segunda-feira, 25 de abril de 2011

A INCIVILIDADE COMO BARÔMETRO DA DETERIORAÇÃO SOCIAL

A INCIVILIDADE COMO BARÔMETRO DA DETERIORAÇÃO SOCIAL

(Autor: Robert Muffat, Professor da Faculdade de Direito de Levin, Gainesville, Flórida)


Se julgarmos pelo atual número de livros tratando do assunto, o declínio da civilidade chegou para ser visto como um problema maior em nossa sociedade. Publicações atuais incluem livros de Deborah Tannen[1], Steven Carter[2], Dominique Colas[3], Mark Caldwell[4], e um grande número de outras publicações[5]. Mais do que isso, o assunto foi lançado para dentro dos veículos midiáticos.[6] Em conseqüência, os governos estão adotando políticas de civilidade[7]. Outras autoridades governamentais estão pedindo por civilidade nas reuniões de seus órgãos.[8]

O Procurador-Geral de Gainesville pede, apaixonadamente, por civilidade nos eventos públicos ocorridos nos tribunais.[9] A Corte da Flórida urge a seus advogados a aspirar por civilidade.[10] Alguns legislativos estão passando leis na tentativa de requerer às crianças para serem mais corteses quando na escola.[11] Até mesmo as universidades estão oferecendo sessões de treinamento para ajudar a restaurar a civilidade dentro das salas de aula.[12]

Estará a incivilidade crescendo? Se de fato está ou não, podemos ter certeza de que existe uma vasta percepção de que, sim, ela está. Daí que eu examino a extensão dessa percepção em variados cenários. Por necessidade, quase todas as evidências são anedóticas, em natureza. Igualmente inconclusa é a análise dessa evidência, uma vez que ela consiste quase que exclusivamente de interpretações. Entretanto, o leitor poderá ser persuadido de que a incivilidade aparenta ser um indicador de efeitos sociais e psicológicos deletérios. Mais especificamente, sugiro que a teoria da anomia de Emile Durkheim fornece insights para a relação – aparentemente superficial – entre incivilidade e patologias sociais mais profundamente assentadas. Torna-se, então, plausível ver o fenômeno da incivilidade como barômetro de uma destacada decadência social.

A incivilidade esparramada

Quão vasto é este – aparente – crescimento da incivilidade em nossa sociedade? Um exame mais atento revela que ele parece ser bastante extenso. Vemos a incivilidade aparecer quando podemos ver um crescimento das contendas entre as pessoas. Grosserias estão se tornando mais comum nos negócios e na indústria. O florescimento de decepções e falsidades políticas engendra um cinismo contagiante por toda a sociedade. Esse cinismo é nutrido, talvez mais do que por qualquer outra fonte, pela jornalisticamente bem documentada escalada da incivilidade em nosso seio social.

Litígios

O crescimento dos litígios tem sido largamente lamentado. Apesar dos esforços ocasionais no sentido de contê-las, as buscas por defesas jurídicas dos direitos continuam crescendo a passos largos. Tal crescimento tem sido ajudado por um fenômeno concomitante: o aparecimento de mais e mais direitos.[13] As fontes de tais direitos são tanto legislativas quanto judiciais, e cada uma dessas fontes está respondendo às demandas vindas de um público (ansioso por gritar mais alto) que quem mais sofre é quem mais consegue gritar. Não é de surpreender, então, que a possibilidade de um diálogo civilizado acerca de qualquer problema se torne improvável sob tais condições.

O destacado filósofo Martin Golding comenta o seguinte: “temos experimentado uma tamanha inflação de direitos que a cunhagem do discurso moral se tornou aviltada”.[14] A professora de Direito de Harvard, Mary Ann Glendon, também se preocupa com a redução do conceito de civilidade dentro dos discursos públicos: As conversas sobre direitos, em sua totalidade, promovem expectativas irrealistas, além de esquentar os conflitos sociais e inibir o diálogo – este sim, algo que poderia levar em direção a um consenso, ou, pelo menos, a um comum acordo. Em seu silêncio no que diz respeito às responsabilidades, essas conversas parecem desculpar a aceitação dos benefícios de se viver num Estado democrático de bem-estar social, sem a correspondente aceitação das obrigações cívicas e pessoais decorrentes desse fato.[15]

Essas preocupações não estão confinadas à arena da academia. Mesmo o colunista Molly Ivins, que normalmente se inclina em favor dos advogados de acusação, põe um limite na coisa, preocupado de que o argumento do Just win, baby! [16] possa refletir um “declínio social na decência e na civilidade”.[17]

Grosseria nos negócios

Mas o crescimento da nossa incivilidade não está restrito à arena legal. A grosseria nos negócios e na indústria tem sido identificada, cada vez mais, como um problema de monta. Dan Rather nos oferece suas mau-humoradas observações a respeito da grosseria dos caixas (especialmente dos caixas mais jovens) nos estabelecimentos comerciais de Nova York. E conclui: “Houve uma época em que os americanos sabiam como trabalhar, e também se importavam com o valor do trabalho duro e bem feito. Talvez tenhamos ficado mimados com os tempos de vacas gordas. Especialmente nossos filhos”.[18] Estudos recentes confirmam que este é um problema vasto, geral e irrestrito. Um dos estudos sobre o crescimento do “nível de afronta à etiqueta” descobriu que reações à incivilidade podem custar caro para as organizações em que essa venha a ocorrer.

