sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O banqueiro anarquista (Fernando Pessoa)

(Em homenagem a Joaquim Levy, o banqueiro do PT)


“Tínhamos acabado de jantar. Defronte de mim o meu 
amigo, o banqueiro, grande comerciante e açambarcador
notável, fumava como quem não pensa. A conversa, que
fora amortecendo, jazia morta entra nós. Procurei reanimá-la, 
ao acaso, servindo-me de uma ideia que me passou pela
meditação. Voltei-me para ele, sorrindo.
- É verdade: disseram-me há dias que V. em tempos 
foi anarquista...
- Fui, não: fui e sou. Não mudei a esse respeito. Sou anarquista.
- Essa é boa! V. anarquista! Em que é que V. é anarquista?... 
Só se V. dá à palavra qualquer sentido diferente...
- Do vulgar? Não; não dou. Emprego a palavra 
no sentido vulgar.
- Quer V. dizer, então, que é anarquista exatamente no
 mesmo sentido em que são anarquistas esses tipos das 
organizações operárias? Então entre V. e esses tipos da
bomba e dos sindicatos não há diferença nenhuma?
- Diferença, diferença, há... Evidentemente que há 
diferença. Mas não é a que V. julga. V. duvida talvez que 
as minhas teorias sociais sejam iguais às deles?...
- Ah, já percebo! V., quanto às teorias, é anarquista; 
quanto à prática...
- Quanto à prática sou tão anarquista como quanto 
às teorias. E quanto à prática sou mais, sou muito mais, 
anarquista que esses tipos que V. citou. Toda a minha vida o mostra.
- Hein?!
- Toda a minha vida o mostra, filho. V. é que nunca deu 
a esta cousas uma atenção lúcida. Por isso lhe parece que 
estou dizendo uma asneira, ou então estou brincando consigo.
- Ó homem, eu não percebo nada!... A não ser..., a não ser
que V. julgue a sua vida dissolvente e anti-social e 
dê esse sentido ao anarquismo...
- Já lhe disse que não - isto é, já lhe disse que 
não dou à palavra anarquismo um sentido diferente do vulgar.
- Está bem... Continuo sem perceber... Ó homem, 
V. quer-me dizer que não há diferença entre as suas 
teorias verdadeiramente anarquistas e a prática da sua 
vida - a prática da sua vida como ela é agora? V. quer 
que eu acredite que V. tem uma vida exatamente igual à 
dos tipos que vulgarmente são anarquistas?
- Não; não é isso. O que eu quero dizer é que entre as minhas 
teorias e a prática da minha vida não há divergência nenhuma, 
mas uma conformidade absoluta. Lá que não tenho uma vida 
como a dos tipo dos sindicatos e das bombas - isso é verdade. 
Mas é a vida deles que está fora do anarquismo, fora dos 
ideais deles. A minha não. Em mim - sim, em mim, banqueiro, 
grande comerciante, açambarcador se V. quiser -, em mim
a teoria e a prática do anarquismo estão conjuntas e 
ambas certas. V. comparou-me a esses parvos dos sindicatos e 
das bombas para indicar que sou diferente deles. Sou, mas a 
diferença é esta: eles (sim, eles e não eu) são anarquistas 
só na teoria; eu sou-o na teoria e na prática. Eles são anarquistas 
e estúpidos, eu anarquista e inteligente. Isto é, meu velho, eu 
é que sou o verdadeiro anarquista. Eles - os dos sindicatos e 
das bombas (eu também lá estive e saí de lá exatamente 
pelo meu verdadeiro anarquismo) - eles são o lixo do 
anarquismo, os fêmeas da grande doutrina libertária.
- Essa nem ao diabo a ouviram! Isso é espantoso! Mas como 
concilia V. a sua vida - quero dizer a sua vida bancária e 
comercial - com as teorias anarquistas? Como o concilia V., 
se diz que por teoria anarquista entende exatamente o que 
os anarquistas vulgares entendem? E V., ainda por cima, 
me diz que é diferente deles por ser mais anarquista do 
que eles - não é verdade?
- Exatamente.
- Não percebo nada.
- Mas V. tem empenho em perceber?
- Todo o empenho.
 Ele tirou da boca o charuto, que se apagara; reacendeu-o 
lentamente; tirou o fósforo que se extinguia; depô-lo ao 
de leve no cinzeiro; depois, erguendo a cabeça, 
um momento abaixada, disse:
- ....”


