdem a capacidade de se assustar com eles. Por isso é bom lembrar as histórias mais espantosas que vieram à tona nos depoimentos.

1. “Doações eleitorais”
Pedro Barusco, ex-diretor de engenharia da Petrobras, contou à Justiça Federal que as empreiteiras eram intimadas a fazer doações eleitorais ao PT no valor de 0,5% dos contratos que fechavam com a Petrobras. Foi o caso, segundo ele, do estaleiro Keppel Fels, de Cingapura, que fechou um contrato de R$ 185,8 milhões com a Petrobras. Meio por cento desse valor equivale a R$ 929 mil. Quatro meses depois da Petrobras firmar o acordo com o estaleiro, o PT recebeu, segundo o TSE, uma doação R$ 930 mil da FSTP Brasil, que pertence à Keppel Fels. De acordo com planilhas fornecidas por Barusco, propinas mascaradas de doações eleitorais ao PT chegaram a R$ 455 milhões.

2. Cinco pessoas, R$ 472 milhões
A Operação Lava Jato já investigou 87 pessoas, mas o que surpreende é que cinco – apenas cinco pessoas – já se comprometeram a devolver quase meio bilhão de reais. Pedro Barusco devolverá 97 milhões de dólares (ou R$ 289 milhões); o doleiro Alberto Youssef, R$ 50 milhões; Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal, também R$ 50 milhões. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento, prometeu devolver 26 milhões de dólares (vindos de uma conta na Suíça e outra nas Ilhas Cayman), além de 181 mil dólares, R$ 762 mil e 10,9 mil euros apreendidos em sua casa, uma lancha no valor de R$ 1,1 milhão, um terreno no município de Mangaratiba (RJ) avaliado em R$ 3,2 milhões, e uma Range Rover Evoque de R$ 300 mil.

3. E contando…
A conta acima não inclui bens que foram bloqueados pela Justiça de investigados que não assinaram acordo de delação premiada. Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, teve R$ 106 milhões bloqueados. Para a Justiça Federal, esse valor veio da propina cobrada em contratos de navios-sonda para perfuração em águas profundas na África e no México em 2006 e 2007.

4. Intimidade
Em 2008, o diretor Paulo Roberto Costa foi um dos convidados da festa de casamento de Paula Araújo Rousseff, filha de Dilma.

5. Aspectos políticos
A JD Assessoria, empresa de consultoria de José Dirceu, ganhou uma bolada com as empreiteiras envolvidas no Petrolão. A OAS desembolsou R$ 720 mil pela consultoria de Dirceu; a Galvão Engenharia, 725 mil; a UTC, empreiteira-chefe do cartel, desembolsou R$ 2,3 milhões só entre 2012 e 2013. A Camargo Corrêa pagou R$ 866 mil pela consultoria sobre “integração dos países da América do Sul e análise de aspectos sociológicos e políticos do Brasil”. 

6. Até que a morte os separe
José Janene, líder do PP, um dos réus do Mensalão e participante do esquema de propina na Petrobras, morreu no Incor, em São Paulo, em setembro de 2010. Quem assinou o atestado de liberação do corpo foi o doleiro Alberto Youssef. De acordo com Hermes Freitas Magnus, o empresário que fez as primeiras denúncias que resultaram na Operação Lava Jato e ex-sócio de José Janene, a participação do ex-deputado no esquema de corrupção na Petrobras funcionava como um “cala-boca”, para que Janene não agisse para “derrubar Lula” contando o que sabia sobre o Mensalão.

7. Te amo
Em 28 de fevereiro de 2014, a Polícia Federal interceptou a seguinte mensagem entre o doleiro Alberto Youssef e o deputado Luiz Argôlo (SSD-BA):
Argôlo: Bom dia.
Youssef: Bom dia.
Argôlo: Você sabe que tenho um carinho por vc e é muito especial.
Youssef: Eu idem.
Argôlo: Queria ter falado isso ontem. Acabei não falando. Te amo.
Youssef: Eu amo você também. Muitoooooooooo<3 br="" style="border: 0px; list-style: none; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Argôlo: Sinto isso. E aí já melhorou?? Melhorou??? Por favor me diga alguma coisa.

8. Castigo 
Renato Duque, ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras, costumava punir empresas que dificultavam ou atrasavam o pagamento de propina. Alberto Youssef contou à Justiça Federal que Duque sugeriu à empreiteira Alusa apresentar um projeto para uma obra do Comperj, o complexo petroquímico do Rio de Janeiro. O motivo da sugestão era o “jogo duro” que a Camargo Corrêa estaria fazendo para liberar a propina. “Caso precisasse de aditivo, a empresa ‘não contribuinte’ não contaria com qualquer auxílio ou facilitação para que os aditivos fossem aprovados ou agilizados”, afirmou Youssef.

