A legalização do
casamento gay pela Corte Suprema americana era esperada, um avanço justo e
politicamente correto (no sentido puro da expressão) dos direitos civis. “A
dignidade igual aos olhos da lei”, na expressão da maioria dos juízes. A
rejeição teria sido um evento espetacular.
Eu lamento que a
aprovação tenha sido pela margem apertada de 5 x 4. De qualquer forma, a
decisão mostra o Supremo americano antenado com uma das mais vertiginosas
mudanças sociais em uma década nos EUA, com apoio agora de 2/3 da população
para o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Crucial para a
virada popular e o voto decisivo do juiz Anthony Kennedy, que oscila entre
conservadores e liberais no Supremo, é a adesão de gays a uma instituição tão
tradicional como o casamento e o cenário de centenas de milhares de crianças em
famílias com pais e mães do mesmo sexo. Como deixar estas famílias no limbo?
O casamento gay
está consagrado nos EUA, nunca será aceito por alguns segmentos da população e
enfrenta a resistência de todos os candidatos presidenciais republicanos. No
entanto, a derrota agora em junho de 2015 é um alívio para o partido, pois
remove o tema da fase quente da corrida eleitoral em 2016. Para que o desgaste
em torno de uma causa perdida? Os republicanos hoje estão divorciados da
realidade social americana em boa parte das chamadas guerras culturais, que
agora funcionam para a eficiente mobilização democrata.
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