PROPOSTAS
E SUGESTÕES PARA BOLSONARO
(Outubro
de 2018)
Há sempre esmeraldas desde que haja
acionistas, dizia o banqueiro Efraim.
(Eça de Queirós)
Este documento contém algumas sugestões a
serem incorporadas ao programa de governo do deputado Jair Bolsonaro em sua
campanha para presidente da república. É resultante do esforço e da vontade de
contribuição de um grupo de anônimos colaboradores desejosos de ver o Brasil
governado pelo ilustre parlamentar, conduzindo nosso país para outros rumos
longe do abismo em que nos meteram os governantes das duas últimas décadas.
O detalhamento de cada tópico será divulgado,
posteriormente, para a equipe que vem elaborando o plano de trabalho de
Bolsonaro, caso as propostas aqui presentes sejam consideradas de boa
qualidade, além de pertinentes e viáveis.
POR UMA
POLÍTICA QUE DESENVOLVA
UMA CULTURA
DA PAZ E DA ALEGRIA
Nas consultas realizadas junto à população ao
longo das últimas campanhas eleitorais brotam, sempre, as mesmas demandas. Quais
são elas?
Mais polícia, mais vigilância, mais prisões,
mais repressão, mais multas, mais arame farpado, mais muros e mais grades nas
janelas. Em síntese apertada, mais segurança.
Também aparecem aqui e ali, mas agora entre os que professam
preocupações ditas “sociais”, referências genéricas por mais preparo humanístico
dos policiais, mais emprego, mais saúde e mais educação como saídas para
amenizar o clima de barbárie em que vivemos imersos. Num discurso algo
justificatório pretende-se fazer crer que haveria uma correlação entre
“pobreza” (e “desigualdade”), com a violência e outras incivilidades. As
experiências vêm mostrando, todavia, que não basta tornar disponíveis um pacote
de benefícios materiais para que a população alcance o patamar de um ambiente satisfatório
para se viver.
“Eis o pão e eis a água, mas, se não há paz, não há nada”
Não há como negar a validade de tal preceito
da antiga cabala. Pesquisas sociológicas, aliás, indicam um vínculo
significativo entre aumento da riqueza e incremento da criminalidade. Esta
seria decorrente não só do acicate por mais consumo (aguilhão que moveria
setores empobrecidos em seu desejo de fartura), mas, também, frações daqueles
vinculados às altas esferas sociais, políticas e econômicas, tangidas por um
desejo de feições inesgotáveis. Os escândalos do “mensalão” e do “petrolão”
demonstraram como os mais ricos e mais poderosos ultrapassaram todos os limites
do meramente aceitável. Comparadas, as condutas extravagantes do bloco petista
nos últimos quinze anos, com as condutas corruptas da velha guarda política,
estas não seriam mais que pequenas inépcias morais.
A cobiça humana, aliás, muda facilmente para voracidade,
já alertava a sabedoria bíblica: seria ela tal como o inferno e o abismo, ou
seja, nunca se fartava. Os meios de comunicação não se cansam de noticiar,
quase que diariamente, todos os tipos de transgressões, distribuídas por toda a
escala hierárquica da sociedade. Assaltos, roubos, desfalques, tráfico de
drogas, corrupção de agentes públicos, agressões, mortes no trânsito, chacinas,
pequenas e grandes fraudes etc., cuja enumeração rigorosa nos obrigaria a
visitar o código penal na sua inteireza.
De fato, as deformações da percepção humana
quanto ao valor e importância das graças materiais e simbólicas propiciadas por
qualquer agente (desde o Estado até a própria Divindade), sugerem que há um
nível crítico sem o qual tudo que se fizer para as pessoas seria inútil. Ou
seja, por mais que se faça, ou se dê, a maioria dos homens e mulheres
continuará a se comportar de maneira reprovável, socialmente, numa atualização
perversa do fenômeno da ingratidão. Querer
mais - sempre mais - parece ser uma espécie de maldição inscrita no nosso DNA
(potencializada por uma ausência de qualquer atitude ou gesto de gratidão aos
que atendem a nossos reclamos). Os efeitos deletérios no campo moral se ampliam
na dimensão coletiva e ambiental. Estão aí, visíveis aos olhos de quem quer ver,
as implicações objetivas das demandas irrefreáveis deste “homem massa”, do qual
falava Ortega y Gasset, e que marcam a contemporaneidade. Veja-se nos Evangelhos que dos doentes e
estropiados curados por Jesus, dois, apenas dois, voltaram para agradecer. Tal
incapacidade quase que atávica de praticar a gratidão cria as condições
subjetivas onde vão medrar conflitos, discórdias, brutalidades, agressões etc.
