Vamos sentir saudades dela. Onde encontraremos outra tão deliciosamente
inepta, magnificamente irresponsável e esplendidamente à vontade no seu
sesquipedal despreparo? Ninguém se lhe compara na firmeza com que exerce seu
desconhecimento sobre a lógica ou a aritmética mais simples. Ninguém a supera
na arte de dizer sandices e, ao corrigir-se, dobrar a meta e dizer mais
sandices. E ninguém faz isto num português tão tosco, singelo e de quinta.
Refiro-me, claro, à ex-presidente Dilma Rousseff.
Depois de nos brindar com enunciados inesquecíveis sobre a mandioca, o
vento estocado, a mulher sapiens, as pastas de dente que insistem em escapar do
dentifrício e o meio ambiente como uma ameaça ao desenvolvimento sustentável,
temia-se que seu afastamento nos privasse de novas contribuições ao nonsense.
Mas Dilma não falha — é só colocar-se ao alcance de um microfone.
Sua última façanha está na internet e é facilmente acessível basta digitar
"Dilma" e "nuvem". Ao saber outro dia que as acusações
contra ela estão na "nuvem" — uma nova forma de armazenamento
incorpóreo e universal de arquivos –, soltou os cachorros em entrevista a um
canal de televisão.
"Pois bem", rugiu. "Inventam uma história fantástica. Que
tá na nuvem. É. Tá na nuvem. Sei lá que nuvem. Sabe, eu não entendi muito bem
essa história de nuvem. Tô aqui tentando apurar direitinho. Como é que uma
coisa pode estar na nuvem? É muito simples estar na nuvem, não tem de provar.
Que nuvem? Onde está a prova?"
A Dilma tá certa. Essa história de nuvem é mais uma tentativa de golpe
contra uma mulher honesta, que fez o diabo para se eleger, digo, sofreu o diabo
na ditadura. Quero ver provar. Mas o José Eduardo Cardozo [seu ministro de
estimação, advogado e porta-voz] já está vendo isso. Ele vai desmoralizar essa
nuvem.
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