quinta-feira, 5 de março de 2009

DITADURA À BRASILEIRA

(Transcrito do blog Reaja Brasil)
"É ROTINEIRA a associação do regime militar brasileiro com as ditaduras do Cone Sul (Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai). Nada mais falso. O regime militar brasileiro teve características próprias, independentes até da Guerra Fria.Fez parte de uma tradição anti- democrática solidamente enraizada e que nasceu com o positivismo, no final do Império. O desprezo pela democracia foi um espectro que rondou o nosso país durante cem anos de república. Tanto os setores conservadores como os chamados progressistas transformaram a democracia em um obstáculo à solução dos grandes problemas nacionais, especialmente nos momentos de crise política.O regime militar brasileiro não foi uma ditadura de 21 anos. Não é possível chamar de ditadura o período 1964-1968 (até o AI-5), com toda a movimentação político-cultural. Muito menos os anos 1979-1985, com a aprovação da Lei de Anistia e as eleições para os governos estaduais em 1982. Mas as diferenças são maiores.Enquanto a ditadura argentina fechou cursos universitários, no Brasil ocorreu justamente o contrário. Houve uma expansão do ensino público de terceiro grau por meio das universidades federais, sem esquecer várias universidades públicas estaduais que foram criadas no período, como a Unicamp e a Unesp, em São Paulo.Ocorreu enorme expansão na pós-graduação por meio da ação do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), especialmente, e da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), em São Paulo. Ou seja, os governos militares incentivaram a formação de quadros científicos em todas as áreas do conhecimento concedendo bolsas de estudos no Brasil e no exterior. As ditaduras do Cone Sul agiram dessa forma?A Embrafilme -que teve importante papel no desenvolvimento do cinema nacional- foi criada no auge do regime militar, em 1969. Financiou a fundo perdido centenas de filmes, inclusive de obras críticas ao governo (o ministro Celso Amorim presidiu a Embrafilme durante o regime militar). A Funarte foi criada em 1975 -quem pode negar sua importância no desenvolvimento da música, das artes plásticas e do teatro brasileiros? E seus projetos de grande êxito, como o Pixinguinha, criado em 1977, para difundir a música nacional? No Brasil, naquele período, circularam jornais independentes -da imprensa alternativa- com críticas ao regime (evidentemente, não deve ser esquecida a ação nefasta da censura contra esses periódicos). Isso ocorreu no Chile de Pinochet? E os festivais de música popular e as canções-protesto? Na Argentina de Videla esse fato se repetiu? E o teatro de protesto? A ditadura argentina privatizou e desindustrializou a economia. Quem não se recorda do ministro Martinez de Hoz? Já o regime militar brasileiro estatizou grande parte da economia.Somente o presidente Ernesto Geisel criou mais de uma centena de estatais. Os governos militares industrializaram o país, modernizaram a infraestrutura, romperam os pontos de estrangulamento e criaram as condições para o salto recente do Brasil, como por meio das descobertas da Petrobras nas bacias de Santos e de Campos nos anos 1970.É sabido que o crescimento econômico foi feito sem critérios, concentrou renda, criou privilégios nas empresas estatais (que foram denunciados, ainda em 1976, nas célebres reportagens de Ricardo Kotscho sobre as mordomias) e estabeleceu uma relação nociva com as empreiteiras de obras públicas. Porém, é inegável que se enfrentaram e se venceram vários desafios econômicos e sociais. É curioso o processo de alguns intelectuais de tentarem representar o papel de justiceiros do regime militar. Acaba sendo uma ópera-bufa. Estranhamente, omitiram-se quando colegas foram aposentados compulsoriamente pelo AI-5, como Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Emilia Viotti da Costa, entre outros; ou quando colegas foram presos e condenados pela "Justiça Militar", como Caio Prado Júnior.Muitos fizeram carreira acadêmica aproveitando-se desse vazio e "resistiram" silenciosamente. A história do regime militar ainda está presa numa armadilha. De um lado, pelos seus adversários. Alguns auferem altos dividendos por meio de generosas aposentadorias e necessitam reforçar o caráter retrógrado e repressivo do regime, como meio de justificar as benesses. De outro, por civis (estes, esquecidos nas polêmicas e que alçaram altos voos com a redemocratização) e militares que participaram da repressão e que necessitam ampliar a ação opositora -especialmente dos grupos de luta armada- como justificativa às graves violações dos direitos humanos."
MARCO ANTONIO VILLA, 52, é professor de história do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e autor, entre outros livros, de "Jango, um Perfil".

