sexta-feira, 5 de junho de 2009

A INTELIGÊNCIA AINDA EXISTE NO BRASIL

"O pigmeu de Pyangyong e o gigante maranhense


Kim Jong-Il, apresento-lhe José Sarney. José Sarney, apresento-lhe Kim Jong-Il. Se Arnaldo Carrilho, o embaixador brasileiro na Coreia do Norte, cumprir a promessa de presentear Kim Jong-Il com os DVDs de Glauber Rocha, finalmente ocorrerá o encontro entre o "pigmeu de Pyangyong" - o apelido dado por George W. Bush - e o gigante maranhense.
Glauber Rocha fez um documentário sobre a posse de José Sarney no governo do Maranhão, em 1966. Título? Maranhão 66. O documentário reproduzia integralmente o discurso de posse de José Sarney, intercalando-o com cenas de miséria dos maranhenses. José Sarney, no palanque, proclamava: "O Maranhão não suportava o contraste de suas terras férteis, de seus vales úmidos, de seus babaçuais ondulantes e de suas fabulosas riquezas potenciais com a miséria, com a angústia, com a fome". Enquanto isso, na tela, Glauber Rocha exibia imagens de miséria, de angústia e de fome, reiterando didaticamente o discurso eleitoreiro de José Sarney.
Os glauberianos sempre argumentaram que, ao contrapor o discurso de posse de José Sarney às imagens de miséria, Glauber Rocha, na realidade, pretendia denunciar as falsas promessas do governador recém-eleito. Mentira. Maranhão 66 é pura propaganda política. Ele foi encomendado a Glauber Rocha pelo próprio José Sarney, sendo financiado pelo governo estadual. A rigor, aliás, quem o financiou foram os mesmos miseráveis mostrados no filme. José Sarney, eleito com o apoio do marechal Castelo Branco, contou também com o apoio do marketeiro baiano Glauber Rocha, predecessor daquele outro marketeiro baiano, Duda Mendonça. Maranhão 66 está para Glauber Rocha assim como a conta Dusseldorf está para Duda Mendonça.
Luiz Gutemberg, hagiógrafo de José Sarney, comentou o trabalho da seguinte maneira: "O filme concentra as esperanças que nasciam dos casebres, dos hospitais e, no meio de tudo, a voz de Sarney. Glauber, modificando a ciclagem da voz do novo governador, obteve um efeito emocionante e fez com que ela soasse como a voz de um vulto profético, fixando o choque entre o impossível, que a mensagem de esperança do novo governador anunciava, e a miséria que as imagens mostravam".
José Sarney ridicularizou a idéia de que Glauber Rocha pudesse ter qualquer propósito crítico, apresentando-o como um apaniguado cúmplice e obediente. Ele disse: "Quando fui eleito governador, o levei para fazer o documentário da posse. Ele se empolgou e fez. Eu também ajudei porque fiz, de certo modo, o roteiro do documentário, para fugirmos daquela coisa, para ver o contraste entre o que se encontrava e o que a gente desejava. E ele fez".
Maranhão 66 foi produzido por Luiz Carlos Barreto. E quem mais poderia ser? Atualmente, Luiz Carlos Barreto produz uma cinebiografia de Lula. Pena que Glauber Rocha tenha morrido, porque ele certamente se empolgaria com o projeto e o dirigiria. Seu filho, Erik Rocha, já dirigiu um documentário empolgado sobre Lula. De Maranhão 66 a Brasília 09, a política continua igual. E o cinema brasileiro continua igual: empolga-se e faz." (Diogo Mainardi, em 5/06/2009)

domingo, 31 de maio de 2009

ONDE LULINHA ESTUDOU?

"Olhem, como se diz por aí, “na boa”, não sei como Lula consegue se olhar no espelho depois de fazer certos discursos. Tá bom, vá lá, eu sei. Eu mesmo já identifiquei aqui uma possível patologia psíquica: Lula é destituído de superego. Por que isso agora? Ontem, esse gênio da raça descobriu os culpados pela baixa qualidade do ensino: a classe média. (Disse Lula da Silva):

“Uma das razões pelas quais a escola pública foi se deteriorando é porque grande parte da classe média se afastou dela. Para não brigar [por qualidade], decidiu colocar os filhos na escola particular. E pagar na mensalidade de 3º ano primário o mesmo preço de uma universidade particular”.

