(Origem: Wikipédia)
Nascimento:1578
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Morte
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27 de maio
de 1610 (32 anos)
Paris |
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Ocupação
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Causa
da morte
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François Ravaillac (Angoulême,
c.
de 1577
— Paris,
27 de Maio
de 1610)
foi o assassino de Henrique IV, Rei de França,
em 14 de Maio
de 1610.
Biografia
A família
Ravaillac estabeleceu-se em Angoumois
no início do século XVI e possuía em Angoulême, desde esta época, escritórios de
política através dos quais muitas famílias burguesas chegaram inicialmente a
cargos públicos ou judiciários e depois até mesmo à nobreza.
François
Ravaillac começa sua vida primeiramente como servidor e a seguir torna-se
professor. Muito religioso, tenta entrar na Ordem dos "Feuillants". Seu noviciado
fracassa devido a suas "visões". Tenta então entrar para a Companhia de Jesus
em 1606, não sendo aceito por já ter
pertencido a outra religião.
Em 1609,
tem uma visão ordenando que convença Henrique IV
a converter os huguenotes. Incapaz
de encontrar-se com o rei, interpreta a decisão real de invadir os Países Baixos
Espanhóis como o início de uma guerra contra o Papa.
Em 14 de Maio de 1610,
Ravaillac rouba uma faca dum albergue. Esconde-se
na Rua
de la Ferronnerie, em Paris (no atual Quartier des
Halles; as armas de Henrique IV, esculpidas no chão, indicam hoje o
local exato do regicídio). Aí espera
pela passagem da carruagem real, já que o rei havia decidido dirigir-se ao
Arsenal para visitar seu ministro Sully
que estava enfermo.
Às quatro
horas da tarde, o rei chega. De repente, o cortejo fica bloqueado devido a um
congestionamento. Haviam duas carroças bloqueando a passagem: Ravaillac
aproveita a chance e atira-se sobre o rei. Dá-lhe dois golpes de faca: o
primeiro desliza entre duas costelas, o outro
atinge a carótida direita.
Ravaillac
descreveu desta forma em seu depoimento: "Procurou o Rei no Louvre...ao
vê-lo sair do coche, seguiu-o até os Inocentes, perto do local onde outrora o
encontrara fortuitamente, quando ele não lhe quis falar, e vendo seu coche
detido por causa de umas carroças, Sua majestade no fundo voltando o rosto e
inclinando para o lado do Duque de Epernon, deu-lhe uma punhalada nas costas
passando o braço por cima da roda do coche".
Ravaillac
refugia-se em seguida em um porão na Rua des Lombards, bem próximo ao local do
atentado,[2] mas é rapidamente encontrado e
subjugado. É levado ao Hôtel
de Retz para evitar um linchamento e conduzido à Conciergerie.
Após a
morte do Rei Henrique IV, tido como o "bom rei", a França é tomada
por um sentimento de comoção. A população se volta fortemente contra o
regicida, intentando prosseguir com sua vingança. Ravaillac, por sua vez, tem a
tranquila serenidade dos justiceiros, assumindo atitude que o acompanhará
durante todo o processo, mesmo diante dos suplícios mais tenazes a que seria
submetido.[3]
Processo, tortura e execução
Fato a se
destacar é que nas monarquias de direito divino, a exemplo da Francesa, o
monarca era considerado como o pai de todos os seus súditos. Logo, o regicídio
contra Henrique IV também se reveste de parricídio. O interrogatório e o
processo, por essa razão, demandavam celeridade e rigidez, a fim de oferecer
respostas à população enlutada e de dar exemplo acerca das consequências que se
destinariam a alguém que cometesse esse tipo de crime. Os principais objetivos
dos interrogatórios foram descobrir as motivações e os eventuais cúmplices do
ato.
O
processo de Ravaillac vai durar somente 10 dias, o que parece pouco, ao se
pensar em todos os inquéritos, depoimentos e acareações que poderiam ter sido
feitos. O interrogatório de Ravaillac não serviu de fio condutor para a verdade,
pois este manteve por todo o tempo sua afirmação de que agira sozinho, guiado
somente por revelações da eterna providência.
Sua
sentença rezava: "Foi dito que o Tribunal declarou e declara o dito
Ravaillac devidamente atingido e condenado pelo crime de lesa-majestade divina
e humana, em primeiro grau, pelo muito cruel, abominável e detestável
parricídio cometido na pessoa do Rei Henrique IV, de muito boa e muito louvável
memória. Para reparação do qual o condenou e condena a fazer penitência pública
em frente da porta principal da Igreja de Paris, onde será levado e conduzido
numa carroça em camisa, segurando um brandão a arder com o peso de duas libras,
dizer e declarar que infeliz e premeditadamente cometeu o dito mui horrível,
abominável e detestável parricídio e atingiu o dito rei com duas punhaladas no
corpo, de que se arrepende, pede perdão à Deus, ao rei e à justiça; daí
conduzido à praça de Grève e sobre um cadafalso que ali será erguido, lhe será
aplicado o suplício das tenazes nos mamilos, braços, coxas e interior das
pernas, a mão direita segurando a faca com a qual cometeu o dito parricídio
será queimada em fogo de enxofre e nos sítios em que for atenazado, será
lançado chumbo fundido, óleo fervente, pez ardente, cera e enxofre fundidos conjuntamente.