Qual é, então, o grande problema existencial
a ser solucionado, se queremos uma cultura da paz servindo de lastro para uma
sociedade humana mais fraterna e mais solidária? Podemos, é verdade, sonhar o dia em que todos
nós sejamos como o Apóstolo Paulo e repetir com ele:
(“... aprendi a viver contente em toda e qualquer
situação. Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em
todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome;
assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece”
(Fp, 4:11, 12, 13).
Esta magnífica lição paulina mostra que seu
autor sabia viver bem com o que possuía, vale dizer, “em toda e qualquer
situação” que o acaso ou as circunstâncias lhe propiciassem. Paulo, com efeito,
aprendeu isso; ele próprio confessa
que não sabia. É, pois, um processo de aprendizagem ao qual poderíamos submeter,
a nós próprios, e aos outros. Ao explicitar sua transformação pessoal, o maior
dos apóstolos sinaliza para esta virtualidade ser tornada real para os demais
homens de todos os tempos e lugares.
Viver em correto equilíbrio, numa retomada do
adágio clássico “nada em excesso” seria, talvez, o grande desafio da
“engenharia humana” – este outro nome da Política. Exigiria, certamente, para
ser concretizado, um programa que pavimentasse o seu caminho criando as
condições para seu florescimento. Há os que falavam da “pequena utopia”,
traduzida na garantia universal de acesso a alguma forma digna de ganhar a vida
com o trabalho; ter os filhos matriculados em uma escola honesta e de poder se
alimentar adequadamente todos os dias. Essa “pequena utopia” seria a base para
a constituição de uma “grande utopia”, ou seja, de uma civilização onde as
esperanças de tantos visionários que ilustram a história humana pudessem se
materializar. Isso envolveria, necessariamente, a apropriação por parte das
pessoas de valores que transcendessem a simples base material da vida.
Qual seria este programa e como torná-lo
viável?
Uma solução, não necessariamente a única,
seria um investimento em favor da criação de um ambiente de PAZ e ALEGRIA, num
programa articulado por um conjunto de ações.
A CULTURA DA PAZ E DA ALEGRIA aqui proposta estaria
amparada no seguinte tripé:
a.
Amparo
à família;
b.
Formação
dos jovens nas linguagens básicas da modernidade e
c.
Aprimoramento
corporal e espiritual da juventude.
O amparo
à família estaria centrado, inicialmente, na promoção de ações que
fortaleçam a capacidade da mulher chefe de família no seu afã de provedora. A
resposta política do poder público se materializará com um programa cujo esboço
preliminar será apresentado a seguir. Outras formas voltadas para o mesmo
objetivo serão constituídas mais à frente, de maneira a cobrir outras demandas da
mesma natureza.
A formação
dos jovens nas linguagens básicas da
modernidade trabalharia, inicialmente, na ampliação do domínio dos
fundamentos da Matemática e da Língua Inglesa. Sem a rocha deste suporte, toda
a complexa estrutura simbólica da “sociedade do conhecimento” se apoiaria num
alicerce de areia. A própria idéia de educação profissional, tão valorizada e
defendida por muitos na atualidade, tem sua âncora no adequado domínio de
habilidades sem as quais tudo paira no vazio. A crescente base tecnológica da
maioria das ocupações disponíveis permite antecipar um não-futuro para os que
não dominarem aquelas linguagens. Mais que uma “reforma agrária” que
redistribua terra para quem não tem (bandeira fácil e largamente disseminada),
o mais importante seria, doravante, distribuir as chaves de acesso ao fator
produtivo mais escasso: o conhecimento científico e tecnológico. Seria uma “reforma agrária do conhecimento”, mais
importante, mais urgente e mais necessária que qualquer outra reforma.
Debilidades de formação, devidas à má qualidade das escolas comuns, poderiam
ser supridas com a oferta paralela ao que já é propiciado dentro dos sistemas
regulares de ensino, ou para atender a eventuais demandas tópicas de cursos
voltados para tais linguagens (como é o caso da língua inglesa para prestadores
de serviços de interesse da indústria turística). Sistemas de franquias
universalmente conhecidos comprovam a possibilidade de ampla generalização de
tais cursos de comprovada eficiência.
