sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Fachin, o platônico


O ministro do STF, Luiz Fachin, recém chegado a seu cargo, aliás obtido através de votação secreta no Senado Federal, já coloca suas manguinhas de fora. Julgando-se a reencarnação do rei filósofo da República de Platão, o magistrado novato quer pautar o Congresso e os próprios pares do Supremo. Não se sabe, aliás, por qual estranha razão um cidadão, no exercício de qualquer cargo no Poder Judiciário, não estaria submetido ao período de experiência, tal como ocorre com qualquer um dos mortais devotados ao serviço público. 

Se o novato quer dar palpite sobre critérios para o impeachment de autoridades do poder Executivo, bem poderia ele propor uma inovação democrática que transferiria para o povo a responsabilidade da decisão final, quer através de um referendum ou através de um plebiscito. Fala-se tanto em nome do povo mas ninguém parece se lembrar dele na hora mais importante do processo político. As tecnologias estão aí disponíveis. Até lambões do TSE não teriam dificuldades de, no intervalo de um mês, organizarem uma consulta plebiscitária com um pergunta simples: "você é a favor ou contra o impeachment de dona Dilma?"

Pensar no povo não é o que se vê a cada dia que passa, na conduta de petistas, cutistas e outros bárbaros periféricos. Bando de pelegos desocupados invadem as principais avenidas das  cidades para, com a desculpa de estarem denunciando um suposto "golpe" contra a atual presidente, praticarem a mais sórdida vingança contra a população, infernizando sua vida no horário de expediente e de volta para casa, pelo fato deste cidadão hostilizado estar a defender que aquela dama seja afastada do cargo. 

E a ala dos juristas black blocs? Para eles é até mais fácil do que para seus homônimos mais jovens, pois que vivem cobertos pelo horrendo manto negro, lembrando agourentas aves de rapina. Falam eles em nome de quem? Quem lhes deu o poder de representar a população ou parte dela? Se estivessem em sintonia como o povo, mesmo que exercitando uma representação presumida, deveriam estar atentos à voz das ruas, vocalizada pelos milhões de patriotas que marcharam contra o atual governo, pelas razões que dá até preguiça de repetir.

E o manifesto dos artistas, professores e intelectuais? Esqueceram-se dos versos de Milton Nascimento: "todo artista deve ir aonde o povo está"? Estarão mentindo as pesquisas publicadas pelo IBOPE ou pelo DATAFOLHA e outros? Estarão os defensores do impeachment manipulando as informações divulgadas. Por que não é mais publicada nenhuma pesquisa patrocinada pelo governista instituto Vox Populi? É verdade que a tradição dos intelectuais chapa-branca é poderosa no Brasil. Mas também é respeitável a ala daqueles que não se vendem por um prato de lentilhas. 

Vamos lá, artistas, juristas e professores. Vamos lá, ministro Fachin. Vamos lá: defendamos o plebiscito para que o povo, o titular da soberania nacional se expresse respondendo simples pergunta sobre ser a favor ou contra o impeachment de dona Dilma. Uma semana de campanha com 20 minutos para cada um dos defensores das duas opções e em poucas semanas o Brasil seria outro.   

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