"Coleciono
manchetes dos principais jornais do país que apresentam alguns colegas de
comédia e eu como seres abjetos. Isso porque, vejam só que absurdo, já que
somos humoristas, insistimos em contar piadas em programas e shows de humor.
Basta
digitar no Google “comediante” ou “humorista”, seguido de “machista",
“racista” ou "homofóbico", para comprovar que jornalistas, políticos,
artistas e "intelectuais" brasileiros realmente estão empenhados em
denunciar esse terrível mal chamado "piadinhas".
Por
que levam a sério coisas que não deveriam levar, mas quando algo sério acontece
ignoram ou até mesmo tentam justificar?
Há
três anos trabalho em um livro que trará à tona essas respostas, mas, enquanto
não chega o lançamento, sugiro aqui um exercício aos interessados, baseado em
fatos recentes.
Exatamente
hoje faz uma semana que as escutas telefônicas, feitas pela Lava Jato nas
investigações sobre Lula, nos revelaram um homem que, longe dos holofotes,
demonstra a sua verdadeira identidade, num discurso repleto de concreto e
verdadeiro machismo.
Lembrem-se
de que ele não é comediante e as falas da escuta não são de um programa de
humor. Naquelas conversas, Lula não é um palhaço interpretando um papel em um
circo. É o homem real que está ali -- sem a aura santa e ponderada criada pelos
marqueteiros capitalistas Duda Mendonça e João Santana. Ele está apenas dizendo
o que pensa. Revelando quem ele é.
Segundo
Lula, a mulher de quem falam deve ter ficado triste pois não foi estuprada em
grupo. E a Dilma? Com seu "grelo duro" e riso frouxo endossa tudo aquilo?
Aliás,
a Dilma, que sempre exigiu marcar o feminino num substantivo comum de dois
gêneros e ser chamada de PresidentA. demonstra ao telefone completa submissão
ao patriarca Lula. Cadê o empoderamento feminino, gente?
Mas
voltemos à gravação.
O
Lula que se escuta nas ligações é machista, misógino, autoritário, arrogante,
autocrático, grosseiro. É a personificação de tudo aquilo que acusa nos outros
e o que o seu partido diz combater.
Ele
definitivamente fala sério, em uma conversa que seria tudo aquilo que os
jornalistas e "intelectuais" brasileiros não perdoam quando alguns
humoristas chegam perto de falar brincando.
E
até agora o pessoal do “bem", que patrulha o que os comediantes dizem por
aí, não demonstrou uma gota de indignação a respeito das coisas ditas pelo
Brahma.
Esperei
uma semana para escrever sobre isso, para não correr o risco de ser injusto.
Mas aí está. Hoje, sete dias depois, nenhum dos combativos jornalistas,
feministas, políticos, artistas engajadinhos, blogueiros, youtubers,
progressistas, ou até mesmo perfis de Facebook que sempre aparecem com pedra na
mão para linchar humorista por uma ou outra piadinha, apareceu para se
manifestar a respeito.
Claro
que acho estranho a ausência de veículos relevantes. Não da Carta Capital.
Todos sabem que essa revista vem perdendo importância com o advento da
internet, pois desde que diminuiu sua tiragem impressa tem ficado cada vez mais
difícil limpar a bunda com ela. Porém o áudio comprova o que já
sabíamos: Mino Carta é assessor de imprensa do PT:
Se, depois disso, você continuar acreditando no que uma revista como essa
publica, por favor, não leia mais os quadrinhos do Superman. Não queremos
recolher seu corpo no pátio do seu prédio só porque achou que voar é possível.
Mas
o que dizer a respeito de todos outros veículos autoproclamados isentos, como,
por exemplo, a Folha de S. Paulo? Eu me lembro que no ano passado satirizei a
famosa entrevista da presidente ao Jô:
Por que eu fiz isso? Porque eu sou humorista. E ela, presidente. E desde
Aristófanes humoristas satirizam políticos em exercício do cargo.