Que fazem as vítimas? Doze por cento disseram que diminuem intencionalmente a qualidade de seu trabalho; 22% disseram que diminuem o esforço no trabalho; 28% disseram que perdem tempo de trabalho tentando evitar a pessoa; 52% disseram que perdem seu tempo se preocupando com a pessoa e com a interação; e 46% disseram que pensam em trocar de emprego. Doze por cento realmente chegam a trocar de emprego para escapar do agressor.[19] Outra pesquisa mostra que pessoas que sofreram grosserias reclamam de “ansiedade, insônia, dor de cabeça, síndrome de dor de barriga, problemas de pele, ataques de pânico e baixa auto-estima”.[20] De fato, o instituto de pesquisas Gallup indica que, geralmente, metade das pessoas que respondem ao questionário estão, pelo menos, um pouco irritadas no trabalho.[21] Outro estudo indica que “ridículas pequenas incivilidades” no ambiente de trabalho são as que custam mais caro para a empresa.

Uma grosseria “pode afetar a empresa ao reduzir a produtividade e, também, levar a custosas alterações no quadro de pessoal”.[22] Existem até mesmo alegações de que conflitos de escritório têm produzido resultados tão sérios quanto aqueles de quem sofre de stress pós-traumático.[23] Por exemplo, a grosseria derivada de uma falsa acusação de assédio sexual resulta em doenças, incapacidades e desemprego permanente.[24] A grosseria é um problema amplo, geral e irrestrito? “Três-quartos dos trabalhadores concordam que o ambiente de trabalho se tornou mais grosseiro na última década”.[25]

O barulho na política

Tais desdobramentos no local de trabalho não deveriam nos causar surpresa à luz dos acontecimentos de nossa vida política. Nós não podemos ignorar o fato de que o debate político nacional está se tornando muito caracterizado pelas, soi-disant, guerras culturais.[26] A direita religiosa ataca os acadêmicos de esquerda, e vice-versa.[27] E, mais ainda, uma vez que tantos dos participantes dessa guerra se vêem como os únicos detentores da verdade universal, todos e quaisquer meios que os levem a alcançar seus objetivos sagrados são freqüentemente adotados. Que enorme ironia existe no fato de que Richard Nixon usou o interesse nacional como desculpa por ter se utilizado de truques baixos para garantir que o “perigoso” McGovern não pudesse retirá-lo da presidência! Uma geração depois, Bill Clinton usou virtualmente a mesma desculpa da “busca sagrada”, dessa vez para justificar ilegalidades no financiamento de campanha e prevenir que o “perigoso” Bob Dole pudesse ocupar a Casa Branca.

Desgraçadamente, tais atitudes já não são eventos isolados. Aos olhos do público, as decepções e falsidades políticas têm se tornado a norma de ação esperada na vida pública do país. Quão profundamente prejudicial para nosso tecido social isso deve ser para que se percebam as funduras abissais atingidas pelo cinismo? Mesmo assim, continuamos como que a descer nessas profundidades. Os escândalos que obstinadamente atingiram Bill Clinton enojaram os cidadãos americanos e – se é que é possível – ainda erodiram sua confiança na política de um modo geral. Pessoas houve que pediram uma punição rigorosa do ex-presidente, numa tentativa de fazer com que os padrões morais fossem elevados ao definir-se um limite mínimo para comportamentos desabonadores.[28]

Ao mesmo tempo, a campanha dos deputados e senadores Republicanos para tirar Clinton da presidência foi bastante impopular, e seu esforço foi visto por observadores como “o que de pior pode haver no partidarismo político”.[29] A conclusão inexorável foi que a bagunça toda não melhorou a reputação de nenhum dos lados envolvidos.[30] O resultado líquido, porém, tem sido um cinismo ainda maior do que aquele com que já vínhamos convivendo na vida política.