9. Negócio do século
O escândalo da Refinaria de Pasadena, no Texas, é bem conhecido, mas não deixa de impressionar. Em 2005, a belga Astra Oil comprou a refinaria por 42,5 milhões de dólares. Um ano depois, vendeu metade da refinaria para a Petrobras por 360 milhões de dólares. Depois vendeu os seus 50% por 639 milhões de dólares. Totalizando um lucro de quase um bilhão de dólares para a Astra, e um prejuízo de 792 milhões de dólares para a Petrobras, ou mais de R$ 2 bilhões. “Foi o negócio do século”, comentaram jornais belgas.

10. Todo mundo
Em 2008, a ex-gerente da Petrobras, Venina da Fonseca, foi à sala de Paulo Roberto Costa contar que sabia de casos de propina e superfaturamento em contratos da Petrobras. Segundo ela, Paulo Roberto apontou para o retrato do Lula e perguntou:
- Você quer derrubar todo mundo por aqui?

quinta-feira, 5 de março de 2015

Previsão de 2002 se realizou (Cesar Maia)

"O QUE SE PREVIA NA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 2002 DEMOROU..., MAS ACONTECEU!
            
1. Na campanha de 2002, analistas nacionais e de outros países projetavam um quadro sombrio com a vitória de Lula. Três conclusões eram consensuais: a inevitável irresponsabilidade fiscal; o afrouxamento inflacionário; e a ocupação da máquina do Estado pela máquina do PT. Em função disso, Duda Mendonça redigiu e Lula assinou e divulgou a Carta aos Brasileiros, onde assumia compromissos de responsabilidade econômico-financeira.
            
2. Com Palocci no ministério da Fazenda, o governo Lula foi afirmando os compromissos da Carta aos Brasileiros. Na verdade, essa não era a natureza nem a disposição do PT. As condições políticas e institucionais não permitiam outros caminhos, sob o risco de desintegração econômica e impasse político.
            
3. No final de 2003, a TV Globo, com uma câmera oculta (ou com gravação amadora de quem estava na reunião e repassou à TV Globo), divulgou um vídeo do discurso do poderoso ministro José Dirceu para a militância que estava exaltada com medidas que o partido havia criticado por muito tempo.
            
4. Dirceu foi claro: A 'correlação de forças' não permite, neste momento, avançarmos como gostaríamos. Por isso, nesta primeira etapa, adotaremos medidas conservadoras para dentro e aplicaremos nossas ideias e nosso programa para fora (leia-se política externa). A explicação de Dirceu agradou a militância. O tempo confirmou Dirceu e mostrou que eram apenas ações táticas e que a estratégia continuava a mesma.
            
5. Em 2004, o governo/PT começou a aplicar a “ética revolucionária”, ou seja, desvio de recursos públicos ou privados para financiar a “revolução” (ou seja, a garantia de maioria absoluta no parlamento para implementar o que desejasse), não é roubo, mas “expropriação”. A primeira grande operação de “expropriação” foi o mensalão. Em conversas informais a partir do estouro do escândalo, o argumento dos dirigentes era: o dinheiro não é para ninguém, ninguém está se apropriando de nada, é para garantir o poder num parlamento burguês de deputados e senadores corruptos. Isso é diferente do que fazemos, argumentavam. Esse dinheiro serve ao povo, concluíam.
         
6. Ultrapassados os obstáculos e o primeiro choque de opinião pública durante a CPI, já em 2006, ano eleitoral, a máquina governamental ocupada pelo PT e dinheiro desviado sem limites prepararam a eleição de 2006, usando todo tipo de recursos; de propaganda (Gobells ficaria envergonhado), agressões, mentiras, etc. Outra vez, no governo, em 2007, e com a máquina ocupada, o poder de Lula e do PT se tornou absoluto.
            
7. Apenas uma pequena minoria parlamentar não aderiu e os grandes grupos e setores econômicos passaram a defender o governo Lula, sem nenhum pudor. Com a correlação de forças (ver Zé Dirceu) totalmente favorável, foi implementando o Estado Total, conceito caro ao nazismo. A partir daí, a Carta aos Brasileiros foi rasgada. A “expropriação” passou a ocorrer na maior empresa brasileira, a Petrobras/fornecedores, nas grandes obras, nos amplos subsídios...
            
8. Os fundamentos macroeconômicos foram jogados no lixo, a “ética revolucionária” prevaleceu, afinal não havia oposição nem política, nem social (os sindicatos no governo), nem empresarial. A crise de 2008 foi respondida com um keynesianismo de consumo que só visava o PIB, a economia perdeu competitividade, a situação fiscal foi deteriorando e respondida com fraudes contábeis, o setor externo desintegrando com recordes de déficit corrente...
            
