Governo fraco dá nisso: não pode brigar com ninguém. Muito menos com
quem pode lhe fazer mal.
Essa é a situação do governo Dilma à medida que com sua incompetência
crônica arrasta o país ladeira a baixo.
Não pode brigar com Eduardo Cunha por medo do impeachment. Nem com Renan
Calheiros porque precisa aprovar as medidas de ajuste fiscal.
Por essa mesma razão, não pode brigar com a oposição – embora ela possa,
e brigue, com o governo.
Não pode brigar com deputados aquinhoados com cargos e sinecuras e que
nem por isso lhe dão seu voto. Acabará precisando deles um dia.
Não pode, sequer, brigar com Delcídio, hóspede há 48 horas da carceragem
da Polícia Federal, em Brasília.
Não seria o caso de brigar com Delcídio. Mas de publicamente se
desvincular do que ele fez, sim.
Foram tímidas, assustadas, as tentativas feitas nesse sentido pelo
ministro da Justiça e pelo líder do PT no Senado.
Era com a presidente que Delcídio despachava. Na companhia dela apareceu
muitas vezes. Representou o governo dela no Senado, mas não somente ali.
Ocorre que Dilma, aconselhada pelos que a cercam de perto, está morrendo
de medo de que Delcídio acabe negociando com a Justiça a delação premiada. Lula
compartilha o mesmo medo.
Temos por hábito dizer, sempre que algum graúdo é preso, que se ele
“piar”, a República desaba. Há muito exagero nisso.
Não há nenhum exagero em dizer, porém, que a República desabaria se
Delcídio piasse.
Imagine se um dia Delcídio contasse como ajudou Lula a garantir o
silêncio de Marcos Valério, um dos operadores do mensalão.
Ou o que fez para ajudar Dilma a livrar-se da responsabilidade pela
compra desastrosa da refinaria Pasadena, da Petrobras. Na época, Dilma era
presidente do Conselho de Administração da empresa.
Delcídio foi ministro das Minas e Energia no governo Itamar Franco e
diretor da Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso. Sabe tudo sobre o
setor de energia.
Renan debita na conta de Delcídio a indicação de Nestor Cerveró para a
diretoria da Petrobras. Cerveró acabou de negociar a delação premiada.
Este é um governo “balança, balança, mas não cai”. Até que um dia cai.
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