quinta-feira, 14 de março de 2019

Tiburi, a escatológica



Paris, o cu do mundo, é famosa pela sujeira e pela fedentina de suas ruas. Não é um conceito novo sobre a cidade. Montaigne já havia apontado, em seus Ensaios, tais peculiaridades urbanas, bem compartilhadas, aliás, com a italianíssima Veneza e seus canais parecidos com cloacas.

Correm vagas notícias que fescenina filósofa petista (uma dita Tiburi), vai se mudar de mala e cuia para a tradicionalíssima capital francesa.

Neste ambiente sempre houve clima para todo tipo de extravagância, como eleger o cu para objeto de devoção e reflexão (vá lá a concessão). Talvez possa ela, pela afinidade temática, se aproximar do pensamento de Pierre-Thomas-Nicolas Hurtaut, autor de popular obra - L'art de péter ou A arte de peidar - publicada originalmente em 1751, há quase três séculos, portanto.

Peidar, disse Hurtaut, pode se transformar em verdadeira "arme sociale". Maior afinidade que essa entre o francês e a brasileira, dificilmente será encontrada. Alguém pode alegar que Barbarícia, o demônio peidorreiro de Dante, tem precedência histórica no tocante aos usos do cu. Fica o registro para posterior investigação. O fato é que Tiburi fez a coisa certa. De Paris para Firenze o trajeto é rápido. Durante o percurso dá para afinar a própria trompa. Em homenagem à ex-candidata ao governo do Rio de Janeiro pelo PT, segue abaixo o soneto ao olho do cu, de coautoria entre Verlaine e Rimbaud.

Sonnet du Trou du Cul

Arthur Rimbaud et Paul Verlaine


Obscur et froncé comme un oeillet violet

Il respire, humblement tapi parmi la mousse

Humide encor d’amour qui suit la fuite douce

Des Fesses blanches jusqu’au coeur de son ourlet.


Des filaments pareils à des larmes de lait

Ont pleuré, sous le vent cruel qui les repousse,

À travers de petits caillots de marne rousse

Pour s’aller perdre où la pente les appelait.


Mon Rêve s’aboucha souvent à sa ventouse ;

Mon âme, du coït matériel jalouse,

En fit son larmier fauve et son nid de sanglots.


C’est l’olive pâmée, et la flûte caline,

C’est le tube où descend la céleste praline :

Chanaan féminin dans les moiteurs enclos !