domingo, 3 de dezembro de 2017

Saindo do armário

Identidades reais camufladas vêm se tornando mais visíveis e mais abertas a cada dia que passa. Pessoas de grupos considerados minoritários, frente às práticas hegemônicas, começam a assumir suas preferências e simpatias de forma aberta e pública. O exemplo mais notório desse fenômeno  remete às identidades sexuais e de gênero, fruto da crescente liberalização dos costumes na maior parte do mundo, acompanhando a globalização econômica e política. Exceções óbvias são detectadas em sociedades retrógradas da África e da Ásia, com destaque tristemente merecido para as teocracias muçulmanas.

Para a comunidade gay esse processo é conhecido popularmente como "sair do armário". Fazê-lo implica riscos consideráveis, afetando a reputação e até mesmo a própria vida do desafiante.

Há, entretanto, outras preferências não "politicamente corretas", cuja assunção pelos indivíduos pode se revelar ruinosa para eles. É o caso de se declinar publicamente a preferência por partidos de "direita", ou se engajar politicamente a favor de lideranças vistas como conservadoras. Em ambiente universitário, especialmente nas instituições públicas, esse tipo de conduta é letal para os que pensam diferente. Grupos sectários de esquerda praticamente interditam qualquer debate a respeito do assunto, apelando para a violência e intimidação.

Aí, agora, é que surge a questão. Reprimir qualquer manifestação em favor de Bolsonaro, para ficar em nome paradigmático, não significa que o sentimento direitista tenha sido eliminado. Os cidadãos começam a se libertar do jugo fascistóide imposto pelo petismo e seus puxadinhos (PC do B, Psol, PSTU e outros). De fato, e talvez esteja nesse exemplo a dimensão inovadora: os eleitores começam a sair do armário; querem tirar da garganta o grito de liberação. Começam a assumir suas simpatias pela Direita, pelos valores mais afinados com o mundo ocidental. Algo no estilo: sou sim, e daí?

Não só os gays estão a sair do armário em que vivem confinados. Da porta ao lado pululam, excitados, milhões de adeptos do capitão presidenciável. As próximas eleições dirão qual a magnitude desse processo.

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