domingo, 12 de julho de 2009

ZÉ DIRCEU E HONDURAS ou O SAMBA DO CORRUPTO DOIDO

Zé Dirceu, o chefe da quadrilha do mensalão, cassado pelas roubalheiras e pelo comportamento indecoroso insiste em não sair do noticiário político. Um cadáver insepulto sempre rondando situações onde o mau combate requisita um voluntário. Pois não estava ele, ainda outro dia, articulando a defesa de Sarney em Brasília, a propósito dos últimos escândalos senatoriais? Com uma linguagem anacrônica pontilhada do mais rasteiro sub-marxismo dos anos 60, o ex-deputado pretende reviver os seus tempos épicos de liderança estudantil de quatro décadas atrás.
Artigo seu publicado recentemente sobre os acontecimentos de Honduras (onde vigora uma democracia constitucional que se recusou a ser violada por um aprendiz de ditador), apresenta pérolas da mais fina lavra. Por exemplo, a "ajuda militar ianque" ao exército hondurenho; "contraofensiva da CIA nas eleições na República Dominicana e Panamá"; "Golpe militar e de Estado em Honduras"; "junta militar e seu títere"; "apoio da comunidade internacional" etc. O texto de Zé Dirceu é uma paródia de Stanislau Ponte Preta, um perfeito "samba do corrupto doido". Consegue colocar no seu aranzel descabelado até a "aprovação da reeleição de Fernando Henrique Cardoso" que, segundo ele, teve apoio da imprensa (chamada "mídia" no seu pitoresco patuá caipira-leninista), num verdadeiro delírio ideológico que ajunta alhos e bugalhos. Pode ser, também, que Zé Dirceu tenha virado médium e passado a incorporar o espírito de porco do Che, ou outro fanático desencarnado qualquer. É, pode ser...

Vale à pena ler Zé Dirceu. Vale pela oportunidade de ver a que ponto pode chegar a loucura humana. Vale à pena, principalmente, para estudantes poderem constatar os mecanismos de sobrevivência de traços anacrônicos em estruturas mais modernas. Zé Dirceu é uma lição antropológica. Com certeza ainda vai acabar filiado ao PC do B, a mais primitiva manifestação do sub-marxismo que sobreviveu no país. Também é fascinante verificar que há jornais decentes (ah, sim! a mídia, como ele se refere), capazes de publicar a lenga lenga de um criminoso notório dando-lhe foros de respeitabilidade.