Simples o que aconteceu na última quarta-feira em Brasília quando Dilma
telefonou para Lula avisando-o de que um emissário lhe entregaria no hotel o
termo de posse.
No melhor “estilo Dilma” de falar, ela disse, na tentativa desesperada
de se fazer entender: "Seguinte, eu tô mandando o Messias junto com o
papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de
posse, tá?!"
Subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Jorge Messias deu a Lula
uma cópia assinada por Dilma do termo de posse dele como ministro-chefe da Casa
Civil da presidência da República.
E pegou a assinatura de Lula em outra cópia do mesmo documento que ainda
carecia da assinatura de Dilma. Mas como este parágrafo acabará na próxima
linha, espere só um pouco para conhecer o resto da história. Adiante.
Dilma e Lula haviam sido informados de que o juiz Sérgio Moro estava
pronto para decretar a prisão preventiva de Lula pedida pelo Ministério Público
de São Paulo.
Se isso acontecesse, Lula correria o risco de ser preso antes da posse,
indo assim a pique a operação montada para fazê-lo Ministro de Estado. Uma vez
ministro, ele ficaria a salvo da “República de Curitiba” e aos cuidados do Supremo
Tribunal Federal.
Do hotel em Brasília, Lula retornou a São Paulo. Se agentes
federais batessem à sua porta, ele assinaria a cópia do termo de posse já
assinado por Dilma, uma espécie de habeas corpus administrativo.
Em Brasília, por sua vez, Dilma assinaria a cópia do termo de posse já
assinado por Lula, mandando-o para publicação no Diário Oficial. E o
ministro-chefe da Casa Civil assim “lavado”, escaparia à prisão.
Um plano perfeito? Está para ser inventado um. Bancado pela dupla
Dilma-Lula para obstruir a Justiça, o plano começou a dar errado tão logo Moro,
acostumado a bisbilhotar os outros, soube que estava sendo bisbilhotado.
Suspendeu a redação dos motivos que justificariam a prisão de Lula e
divulgou de uma vez mais de 40 conversas dele ao telefone, grampeadas com a sua
autorização.
Para o país, foram horas eletrizantes, aquelas, transcorridas entre o
anúncio de que Lula aceitara o convite de Dilma para ser ministro (pouco antes
do meio-dia) e o momento em que se ouviu na Globo News (pouco antes das 19h) a
voz de Dilma informando a Lula sobre o papel que só deveria ser usado “em caso
de necessidade”.
Em cerca de sete horas, o governo foi da esperança e da euforia à
frustração e ao medo.
É com pavor a uma queda rápida que o governo se prepara para enfrentar
no Congresso o pedido de impeachment.
Desfalcado de Lula, que teve sua nomeação para ministro suspensa pela
Justiça, e ameaçado por novos fatos a serem produzidos pela Lava-Jato, o
governo parece dispor de uma única arma: os erros dos seus adversários.
Atuará em cima dos erros. E, no mais, seja o quer Deus quiser.
Deus, não sei, mas os brasileiros dão fortes sinais de que desejam ver
Dilma, Lula e o PT pelas costas. Não estão divididos, como se diz. Podem não
saber o que querem, mas sabem o que não querem.
Não querem ser enganados como foram por Dilma, reeleita com base em
mentiras. Não querem devolver o que ganharam. E não querem corrupção - daí o
esmagador apoio ao impeachment e a rejeição crescente a Lula.
Jamais a democracia por aqui deu tantas provas de solidez e de
vitalidade. Suportou a queda de um presidente eleito. Se for o caso,
suportará outra.
Tranquilo: não vai ter golpe.
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