O aprimoramento
corporal e espiritual da juventude seria alcançado através de duas linhas
de ação: a primeira, com a criação de núcleos para a prática de esportes, (preferencialmente
o voleibol), e atletismo (como corridas e saltos de diferentes modalidades),
para ambos os sexos. Um princípio a ser obedecido é o de se evitar, ao máximo,
práticas desportivas que propiciem agressões físicas e quaisquer tipos de
choques corporais. A ser válida a recomendação
sobre a importância do cultivo do fairplay, poder-se-ia fazer uso do
esporte como estratégia de resistência contra a barbárie. A segunda linha de
ação buscaria elaborar e fomentar uma cultura imagética (através do cinema), e
musical (através do ensino em massa da arte de tocar um instrumento). Vejam-se
alguns desses pontos.
Desde os tempos mais remotos o ensino da
música e, em especial, o de um instrumento musical teve o alto custo de suas
aulas como o fator preponderante a restringir seu aprendizado em larga escala.
Tal fato se deve, principalmente, ao método adotado (em geral, através de aulas
individuais). Várias fórmulas de ensinar música em grupo foram tentadas,
destacando-se o canto orfeônico (durante o governo Vargas, por exemplo), o qual
encampou as idéias do grande mestre Villa Lobos. Este quis implantar o canto
coral nas escolas públicas e também pretendia musicalizar os jovens a partir de
canções folclóricas. No campo instrumental, a experiência mais significativa de
educação musical (no Brasil) foi a formação de bandas de música pelo interior
do país. Esse fato contribuiu para criar uma tradição cultural em diferentes
cidades, e a desenvolver e a despertar o gosto pela música em muitas gerações.
Os mestres de banda ensinavam, um tanto precariamente, o domínio de todos os
instrumentos ao mesmo tempo. Todavia, a questão das aulas coletivas se via
agravada tanto pelo custo (como também ocorre nas aulas individuais), quanto
pela inviabilidade na compra dos instrumentos de sopro (a maioria deles de
elevado valor financeiro). Com a demanda diversificada por outros tipos de
expressão artística, estas duas formas consagradas de ensino (o canto coral e a
formação de bandas), se tornaram insuficientes e restritivas ao acesso de
alunos. Bandas e corais exigem ensaios coletivos e espaços fixos, além de uma
estrutura dependente de liderança para ser efetiva. O ensino através de
instrumentos de orquestra também não seria solução, por acumular os mesmos
problemas já citados para as bandas e corais (ensaios, custos e espaço fixo).
Dois instrumentos, entretanto, se apresentam
como alternativas às situações acima mencionadas: violão e flauta doce. Ambos
reúnem características bastante favoráveis ao ensino em grupo (baixo custo e
facilidade de aprendizagem). O violão,
além de popular e possuir uma poderosa flexibilidade musical, já que sola e
acompanha, se apresenta como uma opção musical completa. Portanto, seria viável
para a educação musical em grande escala, com aulas em grupo, porém com a desejável
perspectiva individual preservada. Existe já disponível tecnologia adequada,
através de método para o ensino do violão. O inovador processo já é utilizado
em inúmeros países (Argentina, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Suíça, França,
Bélgica e EUA). Ele é baseado em um sistema de cartões, obedecendo a regras e
diretrizes motoras e musicais que, montados em um tabuleiro, formam seqüências
sonoras e rítmicas de maneira a estimular a criatividade e individualidade dos
alunos desde o primeiro momento, além de desenvolver os fundamentos técnicos
necessários à prática instrumental.
Para se avaliar da importância da educação
musical em massa, dados recentemente publicados sobre a China mostram haver
neste país 35 milhões de estudantes aprendendo a tocar piano. A grandeza destes
números – mesmo quando tomados em relação à gigantesca população chinesa – apontam
para qual o rumo a seguir se quisermos resultados similares. Deve-se realçar a
relevante participação e apoio de entidades como igrejas, clubes, sindicatos, empresas
e genuínas organizações não-governamentais etc., no sentido de se ampliar o
escopo de atendimento e envolvimento comunitário.
A conjunção destas intervenções resultaria em
benefícios tangíveis para as famílias e intangíveis (porém, não menos
importantes e significativos), para os jovens, em particular, e para a
sociedade, em geral. A elevação cultural das massas, com o seu fortalecimento
intelectual e espiritual, resultaria num clima favorável a atitudes e comportamentos
em tudo e por tudo antagônicos ao clima atualmente dominante de barbárie.
