sábado, 28 de maio de 2016

A cultura do estupro


O estupro foi o ato fundante da história brasileira. Não, não foi a missa celebrada por frei Henrique de Coimbra na praia de Porto Seguro, logo após a chegada dos bárbaros portugueses famintos e maltrapilhos, que lá aportaram saídos de grandes barcos sujos e fedorentos. Sexo, sim, ladainhas, não. A marujada sequiosa de prazeres, após meses de navegação, julgou ter chegado ao éden quando se viu recepcionada por inumeráveis mulheres nuas e depiladas. 

Este detalhe da depilação é importante. Pero Vaz de Caminha o menciona quatro vezes em sua carta a D. Manuel - o venturoso. Acostumado a mulheres felpudas (algumas até de bigode), o escriba houve por bem reiterar os fatos referentes às índias.

Fanáticos muçulmanos imaginam que terão 72 virgens a esperá-los às portas do paraíso. Os portugueses, não, os portugas, bem mais realistas, já gozavam das promessas do paraíso ali mesmo na praia em frente, sem que precisassem passar antes pelo encontro com a morte fatal.

Darcy Ribeiro entoava loas ao Senado da República de maneira similar. No Senado – dizia ele - havia tudo que o paraíso propiciava e com a vantagem de fazê-lo aos vivos (ao menos a alguns muito vivos).

A frota de Cabral ancorou no dia 22 de abril (dois meses depois do carnaval, ao que consta). Bons e devotados cristãos que eram, celebraram a primeira missa, claro, no dia 26 de abril. Neste intervalo de quatro dias - entre a chegada e a reza cerimonial - os piolhentos e hirsutos marujos regozijaram-se no altar de Eros estuprando as índias que lhes caíam nas mãos. Assim foi forjada a matriz que resultou no varonil povo brasileiro, estuprando meninas, moças e mulheres já adultas. Nas futuras senzalas as mesmas práticas reiteradas dos primórdios geraram, ao longo dos séculos, a atual imensidão de mulatos bastardos que nos caracterizam.

Um noticiado estupro coletivo recente, perpetrado contra uma adolescente, nos subúrbios do Rio de Janeiro, não passa, portanto, da atualização histórica de arraigado costume nacional. E, a bem da verdade, o estupro não ameaça somente mulheres pobres e desamparadas. Segundo relato de Lula da Silva, semanas atrás bateram na casa da Clara Ant (sua principal assessora). Solteirona, dormia sozinha quando entraram cinco homens no seu quarto. Ela pensou que fosse um presente de Deus, mas qual? Era somente a Polícia Federal, disse Lula à presidente Dilma, ambos morrendo de rir do infortúnio da moça velha. 

Outra história mal explicada de Lula refere-se ao caso do menino do MEP - Movimento de Emancipação do Proletariado - rapazola estudante quase imberbe, que foi enjaulado com ele no DOPS nos tempos da ditadura militar. Sedento como um sátiro, partiu pra cima do companheiro a fim de conhecê-lo biblicamente. Não se sabe até hoje se foi somente uma vez. Lula sabe, aliás, como sabe de muitas coisas que nunca contou direito até agora. Pois não chegou ele a estuprar até uma cabra vadia (não aquela toda filosófica de Nelson Rodrigues), porém uma bem ordinária e comum, que saltitava aqui e ali pelos fundos dos quintais nos seus tempos de ainda garoto? O homem, como se diz, já estava configurado no menino. O do engenho, vegetariano com instintos mais ecológicos, se arrumava com um buraco numa bananeira feito a canivete.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Na caverna de Ali Babá e a solidariedade


Segundo informou a VEJA, o ministro Herman Benjamin, do STJ, homologou a delação premiada do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, na Operação Acrônimo, que investiga propina na campanha do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT).
Ele implica 20 empresas e enterra de vez o amigo Pimentel e a mulher, Carolina.
Entre as empresas acusadas de pagar propina estão JHSF, do ramo imobiliário, OAS, Braskem, Qualicorp e as agências de publicidade Pepper e Propeg. Roberto Pagliuso, advogado de Bené, não confirma as informações.