9. Mas num mundo globalizado, as expectativas têm caráter internacional. A crise econômica foi sendo antecipada pelo mercado e a velocidade de agravamento saiu de controle. A correlação de forças foi mudando e se expressou na eleição presidencial. Dilma volta ao primeiro capítulo e tenta, através da designação de um Pallocci ainda mais ortodoxo (Levy), reverter este quadro. Era tarde.
            
10. A operação Lava-Jato é assumida por um juiz independente (reveja Jean Louis Tritignant – 
juiz de instrução no filme Z, de Costa Gravas). Não há mais por onde “negociar”. A “expropriação” passa a ser chamada por seu nome próprio: corrupção. Os valores dão dimensão internacional.
            
11. Os parceiros (políticos, empresariais, jornalísticos, sociais...) lavam as mãos.
            
12. As previsões de 2002 se confirmaram. O tempo desmontou as fraudes. Era um castelo de cartas –house of cards- que ruiu".


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OBS: Cesar Maia continua sendo um excelente analista político.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Desobediência civil cresce no Brasil (Cesar Maia)


























"DESOBEDIÊNCIA CIVIL CRESCE NO BRASIL! POR QUÊ? ONDE VAI CHEGAR?
            
1. De forma resumida se poderia subdividir a Desobediência Civil em 4 situações. A primeira é quando um governo toma decisões que afetam o direito natural das pessoas. Dois líderes foram exemplares nestes casos: Mahatma Gandhi (vide a marcha do Sal) e Martin Luther King (direitos civis dos negros).
            
2. Uma segunda situação é quando o próprio governo atropela a legalidade existente e quer impor as regras que entende. A resistência das pessoas ao desrespeito pelo governo das normas estabelecidas tem ocorrido com frequência nos dias de hoje na Venezuela.
            
3. Uma terceira situação é quando a desobediência civil tem um viés revolucionário e objetiva acumular forças, derrubar o governo e implementar uma nova ordem.
            
4. Nenhuma dessas três situações se enquadra na realidade brasileira atual. Mas que os atos e fatos de desobediência civil prosperam no Brasil não há qualquer dúvida. Os desdobramentos da greve dos caminhoneiros é exemplo disso. Reações das comunidades contra a repressão policial são outros exemplos. Ações tipo “ocupa”, inauguradas em Madrid e em Nova York mobilizadas pelas redes sociais, da mesma forma. Em boa medida as mobilizações de 2013 no Rio e em S.Paulo tiveram essas características, e que prosseguem hoje em mobilizações de menor porte, mas que têm efeito cumulativo. Pontualmente, as mobilizações e greves permanecem, independente de decisões judiciais.
            
5. Como se definiria ou se enquadraria a Desobediência Civil no Brasil de hoje? É verdade que a crise econômica, política e ética fornece o tempero para isso. Mas a razão de fundo é a diluição da autoridade pública, especialmente em nível federal.  É como se as pressões populares, lutando pelo que entendem sejam os seus direitos, ao apontarem especialmente para o governo federal, sentissem que a autoridade do governo federal está diluída e que não há expectativas de soluções através dele.
              
6. Isso gera dois efeitos: a juridicialização dos conflitos políticos e sociais; e um excesso de legislação como se a solução fosse criar leis, o que se faz para se ganhar tempo, já que quase sempre estarão pendentes de regulamentação ou complementação.
               
7. Com a crise econômica se aprofundando, com o impasse político parlamentar e com a crise ética –em nível das elites empresariais e políticas, é de se esperar que os atos e fatos de desobediência civil, vis a vis a diluição da autoridade pública, ganhem mais intensidade e maior extensividade nos próximos meses.
              
8. Cabe ao governo federal, aos lideres políticos e sociais, a intelectuais e a imprensa, colocarem em cima da mesa suas preocupações quanto à Desobediência Civil que cresce, antes que saia de controle, produzindo consequências graves, exacerbando os conflitos e transformando-os em confrontos".


Mais que nunca cabe reler Thoreau.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Bééééééééé!

Intelectuais, professores e artistas se reuniram para assinar um manifesto em favor da continuidade da roubalheira na Petrobrás. Dóceis e cordatos, marcharam em direção ao magarefe. Só os borregos se salvaram, por enquanto.












Sim senhor. O que não se faz para proteger as boquinhas, os apoios culturais e as suculentas bolsas. Bééééé!

O cidadão e o governo



Nós pega os peixe, como dizem os linguistas do MEC; já o governo pesca o puçá dos pescadores.

domingo, 1 de março de 2015

L'art de péter (ao estilo Hurtaut)


Stédile avança com a tropa

Stédile, aquele de olhos amarelos, é o dono do MST. Prepara-se para os embates com os neoliberais brancos e de olhos azuis. Conforme se vê abaixo, já está uniformizado e pronto para a batalha.

















As tropas portando suas foices, facões e enxadas (além de algumas estrovengas). aguardam somente o toque de clarim convocando para a defesa da nossa Petrobrás.