Jornalismo negativo

O cinismo político terá realmente um salvo-conduto? Até certo ponto, sem dúvida. Entretanto, esse custoso cinismo é alimentado não apenas por uma instituição real, mas principalmente pela preocupação jornalística com escândalos – em particular – e com o “ângulo” negativo das coisas – em geral. Em seu livro The Argument Culture, [31] Deborah Tannen dedica um longo capítulo inteiramente para as faltas da mídia.[32] No decorrer do capítulo, ela documenta a obstinação burra da mídia em apresentar todos os assuntos como se esses fossem batalhas mortais entre duas forças opostas. [33] Nós agora estamos familiarizados com o slogan “If it bleeds, it leads”.[34] Em sua busca por um aumento de vendas, os jornalistas se esforçam por fazer dos assuntos os mais sangrentos possíveis.[35] Um dos resultados dessa manobra é que, na verdade, o fluxo de informações é reduzido.[36] Além do mais, a qualidade do discurso cívico civilizado é rebaixada. E, é claro, a incivilidade autoconstruída pela mídia produz um cinismo cada vez mais difundido entre o público, enquanto que o respeito desse mesmo público pela imprensa vai minguando com o passar do tempo.[37]
Então, deveríamos nós mesmos nos preocupar com o crescimento da incivilidade na sociedade?

Nossos crescentes níveis de litígio e grosseria nos negócios carregam escondidos custos substanciais. As decepções políticas fazem nascer o cinismo na sociedade. Esse cinismo é, por sua vez, alimentado por uma ampla e geral incivilidade jornalística. Mas isso não é tudo. Já existem pesquisas importantes mostrando que essas “meras” incivilidades geram não apenas malefícios como o stress, mas também outras patologias sociais mais graves, que podem chegar até o ponto de doenças mentais e assassinatos.

Incivilidade e Patologia Social

Para citar apenas um dos custos dessas incivilidades, existe atualmente um aumento significativo do stress e de outras patologias sociais. Judith Martin, por exemplo, nos indica em sua coluna de etiqueta, chamada Miss Manners[38], que os atos de violência estão ficando mais freqüentes em discussões sobre problemas que deveriam ser exclusivos das regras de etiqueta – e até mesmo em assuntos tão insignificantes que esses nunca mereceriam serem regulados por tais regras. Nesse último caso, o resultado do fenômeno é ilustrado pelo assassinato que pôs fim a uma discussão sobre a maneira “correta” de colocar os talheres na lavadora de pratos. Martin nos diz que a falta de cortesia no trânsito e a sensação de se estar sendo tratado com desrespeito também são, hoje em dia, motivos para crimes. Se essas pessoas estão cientes disso ou não, o fato é que motoristas agressivos e adolescentes melindrosos se importam tanto com etiqueta que são capazes de matar para preservá-la. Com efeito, esse não é o método ideal para que a sociedade se mantenha cortês.

A Senhorita Bons Modos nos chama a atenção para isso apenas para demonstrar que o anseio por ser tratado de maneira educada é tão fundamental que até mesmo os fora-da-lei sentem tal necessidade.[39]

Grosseria mata!

Notemos que a Senhorita Bons Modos menciona ataques de raiva no trânsito como um exemplo, sendo que tais ataques podem ser considerados simples grosseria. Entretanto, lemos quase todos os dias sobre brigas de trânsito que acabem em assassinatos.[40] Da mesma forma, relatos sobre “ataques de fúria no ar” ocorrem com freqüência, estando o pessoal das tripulações de companhias aéreas mais e mais preocupados com o aumento de discussões violentas. Ao mesmo tempo, a qualidade dos serviços continua se deteriorando, num cenário em que ninguém está disposto a assumir a responsabilidade pelos atrasos ocorridos.[41] Se estivermos dispostos a considerar tais ataques como estando associados, apenas, aos desconfortos da viagem, devemos notar que o uso de celulares tem se tornado um ponto de contendas cada vez mais acirradas. E, mais ainda, o desconforto causado em outros passageiros por quem faz uso de telefones celulares à bordo, tem levado a confrontações bastante violentas.[42]

Grosseria gratuita, então, pode ser mortal. Uma mulher da Flórida, que deixou de responder a um cumprimento de “Boa tarde” – dirigido a ela por uma jovem – foi interpelada por sua falta de modos. Mais tarde, a mulher morreu vítima de um ataque cardíaco causado pelo stress do incidente. A jovem que tinha feito o cumprimento enfrenta agora um processo, acusada de assassinato.[43]

Já se tornou comum, inclusive, ouvirmos relatos de incidentes nos quais homens, tentando agir como se fossem gentlemen, são repreendidos veementemente por seus comportamentos “condescendentes e inapropriados”. Mesmo com tais comportamentos interpretados, por alguns, como sendo protetores[44], A Senhorita Bons Modos lamenta que o tratamento de “gestos obviamente bem intencionados, convencionais e triviais de cortesia são encarados como se fossem insultos. Agir assim não é somente ainda mais grosseiro... como acarreta prejuízos bem maiores para a causa da civilidade”.[45] - (CONTINUA)

Notas e referências:

[1] Deborah Tannen, The Argument Culture: Moving From Debate to Dialogue (New York: Random House, 1998).
[2] Stephen L. Carter, Civility: Manners, Morals, and the Etiquette of Democracy (New York: Basic Books, 1998).
[3] Dominique Colas, Civil Society and Fanaticism: Conjoined Histories, trans. Amy Jacobs (Stanford: Stanford University Press, 1997).
[4] Mark Caldwell, A Short History of Rudeness: Manners, Morals, and Misbehavior in Modern America (New York: Picador, 1999).
[5] Bill Stumpf, The Ice Palace that Melted Away (New York: Pantheon, 1998); Donald McCullough, Say Please, Say Thank You (New York: Putnam, 1998); Digby Anderson, ed., Gentility Recalled: "Mere" Manners and the Making of Social Order (London: Social Affairs Unit, 1998); Robert Hughes, Culture of Complaint: The Graying of America (New York: Oxford University Press, 1993).
[6] For example, "How Rude! How Crude! How Socially Unacceptable!" USA Today, 5 June 2000: 5D.
[7] For example, "Seminole County OKs Civility Policy," Gainesville Sun 15 Apr. 1999:1B.
[8] For example, Pegeen Hanrahan (Gainesville City Commissioner), "Civility Please -- In Public and In Private," Gainesville Sun 22 May 1999: 9A. See also Jud Magrin, "Different Focuses: Newly Sworn-in Commissioners Speak Out," Gainesville Sun 7 May 1999:1B.
[9] Marion Radson, "Participate in 'Civility Month' by Treating Others with Respect," Gainesville Sun 15 May 2000: 6A.
[10] Paula Stephenson, "Aspirational Civility," The Professional 3 Sept. 1999: 3 (A publication of the Center for Professionalism of The Florida Bar).
[11] Robert Tanner, "'Yes, Ma'am,' 'No Ma'am' Enters into Political Debate," Gainesville Sun 29 May 2000: 9B. (An Associated Press follow-up story on the legislation adopted in Louisiana in 1999.)
[12] The University Center for Excellence in Teaching, "Faculty on the Front Lines: Reclaiming Civility in the Classroom," PBS Adults Learning Service, 8 Apr.1999.
[13] See, e.g., Robert A. Licht, introduction, The Framers and Fundamental Rights by Robert A. Licht ed. (Washington D.C.: American Enterprise Institute Press, 1991) 1; Benjamin R. Barber, Florida Philosophical Review Volume I, Issue 1, Summer 2001 72 "Constitutional Rights--Democratic Instrument or Democratic Obstacle?" in Ibid. 23, 24; Henry Shue, "Subsistence Rights: Shall we Secure These Rights?" Robert Goldwin and William Schambra, eds., How Does the Constitution Secure Rights? (Washington D.C.: American Enterprise Institute Press, 1985) 74, 77.
[14] Martin Golding, "The Significance of Rights Language," Philosophical Topics 18 (1990): 63. (This is a review article of A.I. Melden's Rights in Human Lives: An Historical-Philosophical Essay).
[15] Mary Ann Glendon, Rights Talk (New York: Free Press, 1991) 14.
[16] N. do. T: “Just win, baby!”, significa algo como “Apenas vença, meu chapa”. É o argumento do filonikos, o argumento da pessoa que não está preocupada com a busca da verdade, mas com a vitória pela vitória.
[17] Molly Ivins, "The Rambo Approach to Law," Gainesville Sun 29 Apr. 1999: 11A (Fort Worth Star-Telegram).
[18] Dan Rather, "It's Service in America with a Smirk," Gainesville Sun 7 June 1998: 1G, 4G (King Features).
[19] "Incivility in the Workplace Costs Companies Time, Money," Gainesville Sun 30 May 1998: 7B (Associated Press).
[20] Jessica Guynn, "Make Yourself Bullyproof at Work," Gainesville Sun 18 Jan. 1999: Worklife 3 (Knight Ridder Newspapers).
[21] "One in Six Employees Cite Anger at Work," Gainesville Sun 6 Sept. 1999: 9B (Associated Press). [22] "High Cost of Rudeness," Gainesville Sun 27 July 1998: WorkLife 13.
[23] Frances A. McMorris, "Can Post-Traumatic Stress Arise From Office Battles?" Wall Street Journal 5 Feb. 1996: B1.
[24] Bob Rosner, "A False Accusation of Sexual Harassment," Gainesville Sun 2 Oct. 2000: Worklife 15 (Working Wounded syndicated column).