Pessoas mais autônomas e com generoso
sentimento de mundo, ou seja, capazes de exercerem um maior domínio sobre suas
vidas (sem o jugo criado pela dependência, tão usual, onde vigoram a miséria
material e moral), e a pensarem com as próprias cabeças (como queriam os
herdeiros do iluminismo), possibilitariam a existência de uma efetiva cidadania.
Sinalizaria, além do mais, para outros lugares do país, que homens livres são passíveis
de existência e não seriam, apenas, uma simples quimera de sonhadores. Sonhos,
afinal, são a matéria prima da construção e renovação do mundo. Martin Luther
King começou uma de suas maiores pregações com o apodo:
– “... eu
tenho um sonho!”
José do Egito não teria desempenhado o papel
que lhe coube, se não fosse movido e ativado pelos sonhos (apesar da zombaria
dos céticos, a começar dos próprios irmãos). Estamos no bojo de um autêntico “direito
de sonhar” como queriam outros, fundamentando a possibilidade de uma sociedade
mais amigável e menos predatória. Na alegre conjunção do desporto, da ciência e
da arte estaria - quem sabe? – o caminho da grande utopia que desejamos: a
civilização da PAZ e da ALEGRIA!
Outro componente passível de ser aproveitado
refere-se à dimensão imagética. Poder-se-ia, por exemplo, criar oportunidade de
promoção de encontro dos jovens com o cinema. Experiência desenvolvida na
França a partir de 2001 mostrou que colocar jovens, sem intermediários, em
contato com filmes que não estavam acostumados a ver produzia resultados
inesperados. Muitos deles descobriram, então, que poderiam assistir e gostar de
filmes que não os costumeiros blockbusters
americanos, peculiares à indústria cultural. Incorporando pessoas externas ao
sistema educacional – como diretores de fotografia, roteiristas, cenógrafos
etc. – nas avaliações e análises dos filmes assistidos, arejava-se o ambiente
educacional de maneira muito positiva. No caso francês chegava-se a propor a
elaboração de um pequeno roteiro, e sua subseqüente filmagem por parte dos
jovens. O encantamento que tal processo acarretava levava alunos com desempenho
escolar sofrível a mostrarem habilidades não reconhecidas e não percebidas
usualmente pelos seus professores. De certa maneira, pode-se afirmar que este
uso do cinema implica numa “formação de gosto”, sem que tal formação assuma um
caráter totalitário ou de imposição de qualquer estética. Um pacote de filmes
cuja exibição se faça em uma sessão diária (com reprise nos finais de semana de
toda a série), deveria incluir todo tipo de filmografia. O objetivo básico
seria de criar uma cultura cinematográfica que aprimorasse o imaginário dos
expectadores, da mesma forma que se faz com leitores com acesso a todo tipo de
literatura. As escolhas de cada um, posteriormente, seriam mais solidamente
amparadas.
Uma estrutura institucional de apoio (“Casa
Comunitária”, ou “Casa da Paz” ou nome e local que o valha), além de sediar as
atividades de suporte das “linguagens da modernidade” (língua inglesa e
matemática), bancaria, no que fosse cabível, o “aprimoramento corporal e
espiritual da juventude” (esporte, atletismo, música e cinema). A resultante
final de todo este esforço educativo e integrado nos campos do intelecto, do
corpo e da alma dos jovens produziria, com chances de êxito, gerações mais
lúcidas, mais autônomas e mais pacíficas.
Alguns podem objetar a um programa como este
alegando sua ousadia e complexidade. O poder público, no entanto, está condenado
a “pensar grande”. O modelo proposto acima de educação musical permite
resultados surpreendentes (e que pode ser demonstrado na prática). Imagine-se,
então, o impacto turístico de grupos ou de orquestras de violões, com jovens se
exibindo regularmente nos gramados ou nos espaços livres das cidades! Quantos
não se deslocariam para apreciar o evento? Ou um festival internacional de
música barroca, tão compatível com uma de nossas tradições! Por que não seguir
o exemplo de cidades como Tiradentes, em Minas Gerais, e seus eventos
cinematográficos? Para que isto se torne realidade há que se cultivar e
praticar a música, porém, de maneira organizada e com sentido profissional. Subjacente
a tudo há que prevalecer a inteligência e o espírito. Lembre-se que, apesar de
não mais existir fisicamente há séculos, o Templo de Salomão está vivo no
imaginário das pessoas. Refulge em toda sua grandeza no simbolismo de
construções que se perpetuam onde convivam, mesmo que sejam somente alguns
poucos, homens justos e perfeitos.
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