Não está sozinho nessa avaliação. Há alguns teóricos da educação — também de classe média ou acima disso, que jamais pisaram numa escola pública — que acham a mesma coisa. É a velha tese de que os responsáveis por seus problemas são as vítimas. Ora, a classe média se afastou da escola pública porque ela era ineficiente. Claro, claro: o pai e a mãe poderiam ter-se convertido em militantes da causa. Enquanto isso, os filhos ficariam comendo grama; enquanto isso, a esquerdopatia reinante nos sindicatos de professores ficariam promovendo greves. “Ah, os sindicatos só são assim porque as condições são ruins”. Mentira! Em São Paulo, a Apeoesp se opôs a um programa de qualificação do corpo docente. É gente que promove queima de livro. Mas me afastei um pouco.
Lula, quando ainda dirigente da oposição, poderia ter dado o exemplo. Poderia ter posto os filhos para estudar na escola pública. Quem melhor do que ele para liderar o movimento, não é mesmo? Pois se preparem para uma revelação. Sabem o Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, o Ronaldinho de Lula? ESTUDOU EM ESCOLA PARTICULAR. É, em escola particular. Mais precisamente, no Colégio Singular, em Santo André, uma das mais conceituadas da região. Como eu sei? EU DAVA AULA LÁ.
Mas é claro que a coisa foi feita à moda Lula. Fábio estudou no Colégio Singular, mas com bolsa de estudos, entenderam? Lula, o burguês do capital alheio, pôs o seu prestígio político a serviço da concessão de um privilégio — ou vocês acham que ele não tinha dinheiro para pagar a escola do seu gênio empresarial? Tinha. Mas, vocês sabem, onde há uma mamata, Lula está lá, mamando. “O cara” até recebe pensão por ter lutado contra a ditadura, ora essa!!! Enquanto ele “lutava”, construía o PT, que o faria chegar à Presidência, constituía um patrimônio que nenhum outro trabalhador com o seu nível de instrução tem e garantia a melhor escola para os filhos — sem desembolsar um tostão por isso.
Do Singular, já saíram alunos que se transformaram em profissionais de primeiro time, alguns com renome internacional. Volta e meia, um ex-aluno de lá manda um comentário a este velho professor… Só tenho 47. É que comecei a dar aula muito cedo. Pois bem, não foi o caso de Lulinha. Cursou biologia, vagou aqui e ali etc. Quando o pai alcançou a Presidência, era monitor de Jardim Zoológico: “Lulinha, onde fica a zebra?” Ele indicava. “Lulinha, onde fica a anta?” Ele mostrava. “Lulinha, onde fica o jumento?” Ele dava o caminho. O pai chegou lá, e ele se transformou num empresário de enorme sucesso, não é? A Telemar — atual Oi, de que Sérgio Andrade, o principal financiador das campanhas do seu pai, é sócio — logo descobriu o seu talento para o mundo dos negócios. A fala a seguir é pura imaginação benevolente deste escrita: “Que é isso, Lulinha? Alguém com o seu talento em, bem…, em seja lá o que for, merece ser empresário”. E Lulinha virou empresário. A família Andrade gosta da família Lula. Custeou a educação de Lurian em Paris.
Como a gente vê, o Brasil continua mesmo a ser um país injusto. É preciso pôr um fim nesse regime que garante a existência de fidalgos — sejam eles da antes chamada “burguesia”, seja da antes chamada “classe operária”. O que o Brasil ainda não conseguiu ser, de fato, é uma República. É preciso pôr fim ao regime dos aristocratas. E Lula é o seu mais pançudo representante.
Mais uma vez, este senhor é flagrado a fazer o exato oposto do que enuncia e anuncia" (Transcrito do blog do Reinaldo Azevedo de 30/09/2009)

"NOVOS POBRES E NOVOS RICOS"