(O texto genial de Pessoa continua no mesmo ritmo. A obra está disponível na internet em http://www.cfh.ufsc.br/~magno/bancanarco.htm)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Por que a esquerda não luta por menos impostos? (Leandro Narloch)

"Vejo poucos brasileiros de esquerda defendendo menos impostos no Brasil. Alguns até acham que a carga tributária é alta, mas dizem que é ainda maior nos países escandinavos nos quais deveríamos nos espelhar. Geralmente concordam com intelectuais que distorcem números e afirmam que o brasileiro, comparado a cidadãos de outros países, paga em média poucos impostos.
Para os mais radicais, a esquerda precisa lutar pelo fortalecimento do estado (o que envolveria mais impostos, principalmente dos mais ricos), enquanto a direita, a burguesia, os conservadores e as elites, que não ligam para as necessidades do povo, torcem por menos tributação.
O curioso é que muitos dos heróis e ídolos da esquerda são líderes e revolucionários que lutaram, eles próprios, por menos impostos.
É difícil, por exemplo, chamar de conservadores ou aliados às elites tradicionais os rebeldes que, durante a Revolução Francesa, destruíram alfândegas, queimaram documentos de dívidas fiscais e se recusaram a pagar impostos tanto à monarquia quanto aos governos republicados que a sucederam.
Deveriam os brasileiros de esquerda deixar de ler Karl Marx, que foi processado pela Alemanha por defender a sonegação de impostos? “A partir de hoje, impostos estão abolidos! É alta traição pagar impostos! Recusar pagar imposto é a primeira obrigação de um cidadão!”, escreveu Marx em 1848, depois de considerar ilegítimo o governo alemão.
Será que deveríamos chamar de burguês ou aliado às das elites o Mahatma Gandhi, que em 1930 percorreu 390 quilômetros a pé só para chegar ao litoral da Índia e desafiar o Império Britânico produzindo sal sem pagar imposto?
Ou o anarquista Henry David Thoreau, pai da Desobediência Civil e um dos inspiradores de Gandhi, preso por recusar a pagar qualquer tipo de taxa ao governo americano?
Há ainda os zulus da África do Sul, que no começo do século 20 travaram diversas guerras contra o imposto de 3 libras per capita imposto pelo Império Britânico. O Movimento Zapatista de Libertação Nacional, que depois de criar governos locais parou de pagar imposto ao governo central do México. E as sufragistas dos EUA que resgataram o lema da Revolução Americana (no taxation without representation) e se recusaram a pagar impostos enquanto não pudessem votar.
Dá pra chamar de representante da direita britânica o cantor George Harrison, dos Beatles, autor da música Taxman, um protesto contra as alíquotas do imposto de renda de até 95% para os ingleses mais ricos?
Mais difícil ainda é rotular como elitistas ou insensíveis às necessidades do povo os rebeldes da Revolução Farroupilha, movimento contrário ao imposto sobre o charque, o couro, o sal e a erva-mate pago pelos gaúchos à corte. Ou os pernambucanos que, no começo do século 19, tentaram se separar do Brasil por não verem retorno nos tributos que pagaram ao Rio de Janeiro. Muitos dos meus amigos de esquerda rejeitariam como um lugar-comum neoliberal e egoísta a frase “nenhuma pessoa pode ser privada da menor porção da sua propriedade sem seu consentimento”. Sem ligar para o fato de que essa frase era repetida com frequência por Frei Caneca, líder da Confederação do Equador e um dos grandes heróis pernambucanos.
O que motivou tanta gente a lutar contra impostos – e o que escapa da esquerda atual – é um desejo de autonomia, de defender o direito de serem donos do que produzem, e a certeza de que o dinheiro arrecadado pelos impostos raramente volta aos contribuintes ou é destinado aos mais pobres. Acaba bancando gastanças, sistemas ineficientes, privilégios dos amigos do rei e gordas aposentadorias de burocratas.
É uma pena que a esquerda traia sua própria tradição e defenda mais impostos no Brasil. A luta contra a apropriação do dinheiro dos cidadãos foi por muito tempo (e ainda deveria ser) uma bandeira de quem se importa com os mais pobres e oprimidos".
(Publicado no portal da VEJA, em 22/01/2015)