Não
para a jornalista da Folha de S. Paulo. Ela me ligou na ocasião e realmente
parecia escandalizada. A pergunta indignada que ela me fez foi: “Por que você
foi machista ao satirizar a presidentA?”. Percebam que o politicamente correto,
além de régua para fuzilar, é também blindagem. Eu não posso satirizar um ser
humano envolvido em esquema de corrupção que nem sequer sabe falar, se esse ser
humano for mulher, pois o politicamente correto o protege somente em razão do
sexo.
Poderia
citar dezenas de outros exemplos em outros veículos em que não tive a sorte de
passar incólume, assim como Lula teve. Mas o humorista Chico Anysio resumiu o
que os grampos comprovaram:
“A Classe Jornalística brasileira é petista”.
O
politicamente correto não é uma maneira de evitar que as pessoas se magoem ou
que preconceitos se propaguem, como defendem Wagner Moura, Gregório Duvivier,
Maria do Rosário ou Jean Willys. Se assim o fosse, eu os veria se manifestando
contra o machismo de Lula ou contra a homofobia de Ciro Gomes. Repare como este
último considera ser gay algo tão ruim que deve ser usado como xingamento.
“A rua é pública e estou ordenando que você saia dela agora!" E o fascista
é você!
Jean
Willys é um líder político que vive combatendo a homofobia quando alguém conta
uma piada. Será que essa demonstração de ódio não é grave o suficiente para que
ele se pronuncie contra? Por que ele está em silêncio agora?
Houve
algum manifesto de artistas gays ou carta aberta de feministas ofendidas? Até
agora NADA. Na verdade, tivemos o oposto. Maria do Rosário, a deputada mais
chiliquenta e ultra-sensível do mundo, explica que o machismo de Lula na
verdade é bonitinho.
Ao ouvi-la falar, seja sincero: Você
compraria um carro usado da Maria do Rosário?
É
na freqüência do duplipensar que
os formadores de opinões operam por aqui, e essa é a essência do politicamente
correto.
Ao
contrário do que Wagner Moura, Gregorio Duviver, Chico Buarque, Carta Capital e
grande parte do jornalismo brasileiro tentam fazer você acreditar, o
politicamente correto não é uma ferramenta para evitar que as minorias se
ofendam e nem existe para "exterminar comentários preconceituosos,
machistas etc". O politicamente correto é apenas uma arma apontada para a
cabeça de quem não concorda com o "lado correto" - que, por
“coincidência”, é sempre o lado que as feministas, o Gregório Duvivier, o
Wagner Moura, a Maria do Rosario, Lula, Dilma, Ciro Gomes e grande parte dos
jornalistas brasileiros estão. É a arma que o status-quo atual na America
Latina usa para fazer de refém qualquer um que não concordar com eles.
A
mira do politicamente correto é seletiva.
Se
você estiver do lado deles, pode ser homofóbico e comentar pejorativamente a sexualidade
alheia (Thatcher era sapatona, a médica cubana que fugiu para Miami era mal
comida, Marcos Feliciano uma bichona) ou pode ser como o Ciro Gomes que xinga
moleques na rua de "veados". Pode também ser machista como o Lula e
dizer que a mulher ficou triste porque não foi estuprada coletivamente. Vai
fundo! Faça como o blog oficial da campanha da Dilma fez e xingue Joaquim
Barbosa de "macaco". Você passará ileso pelo corredor polonês.
Você
pode até mesmo roubar e corromper. Ou você já viu um desses escandalizado com
Zé Dirceu e companhia? Eu só os vejo defendendo esse povo. Até em Portugal!
Eu
diria mais: se você estiver do lado da turminha do "bem", você pode
até matar! Na verdade talvez você DEVA matar. Você sabe, foi matando muita
gente que Lenin, Fidel e Che Guevera se tornaram grandes heróis para esse
pessoal.
O
recado que jornalistas, políticos, artistas e "intelectuais" passam é
cada vez mais claro para mim: fique do nosso lado e pode falar e fazer o que
quiser, mas, do contrário, faremos de sua vida um inferno.
Aliás,
seguindo tal lógica, aposto que você não viu noticiado em lugar nenhum que aquele negro foi agredido com xingamentos homofóbicos na manifestação "da paz a
favor da democracia”.
E aí? Você acha que esse cara mereceu o que teve ou seria
você racista?
Nenhum comentário:
Postar um comentário