Pelo sistema difundido de delação premiada pode-se concluir que na caverna de Ali Babá não há mais solidariedade. O butim é dividido aos tapas com armas na mão, tudo na base de cada um por si e Deus por todos.


Reunião no palácio da Liberdade

quinta-feira, 26 de maio de 2016

STF dá prazo de cinco dias para Temer se explicar


Decisão de Luis Roberto Barroso tem como base ação do PDT, encaminhada ao Supremo, que pede a reversão das mudanças realizadas pelo presidente em exercício. 

Esta foi mais uma das absurdas decisões tomadas por Barroso. É a hybris barrosina, diria alguém. De fato, esta é, sem dúvida, outra clara manifestação da arrogância peculiar de sua excelência. É público e notório o desprezo de Barroso pelos principais assessores de Temer e outras lideranças do PMDB, conforme já ficou evidenciado em evento no próprio Supremo, no qual Barroso recepcionava alguns visitantes. O vaidoso e afetado ministro se julga melhor, mas muito melhor, que os demais homens públicos brasileiros do executivo e do legislativo, como se o judiciário fosse um clube de anjos. Sua própria presença no pretório excelso é prova de que gente feita de mau barro está distribuída democraticamente por todas as instâncias da república.   

Michel Temer deveria lhe responder enviando cópia da Constituição brasileira de 1988, chamando sua atenção para o velho princípio da divisão de poderes.


domingo, 22 de maio de 2016

Pastoral da guerra (Implicante)


Apoiador histórico do PT, Leonardo Boff manda “derrubar cavalos” com bolas de gude.
É isso mesmo.
Figura onipresente nos já clássicos abaixo-assinados para defender algum líder petista metido em encrenca, Leonardo Boff é parte da chamada “classe artística apoiadora” do partido.
Mas, apesar do passado religioso, parece que suas pregações não são sempre em nome da paz. Roma estava certa quando lhe impôs o silêncio obsequioso.
Disse o truculento franciscano:
“Para nos defender contra o golpe policial e nosso direito de nos manifestar nas praças compremos bolas de gude para derrubar os cavalos”.(Contribuição ao belicoso frade: rolhas também são ótimas. Escorregando nelas o cavalo vai cair e quebrar as pernas).

Senta a pua!

Caradurismo sem limites (O Tempo)


Ausente em ato contra o impeachment que recebeu a presidente afastada Dilma Rousseff anteontem em Belo Horizonte, o governador Fernando Pimentel (PT) aproveitou palanque da inauguração de uma maternidade ontem, em Contagem, na região metropolitana, para discursar a favor dos direitos populares que estariam “ameaçados” com o governo interino de Michel Temer (PMDB).

“Nesse momento difícil da vida política brasileira, de Contagem se ergue a voz não só da cidade mas a voz de Minas Gerais. A voz grave e profunda que precisamos sempre erguer em momentos em que o Brasil vê sua estrutura democrática ameaçada”, bradou Pimentel.

“A voz que diz não àqueles que querem ameaçar as conquistas sociais do povo brasileiro. A voz que diz não àqueles que querem ameaçar as conquistas trabalhistas do povo brasileiro. A voz que diz não àqueles que querem fazer ajuste fiscal em cima dos mais pobres, dos mais humildes e dos mais necessitados”.

Pimentel disse ainda que a voz de Contagem é a dos que “lutam pela democracia, pelo respeito ao voto popular, pelo respeito à Constituição e, acima de tudo, por manter o nosso compromisso com os mais pobres, mais necessitados e com o povo trabalhador desse Estado”.

“É com esse compromisso e esperança que a voz de Contagem, que é também a voz de Minas, se faz ouvir no Brasil inteiro dizendo não àqueles que querem o retrocesso e sim à luta pela democracia que nós custamos tanto a conquistar”.