Empreiteiros e Calígula

Uma verdadeira história do Brasil só seria aceitável quando focasse a atuação dos empreiteiros. Isso incluiria todos, dos mais modestos prestadores de serviços contratados pelo poder público, até os gigantes que hoje se expandiram pelo mundo. Reis, imperadores, sátrapas, prefeitos, governadores e presidentes de repúblicas nunca deixaram de levar uma beirada dos ganhos daqueles operadores. Para os empreiteiros isso nunca foi problema: era um custo fácil de ser contabilizado. O freguês é quem sempre mandava.

- Qual a percentagem, excelência? O senhor é quem manda: 2%, 5%, 10%, 20%? É só dizer.

Tal formulação parece ser a única que de fato interessa aos parceiros. Poderia ser dirigida ao beneficiário direto ou, quando algum pudor se insinua, a intermediários expressamente designados como tal. Poderia ser o Paulinho, a Gracinha, o Valério, o Valfredo, o Nestor, o Duque, o Youssef ou qualquer outro que transite entre uma e outra ponta dos negócios. Falar diretamente, no entanto, implica riscos desnecessários. O caso do Severino, achacador de dono de boteco, é o exemplo mais conspícuo. Ganha uma merreca e ainda é afrontado com denúncia cara a cara. Um intermediário dá segurança, evitando possíveis desdobramentos. Não que a intermediação seja garantia de procedimentos livres de risco. O exemplo do petrolão escancarou o problema. O esquema atual, pelo que se pode deduzir, ainda será objeto de aperfeiçoamento. Talvez, num estilo mafioso, com a liquidação periódica do agente a soldo ou do porta voz do dono. Alguns incidentes indicam que tal modelo não está descartado, posto apenas no rol das possibilidades teóricas. Não se pode esquecer dos acontecimentos vinculados ao episódio Celso Daniel.  

Para negociar com os empreiteiros, uma visita à História dos doze Césares, de Suetônio, seria instrutiva. Realizador compulsivo e delirante, Calígula criou um método infalível de tratar as empreitadas, aplicando sutilíssimo método de controle de qualidade. Se entendesse que as coisas não corriam bem, mandava degolar o empreiteiro. Com tal acicate, dispensava-se qualquer mecanismo gerencial garantidor da obediência a normas e contratos. Ministros e dirigentes, aliás, como acontecia em alguns reinos africanos, deveriam ser submetidos a saneador estrangulamento periódico. Nas Viagens de Gulliver, Swift faz menção ao prazo de validade dos ministros de certo reino. Após 15 anos de exercício eles eram executados. Criava-se, assim, uma saudável rotatividade no poder. E não se pense que tal destino desestimulasse as ambições. Caso o costume vigorasse entre nós, ninguém duvide: as filas seriam maiores que as do INSS. O critério de seleção dos ministros, segundo Swift, era igualmente inusitado. Fazia-se uma disputa entre os pretendentes. Quem melhor se saía caminhando na corda bamba era escolhido. Um critério, enfim, tão bom como qualquer outro, similar a provas de concurso público. Saber andar na corda bamba evitava recrutar gente ruim de serviço ou incapaz da mais elementar habilidade de sobrevivência num mundo cheio de disputas e de perfídias.

Dilma, a estarrecida (Leonel Kaz)

"É estarrecedor que a presidente Dilma não fique estarrecida" (LK)


Leonel Kaz publicou em seu blog o que segue abaixo:


"Jack Lang foi ministro da Cultura da França e hoje preside o Instituto do Mundo Árabe, em Paris. Eu o conheci, na década de 80, quando ele veio ao Rio para o projeto da Casa França-Brasil, do qual participei com Darcy Ribeiro e Italo Campofiorito.
Lang criticou esta semana o fracasso da educação francesa por não saber lidar com o tema da intolerância religiosa: “É inútil acrescentar mais horas de instrução cívica, já há muita, e é muito mal feita. É preciso retornar ao essencial. Se eliminou o ensino das artes e da cultura na escola francesa, e este é um dos melhores remédios contra a violência.”