[25] Bernice Kanner, "Politeness is Endangered," Gainesville Sun 20 Apr. 2000: 11A (Knight Ridder Newspapers).
[26] For one side of the debate, see, e.g., David Cantor, The Religious Right: The Assault on Tolerance & Pluralism in America (New York: The Anti-Defamation League, 1994)
[27] Hilton Kramer, "The Second Cold War: This One is Internal. Culture is the Battleground," Wall Street Journal 2 Apr. 1999: W13. Florida Philosophical Review Volume I, Issue 1, Summer 2001 73
[28] A.M. Rosenthal, "Define Deviancy Up, Senate," Gainesville Sun 31 Jan. 1999: 3G (New York Times). Rosenthal is referring to Senator Moynihan's 1993 adaptation of Durkheim's notion of the social definition of deviance.
[29] William Raspberry, "Political Partisanship at its Worst," Gainesville Sun 22 Dec. 1998: 15A (The Washington Post)
[30] Dennis Farney & Gerald Seib, "The Stature Debate: Monicagate Left Few Reputations Enhanced," Wall Street Journal 16 Feb.1999: 1A. The article is subtitled: "Is It a Sign of These Times, Or of the Saga Itself, That No Heroes Emerge?"
[31] N. do T.: Em livre tradução, A Cultura da Contenda: Saindo do Debate para o Diálogo.
[32] She titles chapter three: "From Lapdog to Attack Dog: the Aggression Culture and the Press." Deborah Tannen, The Argument Culture: Moving From Debate to Dialogue (1998) 54-94
[33] Tannen states: "Because of the belief that fights--and only fights--are interesting, any news or information item that is not adversarial is less likely to be reported." Tannen 30.
[34] Impossível de traduzir mantendo a rima, mas, em livre tradução, a expressão significa algo como “Se [a notícia] sangra, ela lidera”.
[35] Tannen is scornful of the media practice that "the best way to cover news is to find spokespeople who express the most extreme, polarized views and present them as 'both sides' . . ." Tannen 3.
[36] But, as Tannen observes, the overly critical posture of the media dries up the flow of information by discouraging potential sources from being more forthcoming. Tannen 68.
[37] See Robert Moffat, "Mustering the Moxie to Master the Media Mess: Some Introductory Comments in the Quest for Media Responsibility," University of Florida Journal of Law and Public Policy 9 (1998): 137-49.
[38] N. do T.: Em livre tradução, algo como Senhorita Bons Modos.
[39] Judith Martin, "Miss Manners: Yes, Etiquette Actually can Ward Off Violence," Gainesville Sun, 12 May 1997.
[40] "Man Shot, Killed During Apparent Road Rage Case," Gainesville Sun 5 Aug. 2000: 3B (The Associated Press); "Man Charged in Apparent Road Rage-Led Shooting," Gainesville Sun 7 Aug. 2000: 3B (The Associated Press).
[41] Laurence Zuckerman, "Rising Tide of Passengers Fumes Over Delays at Nation's Airports: Weather and Labor Tensions Worsen Troubles," New York Times 16 July 2000:1
[42] Dave Carpenter, "Etiquette Lost as Cell Phone Use Grows," Gainesville Sun 2 Aug. 2000: 1A (Associated Press Business Writer); as the subhead indicates, "Aggravation leads to scuffles," 8A; report includes "black eyes and even a cracked rib after eruptions of 'cell phone rage'," 8A. See also Gary T. Marx, "Manners in the Age of New Communications Technologies," The Communitarian Update 29 online, Communitarian Update Archives, 2 Aug. 2000: "Suddenly Florida Philosophical Review Volume I, Issue 1, Summer 2001 74 there are dozens of new ways to be rude. Do respect for privacy and other social norms stand a chance in the face of cell phones, beepers, and caller ID?"
[43] "Police: Greeting Turned Deadly," Gainesville Sun 29 May 1999: 6B (The Associated Press).
[44] N. do. T.: No original, patronizing behavior, que pode significar comportamento assistencialista, ou ainda, atitude de favorecimento para com os outros. Em uma palavra, paternalismo.
[45] Judith Martin, "Miss Manners: Don't Mistake Kindness for Insult," Gainesville Sun 17 July 2000: WorkLife 14 (The Washington Post).

