quinta-feira, 25 de junho de 2015

O melhor dos mundos para Lula e o PT


O PT pretende viver no melhor dos mundos no campo político. Quer ser governo e oposição ao mesmo tempo. Quer as delícias dos palácios - com a caneta nas mãos - e quer, também, ser a voz rouca das ruas clamando por mudanças, empoleirado num estridente trio elétrico.

A democracia para os petistas tem um formato de natureza totalitária: sua possibilidade encerra-se, tão somente, no plano interno de sua organização. É uma democracia confinada, como dizia Antônio Faria. Só vale para suas diversas facções. Brigam entre si com ferocidade. Depois, serenados os ânimos, dividem os despojos conquistados, ou a conquistar, em conformidade com o peso de cada tendência interna. Pairando acima das divergências e das gulosas reivindicações, o guia genial dos povos, Luiz Inácio, ícone em torno do qual borboleteiam todos, caninamente. 

Em qualquer situação, no entanto, a fonte de luz, o farol do socialismo, pois é disso que se trata - "quando Lula fala, o mundo se ilumina", proclamou, babosa, vetusta madame da USP antes de seu habitual boquete filosófico - continua inamovível, pois está aí a pedra de toque do sistema. Talvez, nem a morte o afaste do centro dos acontecimentos, conforme já se viu em outros lugares, como a Coréia do Norte e a antiga União Soviética. O cadáver embalsamado para resistir à podridão, num simulacro de eternidade, continua a exalar fétidas recomendações e caminhos a seguir. 

O mausoléu imaginado por Lula da Silva tem o melhor lugar possível: a Praça dos Três Poderes, no coração de Brasília. De lá, como se fora um Lenin tropical, continuará a assombrar o povo brasileiro, até que uma pira funerária o dissolva, para sempre, em golfadas de fumaça pelos sertões afora.    

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