quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Dona Dilma tropicou

Dona Dilma deu um tropeço que pode levá-la ao chão. No recente episódio do tal plano nacional de direitos humanos ela patrocinou uma grave quebra de confiança em relação a seu chefe e mentor. Ao expor Lula da Silva ao vexame de enfiar o rabo entre as pernas e retificar um dos pontos mais polêmicos daquele plano - o referente à investigação de abusos e crimes cometidos pelo Estado brasileiro no período do regime militar - dona Dilma mostrou-se pouco confiável aos olhos da cúpula petista. Todo mundo sabe, afinal, que Lula da Silva não lê nada que ultrapasse a complexidade das aventuras de Mickey, Pateta e do Pato Donald. A filtragem e depuração legal e política de quaisquer documentos que necessitem da chancela presidencial é uma das maiores responsabilidades da Casa Civil, vale dizer, de dona Dilma. Ao não cumprir com seu dever (e, assim, prejudicar a imagem do seu patrono), dona Dilma indicou - na prática - o risco que haveria no futuro caso ela venha a se eleger presidente da República. Este episódio, portanto, pode e deve ser visto como uma daquelas provações a que são submetidos profanos de sociedades iniciáticas. Dona Dilma foi reprovada neste teste de lealdade à camorra petista. Não por acaso começam a circular boatos a respeito da troca do nome do vice a ser indicado pelo PMDB. É uma manobra de grande sutileza dada a dificuldade de se afastar de chofre a pretendente. É uma fritura que começa pelas beiradas. Aceitando-se a eventual troca do vice (por exemplo, Michel Temer por Hélio Costa), o que impediria que se aventasse também a troca da titular? Ainda mais que graves razões de ordem médica, públicas e notórias, dariam uma excelente justificativa para tal? Fator preponderante neste caso é o fracasso da madame nas pesquisas realizadas até o presente momento. Nem a maciça exposição pública ano após ano, nem o apoio diuturno que lhe presta Lula da Silva conseguem mover a candidata que, além do mais, nada faz para ajudar a quem a ajuda. Dona Dilma é uma verdadeira mala sem alça com a rodinha quebrada. A resistência pública e, mais grave ainda, a resistência velada que se espraiaram pelo país contra os desatinos contidos no decreto que criou o terceiro plano nacional de direitos humanos serviu para arrefecer o senso de onipotência que até agora vinha marcando a atuação de Lula da Silva. O realismo eleitoral, provavelmente, se imporá nos próximos movimentos da cúpula governamental.

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