terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

TRANQUILIDADE

Tranqüilidade é o estado ou qualidade do tranqüilo. É serenidade, concórdia e paz. É, enfim, paz de espírito, numa síntese definitiva, tal como está no dicionário Aurélio. Ainda outro dia (no ano passado), por ocasião de encontro patrocinado por Lula da Silva, em Brasília, o presidente do Equador – ao ser questionado sobre o apoio do seu país aos narcotraficantes das FARC, na Colômbia, respondeu simplesmente que “estava tranqüilo!” Apesar das evidências encontradas pelas autoridades colombianas, sobre a decisiva participação do presidente do Equador e do presidente da Venezuela nos atos terroristas que infelicitam o povo da Colômbia, o senhor Correa simplesmente declarou isto: “estou tranqüilo!” É realmente notável a recorrência discursiva deste que se tornou um bordão de todo criminoso: “estou tranqüilo!” As técnicas judiciárias certamente seriam enriquecidas caso adotassem, como indício de culpabilidade de eventuais delinqüentes, a maneira como eles alegam inocência. Um verdadeiro inocente reagirá e enfatizará seu estado, mas, nunca, nunca mesmo, se declarará tranqüilo. Todo homem acusado de algo que não fez fica, no mínimo, profundamente angustiado. Sofre e, até, se desespera com acusações sofridas que não correspondam à verdade. Um inocente se atormenta com a tribulação a que está submetido. Pois o presidente Correa – do Equador – defrontado com as provas concretas, com as evidências materiais, do envolvimento de seu governo com os narcotraficantes das FARC (encontradas nos computadores de importante chefe desta organização terrorista), coloca-se numa compreensível – mas não tolerável – posição de cinismo e declara para quem quiser ouvir: “estou tranqüilo!” Como se dissesse nada ter a ver com o assunto.

Não parece coincidência, no entanto, que a proclamação de tranqüilidade feita pelo equatoriano tenha se dado no Brasil de Lula, e após encontros com autoridades brasileiras. Consta, segundo alguns, que entre os protocolos do Foro de São Paulo (organização clandestina criada pelo PT e outros pares internacionais de má fama), encontra-se uma recomendação de sempre negar a autoria de qualquer crime ou contravenção, mesmo que tenha sido pegado com a boca na botija, ou em flagrante delito. Batom na cueca? Claro que se explica por um simples acidente: uma senhora distraída tropeçou e caiu sobre o pobre homem que estava urinando atrás da árvore. Dinheiro sonante em grande volume encontrado em malas dentro do quarto de hotel? Simples: foi um gênio da lâmpada que atendeu a um pedido feito em sonho numa noite de verão! Cheques de propinas dadas para comprar apoios políticos? Fácil de explicar: “a assinatura é minha, mas não fui eu quem assinou!” Assassinatos, fraudes e concussão de auxiliares diretos apanhados pela polícia? Evidentemente, que a resposta é: “não sei de nada, não vi nada, cheguei agora e a bicicleta nem é minha!”. A palavra chave, no entanto, é única e reiteradamente repetida por todos: “Estou tranqüilo!”. Realmente, quem haveria de colocar em dúvida explicações tão convincentes, seguidas de tão enfática declaração de paz de espírito? A tecnologia petista de “negação e tranqüilidade” já mostrou sua eficiência por ocasião dos tantos escândalos que marcam o período Lula da Silva (seria necessário um anexo para enumerá-los todos e sem cometer qualquer injustiça ou esquecimento).

A turma do Foro de São Paulo parece, pois, ter aprendido a lição propiciada pela coleção de professores da nova ordem: Professor Delúbio, Professor Luizinho, Professor Walfrido, Professor Mercadante, Professora Marta, Professora Ideli, Professor Sombra, Professor Garcia, Professor Ciro, Professor Genoíno, Professor Maluf, Professor Palocci, Professor Mattoso, Professor Silvinho, Professor Pimentel, Professor Paulinho, Professor Lupi, Professor Berzoini, Professor Marcos Valério, Professor Severino, Professor Renan, Professor Barbalho... tantos professores, tantos mestres... não na arte real, o que seria a suprema glória, mas na ignóbil arte da mentira, da fraude e da corrupção, sob o comando direto do grão-mestre de todos – Lula da Silva – e a inspiração secreta e majestática de Sarney, professor emérito que transformou o Brasil numa grande maranha, vale dizer, num maranhão, quando todos sonhávamos que fosse um grande, um imenso Portugal, conforme cantava o gentil poeta de antanho em vias, hoje, o poeta, de sofrer a professoral metamorfose e se incorporar àquela plêiade de notáveis.

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