Lá se eliminam aulas; aqui se eliminam museus. É estarrecedor que a presidente não se sinta estarrecida com o fechamento do museu mais visitado por escolas, o Museu Nacional do Rio, por falta de verbas que dependem dela mesma.




1. Que a presidente fique estarrecida com a morte de um brasileiro, traficante de drogas, após esgotada uma década de defesa judicial, faz parte de um ato diplomático.

2. Mas é estarrecedor que a mesma presidente não fique estarrecida com os outros brasileiros que foram executados, em 2013, à razão de um a cada 10 minutos, na violência cotidiana aqui dentro de nosso território.

3. Vento que venta lá, venta cá. Imaginar que uma charge pode causar a destruição de vida é de um simplismo estarrecedor. Ora, o ataque ao Charlie Hebdo foi muito “bem bolado” visando contrapor, na superficialidade e asneiras do mundo eletrônico, o velho maniqueísmo de uns contra outros. O alvo foi “bem” escolhido para promover exatamente esta polêmica inútil e sem fim que dê razão à retrógrada assertiva: ”Ah, alguma coisa de errado eles fizeram para merecer morrer.”
4. Ninguém merece morrer. Nem a dúzia de seres então vivos do Charlie Hebdo nem os seis milhões de judeus que também foram executados pelos alemães do período hitlerista (que voltam a colocar suas manguinhas de fora…) sem publicar charge alguma.

5. O que há na cabeça de quem faz terrorismo, aqui ou acolá, é a ideia de que a vida do outro não vale nada. Isto serve para o Jihad Islâmico, isto serve para os traficantes que comandam batalhões de exércitos de malfeitores nas grandes cidades brasileiras. Lá atacaram uma revista; aqui, 200 deles atacaram o Depósito Público de motos roubadas, no Rio, e com metralhadoras em punho levaram 193 delas, periguetes na garupa.

6. O que tem havido é indiferença e incompetência. Daí, lá, a frase de Jack Lang sobre “os sucessivos governos que fizeram muito mal à escola nos últimos anos”; daí, aqui, o estarrecedor de que os alunos abandonem o ensino médio, frequentem a sala de aula por mero protocolo e passem de ano, literalmente, no grito, impondo medo aos professores. Repetimos um modelo anacrônico de ensino que faz a escola se transformar em cárcere, destituído da realidade da sociedade, salvo boas e raras exceções.

7. Não por acaso, mais de meio milhão de inscritos na prova do ENEM tiraram zero. O que não tem se ensinado – num esforço que una professores, pais e alunos –é a comezinha habilidade humana de elaborar um pensamento próprio. Nisto, as artes e a cultura fazem uma grande, uma imensa diferença. Elas permitem ao aluno não a decoreba, mas o mergulho em si mesmo, em sua própria liberdade de criação.

8. Não é o óbvio que está em jogo. É a perspectiva de acrescentar algo de novo ao mundo. E ao próprio mundo interior, tão vasto embora tão amordaçado de cada criança.

9. Mais do que mais armamentos, o que precisamos é de mais arte e cultura na escola, de tal sorte a dar à criança os instrumentos necessários – vá lá, as armas do saber – para que ela por si mesma possa se defender e avançar, não numa linha reta ou superficial, mas avançar para dentro de si mesma, procurando em si mesma horizontes amplos, para que exerça na plenitude o ATO DE PENSAR.


10. Pensar por sua própria cabeça. E não com a cabeça dos outros que moldam o terror. Sejam eles os marginalizados da periferia francesa, que são atraído pelo Jihad, sejam os marginalizados das periferias brasileiras, que são atraídos pelas lideranças da criminalidade".

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Dilma, a neoliberal

O chamado Consenso de Washington estabeleceu os parâmetros daquilo que seria conhecido depois como neoliberalismo. São quatro componentes:
1°) Ajuste fiscal macroeconômico;
2°) Privatização das estatais;
3°) Abertura para o exterior;
4°) Políticas sociais compensatórias.