Feito isto, seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos, os seus
membros e seu corpo consumido no fogo, reduzidos a cinza e lançados ao
vento."[4]
Antes do
interrogatório, Ravaillac é preso à roda. A roda é girada e
Ravaillac agredido. Suas pernas são esmagadas para fazê-lo falar e são feitos
cortes em seu torso, braços e costas. Uma mistura de chumbo derretido, óleo,
vinagre e sal foi derramada sobre seu corpo para fechar as feridas.
Colocaram-lhe a seguir um culote
úmido e o aproximaram do fogo. O culote encolhe, para fazer com que os ossos
das pernas, já quebrados, movam-se ; toda sua pele é retirada e ele é
queimado vivo. Na verdade, Ravaillac ainda permaneceu vivo e nunca confessou a
existência de cúmplices em seu crime. Foi, a seguir, esquartejado por quatro cavalos.
Ao final,
Ravaillac foi decapitado, seu corpo queimado e as cinzas jogadas ao vento.
Seus parentes foram condenados ao exílio e um édito foi promulgado proibindo a qualquer pessoa do reino de se chamar Ravaillac.
No
extrato do texto da condenação do Grande Parlamento, tem-se:"Ordena que
a casa onde nasceu seja demolida, aquele a quem pertence seja previamente
indenizado sem que nas suas fundações possa no futuro ser construída outra
casa. E na quinzena após a publicação da presente sentença a som de trompa e
grito público na cidade de Angoulême, seu pai e sua mãe saiam do reino com a
proibição de nunca mais voltarem sob pena de serem enforcados e estrangulados
sem outra forma ou figura de processo. Proíbe seus irmãos, irmãs, tios e outros
a usarem daqui para o futuro o dito nome de Ravaillac, ordena-lhes que mudem
para outro sob as mesmas penas."[5]
Apesar de
seus familiares serem condenados conjuntamente pelo crime de Ravaillac, os
mesmos não foram escutados durante o julgamento. Estima-se que por uma
conveniência para a celeridade do julgamento, considerando que trazer seus
familiares demoraria duas a três semanas.
A
sentença, além de condenar o assassino, também buscava condenar algumas
doutrinas recentes que defendiam o regicídio.
Este
assassinato desencadeou uma enorme polêmica. Por um lado, levantou-se a
suspeita de que os jesuítas teriam
incitado Ravaillac ao regicídio. Por outro lado, este ato teria sido inspirado
por uma conspiração de que teriam participado Maria de Médicis
(esposa do rei), Henriqueta
d'Entragues (Marquesa de Verneuil) e o Duque
d'Epernon; teriam agido em nome da Espanha.
A tese do complô
Em
Janeiro de 1611, Madame Jacqueline
d'Escoman, que havia conhecido Ravaillac, denuncia o Duque d'Epernon
como responsável pela morte de Henrique IV. Por causa disso ela será jogada na
prisão pelo resto de seus dias.
Em seu
livro "L'Étrange Mort de Henri IV" ("A Estranha Morte
de Henrique IV") (1964), Philippe
Erlanger pretende que, em sua chegada a Paris, Ravaillac foi alojado
na casa de Charlotte
du Tillet, amante do Duque d'Epernon. Para ele, o assassinato foi
"teleguiado" pelo Duque, por Henriqueta
d'Entragues e por Charlotte
du Tillet.
Uma análise médica atual
Segundo a
maior parte dos psiquiatras que se
interessaram pelo caso, François Ravaillac apresenta o perfil típico do doente esquizofrênico paranóico. Inteiramente voltado para sua
idéia fixa há muito tempo, Ravaillac já teria se deslocado duas vezes de
Angoulême até Paris, a pé, acreditando poder encontrar-se facilmente com o rei
para dissuadi-lo de invadir os Países Baixos
Espanhóis (atual Bélgica). É apenas na
terceira vez que ele passa à ação.
Em
diferentes momentos apresenta comportamentos contraditórios. Ao mesmo tempo em
que se mostrou "envergonhado" e culpado o suficiente somente pelo
fato de pensar em assassinar o Rei, não se permitiu comungar na ocasião. Tal
fato indicaria que talvez não fosse capaz de consumar o crime.
Provavelmente
neste século XXI, ele teria sido declarado « irresponsável por seus
atos » e colocado em um hospital especializado para ser tratado.[
PS: A fonte desta postagem não é lá muito rigorosa. Permite, porém, especular sobre fatos de ontem e de hoje com curiosas semelhanças. Essa questão sobre de quem seria o braço que conduziu a mão de Ravaillac - sempre se suspeitou do jesuíta - continua aberta. Como ainda está para ser esclarecida a cadeia de comando que levou um tal Adélio Bispo a apunhalar o presidente Bolsonaro, em 6 de setembro de 2018, na cidade de Juiz de Fora.