(Segunda parte) A INCIVILIDADE COMO BARÔMETRO DA DETERIORAÇÃO SOCIAL

(Segunda parte)

A INCIVILIDADE COMO BARÔMETRO DA DETERIORAÇÃO SOCIAL

Os perigos da repudiação[41]

A convicção da Senhorita Bons Modos é percebida ainda mais intensamente nas palavras do colunista William Raspberry, que acredita devermos diminuir nosso pronto expediente de partir para a briga, qualquer que seja a arena da discordância, social ou política. Segundo ele "Ativistas sociais não apenas discordam de seus opositores. Eles falam e agem como se seus oponentes fossem a personificação do mal: racistas, machistas, escroques neo-liberais, tagarelas de psicosandices... Tais ativistas querem fazer crer que nosso mundo é dividido entre indiferentes assassinos de crianças e adoradores de fetos".

Teriam essas incivilidades custos profundos? Raspberry acredita que sim e diz:"Estarei sugerindo aqui que a incivilidade habitual deve levar parte da culpa pelas mortes de crianças nas escolas? Em uma palavra, sim. Eu estou afirmando que a atitude irrascível dos adultos – desde a intemperança entre políticos até os ataques de fúria no trânsito – podem envenenar nossa atmosfera cívica e social." Em outras palavras, ele vê a galopante incivilidade de nossa vida política e social como criadora de um ambiente no qual, ocasionalmente, um garoto de 8a série vai absorver o espírito violento da retórica que permeia a sociedade: "Em nossa vida política e social, temos nos comportado como se fosse um vale tudo, ou seja, desde que as coisas se encaixem a nosso favor, está tudo bem. E ficamos sempre surpresos quando nossos filhos demonstram ser, eles mesmos, gozadores desalmados, maus perdedores, maus vencedores, cretinos auto-centrados e, ocasionalmente, assassinos."[42]

Essa associação parece ser muito exagerada para que se acredite nela? Bem, nós não parecemos ter problemas para aceitar que crianças em idade escolar sejam capazes de aprender atos de violência com seus pais em outros lugares do mundo – lugares obviamente mais problemáticos do que os EUA: jovens nos exércitos da África, militantes muçulmanos em muitos locais, crianças recrutadas pelos Tâmeis do Sri Lanka, além de atividades terroristas na Irlanda do Norte, em Israel, na Argélia etc.[43] De fato, as Nações Unidas agora alegam que “mais de 300.000 meninos e meninas, abaixo de 18 anos, estão envolvidos em lutas armadas em mais de 30 países”.[44] Não parece existir uma razão óbvia do porquê deveríamos acreditar que nossos jovens estão imunes à cultura do ódio e da violência.

Egoísmo e Intitulação

O colunista Leonard Pitts oferece uma teoria um pouco diferente, mas complementar da questão. Ele conclui que jovens violentos são, simplesmente, pragas mimadas: “Mimadas no sentido de que eles vivem vidas de intitulação, seus pensamentos girando em torno de si mesmos – seus problemas, seus desejos, suas necessidades, suas gratificações”. Pitts acha que a raiz do problema é o umbigocentrismo: “Os jovens não conseguem enxergar, nem se comprometer, com nada que vá além das fronteiras de suas próprias vidas. Por isso, não podem nem começar a respeitar as necessidades, ou os sentimentos, dos outros”. E ele vê esse fenômeno como sendo de natureza social: “Ser mimado é a ânsia de todos os americanos. Nossa cultura celebra as aquisições e trata do auto-interesse como sendo o único assunto que realmente importa”.[45]
Pitts parece ter razão ao distinguir o isolamento social do galopante individualismo – aquele, o verdadeiro culpado pelo crescimento das patologias sociais que estamos vivenciando. Num recente e compreensivo estudo acerca dos padrões de violência nas escolas, o FBI mostrou que adolescentes problemáticos são “deixados de fora de grupos e pares”. Entre os traços de personalidade indicadores de alto risco estão: “poucas habilidades para competir, sinais de depressão, alienação, narcisismo”.[46] O problema do egoísmo não está restrito aos assassinos nos pátios escolares. Ele floresce em todo o caminho que vai até o alto da pirâmide social. William Raspberry pega como exemplos da falta de simpatia, o ex-técnico de basquete do Indiana Pacers, Bobby Knight, e as jogadoras de tênis Venus e Serena Williams.[47]Para ver em ação o egoísmo levado ao extremo, talvez não haja melhor exemplo do que as atividades extra-curriculares do ex-presidente Bill Clinton. A resposta que ele providenciou para as críticas sobre suas falhas em dizer a verdade, foi uma desculpa que pareceu muito mais enraivecida do que sincera. Nós nunca saberemos se alguma sanção mais apropriada – desde que fosse diferente de um impeachment – poderia ter sido aplicada devido ao egoísmo dos Republicanos do Congresso – que bloquearam inteiramente a possibilidade de qualquer acordo. A confusão ilustra bem uma observação de Alexis de Tocqueville sobre “as insidiosas maneiras pelas quais o egoísmo, o individualismo e o narcisismo destroem as condições que tornam possível uma vida compartilhada”.[48]

As ações descuidadas de Clinton foram produto de seu total auto-centrismo. Não seria razoável esperar que, de repente, ele se tornasse capaz de transcender seu comportamento umbigocêntrico. O mesmo pode ser dito em respeito da posição dos representantes Republicanos do Congresso. É comum ouvirmos dizer que uma sociedade tem os líderes que merece. Podemos presumir, então, que Clinton e o Congresso foram os líderes ideais de uma sociedade umbigocêntrica, os líderes de pessoas que estão tão envoltas e preocupadas com seus próprios interesses egoístas quanto se pode imaginar. Se estivermos todos querendo abandonar os laços sociais que regulam nossa auto-indulgência, deveremos aceitar a conseqüência desse ato, qual seja, a deterioração do tecido social.