Os governos pós 1995 (Fernando Henrique, Lula e Dilma), todos, seguiram parcial ou completamente as recomendações de tal ideário. Lula evitou a privatização o máximo possível. Sob o governo da madame impostora tentaram os petistas fugir dos itens primeiro e segundo.  

Agora, não dá mais. O ajuste fiscal é a peça fundamental onde se assentam os demais componentes. Será divertido acompanhar a retomada das críticas ao neoliberalismo. O uso de tal expressão, de natureza negativa para a turma do PT e PC do B, já começa a dar as caras, aqui e ali, ainda que timidamente. 

As oposições de verdade devem torcer para que o petismo seja o anti-Maquiavel: faça o mal bem devagarinho, ao estilo conhecido dos tucanos, aves vadias sempre em férias.

Dilma, a impostora

Marta Suplicy ficou conhecida em São Paulo, à época em que foi prefeita, como Martaxa.  Não foi gratuito o apelido. Decorreu de seu furor arrecadatório (claro, pois que outro está biologicamente vencido), tributando ferozmente a população indefesa da capital paulista. Dona Dilma Rousseff, criatura sem raiz provinda das estepes bárbaras da Tartária, parece ter invejado profundamente a ex-prefeita, e aristocrática dama quatrocentona, atualmente cumprindo mandato de senadora pelo maior e mais importante estado da federação.

Dona Dilma, tal qual Marta, merece também um epíteto que a distinga entre os seus, e lhe faça justiça pelos seus atos. O melhor que se possa imaginar, ao menos por enquanto, é o de “impostora”, numa evidente referência à sua gana de esfolar o cidadão brasileiro que trabalha, incapaz de fugir dos constrangimentos provocados pelo fisco. Sim, é sempre fácil convocar os cordeiros para que se apresentem ao lobo na hora do jantar (do lobo, para evitar confusão). Eles vão contribuir para aplacar a fome do lobo ensandecido. 

Contribuir é mero eufemismo, herança dos lusitanos que, há séculos, aplicavam o termo. Após terremoto e tsunami que atingiram o reino europeu, no já distante século XVIII, a Coroa instituiu a chamada “Contribuição Voluntária” temporária, destinada a financiar a reconstrução de Lisboa.  Tal “contribuição” (palavra marota que pressupõe algum tipo de adesão de livre vontade a uma causa), de voluntária não tinha nada. As vilas da então colônia deveriam comparecer com determinada quantia em ouro e, então, ai dos que não o fizessem. Terminadas as obras da nova Lisboa, aproveitaram o mesmo mecanismo tributário para financiar depois o dote e o enxoval de princesas carentes e casadoiras da Casa Real.

Dilma, a impostora, se credencia assim a receber o título, talvez até mais prestigioso que o de Martaxa. Impostora, afinal, possui ricos significados, o que lhe permitirá fazer frente à arrogância peculiar da antiga especialista em sexologia na TV.

O dicionário Priberam da Língua Portuguesa define, como segue, os sentidos de impostora (feminino de impostor):
1) Aquela que diz ou faz imposturas = embusteira, mentirosa, trapaceira;
2) Aquela que não demonstra os seus sentimentos = falsa, fingida, hipócrita;
3) Aquela que se acha superior = convencida,vaidosa;
4) Aquela que se faz passar por outra = charlatã;
5) Aquela que propaga falsas doutrinas.

Fica aberta a lacuna para se incluir, nos possíveis significados, o de pessoa que tributa os fracos para financiar as falcatruas governamentais, entre os quais o petrolão é figura carimbada (sem negligenciar outros casos que estão para vir à luz). Os cinco sentidos acima apontados pelo dicionário estão perfeitamente concordes com o perfil da madame. Acrescentar-lhes mais um será fazer-lhe a mais lisa justiça. 

Os mandarins do PT e seus associados roubam os cofres públicos e, então, os “contribuintes” recebem a patriótica missão de cobrir o rombo causado, a partir de fiel obediência às determinações governamentais. O petismo consegue se superar na sua volúpia cleptocrática. Ninguém normal conseguiria imaginar que após Martaxa teríamos Dilma, a impostora, mãe do PAC e da cruel reforma tributária, monstrengo indigesto que quer enfiar goela abaixo dos brasileiros.

