segunda-feira, 8 de setembro de 2008

YES, NÓS SOMOS BANANAS

A propaganda eleitoral em curso na capital mineira é a mais clara demonstração de que somos ou estamos sendo considerados pelos candidatos, com honrosas exceções, um monte de bananas. Pois é assim que nos imaginam os nomes que disputam o cargo de prefeito de Belo Horizonte. De fósseis tresloucados querendo nova revolução soviética, até figuras que parecem santos de tão angelical sua forma a nós apresentada, há de tudo nesta eleição. A maioria, contudo, teima em nos taxar indiretamente de idiotas. E talvez sejamos, para demérito nosso, que pensávamos ter melhorado alguma coisa neste limiar de uma nova era, adentrado já o terceiro milênio.
Vejamos exemplos. Na mais cintilante cara de pau há candidatos dizendo que irão ampliar o metrô de Belo Horizonte. Proclamam inusitada aliança com os governos federal e estadual para conseguirem viabilizar seus ditos projetos (?). Entretanto, quando se observa o disposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias recentemente divulgada, constata-se que há uma previsão de somente R$1 bilhão de reais para serem aplicados nos metrôs e trens metropolitanos de sete cidades do país (BH é, tão somente, uma delas). De onde, então, sairá o dinheiro se o custo de um quilômetro de metrô está estimado em torno de R$300 milhões de reais? Se o governo federal não der o dinheiro, muito menos do governo estadual ele virá. Do caixa local, então, nem se fala, em vista da verdadeira pindaíba em que se encontra a prefeitura da capital.
A duplicação da avenida Antônio Carlos é outro caso patético. Depois de dezesseis anos na cúpula da prefeitura, Pimentel e sua turma não conseguiram duplicar mais que 1.600 metros, ou seja, uma média de 100 metros para cada ano de poder. Como ainda faltam algo em torno de quatro mil metros, a conta é simples e fácil; basta dividir 4.000 por 100 e o resultado é cristalino: daqui a quarenta anos estará concluída a duplicação da principal via de acesso à região da Pampulha. Zombando da esperança de muitos, a propaganda do candidato oficial ainda nos ameaça com o término das obras, caso a população faça outra escolha que não ele. Yes, nós somos bananas! Esta ameaça - brandida no ar durante o horário eleitoral - é um verdadeiro ato de terrorismo, coerente com o lamentável passado dos seus autores. Ou seja, não passa de uma repetição do cacoete forjado na truculência e no uso de armas para a conquista do poder a qualquer custo.
Onde está a chamada Justiça Eleitoral que não ouve nem percebe esta violação dos direitos da cidadania? Esta mesma justiça, que vem fazendo uma sólida campanha de esclarecimento popular, vai tolerar isto? Permitiremos que a turma do mensalão siga impávida no seu plano de assalto aos cofres de Belo Horizonte? A Justiça Eleitoral continuará cega como ficou ao desconsiderar os absurdos na prestação de contas de Pimentel - em 2004 - quando doações ilegais de empresas de lixo (proibidas expressamente por Lei Complementar), foram feitas em grande estilo e grande valor?