Solidariedade em meio à adversidade

Através da História as pessoas têm sobrevivido, a maior parte do tempo, aos enormes desafios que são as guerras, a fome, as doenças e calamidades similares. Também pela maior parte do tempo, essas tragédias ajudaram as pessoas a descobrir um profundo senso de comunidade devido à sua mútua necessidade de ajuda. Nós temos uma idéia muito pequena desse senso de comunidade em face dos desastres advindos de experiências passadas – tal como as inundações de 1977 que destruíram a maior parte de Grand Forks, na Dakota do Norte, ou os terríveis incêndios florestais na Flórida, durante o verão de 1998.
Mas nos Estados Unidos, e também em outras nações industrializadas, nós não mais enfrentamos tais desafios numa ampla escala social. Apesar das temporárias flutuações nos níveis de assistência ao público, ao longo dos anos o "Estado do bem-estar social" fez com que a maior parte da população que ainda enfrenta os sérios desafios da sobrevivência, tanto econômica quanto física, ficasse ilhada nesses países – ao contrário da maioria da população mundial, pois que esta ainda lida com aqueles problemas. O "Estado provedor" fez mais do que isso: ele reduziu substancialmente o papel da caridade privada em nossas comunidades. Conseqüentemente, os cidadãos privados têm cada vez menos ocasiões para construir uma interação, com base na solidariedade, com os membros menos afortunados dessa mesma sociedade.[49] As atividades caritativas da minoria de cidadãos mais prósperos – praticadas como base de construção da comunidade – foram substituídas, pelo governo, por um isolamento impessoal e profissionalizado dessas pessoas do restante dos membros da sociedade. Esse distanciamento social torna mais fácil de se protestar contra os programas de assistência governamental. E mesmo os programas de benefícios das empresas têm se tornado alvo constante das resoluções dos acionistas.[50]

Alguns empresários têm, até mesmo, sentido a necessidade de pressionar seus empregados a doarem os bônus de Natal[51] para a caridade.[52] Com o advento da internet, porém, as doações ficaram ainda mais remotas – do objeto da caridade –, pois agora é possível doar dinheiro sem um custo pessoal direto, já que a loja de onde se faz a compra online vai pagar o pato por todos.[53]

Nós não devemos ignorar a possibilidade de que a perda para o outro lado envolvido na questão pode ser igualmente significante. Pessoas que recebem ajuda na forma de caridade são tipicamente agradecidas. Aqueles que recebem benefícios do governo começam, facilmente, a ver esse fato como um direito instituído. Porém, tais “benefícios” vêm de fontes várias além do governo. Daí que a atitude de “intitulação” se estende até mesmo para dentro das relações familiares. E, sem dúvida, de acordo com a Senhorita Bons Modos, hoje em dia a configuração mental das pessoas está tão voltada para o anti-social – tendo se tornada tão extensa – que em alguns casos os filhos, ingratos, se tornaram “topetudos, ignorantes, cruéis, egoístas e ambiciosos”.[54] Ao triunfar o egoísmo, tanto beneficiadores quanto beneficiados estão libertos dos fortes laços sociais da caridade e da gratidão.

Portanto, aqueles que certa vez buscaram dar um sentido para suas vidas na atividade beneficente, agora estarão livres para buscar gratificações advindas dos desejos mais caprichosos. No lugar das adversidades, hoje enfrentamos os múltiplos desafios da prosperidade. O que importa é saber que as evidências dão suporte à proposição de que a adversidade tende a encorajar a construção de comunidades, enquanto que a prosperidade parece descambar para a busca de gratificações egoístas. Essa busca é protagonizada por indivíduos isolados uns dos outros, justamente, devido aos seus egoísmos. Nossa riqueza, sempre em crescimento, combinada com a ausência de verdadeiros desafios, tem gerado um fenômeno social que as análises históricas do futuro poderão revelar como sendo, alarmantemente, parecidas com as condições sociais de outros impérios do passado. Mutatis mutandis, também eram impérios muito bem-sucedidos, mas, durante o começo de seus declínios, eram alienados e inconscientes de que marchavam em direção ao abismo.