Civilização é isso

No mesmo dia em que o brasileiro acusado de tráfico de drogas era fuzilado na Indonésia, o Irã promovia um enforcamento coletivo em praça pública. A patética imagem abaixo só tem um aspecto de humanidade: o condenado lutando pela vida, ao reagir com todas as forças para impedir que colocassem o laço no seu pescoço. A seu lado, outro dos enforcados, como se a apoiar a cabeça num imaginário travesseiro.



Esses fanáticos gostam muito de executar gays e apedrejar mulheres, além de casar com crianças. Será que eles acreditam mesmo em Deus? 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Coaxar de sapos


As últimas manifestações dos governistas lembram imagem formulada por Elias Canetti: parecem sapos a coaxar no brejo. A estranha sinfonia de uma nota só se repete, monótona, em todos os meios de comunicação. 

- Meu sapo foi rei? 

Foi, não foi, foi, não foi! 

Variação acontece quando o coro dos batráquios remete à duvida sobre a honestidade dos malandros. 

- E, por acaso, são ladrões? 

- São, não são, são, não são!

Muito difícil encontrar refúgio em outro cenário. Nem Dante imaginou um nicho do inferno similar ao que estamos condenados.

Eu não sou Dilma (Sponholz)


A verdadeira dona do clube (Sebastião Tojal)

(Publicado em O Globo)

"Todo mundo já viu essa cena. Nos filmes policiais, as evidências de um crime são acondicionadas num saquinho plástico, mais tarde etiquetadas e usadas como prova. Como advogado da UTC, pedi para colocar num saquinho o comunicado 0743/2014, enviado pela Petrobras no final do ano passado a 23 empresas, informando-as que estariam impedidas de trabalhar para a estatal. O texto é uma confissão de culpa. Daí o saquinho.
Até sua expedição, os integrantes do Ministério Público poderiam ficar inseguros para abandonar a tese infundada de que as construtoras controlavam o mercado de óleo e gás, por meio de um suposto “clube”. Agora não mais. Em 28 linhas, a Petrobras produziu a prova que faltava para que os procuradores percebam que, no setor sob investigação, quem manda é a Petrobras. Se existe um clube, a sua coordenação está com a estatal. Quem mais conseguiria expulsar 23 empresas do mercado numa única canetada? Só quem realmente detém todas as informações e controla o mercado.
Existem pessoas que acreditam que mandam, porém, das suas ordens nada resulta. Outras mandam e suas determinações se materializam. A Petrobras está no segundo grupo. Neste caso específico, alvo das investigações e das manchetes diárias, a Petrobras, e só ela, definiu as regras de contratação, com ou sem a concordância do Tribunal de Contas da União.
Além de definir o regime de contratação mais conveniente para seus propósitos, a Petrobras selecionava as empresas que iriam fazer parte de seus projetos, cadastrando quem bem entendesse (com a mesma sem-cerimônia que agora descadastrou). Convidou para disputar suas obras as empresas que julgou adequadas e contratou, entre essas, as que entendeu ser mais acertado. O critério, só ela sabe explicar.
É a Petrobras — e não um fantasioso “clube” — que detém as informações sobre todos os certames, quem deveria ser convidado, o orçamento (secreto) estimado, quais participaram e quais foram as respectivas vencedoras e efetivas contratadas.
No comunicado 0743/2014, a estatal diz, resumidamente, o seguinte: “Comunicamos que, em função de essa empresa ter sido mencionada como participante de cartel nas contratações da Petrobras (...) estamos adotando, desde já, cautelarmente, a medida de bloqueio dessa empresa, tornando-a impedida de ser contratada diretamente e de participar de licitações da Petrobras”.
Ora, se houve cartel, como a Petrobras assume em seu comunicado, o principal responsável seria justamente a Petrobras. É ela o agente econômico por trás de todas as decisões tomadas para “manobrar” o mercado (deixando-se de lado a denominação juridico-econômica desta realidade). Não lhe cabe, de maneira alguma, o papel de vítima que agora tenta assumir como forma de se proteger de futuras ações na Justiça.
As obras eram definidas de maneira colegiada (pela Petrobras), os resultados da licitação eram compartilhados com toda a diretoria (da estatal), da mesma maneira que os aditivos jamais seriam liberados pelo desejo de um funcionário “manipulado pelo clube”. Esta decisão envolvia toda a Petrobras. A prova 0743/2014 é decisiva.
Em função das realidades do funcionamento do mercado de petróleo, é risível a tese de que as empresas fornecedoras de serviços seriam capazes de se organizar para impor preços ao cliente. Essa imposição seria teoricamente possível num mercado com poucos fornecedores e muitos clientes. Num segmento onde a Petrobras é a única grande compradora de serviços, não há formas de sujeitá-la ao controle dos fornecedores. Qualquer tentativa de algumas empresas de elevar preços ou combinar seria imediatamente frustrada pela proposta de um fornecedor que não integrasse o “clube” (seja ele do Brasil, seja ele do exterior). Bastaria à inocente e “vítima” Petrobras contratá-lo, desmontando o suposto cartel.
O contrário, no entanto, não apenas é possível, como ocorreu e é comprovado pelo comunicado 0743/2014. A Petrobras mandava em tudo, controlando quem trabalha e quem já não mais trabalha para ela (as 23 empresas). E continua a mandar. A prova material que faltava já está no saquinho".