"Muita chiadeira por causa do post de ontem em que censuro a bobagem dita por Lula sobre a culpa pela baixa qualidade do ensino público. Segundo ele, é da classe média, que, em vez de brigar por mais qualidade, decidiu pôr os filhos em escolas particulares — que, de resto, na média, não são também nenhuma maravilha. Mas, ao menos, os filhos costumam estar ao abrigo das greves e das faltas. Lula queria pais, digamos, sindicalizados brigando, para depois tudo terminar num acordão, como aqueles que ele celebrava com o antigo Grupo 14 da Fiesp, afogado, quase literalmente, em Black Label. Porque Lula, vocês sabem, não é um homem de ferro. É de carne e osso. Mais carne do que osso. Por que os petralhas espernearam? Porque revelei que o gênio empresarial Fábio Luiz da Silva, o notório “Lulinha”, estudou em… escola particular. Mais precisamente, no Colégio Singular, em Santo André, destinado à “Dona Zelite” do Grande ABC.
Sei porque dava aula lá — não fui professor da sua turma. Aí me informa um leitor:
"Caro Reinaldo,
Não só o Lulinha, mas seus irmãos também estudaram no Singular. A Lurian fez o primeiro ano (em 1991) na unidade de São Bernardo, eu estava lá na época e lembro de uma visita do Apedeuta à escola. Não sei se teve bolsa também. Mas ela nem chegou a terminar o colégio lá, saiu no fim do primeiro ano. O irmão mais novo (o que levou os amigos para tomar banho de piscina no Palácio da Alvorada, com nosso dinheiro, em avião da FAB) também estudou lá, na unidade de Santo André."