segunda-feira, 2 de março de 2009

SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO - Programa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
DECAE/FAE
Sociologia da Educação - 1/2009
CARGA HORÁRIA: 60 HORAS (4 créditos)
Professor: Antônio Machado de Carvalho

PRIMEIRA UNIDADE: A Sociedade contemporânea

a) Conceitos básicos da teoria sociológica
b) As revoluções científicas e tecnológicas e suas implicações
c) A nova divisão do trabalho

SEGUNDA UNIDADE: A escola fundamental e os determinantes da escolarização

a) O papel do Estado
b) Os direitos sociais e a questão da cidadania
c) O fracasso escolar e as determinações de classe, gênero e cor

TERCEIRA UNIDADE: Propostas de organização da escola

a) Contexto histórico em que surgiram
b) Objetivos sociais e políticos
c) Concepção da formação para o trabalho e para a cidadania

METODOLOGIA: Aulas expositivas, trabalhos em grupo e seminários

AVALIAÇÃO: Provas em sala: ao final de cada unidade, num total de três, e trabalho final.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BÁSICAS:

- MONTAIGNE. Ensaios. São Paulo: Abril Cultural, 1984
- MEKSENAS, Paulo. Sociologia da Educação. São Paulo: Ed. Loyola, 1992.
- MANACORDA, M. A. História da Educação: da antigüidade aos nossos dias. São Paulo: Cortez, 1989.
- TEIXEIRA, Anisio. Educação não é privilégio. São Paulo: Ed. Nacional, 1977.
- TEIXEIRA, Anisio. Valores reais e valores proclamados... (texto avulso).
- DURKHEIM, E. Educação e sociologia. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1972.
- SCHAFF, Adam. A sociedade Informática. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1990.
- SOARES, Rose Dore. A concepção gramsciana do Estado e o debate sobre a escola (Tese de doutoramento).
- PASTORE, José. Desigualdade e mobilidade social no Brasil. São Paulo: TAQ/EDUSP. 1979
- ARENDT, H. A condição Humana. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1991.
- ARENDT, H. As origens do totalitarismo
- TAVARES, José Giusti. Totalitarismo tardio - o caso do PT. Porto Alegre: Mercado Aberto, 2000.
- RIBEIRO, Darcy. Nossa escola é uma calamidade. Rio de Janeiro: Salamandra, 1986.
- RIBEIRO, Darcy. Teoria do Brasil. Petrópolis: Vozes, 1985.
- CASTRO, Cláudio Moura. Educação brasileira, consertos e remendos. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.
- CASTRO, Cláudio Moura. Custos e determinantes da educação na A. Latina. Rio de Janeiro: INTED, 1978.
- CASTRO, Cláudio Moura. Escolas feias, escolas boas. (texto avulso).
- MANGABEIRA-UNGER, R. A alternativa transformadora. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1990.
- MANGABEIRA-UNGER, R. A democracia realizada. São Paulo: Boitempo, 1999.
- MANGABEIRA-UNGER, R. A segunda via. São Paulo: Boitempo, 2001.
- SENGE, Peter. A quinta disciplina. São Paulo: Atlas, 1990.
- LOJKINE, Jean. A revolução informacional. São Paulo: Cortez, 1995.
- CORIAT, Benjamin. Pensar pelo avesso: o modelo japonês... Rio de Janeiro: Revan, 1994.
- RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2002.
- FORRESTER, V. O horror econômico. São Paulo: UNESP, 1997.