segunda-feira, 29 de junho de 2015

Justa comemoração (Caio Blinder)










A legalização do casamento gay pela Corte Suprema americana era esperada, um avanço justo e politicamente correto (no sentido puro da expressão) dos direitos civis. “A dignidade igual aos olhos da lei”, na expressão da maioria dos juízes. A rejeição teria sido um evento espetacular.

Eu lamento que a aprovação tenha sido pela margem apertada de 5 x 4. De qualquer forma, a decisão mostra o Supremo americano antenado com uma das mais vertiginosas mudanças sociais em uma década nos EUA, com apoio agora de 2/3 da população para o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Crucial para a virada popular e o voto decisivo do juiz Anthony Kennedy, que oscila entre conservadores e liberais no Supremo, é a adesão de gays a uma instituição tão tradicional como o casamento e o cenário de centenas de milhares de crianças em famílias com pais e mães do mesmo sexo. Como deixar estas famílias no limbo?


O casamento gay está consagrado nos EUA, nunca será aceito por alguns segmentos da população e enfrenta a resistência de todos os candidatos presidenciais republicanos. No entanto, a derrota agora em junho de 2015 é um alívio para o partido, pois remove o tema da fase quente da corrida eleitoral em 2016. Para que o desgaste em torno de uma causa perdida? Os republicanos hoje estão divorciados da realidade social americana em boa parte das chamadas guerras culturais, que agora funcionam para a eficiente mobilização democrata.

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