É isso aí. Se ambos também tiveram bolsa, não sei. Lulinha teve. Lurian deve ter deixado a escola para ir a Paris, com o patrocínio de Marília Andrade, prima de Sérgio Andrade e uma das herdeiras da empreiteira Andrade Gutierrez. Sérgio é amigo pessoal de Lula e o maior financiador individual de sua campanha eleitoral. A sua construtora acaba de retomar a construção da usina nuclear de Angra 3 com uma licitação herdada do governo Figueiredo. Já é quase uma licitação balzaquiana: 26 anos. Em dólar, o preço saltou de US$ 1,8 bilhão para US$ 3,3 bilhões. Mas podem ficar tranqüilos: custará muito mais, como sempre. Vejam o que aconteceu com a refinaria Abreu e Lima…
Ah, bem: Lula também mudou uma lei apenas para legalizar a compra da Brasil Telecom pela Oi. Sérgio é um dos controladores da Oi. Tá… Convenham: recorrendo a metáforas do mercado financeiro, quando Sérgio descobriu Lula, o homem era ainda uma “opção magra”. E passou a ser uma “blue chip”. No mundo dos negócios, é preciso enxergar longe, né? Andrade, mais do que qualquer outro, entendeu quem era Lula de verdade. O dono da Andrade Gutierrez poderia dizer: “Ao vencedor, um batatal inteiro”.
Volto ao ponto. Por que lembrar isso tudo? Porque um dos mitos — eivado de falsidades e coisas verossímeis, como todos os mitos — sobre a biografia de Lula dá conta de sua vida sofrida. Convenham: até atingir a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, vá lá, algum mérito da superação existe. Depois? Depois ele passou a ser personagem privilegiada de um enredo muito maior, que ele soube capitalizar — ah, como as palavras são ricas!!! — como poucos: o da abertura política. O Lula sofrido é conversa mole pra trouxa dormir. O Lula sofrido só serve para deixar excitadas as metáforas das Mailenas Chauis e Marias Ditabrandas Victorias…
Lula tem todo o direito de pôr o filho em escola particular? Claro que sim! Não acho que os garotos deveriam pagar o pato de ter o ensino ruim só para o pai dar o exemplo. Mas, então, o Apedeuta não pode sair por aí enfiando o dedo na cara dos outros. Não pode porque, definitivamente, não tem moral para isso. Enquanto ele organizava a companheirada, por que Mariza Letícia — o “Sorriso Enigmático da República” — não ficou fazendo comício em porta de escola? Por que a companheira do companheiro não fez o que ele recomenda à classe média? Ora, dobre a língua então. E nem adianta dizer que não pagou a escola, que tinha bolsa. Só piora tudo. Porque é óbvio que ele tinha condições de arcar com o custo.
Um daqueles seres que come os restos que as ratazanas vão largando pelo caminho, manda o seguinte (ah, sim: IP nº 189.74.165.118):De que crime se acusa o Lula? O de defender o ensino público, mas colocou seu filho em um colégio particular? Pelo amor de Deus! Crime maior cometeu o filho do FHC que fazia parte da diretoria do Banco Nacional, quando a cúpula do banco estava produzindo balancetes falsos porque estava falido. Lembra do rombo: quatro bilhões! Ele e o pai (FHC) disseram que não sabiam de nada (anjinhos). Lembra o que FHC fez- criou o Proer. E usou dinheiro do povo para cobrir o rombo de seus protegidos políticos. E eu pergunto que moral tem os “tucanos” para falarem do filho do Lula? Ele não deu prejuízo ao dinheiro público e ainda fica esse monte de alienados políticos falando do filho do Lula!
Pois é. Se os citados quiserem a mensagem para uma ação judicial, eu passo. Eu não acusei Lula de crime nenhum. Ele é que acusa outros de criminosos. Mas a questão é boa. Não custa lembrar:
- Paulo Henrique nunca foi diretor do Banco Nacional;
- os controladores do Nacional perderam o banco; um deles chegou a ser preso (e foi solto pela Justiça, não por FHC);
- essa história de que “FHC não sabia de nada” é pura bobagem; tanto o governo ficou sabendo da situação grave do banco (à época, “de bancos”, no plural), que fez a intervenção. E veio o Proer — razão por que se tem hoje um sistema bancário sólido. Até o Apedeuta já reconheceu isso. Mas os petistas chamavam o programa de “mamata para banqueiro”. Há idiotas na rede repetindo isso até hoje, seguindo a dica de mentores a soldo.
PRESTEM ATENÇÃO NUMA, ENTRE MUITAS OUTRAS, DIFERENÇA ENTRE FHC E LULA.
Paulo Henrique, que nunca foi diretor do Nacional, era casado com Ana Lúcia Magalhães Pinto, uma das herdeiras do banco, sim. O governo interveio, a empresa foi para o vinagre, e os irmãos Magalhães Pinto — a então nora do presidente incluída — foram indiciadas em três artigos da Lei do Colarinho Branco.
Ana Lúcia e Paulo Henrique têm duas filhas — gêmeas. Quando o avô das então meninas chegou à Presidência, elas eram herdeiras de um dos maiores bancos do país. Quando o avô saiu, elas eram ex-herdeiras, e a mãe, que nunca dirigira o banco, era uma das indiciadas. Entenderam a diferença? Não! Então deixo a coisa ainda mais clara.
Quando FHC chegou à Presidência, suas netas eram herdeiras de um patrimônio bilionário; quando ele saiu, elas eram moças sem-banco. Quando Lula chegou à Presidência, o filho era monitor de jardim zoológico; dois anos depois, já era um dos felizes proprietários da Gamecorp, onde a antiga Telemar, hoje Oi (aquela de Andrade), havia metido aos menos R$ 10 milhões. Lula disse que não podia fazer nada se tinha um “Ronaldinho” dos negócios — de “Ronaldinho”, Lulinha só tem a forma física (se é que me entendem)… Também para registro: um dos sócios da Telemar, agora Oi, é o BNDES, um banco público. A empresa de que um banco público é sócia meteu dinheiro no empreendimento do “Ronaldinho” do presidente.
Os petralhas querem xingar e espernear? Fazer o quê? Pensar é que eles não iriam. É injusto exigir de alguém algo além das duas condições objetivas. Tentem contestar algum fato no texto acima.
Ficamos assim: depois de oito anos de mandato de FHC, a descendência dos Cardoso está mais pobre. Depois de oito anos de mandato do Apedeuta, os Lulas da Silva certamente estão mais ricos. E reparem como Tio Rei é singelo: se não dá acusar o que enriqueceu de irregularidade, certamente soa um tanto estranho acusar de maracutuaia o que empobreceu, não é mesmo? Vai ver os Cardosos têm inclinação para novos-pobres, e os Lulas da Silva, para novos-ricos." (Transcrito do blog do Reinaldo Azevedo de 31/05/2009)