Anomia em meio à riqueza

O século que ora finda tem sido caracterizado (nas nações industrializadas) por uma prosperidade enorme e sem precedentes, bem como pelo florescimento do individualismo que essa prosperidade alimenta. No começo do século XX esse panorama preocupava a Emile Durkheim, tendo ele previsto o desmantelamento da sociedade numa anomia, caso a solidariedade, que gera a coesão social, fosse perdida.[55] Ele percebia que a coesão social é baseada numa participação na consciência coletiva, e esta é a moralidade comum que une toda a sociedade. Traduzindo para os termos da nossa discussão, a consciência coletiva significa que a adesão aos laços sociais é refletida na civilidade da sociedade. Ao mesmo tempo, incivilidade é uma indicação de anomia. Indivíduos bem-sucedidos que tenham perdido os limites morais impostos pela sociedade – a fim de manterem sua força – não hesitam em demonstrar sua incivilidade para com os outros. Digby Anderson vê a ameaça à civilidade nascendo destes “outros bárbaros: relativizadores, autoreferentes, narcisistas e igualitários que agora queimam as cidades”.[56]

Na verdade, um estudo recente indica que pessoas excessivamente umbigocêntricas são as mais agressivas quando criticadas. O estudo conclui que “os narcisistas querem, principalmente, punir ou destruir alguém que tenha ameaçado suas altamente favoráveis impressões de si mesmos.”[57] Por que tais egoístas deveriam se importar com os outros no mínimo que fosse? Seu único motivo seria porque os outros poderiam ser usados para ajudá-los a atingir seus próprios objetivos egoístas. Portanto, a civilidade é um indicador importante da saúde de uma sociedade. A incivilidade pode, da mesma forma, indicar um declínio social. Levada às últimas conseqüências, ela não significa outra coisa se não a destruição da sociedade.

Numa perspectiva durkheimniana, agora é possível de se ver quão pálidos são os efeitos da incivilidade, apresentados na primeira seção, em comparação com os verdadeiros custos que ela pode acarretar: a perda da coesão social que é, também, a raiz da causa social de nossa burguesia incivilizada. Civilidade é a moralidade durkheimniana, ou seja, uma adesão aos laços sociais. Incivilidade é o seu oposto, a anomia, a perda dos limites daqueles laços sociais. Tal perda significa que a sociedade perdeu sua coesão. E, uma vez que a coesão é o cimento que mantém a sociedade unida, a presença dessa anomia é, em si mesma, um barômetro da deterioração social."

Notas e referências:

[41] N. do T.: Repudiação -repudiation - pode ser lido como o termo técnico que significa uma forma de ataque a um sistema informatizado. Basicamente, consiste no usuário dizer "Não fui eu!". A "versão web service" deste ataque é bem simples: você expõe um serviço da sua empresa via web service. O seu cliente chama o web service fazendo com que a sua empresa realize um trabalho em benefício dele, e na hora de apresentar a fatura, você ouve "Mas não fui eu!".
[42]) William Raspberry, "How to Handle These Toxins in America's Social Atmosphere?" Gainesville Sun.
[43] N. do T.: Nessa lista bem poderiam ser incluídos os meninos do tráfico de qualquer morro brasileiro.
[44] Dilshika Jayamaha, "Rebels Sell Belief that Pain Brings Liberation," Gainesville Sun 10 Sept. 2000: 6A (The Associated Press; the report is "Close-up: Child soldiers")
[45] Leonard Pitts, "What Is It That Drives Kids Today to Commit Such Violent Acts?" Gainesville Sun 16 July 1998.
[46] "FBI Releases Model of School Shooters," Gainesville Sun 7 Sept. 2000: 3A (The Associated Press).
[47] William Raspberry, "Graciousness Is a Quality Some of Us Surely Could Use," Gainesville Sun 15 Sept. 2000.
[48] See Rochelle Gurstein, "The Tender Democrat," New Republic, 5 Oct. 1998: 41 (reviewing Stephen Carter, n. 2).
[49] See, e.g., the dramatic statistics presented in Charles Murray, In Pursuit: Of Happiness and Good Government
[50] E.g., The Pfizer Corporation 1999 Annual Meeting Shareholder Proxy Solicitation Statements V-15-16: "Item 5 -- Shareholder Proposal Relating to Charitable Contributions."
[51] N. do T.: O que lá eles chamam de Christmas Gift Certificate seria chamado, aqui no Brasil, de 13º salário.
[52] "Dear Abby," Gainesville Sun 27 Jan. 2000: 2D.
[53] "Online Shoppers are Helping Charities with Purchases," Gainesville Sun 4 Jan. 2000: 5A (The Associated Press).
[54] Judith Martin, "Miss Manners: Children Never Learned to Express Gratitude," Gainesville Sun 3 Jan. 2000: WorkLife 12 (The Washington Post).
[55] Emile Durkheim, Suicide, ed. George Simpson, tr. John A. Spaulding and George Simpson (Glencoe, IL: Free Press, 1951) 241-76.
[56] Digby Anderson, "Civility Under Siege," Wall Street Journal 2 Oct. 1998: W14. Florida Philosophical Review.
[57] Brad Bushman and Roy Baumeister, "Threatened Egotism, Narcissism, Self-Esteem, and Direct and Displaced Aggression: Does Self-Love or Self-Hate Lead to Violence?" Journal of Personality and Social Psychology 75 (1998): 227. Florida Philosophical Review Volume I, Issue 1, Summer 2001 76

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(Traduzido por José Miguel Teixeira de Carvalho)