quinta-feira, 17 de julho de 2014

La vida es sueño - Pedro Calderón de la Barca

(Segismundo desde su prisión): 



¿Qué es la vida?, un frenesí; 
¿qué es la vida?, una ilusión, 
una sombra, una ficción,
y el mayor bien es pequeño; 
que toda la vida es sueño, 
y los sueños, sueños son.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

A poesia (segundo Borges)


"La poesia es el encuentro del lector con el libro, el descubrimiento del libro. Hay otra experiencia estética que es el momento, muy extraño también, en el cual el poeta concibe la obra, en el cual va descubriendo o inventando la obra. Según se sabe, en latín las palabras “inventar” y “descobrir” son sinónimas. Todo esto está de acuerdo con la doctrina platónica, cuando dice que inventar, que descubrir, es recordar. Francis Bacon agrega que si aprender es recordar, ignorar es saber olvidar; ya todo está, solo nos falta verlo.
Bradley dijo que uno de los efectos de la poesía debe ser darnos la impresión, no de descubrir algo nuevo, sino de recordar algo olvidado. Cuando leemos un buen poema pensamos que también nosotros hubiéramos podido escribirlo; que ese poema preexistía en nosostros.
.....
El hecho estético es algo tan evidente, tan inmediato, tan indefinible como el amor, el sabor de la fruta, el agua. Sentimos la poesia como sentimos la cercanía de una mujer, o como sentimos una montaña o una bahía. Si la sentimos inmediatamente, a que diluirla en otras palabras, que sin duda serán más débiles que nuestros sentimientos?"


(Cf. Siete Noches)

terça-feira, 15 de julho de 2014

Non, je ne regrette rien (E. Piaf)


Não, nada de nada...
Não! Eu não lamento nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado! 

Com minhas lembranças
Acendi o fogo 
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!

Varridos os amores
E todos os seus "tremolos" 
Varridos para sempre
Recomeço do zero.

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...!
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!

Não! Nada de nada...
Não! Não lamento nada...
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!


http://youtu.be/IJvI0WNihyM

O voto, ou a escolha nula (ao modo de Ulrica)


Na sua primeira epístola aos Coríntios (7: 8-9) Paulo prescreve:

“Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se”.

Fazendo um paralelo com o voto nulo, talvez este seja a  mais sábia das escolhas nos dias atuais. Homens e mulheres, afinal, são seres imperfeitos e o matrimônio, como bem o sabem os casados, não é um mar de rosas. A renúncia ao casamento, assim como a renúncia a escolher um parceiro político, pode conduzir o ser humano a patamares existenciais mais dignos e mais coerentes com a satisfação pessoal e, quem sabe, com os próprios desígnios do Eterno. O preço da escolha é penoso e os resultados costumam ser imprevisíveis. Melhor seria, então, não se arriscar. 

Os acontecimentos e os fatos, no entanto, colocam desafios dos quais não conseguimos fugir. Avaliações equivocadas (por exemplo, dizer que todos os homens, ou todas as mulheres, são iguais), jogam gatos e sapatos num mesmo balaio. Talvez, até, exista fundamento em equiparar tudo e todos num pacote similar. É compreensível. Nós, afinal, somos homens e mulheres comuns, possuidores de simultâneas “escuridão e rutilância”, como dizia o poeta. Somos capazes das maiores grandezas e, também, das maiores baixarias. 

Sofremos decepções com nossas escolhas. Inúmeros se queixam da má-sorte de terem se casado com a pessoa errada, ou distinta daquela com a qual se uniu em tempos passados. Queixamo-nos, também, das escolhas políticas, quando percebemos a distância entre aquilo que nos foi prometido e aquilo que nos foi entregue.  

Mas a vida deve seguir seu trilho. Casamos e fracassamos, mas não desistimos. Aí entra o conselho paulino: melhor casar outra vez, ou quantas vezes se fizer necessário, do que ficar se remoendo por dentro, em brasas, afogueado, a reclamar amargamente dos outros. Escolhemos políticos de maneira equivocada, mas não devemos deixar de refazer outras escolhas quando a oportunidade se impuser, mais além da bucólica e amorosa configuração posta por Fernando Pessoa: 

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.

Votamos em patifes no passado, gente que só mais tarde alcançamos conhecer na sua integralidade. Vale reconhecer que não é incomum sabermos, antecipadamente, das malandragens de pessoas que escolhemos, quer como parceiros amorosos quer como parceiros políticos. Pilantras exercem um estranho fascínio sobre as pessoas que os elegem. Todas as famílias têm algum caso para contar; moças encantadoras e bem formadas, apesar de advertências cabais, insistem em se casar com vagabundos, traficantes e preguiçosos de maneira incompreensível para seus pais, irmãos e outros parentes e amigos. E seus melhores pretendentes são relegados a segundo plano, com desdém.

Nem por isso se deveria renunciar ao direito de escolher novamente. Nós fracassamos, sim, mas devemos assumir nossas fragilidades. “Navegar é preciso”, dizia outro grande poeta, num verso ambíguo. Dificilmente encontramos alguém perfeito. Só os abençoados por Deus o conseguem. Não temos entre nós (para elegermos) lideranças do porte de um Mahatma Gandhi, de um Churchill ou de um Roosevelt. Mas se, ao menos, pudermos impedir que políticos demagogos, gatunos e tiranos continuem a infernizar o país, já teremos dado a modesta contribuição individual possível. Isso é só o que resta a cada um de nós. Ou, então, fazer como o avestruz: enfiar a cabeça no buraco e deixar a bunda de fora facilitando o trabalho dos predadores. Entre um mal maior e um mal menor, melhor o último. Há gente decente no Brasil. Vamos encontrá-la nem que precisemos garimpar a vida toda.