Sebastião Tojal é advogado

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Acidente na refinaria baiana da Petrobrás

Notícias recentes dão conta de mais um acidente em instalações da Petrobrás, dessa vez na Refinaria Landulfo Alves. A curiosidade a respeito é a vitimização de três trabalhadores terceirizados envolvidos em manutenção dos equipamentos daquela empresa. Um deles teve 70% do corpo queimado. Como uma atividade tão importante - a de manutenção - notadamente numa unidade industrial extremamente sensível, que processa combustível e outros componentes perigosos, fica entregue a terceirizados? 

A pelegada da FUP e da CUT certamente passará batida; o Ministério Público do Trabalho também. Provavelmente nenhum dos seus dirigentes sindicais levantará a voz para questionar o acontecido. Causará espanto se o fizer. Manutenção é setor crítico com atuação permanente. Deveria ser feita apenas por gente especializada dos quadros da Petrobrás. Infelizmente a imprensa não divulga o nome da empresa contratada para prestar o serviço de manutenção; nem o quanto ela ganha no seu contrato; nem o quanto ela paga às pessoas contratadas para servirem à Petrobrás. Pelo padrão observado em outros contratos no caso petrolão, alguém deve estar mamando.

Silêncio nas madrassas (Je suis Charlie)

As universidades brasileiras se comportam como as madrassas muçulmanas. Seus devotos prostram-se de quatro enquanto entoam suas cantilenas em louvor de Alá. Não há para justificar sua conduta pusilânime a presença de um regime militar repressivo. Repressão, aliás, nunca foi obstáculo a protestos e questionamentos de qualquer natureza. 

A verdade aqui é simples: os terroristas que infernizam o mundo civilizado têm, no mundo acadêmico, seus maiores aliados e epígonos. Os conceitos e as doutrinas são os mesmos, integralmente compartilhados entre eles. São valores de intimidade. Os intelectuais chapa branca só levantam a cabeça (permanecendo, porem, ajoelhados), para uma felação eventual em seus gurus e aiatolás. Limpando com um gesto rápido o marrom do nariz, logo voltam à posição normal.

O símbolo de todas essas infâmias, a propósito do massacre em Paris, está na declaração de Frei Betto, dominicano da estirpe de Torquemada. Para o notório teólogo do PT, também guia espiritual de Lula, o massacre não passou de "uma resposta de alguns radicais a algo que ofendeu milhões de fiéis muçulmanos". 


Quanta diferença em relação a Wafa Sultan! As declarações desta mulher notável estão no vídeo abaixo:






Outros depoimentos (com imagens esclarecedoras sobre a barbárie islâmica), contendo doutrinas de xiitas e sunitas podem ser vistos em: http://youtu.be/NjEGu1L1k2s

e http://youtu.be/M8k1lxPUOkQ